Magic: the Gathering

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Dia das mulheres no Magic: entrevistando Beturba, Amy e Meg

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Bom dia a todas! Convidamos três jogadoras para falar sobre o espaço feminino no Magic e os desafios que elas enfrentam, lembrando que hoje, 08 de março, é o Dia Internacional das Mulheres!

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revised by Tabata Marques

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Infelizmente, em um mundo ainda marcado pelo machismo e preconceito, é preciso reforçar as mensagens e questões levantadas pela luta feminina por igualdade e equidade.

Claro, esta reflexão não deve ser exclusiva para o dia de hoje e esquecida no resto do ano, mas podemos usar o dia 08 de março como uma das muitas oportunidades que temos para pensar e lutar por uma sociedade melhor.

“Mas a CardsRealm é um site sobre games! Por que colocar política aqui no meio? Aff...”

Meu jovem gafanhoto, a política está em tudo, e estas questões permeiam também, muitas vezes negativamente, o nosso querido Magic. Quantas mulheres (cis e trans) você vê jogando nas lojinhas? E quantos homens? Quantos deles fazem piadas machistas durante os mesões de Commander? Quantas jogadoras mulheres temos jogando grandes torneios em comparação com o número de jogadores homens? Infelizmente, sim, o machismo predomina também na nossa comunidade, dificultando o acesso e até afastando meninas que poderiam se divertir e competir no Magic, representando fortemente o jogo que tanto amamos!

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Pensando nisso, convidamos 3 jogadoras para uma rápida entrevista, pensando nos desafios enfrentados pelo público feminino no Magic. Agradecemos a Meg Fornazari, Amy (Amazonian) e Beturba por aceitarem participar deste artigo conosco!

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A Entrevista

1-Muito obrigado por aceitarem participar da entrevista! Vamos começar do começo: Apresentem-se!

Bê Turba: Olá Galera, eu sou a Beatriz Turba ou Bê Turba como sou conhecida pela comunidade, tenho 25 anos, sou historiadora de formação, cosplayer nas horas vagas e jogadora de mono red por amor!! Atualmente trabalho como streamer de MTGA e social media de uma loja de cardgames!

Conheci o Magic em março de 2019 e desde então foi amor à primeira vista! Sou apaixonada pelo jogo e pela comunidade e hoje tenho muito orgulho de dizer que fiz parte da primeira banca feminina latino-americana a narrar um torneio oficial de MTG!

Meg: Meu nome é Meg Fornazari, eu sou a tradutora da coleção Os Contos de Magic The Gathering que tá saindo pela editora Planeta de Agostini. Eu também sou cosplayer e tenho um podcast, o Lorenautas, que fala da lore do Magic por várias abordagens diferentes, desde o conto da semana até leituras dramáticas de lores mais antigas. Gosto de selado e draft e amo minotauros.

Amy: Oi! Eu sou Amy, ou Amazonian. Eu sou uma streamer de Magic: the Gathering com o foco maior em diversão, ao invés da competição.

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2- O que o Magic representa para vocês?

Bê Turba: Além de um jogo incrível representa minha libertação da minha independência, o Magic me salvou numa das piores fases da minha vida e se hoje conheço pessoas maravilhosas e trabalho com o que eu amo é graças a ele!

Meg: Um dos melhores jogos que eu já joguei na vida. Ele definiu minha pesquisa em tradução no mestrado e doutorado e inspirou meus objetivos de carreira pra virar tradutora de games. Eu passo boa parte do dia pensando em Magic ou falando sobre Magic, e boa parte do resto do tempo esperando alguém mencionar o Magic pra eu falar mais.

Amy: Magic é um jogo que me ajudou a conhecer alguns dos meus amigos e amigas mais próximos(as)!

3- Como vocês avaliam a participação feminina na história do MTG?

Bê Turba: Conheço muito pouco da participação feminina nas histórias do MTG pois jogo há apenas 2 anos e joguei apenas "competitivo" via arena, mas conheço e admiro algumas jogadoras como Autumn Burchett e Jessica Estephan!

Meg: Tem mulher no Magic desde o começo do jogo. O Richard Garfield tinha uma equipe de colegas pra testar o jogo e dá pra ver nas fotos várias mulheres. Tem mulher na equipe em todos os níveis de desenvolvimento. Jogando, tem cada vez mais mulheres explorando lados de si que outros jogos mais tradicionais não davam abertura. Isso é ótimo. Vem mais que tá pouco!

Amy: Mulheres são frequentemente excluídas nos cenários e grupos menores de Magic[…]*

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4- E nos dias de hoje?

Bê Turba: Considerando que temos 48 jogadores no Hall of Fame e todos eles são homens, considero que o público feminino não tem apoio nenhum principalmente na parte competitiva!

Meg: Eu conheço muitas histórias de mulheres que só jogam em casa, em salões de festa, com pessoas que já conhecem. Também ouvi muita história de mulher que jogava só no Duels e depois só no Arena, sem vontade de jogar em loja ou pessoalmente. Tem um receio histórico de mulher ser maltratada em jogo online, e isso intimida. Por isso é sempre bom ter alguém que já conhece o ambiente de loja pra levar essa pessoa nova pra jogar. Quando ainda tinha evento presencial local, eu via cerca de 10% de participação de mulheres em pré-lançamentos, por exemplo. Quanto maior o nível de competitividade, menor a porcentagem de mulheres. Mas isso tende a mudar. A comunidade tá cada vez mais ligada que o Magic é um jogo pra todo mundo.

Amy*: [...]conforme a cena online de Magic cresce através do MTGA, as mulheres estão definitivamente entrando mais no jogo tanto casualmente quanto competitivamente.

5- Na opinião de vocês, qual o maior obstáculo para o tratamento igualitário das mulheres não só na comunidade de MTG, mas em mesas de RPG e grupos/lojas de games em geral?

Bê Turba: O machismo enraizado!! Por ser um ambiente majoritário masculino e muito difícil para alguns caras aceitarem que mulheres também frequentem esses espaços. Muitas vezes as minas são acuadas e se sentem desconfortáveis nesses ambientes e não são tão bem acolhidas!!

Meg: O maior obstáculo são homens que veem mulheres como um pouco menos do que eles, ou seja, machistas. Sempre tem, e muitas vezes por repetir discursos sem pensar neles. A gente já teve vídeo de homem dizendo que mulher não tem capacidade cerebral de jogar Magic e isso é de um nível de absurdo que só jogando água e limpando com rodo pra apagar. Esse tipo de discurso afasta mulheres do jogo e da presença física no jogo, por causa de meia dúzia.

Amy: Em lojas locais, mulheres são muitas vezes tratadas como estranhas. Algumas lojas também permitem que o comportamento negativo entre jogadores aconteça livremente, o que afasta novos(as) jogadores(as), principalmente as mulheres. Este não é um problema só do Magic, mas também em outros grupos de games. No cenário competitivo, mulheres frequentemente não tem acesso a times de teste ou networks sociais que concedem uma grande vantagem para aqueles que conseguem planejar junto com seus times para os eventos.

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6- Os homens podem contribuir de alguma forma com a luta e a representatividade feminina sem roubar o protagonismo das mulheres? Como?

Bê Turba: Apoiando e respeitando as minas!

Infelizmente vivemos numa realidade onde homens respeitam apenas homem, viu uma mina sendo acuada, assediada ou passando por qualquer situação que ela não deveria estar passando, vai lá e a ajude, ver esse tipo de coisa e não fazer nada e ser condizente com essas atitudes!

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Meg: Com certeza! Muito desse discurso machista é repetido sem pensar, porque se ouviu em algum lugar e todo mundo concordou ou achou a piadinha engraçada. O homem parceiro e aliado das mulheres na comunidade tem que chamar esse colega que falou besteira no privado e chamar atenção mesmo: “cara, não é legal dizer isso aí não.”

Amy: Não sendo inconvenientes. Convide mulheres para ser parte de grupos casuais de jogo e times de teste competitivos. Não sejam asquerosos.

7- Vocês gostariam de deixar alguma mensagem para as leitoras e os leitores deste artigo?

Bê Turba: Coloquem fogo em todos os cards azuis para um Magic mais bonito e saudável!! Brincadeira hahaha (ou não rs)

Imagino que muitos caras podem estar lendo o que escrevi e não concordar com muitas das coisas que eu disse, porém tentem olhar as coisas um pouco fora da sua bolha, conversar com algumas amigas ouvir o que elas têm a dizer e tentar entendê-las, às vezes é difícil a gente se identificar com algo que a gente nunca passou, mas se o sentimento de empatia existir as coisas podem mudar!!

Meg: O Magic é um jogo complexo e variado que pode ser curtido de várias maneiras diferentes. Aproveitem o jogo à sua maneira, deixem que todo mundo aproveite o jogo à sua maneira, sem criar barreiras com julgamentos sumários do tipo “x nem é Magic”.

Amy: Vocês são uns amores e eu desejo um bom dia para vocês.

Finalizando

Agradeço novamente pela participação de vocês! Feliz Dia das Mulheres e que a luta feminina tenha sua importância cada vez mais conhecida e o seu espaço de direito conquistado!

Agradecemos novamente às jogadoras por terem contribuído de forma tão construtiva para este artigo, e esperamos que ele seja um ponto inicial e/ou um reforço para esta temática tão importante. Precisamos de mais espaço e respeito para as mulheres, tanto no Magic quanto na sociedade em geral!

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Conheça as Entrevistadas

Beatriz Turba é historiadora, narradora de MTG, streamer, social mídia, cosplayer e uma apaixonada pela cultura pop! (Twitter: @Beturbalink outside website)

Meggie Fornazari é tradutora, cosplayer e podcaster, além de ser doutora em localização (tradução), tendo trabalhado com o Magic: the Gathering! (Twitter: @kozistranslatorlink outside website)

Amy the Amazonian é streamer parceira da Twitch, engenheira e “destruidora de cartas” (segundo ela mesma)! (Twitter: @coL_Amazonianlink outside website)

*Originalmente, Amy respondeu as duas perguntas de forma conjunta. Durante a tradução, as partes da resposta dela foram separadas para manter a formatação do artigo. Resposta original: “Women are often excluded at smaller Magic scenes, but as online Magic grows through MTGA, women are definitely getting into the game more both casually and competitively.”