Magic: the Gathering

Review

Premodern: Por dentro do formato feito pela comunidade e o Campeonato Europeu de 2024

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Premodern é um formato em que são válidas apenas cards da Quarta Edição até o fim do bloco de Investida, e acabou de levar mais de 200 jogadores a competirem em um torneio na Europa. Talvez, seja o momento de olharmos um pouco mais para ele.

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تمت مراجعته من قبل Tabata Marques

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Jogadores de Magic sempre encontrarão maneiras de jogar seu TCG favorito. Mesmo se a Wizards of the Coast declarasse falência e nunca mais produzisse cards, levaria décadas até seus entusiastas desistirem do jogo - se desistissem.

De formatos alternativos que se popularizaram, como o Pauper e o Commander, até outros que simplesmente desapareceram, como o Tiny Leaders, Magic tem uma gama gigantesca de modalidades criadas pelo seu público - uma delas, o Premodern, acaba de ter o seu campeonato Europeu com 203 jogadores, mostrando um novo formato competitivo sendo gradualmente aderido.

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Premodern essencialmente agrega todos os sets lançados entre Quarta Edição e Flagelo, deixando de lado as primeiras edições do jogo e, consequentemente, as Dual Lands originais. Qualquer expansão a partir de Oitava Edição - ou seja, a partir da mudança de Frame dos cards e início das edições válidas no Modern - está fora.

Ele também tem uma extensiva lista de Banidas que inclui alguns cards históricos como Force of Will, Brainstorm, Entomb, Grim Monolith, Necropotence, entre outros.

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Por que se importar com o Premodern?

Tal qual todos os outros formatos, Premodern é importante para quem quer jogar ele. Ele tem, no entanto, alguns fatores que o tornam muito atrativos para uma demografia de jogadores - uma que, particularmente, também me interessam.

  • Power Level - O Premodern vem de outra época do Magic: The Gathering, uma mais voltada para interação entre cards e necessidade de extrair valor das suas jogadas ao invés de power plays com ameaças e mágicas que tem muitos benefícios e nenhum drawback enquanto mágicas mais poderosas, como tutores ou habilitadores de combos infinitos, estão em maioria banidos, mas sem necessariamente restringir demais sua usabilidade - controvérsias antigas como Armageddon ou Gush são válidos.

  • Sem Horizons - Por usar apenas cards anteriores ao Modern e desconsiderar lançamentos futuros, o Premodern não sofre com power creep. Isso cria a concepção de que o formato é facilmente resolvido e que, uma vez determinado os melhores decks, ele se torna estático - na prática, como testemunhado na live do Campeonato Europeu, existem muitos decks rogues e propostas que ainda não foram devidamente exploradas.

  • Nostalgia - Você lembra de quando Psychatog era uma carta muito boa? Ou quando Stasis ainda dava dores de cabeça nos jogadores? Talvez de quando Phantom Nishoba era o melhor alvo para o Reanimate? Você teve algum deck de Elfos ou Goblins que você jogou muito durante Investida? Provavelmente não apenas é uma opção no Premodern como pode ser um dos principais competidores do Metagame.

  • Diversidade - Há decks para todo tipo de jogador no Premodern. De Aggros rápidos como Goblins e Sligh até combos com Hermit Druid ou Ill-Gotten Gains e variantes de Control com Armageddon, além de decks tipais, listas de Tempo com Quirion Dryad ou até a possibilidade de um 12/12 no primeiro turno com Stifle e Phyrexian Dreadnought.

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    O Premodern não é um formato barato e tem um histórico com cards da Lista Reservada (Mox Diamond, Phyrexian Dreadnought, Survival of the Fittest, Replenish, Gaea’s Cradle, entre outros) mas esses não necessariamente tornam do formato “Pay to win” a menos que você precise desses cards para sua estratégia funcionar: 4 listas do Top 16 custaram menos de 300 dólares, e muitos arquétipos só tinham valores absurdamente elevados por usarem um playset de alguma staple da Lista Reservada.

    Isso nos leva ao último e mais importante dos pontos.

  • Gerenciado pela Comunidade - Não existe, no momento, torneios oficiais de Premodern, tudo é construído pela sua comunidade. Na prática, isso significa que cada região pode adotar suas próprias medidas e regras para tornar do formato mais atrativo e/ou mais acessível para suas respectivas comunidades. É claro que um consenso em um campeonato de escala Nacional e/ou Continental são necessários, mas atender aos anseios das comunidades locais é o primeiro passo para fazer um formato crescer.

    O Campeonato Europeu de Premodern

    O evento ocorreu em Praga em 21 de setembro, com a participação de 203 jogadores, sendo o maior evento da história do Premodern até hoje. A edição de 2023, ocorrida nessa mesma época do ano passado, contou com 185 jogadores. Todas as rodadas do evento foram transmitidas ao vivo pela organização do eventolink outside website.

    O Metagame

    Números precisos do Metagame inteiro não foram publicados pela organização, mas uma visão geral dos arquétipos mais jogados foi apresentada durante o torneio.

    Burn / Sligh - 12%

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    O arquétipo comumente chamado de Burn ou Sligh foi o deck mais jogado. O principal motivo provavelmente se deve a um Metagame desconhecido onde Red Aggro se beneficia das estratégias menos consistentes ou da falta de interação do oponente com os seus cards, precisando apenas apresentar o clock.

    Parallax Replenish - 8%

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    Parallax Replenish é um Combo-Control voltado para a interação dos encantamentos Parallax Wave e Parallax Tide e suas habilidades de Fading para segurarem a partida até o ponto onde Opalescence transforma seus encantamentos em criaturas para criar loopings com a pilha e vencer o jogo.

    Deadguy Ale - 7%

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    Deadguy Ale é o seu clássico Midrange na forma mais pura: trocas de dois-por-um, remoções eficientes, fontes de card advantage e ameaças que geram valor conforme permanecem em jogo e/ou que vencem a partida em poucos turnos. Ele compete com o The Rock nesse espaço, cada um tendo suas vantagens ou desvantagens no Metagame.

    Goblins - 7%

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    Goblins é o seu clássico go-wide Aggro vermelho com interações sinérgicas entre suas criaturas. Ele segue o mesmo padrão que Goblins tiveram durante a maioria da sua existência no Magic competitivo, mas sem Aether Vial para trapacear em custos de mana ou Cavern of Souls para jogar em volta de Counterspells.

    Oath Ponza - 7%

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    Oath Ponza abdica das tentativas de usar criaturas como Phantom Nishoba com Oath of Druids para agregar mais consistência a outro arquétipo: Terrageddon. Esse híbrido cria um combo-control que destrói os terrenos de ambos os jogadores com Armageddon e usar Sphere of Resistance para taxar suas mágicas, e então buscar Terravore com Oath of Druids e ter uma criatura gigantesca em jogo em uma mesa vazia.

    Stiflenought - 6%

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    O combo de Phyrexian Dreadnought com Stifle ou Vision Charm encaixa em diversas variantes de decks com azul no Premodern, cada um com uma proposta distinta. As mais comuns são listas de Tempo que atrasam o jogo do oponente enquanto colocam sua principal ameaça na mesa o mais cedo possível, mas também há variantes mais voltadas para combos com Sutured Ghoul.

    The Rock - 4%

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    The Rock aposta em acelerar a mana cedo para jogar suas bombas um turno antes enquanto aproveita da disrupção barata para atrasar os planos do oponente. Cards como Spiritmonger e Pernicious Deed são staples históricas desse arquétipo que voltam a ter relevância no Premodern.

    Madness - 3%

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    Madness foi um clássico do Magic competitivo no começo dos anos 2000 e é uma das estratégias mais populares do Premodern pela interação entre seus cards e plano de jogo objetivo, mas com várias janelas de micro-decisões - especialmente com Survival of the Fittest, que se encaixou perfeitamente na base já pré-estabelecida do arquétipo.

    Os Arquétipos no Top 32

    Com base no Metagame acima, podemos também considerar quais foram os arquétipos no Top 32 do torneio para termos um escopo de quais estratégias deram certo. O Top 32 foi composto pelos seguintes decks:

  • 6 Oath Ponza

  • 4 Sligh

  • 4 Goblins

  • 4 Stiflenought (2 Mono Blue, 2 Combo)

  • 3 Madness

  • 2 Elves

  • 2 Parallax Replenish

  • 1 Terrageddon

  • 1 Mono Blue Landstill

  • 1 Recurring Survival

  • 1 Enchantress

  • 1 Gro-A-Tog

  • 1 Ill-Gotten Storm

  • 1 Cephalid Breakfast

  • 1 Devourer Fling

    O Top 8

    Os arquétipos presentes no Top 8 foram:

  • 2 Sligh

  • 1 Terrageddon

  • 1 Mono Blue Landstill

  • 1 Oath Ponza

  • 1 Elves

  • 1 Gro-A-Tog

  • 1 Ill-Gotten Storm

    Se esses resultados demonstram algo, é que o Metagame do Premodern parece bem diversificado no momento. Ele tem sua clara gama de melhores decks ou estratégias mais bem-estabelecidas (e, como já mencionei em outros artigos, Red Aggro é um bom “melhor deck”), mas ele também tem bastante espaço para inovações e estratégias fora do radar.

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    Vale ressaltar que exceto pelo Sligh, todas as listas do Top 32 dependem, de alguma forma, de um card da Reserved List. Por um lado, isso não é um problema quando falamos de cards como Cursed Scroll que são mais acessíveis para fins financeiros, mas quando falamos de Mox Diamond, Survival of the Fittest ou Phyrexian Dreadnought, os valores começam a disparar.

    Pode parecer supérfluo para alguns jogadores se preocupar com a questão monetária do Premodern, mas esse é um fator importante na hora de introduzir pessoas ao formato. Enquanto, sim, uma parcela significativa das pessoas atraídas por ele são pessoas que provavelmente jogaram nesses tempos e talvez sejam até entusiastas do Legacy que podem ter - ou não - algumas dessas cartas ou facilidade de acesso a elas, tenho certeza que muitos que chegarem a esse artigo provavelmente nunca ouviram falar ou tiveram pouco contato Premodern antes, esse é um ponto essencial na hora de responder “porque alguém deveria jogar esse formato”.

    Decklists do Top 8 do Premodern European Championship

    Jiri Moravec - Sligh

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    Sligh foi o deck vencedor do torneio. A combinação de clock eficiente e mágicas de dano baratas se provou rápida o suficiente para lidar com estratégias mais elaboradas e com planos de jogo menos objetivos, além do vermelho contar com o dano recorrente de Sulfuric Vortex mesmo perante Armageddon ou outros meios de negar a mana de um jogador.

    David Kryńsky - Terragedon

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    Apesar das variantes com Oath of Druids serem muito populares, o Terrageddon é um deck muito eficiente no Premodern, onde você troca o “combo” com o encantamento em prol de um plano de jogo mais proativo com Nimble Mongoose e Exalted Angel.

    Fabian Sjöblom - Mono Blue Landstill

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    Essa versão de Mono Blue Control tenta tirar proveito de Standstill e sua interação com manlands baratas como Mishra’s Factory e Faerie Conclave, além de ter outros meios pontuais de interação entre seus cards, como Parallax Tide e Mana Leak ou Stifle e Phyrexian Dreadnought.

    Pavel Valdir - Oath Ponza

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    O Oath Ponza foi um dos decks mais jogados do formato e conseguiu colocar um número decente no Top 32, mas apenas uma cópia chegou ao Top 8.

    Michael Duda - Elves

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    Elves conta com ambos Gaea’s Cradle e Survival of the Fittest além da combinação de cards como Priest of Titania, Quirion Ranger e Kamahl, Fist of Krosa para um dano letal inesperado. O leve splash para vermelho abre espaço para algumas inclusões no toolbox de Survival.

    Guillem Salvador - Gro-A-Tog

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    A combinação de Psychatog com Quirion Dryad é um clássico que já permeou até as mesas do topo do Vintage em outros tempos. No Premodern, o deck conta com Gush para crescer suas ameaças rápido enquanto Meddling Mage evita que certos combos aconteçam e/ou cards-chave sejam jogados durante alguns turnos.

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    Philipp Altmann - Ill-Gotten Storm

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    Storm não tem acesso a Mind’s Desire no Premodern, mas conta com sua própria versão no formato, com Cunning Wish no papel de buscar Brain Freeze do Sideboard para vencer a partida.

    Gabriel Miklik - Sligh

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    Sem muita diferença de uma lista para outra no maindeck, um segundo Sligh no Top 8 consolida o quão bem estruturado os Aggros são no Premodern e como eles servem como reguladores do formato, mas que escolhas pontuais na lista e um pouco de sorte podem fazer diferença.

    Finalizando

    O campeonato europeu de Premodern foi uma surpresa que o algoritmo do YouTube me trouxe nesse fim de semana. Em meio a mais de 12 horas de transmissão - com pausas muito longas - era fascinante observar as partidas e como o formato se comportava em comparação com outros cenários que acompanho, como o Pioneer, Modern e até o Pauper.

    Há algo bem único nele, diferente de uma maneira boa. As restrições dele obviamente preocupam e acredito que cenários ao redor do mundo são menos prováveis pela falta de divulgação que ele tem fora do ambiente europeu e principalmente para ambientes latino-americanos. Mas isso não o torna menos lar para alguns jogadores de Magic do que outros formatos mais populares e sancionados.

    Se você gostou desse artigo e gostaria de ver mais conteúdos sobre Premodern na Cards Realm, deixe seu comentário! Seria uma experiência nova abordar um formato não-sancionado e ainda não-tão-popular, mas que tem muito potencial de deckbuilding para explorar possibilidades e sem a pressa de fazer esse estudo em uma janela de dois meses porque o próximo set já bate na porta.

    Obrigado pela leitura!