Magic: the Gathering

Opinion

A história de um deck Pauper: o Urza Tron

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Começando mais uma série Pauper. História dos decks icônicos do formato. Só rolar pra baixo e boa leitura.

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revised by Tabata Marques

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O deck mais odiado da atualidade e um dos ícones do Pauper, juntamente com Burn, Mono Blue, MBC, Affinity, e estes que possivelmente, existem desde os primórdios do formato no modo online, lá em dezembro de 2008, tem muita história pra contar, evoluções de lista, adições importantes através dos anos, mudanças nas bases de manas. Então no artigo de hoje, seu caro amigo Betão traz até você, querido leitor, um pouco da história do Tron.

O Tron é inegavelmente hoje, um dos decks mais fortes do formato, mas devo dizer que não é invencível, de modo algum. Entretanto, essa fama de ser um deck com Power Level muito elevado, causa descontentamento em alguns jogadores, devido a algumas interações e a possibilidade da utilização de todas as cores do Magic. Não estamos aqui discutindo a necessidade de banimentos ou não, mas precisamos deixar de lado as opiniões pessoais e admitir que este icônico deck caminha lado a lado com o Pauper, fazendo parte da sua identidade.

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Nomenclatura

Tron deriva do nome Voltron, o defensor do universo, um desenho animado que fez sucesso na década de 80. Nele, um grupo de astronautas controlavam pequenos robôs cada um, na luta pela existência do universo, e quando se juntavam, formavam um super robô muito forte, chamado Voltron.

Partindo do conceito de várias partes formar algo maior e melhor, os terrenos de Urza compartilham dessa característica de "unidos venceremos".

Definição

O conceito de Tron, consiste em colocar no campo de batalha, ao mesmo tempo, os três terrenos de Urza, que individualmente geram apenas uma mana incolor, mas quando os três tipos se juntam, geram no mínimo 7 manas incolores.

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A partir dessa combinação, e da adição de cartas que podem alterar a cor da mana gerada, como Chromatic Star e Prophetic Prism, o jogador poderá jogar com todas as cores do Magic, se assim desejar, explorando os pontos fortes de cada uma delas.

Os terrenos de Urza foram originalmente lançados na expansão Antiquities, em Março de 1994. Mas não foram utilizados nos decks tier 1 nem de Standard nem Legacy. Sua primeira aparição como Tron, em um deck importante, e que fez resultados relevantes, foi o UW Urza Tron, no formato Extended em 2007.

Mas o Pauper não iniciou o conceito de Big Mana com os terrenos de Urza, mas sim com os terrenos Locus.

Origem

É de conhecimento de todos que jogam há pelo menos 12 anos, que o Pauper não nasceu exatamente na data do seu lançamento oficial Online, como já dissemos aqui, extra oficialmente, ou melhor dizendo, for fun ele já existia, e alguns decks já estavam prontos naquele dezembro de 2008.

Temos registro de um deck utilizando os terrenos de Locus, o primeiro Tron do Pauper, em 2010, um Azul e Vermelho muito forte e com muita recursividade em termos de remoções.

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O deck jogava com aquilo que tinha de melhor no formato, pois a combinação azul e Vermelho era a mais forte na época, e ainda contava com Ulamog's Crusher que dificilmente seria conjurado em um deck que não pudesse gerar manas em abundância.

Evolução

Os jogadores gostaram da possibilidade de utilizar mágicas de custo de mana elevado e começaram a explorar diversas builds. Uma delas fez sucesso, e era diferente da sua UR, ela ainda contava com o azul e com os Locus, mas trouxe a tona cartas verdes, que não eram muito utilizadas.

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Após esse deck, cada vez mais os jogadores abusavam da big mana, e isso começou a se tornar um problema nos campeonatos online, e até mesmo nos IRL, pois estavam com win rate muito alto em relação a alguns decks, e após o banimento do Combo Storm, isso ficou muito mais evidenciado.

O fim da era Locus

Com o abuso dos decks que utilizavam

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e
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em um metagame menos diversificado, a solução foi banir um dos terrenos de Locus, pois era a opção mais viável dentro de um deck que a maioria das cartas não eram tão relevantes a ponto de desbalancearem se utilizadas em decks com uma base de mana diferente.

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Por conta desse banimento, os jogadores buscaram um modo de não deixar o Tron morrer, e alguns deles lembraram que o Tron já havia aparecido em outros formatos utilizando os terrenos de Urza, e o que era melhor, todos comuns.

Ainda em 2013, em dezembro, alguns jogadores que já conheciam o Modern, resolveram criar uma lista com base no deck deste citado formato, pois pôde-se observar que as engrenagens do baralho, eram comuns.

Na época, os jogadores consideraram que o deck seria menos opressor em relação ao Tron Locus, pois para encontrar todas as suas peças seria uma tarefa mais lenta e demandaria um esforço e gasto de recursos maior para tê-los em mãos.

Vimos então, um deck que usava pedras de manas rápidas, que forneciam card advantage, e que interagiam com criaturas big mana, e podemos notar isso na lista a seguir:

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Chamado inicialmente de FIVE-Color Tron, ele viria a se transformar em Marauder Tron, e tinha muita recursividade, além das criaturas grandes, que ofereciam vida, card advantage e a oportunidade de finalizar o jogo rapidamente.

O retorno do UR

Após o renascimento do Tron em uma forma diferente daquilo que era o Locus, muitos jogadores não se contentaram em apenas utilizar a capacidade em gerar muitas manas com poucos terrenos, para conjurar bichos muito fortes ou com efeitos vantajosos, sentia -se a falta de aproveitar ao máximo essas manas, em fazer o deck conjurar muitas mágicas no mesmo turno, algumas vezes até o triplo do oponente. Então muitos estudos permitiram o retorno do UR, uma das combinações mais fortes no início do Pauper, e o deck era mais rápido, removia muitas ameaças, não apenas criaturas, por conta do Echoing Truth, e também anulava as mágicas adversárias, ou seja, era um deck que fazia de tudo e mais um pouco.

Isso começou a incomodar alguns jogadores que o enfrentava, pois no late game ele era imbatível, pela sua possibilidade de manter a mão cheia, e com as remoções, permitia sobreviver aos turnos iniciais. Neste momento alguns pedidos de banimento já foram se esboçando em meio às comunidades nos países adeptos do Pauper.

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Lock Looping, o Tron de alta potência

Mesmo com o lançamento do Ghostly Flicker, em maio de 2014, possibilitando um lock com Mnemonic Wall e outras permanentes com habilidades que desencadeiam quando entram ou quando saem, o Marauder Tron era uma forma de Tron que aparecia com frequência muito maior. Em 2016, listas começaram a fazer resultados no MTGO, e chamaram muita atenção, e o uso abusivo do Ghostly Flicker, passou a ser perseguido, pois a sua combinação com outras cartas muito fortes, formavam uma espécie de looping, não infinito, mas com uma repetição que permita a reutilização de diversos recursos do cemitério, além de algumas mágicas com Recapitular de "fábrica".

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Os jogadores de Pauper se revezaram em fazer pequenas alterações, nessa e na lista de Marauder Tron por um longo tempo, até que descobriram uma interação que permitia o deck sobreviver aos quatro turnos iniciais, o que era essencial para encaminhar a vitória, e evidenciou muito mais a sua dominância em relação a alguns arquétipos, que os pedidos por banimentos se tornaram cada vez mais frequentes.

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A chegada do Fog Tron

Com o passar dos anos, os decks mais fortes se revezando no topo do metagame, o Tron foi precisando se adaptar ao campo de guerra o qual estava inserido, e aos poucos os jogadores foram percebendo que o Tron ganha se executar corretamente três passos: sobreviver ao EARLY GAME, ou seja, os 3 a 4 turnos iniciais; segundo passo é gerar vantagens e dominar o campo de batalha; e por fim, executar sua condição de vitória, mantendo as vantagens obtidas, além de ter disponível respostas para as ameaças dos oponentes, que possam surgir para atrapalhar a sua vitória.

Com isso em mente, prevenir os danos que o oponente pode causar e também impedir ataques, se mostraram como uma melhor opção para travar o jogo adversário.

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Essa versão ainda não contava com Stonehorn Dignitary, mas possuía prevenção de dano no Main Deck, o que ainda não era comum nos deck de Tron, até pouco antes de 2017 e 2018.

Em 2018 houveram muitos decks com algumas cartas diferentes daquelas usadas até então, os jogadores testaram muitas novidades, resgataram algumas preciosidades comuns mais antigas, isso tudo porque o Pauper aumentou muito a sua popularidade em 2018, e vem aumentando cada vez mais, pelo menos nesses últimos três anos.

Falando nas cartas que apareceram em algumas listas, parte delas viram jogo em algum momento, de maneira específica, dependendo muito do metagame, mas logo perderam espaço, outras, por outro lado, se tornaram parte do deck por mais tempo, pois lidava com ameaças de modo mais amplo.

Entre elas, se destacaram:

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Este ramp ajudava muito o deck a corrigir sua mana, permitindo conjurar o Moment's Peace ou até mesmo as criaturas azuis com os efeitos de ETB. O deck já gerava muitas manas com todas suas peças do Tron fechadas, e poderia gerar ainda mais com os sinetes.

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Alguns jogadores optaram por esta carta que anula mágica de criatura, os testes foram positivos mas não o suficiente para que ela se mantivesse ativamente nos decks posteriores, pois ao substituí-la por Exclude, perceberam que comprar uma carta após anular uma criatura, era muito melhor, mesmo pagando uma mana a mais, o que não era problema.

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Enfim vamos falar de uma das cartas com um alvo gigante de ban nas costas. Ela foi sendo inserida no deck para lidar com os decks aggros, mas aos poucos, os jogadores de Tron perceberam que a maior Win Condition do Pauper é o dano de combate. E o fato do seu efeito ser cumulativo, a torna ainda mais perigosa para os adversários e indispensável para quem decide utilizar.

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Encantamento que permite prevenir qualquer dano. Pagar uma mana incolor não será problema para o Tron, e esta carta continuou aparecendo em outras techs do deck, pois pode prevenir dano do Burn, ou seja, dano direto, o que é algo que ajuda muito na partida, pois o Burn não é uma partida muito vantajosa para o Tron.

A era do gelo

Em 14 de junho de 2019, Modern Horizons foi lançado, e trouxe muita coisa boa para o Pauper. Para o Tron, duas cartas foram essenciais, e se destacaram como cartas com Power Level muito além da raridade comum, Ephemerate e o Arcum's Astrolabe foram adições que mudaram em muito a dinâmica do Tron.

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Este artefato trouxe de volta os terrenos nevados, o aumentou a sua procura e consequentemente se preço. O Tron passou a utilizar diversas cópias desses terrenos, principalmente as ilhas, e isso tornou o deck mais rápido, e permitiu um número menor de Expedition Map, normalmente duas cópias, e alguns jogadores experientes consideraram o melhor Tron de todos os tempos.

Sua interação com Ghostly Flicker permitia obter card advantage em quase todas as situações. O Ephemerante agregou muito ao deck, permitindo defender as criaturas da maioria das ameaças adversárias.

Eis uma lista que se consolidou nesse breve momento de neve no Pauper:

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Na maioria dos decks a estrutura permanecia a mesma, alguns jogadores optavam por trocar uma ou outra mágica dependendo da resposta do metagame online, ou do metagame local.

Alguns optaram também por uma outra versão, o Tron Monarca, mas não tinha uma ampla cobertura de ameaças como este último apresentado.

O deck ficou muito forte, juntamente com Jeskai Ephemerate, eram imbatíveis, o Jeskai era um pouco melhor que o Tron, e a "culpa" do banimento do Astrolabe pode ser atribuído a ele.

Onda Pró-Ban

Após o banimento que afetou o Snow Tron, tudo se normalizou novamente, decks se revezando no topo dos Challenges, tudo parecia as mil maravilhas, mas o Tron voltou a ser um deck dominante, e por diversos meses, sua máxima potência, o Fog Tron, dominou o formato de uma tal forma, que muitos jogadores, não apenas da comunidade brasileira, mas italianos, americanos, entre outros das comunidades até então dominantes no Pauper, pediram banimentos urgentes no deck, e isso por longos meses, pois a Wizards permanecia firme em manter o formato livre de "bans", permitindo a auto-regulação. Alguns jogadores e produtores de conteúdo, entretanto, levantavam a bandeira do banimento, outros, um parte um pouco menor, acreditava que o formato ainda era saudável e se regulava sozinho.

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Fog Tron, um dos melhores Tron.

Por fim o banimento chegou, e levou com ele Mystical Sanctuary e Expedition Map . Nesse momento, grande partes dos jogadores de Tron se preocuparam, pois o artefato funcionava quase como um quarto terreno de Urza, o que acelera a muito as chances de "fechar" o Tron.

O recomeço

Logo após o banimento, decks começaram a aparecer utilizando Preordain e trazendo de volta um velho conhecido que andava sumido, Crop Rotation.

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Apesar de afrouxar um poucos as rédeas para os baralhos agressivos, o Tron não sofreu como o esperado, talvez porque os decks que o superavam, os UX, também sofreram com o banimento e precisaram de um tempo maior pra se restabelecerem no formato.

A chegada das Thriving Lands, em especial

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permitiram ao deck abandonar a dependência de uma build mais rápida, apoiada no Preordain, mas trouxe o necessidade de um número maior de Moment's Peace para sobreviver ao início mais lento.

O Monarca Tron voltou a aparecer, e com uma frequência maior, e apesar do nome, não vem trazendo a presença do Monarca branco, Palace Sentinel.

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Agora estamos no fim de 2020, e muitos decks Tron têm apresentado consistência e resultados consideravelmente significantes.

A lista atual mais escolhida para torneios é a seguinte:

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Alguns jogadores fazem pequenas alterações, mas a alma do deck permanece a mesma.

Os pedidos por banimentos continuam, mas enquanto o Pauper existir e evoluir, sempre teremos jogadores que percebem que a solução é o "ban", teremos também outros que preferem que é Wizards nos presenteie com mais Downgrades, e uma terceira parcela, acredita que o formato se auto regula semana após semana.

Independentemente da nossa posição a esse respeito, o Tron é um deck que faz parte da história do Pauper, como disse no início do artigo, e precisamos respeitar a história do nosso formato favorito.

Agradeço a leitura e espero que tenha gostado e até o próximo artigo.