Magic: the Gathering

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Legacy em 2019 - Uma Retrospectiva

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Uma breve retrospectiva sobre os rumos que o Legacy tomou ao longo do ano

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revised by Tabata Marques

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Fala ae pessoal,

Li recentemente um artigo muito interessante, chamado "Legacy in 2019 - A Retrospective" e escrito por Minhajul Hoq em seu bloglink outside website. Curti ler sobre um formato que não tenho tanto contato assim. Além disso, o texto me ajudou a entender melhor o impacto que Wrenn and Six teve no formato (não é a toa que posteriormente a carta foi banidalink outside website). Segue abaixo uma tradução livre que fiz do texto:

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OBS: Tiveram alguns termos em inglês que não deu pra evitar. Para cada um deles, escrevi uma breve explicação após o final do texto.

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2019 foi uma montanha-russa para a maioria de nós jogadores dos formatos eternos. Ao longo dos anos que antecederam 2019, compramos várias cartas para complementar nossos arquétipos já existentes, mas este ano recebemos um influxo maciço de cartas que definiram o formato: Wrenn and Six, Karn, the Great Creator, Teferi, Time Raveler, Arcum's Astrolabe e Dreadhorde Arcanist, só para citar alguns.

Todas essas cartas mudaram completamente o cenário de um formato que ainda estava se recuperando de um abalo substancial: o banimento de Gitaxian Probe e Deathrite Shaman. Nos meses que antecederam o lançamento do War of the Spark, o metagame parecia equilibrado, onde os principais decks subiam e desciam enquanto os jogadores se ajustavam para respondê-los.

War of the Spark foi lançado, e o Legacy começou a mudar. Karn, the Great Creator redefiniu como construir decks com Ancient Tomb. Narset, Parter of Veils e Teferi, Time Raveler também provaram o poder que os "Planeswalkers com Habilidade Estática" têm. Uma carta que inicialmente passou despercebida, mas aumentou o poder de UR e Grixis Delver, foi o Dreadhorde Arcanist.

Posso estar sendo tendencioso nessa, mas Dreadhorde Arcanist é a minha carta favorita já lançada desde o Monastery Mentor. É uma carta extremamente divertida, causa muitas ações no jogo e até me levou a expandir minhas habilidades de jogo para além do Miracles, aprendendo a jogar com UR Delver e o Grixis Delver. Eu me diverti bastante com esses decks, que se mostravam poderosos mas não opressivos. As pessoas estavam reagindo ao metagame, e War of the Spark parecia uma boa novidade, enquanto aumentava o power level do formato.

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Modern Horizons

Lançam Modern Horizons e... vem o Wrenn and Six. Nos últimos meses, todos os formatos construídos sentiram o peso de Planeswalkers de custo baixo e com habilidades que colocam o jogador incrivelmente à frente com uma única ativação. Wrenn and Six e posteriorment Oko, Thief of Crowns mostram bem essa tendência.

Com tantas cartas novas, o Legacy parecia um formato completamente diferente do que era apenas alguns meses atrás. Eu fiquei meio sem saber com o que eu queria jogar. Wrenn and Six rapidamente se tornou a carta a ser usada. Ele dá aos decks Delver a habilidade de recomprar um terreno a cada turno (o que reduz a eficácia das Wasteland do oponente), remove qualquer criatura com resistência 1, e além disso ainda te possibilita criar um lock no oponente com você recomprando suas Wasteland. Isso acaba sendo muito texto pra uma carta de 2 mana.

O RUG Delver "só carta boa" se tornou o deck a ser batido e o formato pareceu se ajustar a ele. Porém, ao contrário do ciclo anterior do metagame, assim que o RUG Delver assumiu o trono de melhor deck, ele se recusou a cair. Estamos neste metagame há alguns meses e, embora a taxa de vitórias do RUG Delver tenha sido altíssima, seu domínio é apenas um sintoma do problema maior.

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Planeswalkers de 2019

O problema na verdade está na direção que a Wizard seguiu com relação ao design das cartas ao longo deste ano, começando com a Guerra da Centelha. Nesta expansão, entramos em um território até então inexplorado em termos de design. Planeswalkers fortes de custo baixo já foram limitados no passado a cartas como Liliana, a Última Esperança. Agora ela acabou virando uma carta inviável de se usar, pois simplesmente não faz o suficiente pelo seu custo. De fato, ela é estritamente pior que Wrenn and Six. E esse é o maior problema do Legacy agora: qualquer coisa "justa" que você pretenda fazer é estritamente pior do que Wrenn and Six.

Inicialmente, pensei que haveria maneiras de impedir o domínio de Wrenn and Six dentro do formato, mas com o tempo os resultados e tentativas de adaptação demonstraram que isso estava errado. O rosto dos “decks justos” no Legacy em 2019 é o Wrenn and Six.

Com a adição de Oko, Thief of Crowns nos mesmos decks que usam Wrenn and Six, você acaba por ter um deck em que dois Planeswalker podem juntos invalidar completamente praticamente todos os meios de interação que um oponente possa ter.

Entusiastas do Legacy, como Anuraag Das e David Long, tentaram incorporar essas duas cartas em várias arquéticos de controle, porque elas funcionam tão bem em serem ameaças ofensivas quanto defensivas. O baralho de David Long do Eternal Weekend é uma adaptação do tradicional Lands que usa as duas cartas como "win condition" e remoção:

No entanto, mesmo entre as várias possibilidades que dá pra testar com esses Planeswalkers, o RUG Delver provou mais uma vez que Oko, Thief of Crowns também foi feito pra ele. Oko lida com muitos problemas que o RUG tem. Marit Lage, Ensnaring Bridge e até Chalice of the Void são facilmente transformados em alces 3/3.

Oko, Thief of Crowns parecia exacerbar apenas o problema. Embora seja bom em responder ameaças, Oko, Thief of Crowns e Wrenn and Six são win conditions baratas que só precisam sobreviver no campo de batalha para encerrarem o jogo por si só. Isso demonstra a questão geral: essas cartas são boas tanto na ofensivas quanto na defensivas, mas são extremamente difíceis de responder.

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Perguntas vs Respostas

As respostas para os Planeswalker são notoriamente fracas. Dreadbore é um feitiço, e todas as respostas instantâneas são de custo alto. Por esse motivo, um Planeswalker irá gerar valor que normalmente vale uma carta por si só, uma vez resolvido. Assim, as respostas baseadas na "remoção" quase sempre causam uma troca ruim. Anulas são uma boa resposta, mas esses Planeswalkers são tão baratos que também é fácil protegê-los com seus próprios anulas.

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Essa dicotomia não existe em formatos não eternos, mas em um formato em que Oko, Thief of Crowns e Wrenn and Six podem ser defendidos com Force of Will e Daze, encontramos muito mais situações de "force-check".

Em resumo, é difícil usar anulas contra Planeswalkers baratos e ainda mais difícil usar remoções contra eles. Certamente foram feitas adaptações, como Jeskai Mentor jogando vermelho para jogar no Magmatic Sinkhole, ou, no Vintage, baralhos BUG fazendo splash para Abrupt Decay e Assassin's Trophy para responder a esses Planeswalkers. A questão, no entanto, é que essas cartas são geralmente "2 pra 1" para o oponente, ou com restrições de mana colorida . Nenhuma dessas opções é realmente atraente, e o valor que esses Planeswalkers podem gerar faz com que, na prática, tentar respondê-los não seja viável e jogar um jogo "justo" não seja uma opção atraente.

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Adaptação

"Então Min, por que não se adaptar como você falou antes?"

Bem, é claro que você pode! Eu descrevi como responder o Wrenn and Six em um dos meus Vlogs anteriores, mas a situação do formato mudou ainda mais e os decks que abusam mais de Wrenn and Six provaram se adaptar da maneira mais fácil. Quando Depths se levantou para abusar da fraqueza do RUG Delver em relação à Marit Lage, os decks do RUG Delver responderam com cartas como Karakas e Crop Rotation. O RUG Delver tornou-se tão onipresente que até o True-Name-Nemesis deixou de ser uma opção tão boa quando as pessoas começaram a jogar as "mirror matches" com Hooting Mandrills e Stifle. Quando a situação chega ao ponto dos jogadores trocarem um True-Name-Nemesis por um 4/4 atropelar, as coisas provavelmente não estão boas.

Você ainda pode tentar contornar essa situação jogando de combo (o ANT vem à mente como uma ótima opção!), mas às vezes você gosta de jogar um “jogo justo”. Estamos entrando em um reino do Legacy onde jogar justo significa jogar Wrenn and Six e escolher Planeswalkers baratos que ganham vantagem rapidamente, e isso não é algo que eu pessoalmente goste.

Existe muito menos respostas em geral nas batalhas entre decks midrange, pois quem joga primeiro um Planeswalker geralmente leva o jogo e, talvez pela primeira vez, Jace, the Mind Sculptor não seja o melhor Planeswalker do Legacy.

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Avançando

Está claro que chegamos aqui porque o Wizards of the Coast não faz testes para os formatos Eternos. Eles provavelmente não prestaram atenção à combinação que Wrenn and Six, anula barato e Wasteland fariam juntos, ou, se o fizeram, não entenderam as consequências que isso traria aos decks justos. Magmatic Sinkhole era uma carta que estava na direção certa, mas porque depende da lealdade do Planeswalker, acaba não funcionando com muita frequência (e não atinge Oko, Thief of Crowns!).

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Se estamos chegando ao ponto que Planeswalkers poderosos custo 2 ou 3 existem e invalidam criaturas e batalhas de atrito, precisamos começar a ter remoções que se alinhem contra eles e que possam ser usadas no maindeck. Uma carta que eu adoraria ver seria algo nas linhas de Drown in the Loch. É flexível, dá pra usar no maindeck e com um custo de mana bom o suficiente para não ser abusiva. Cartas como essa que respondam a Planeswalkers ajudariam imensamente a trazer de volta o equilíbrio no Legacy, e acho que elas também seriam benéficas em outros formatos.

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Miracles em 2019

Então, eu me recusei a mencionar Miracles até agora, e esse é o meu deck favorito. A verdade é que, com o estado do Legacy, faltou motivação para trabalhar no Miracles. Definitivamente, acho que ele ainda pode permanecer com o metagame em seu estado agora, mas há pessoas por aí trabalhando em versões UWx que provavelmente poderiam levá-lo melhor com base no metagame atual. O Mystic Sanctuary soprou um pouco de ar fresco no arquétipo, e esta lista de Rugved Karhade é um ótimo ponto de partida para quem deseja se aproximar do Miracles hoje:

Dovin's Veto é uma grande inovação para ajudar a combater a onda de Planeswalkers, mas fica substancialmente pior quando o oponente começa.

Outros estão trabalhando nas versões Bant, utilizando Oko, Thief of Crowns, ao lado de Arcum's Astrolabe, e Veil of Summer, como pode ser visto neste report do jogador do 20º colocado LynnChalice do Eternal Weekendlink outside website.

No entanto, até que vejamos outra mudança no metagame, novas cartas e respostas sejam impressas, ou uma mudança no próprio Legacy, encontro meu foco pessoal mudando para longe do formato como um todo e mais para o desenvolvimento pessoal e outros formatos. Eu podia me ver mergulhando em formatos que me permitam jogar cartas de que gosto (talvez alguns Jeskai Arcanist em Vintage?) Ou, como Max, mergulhando na Pioneer, já que é o formato do momento.

Continuo esperançoso pelo futuro do formato e tenho certeza de que voltarei em breve, mas não acho divertido jogar no formato neste momento, onde as ameaças simplesmente superam as respostas.

Provável do meu próximo texto ser mais voltado para teoria no Magic e talvez uma retrospectiva de 2019 do MinMax e de como crescemos este ano! Como sempre, obrigado pela leitura. Até a próxima vez!

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- "decks justos" é uma tradução literal do termo "fair decks", que descreve decks em que você joga Magic nas batalhas de atrito, na trocação de criaturas e recursos tentando ganhar o maior número possível de vantagens (o famoso 2 pra 1), até conseguir vencer. Os "unfair decks" seriam os que fazem coisas "roubadas" como trazer vários bichos do cemitério ou jogar várias mágicas de graça, por exemplo.

- Metagame é o ecossistema de um formato construido de magic. Todos os decks que existem vão se moldando pensando em respostas para os outros decks, para que eles consigam "sobreviver" no metagame em que eles estão inseridos.

- "Win Condition" é a condição de vitória do deck. A carta que te faz ganhar, depois que vc conseguiu controlar o jogo.

- "force-check" é a famosa batalha de anulas que acontece muito em partidas entre decks de controle. Quem tem mais terrenos e mais anulas na mão acaba por ganhar. No Legacy que tem Force of Will e Force of Negation para se jogar de graça, acaba sendo "quem tem mais Force vence".

- "mirror match" é a "partida espelho". Dois decks iguais se enfrentando.