Magic: the Gathering

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Não se Faz um Omelete sem Quebrar os Ovos

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Double Masters traz consigo um novo arquétipo para o Pauper

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revised by Tabata Marques

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Ah... Master sets !

Masters sets possuem um valor especial para os jogadores de Pauper: Os sets especiais sempre trazem boas adições para o formato que tendem á impactar o metagame de maneira significativa ao dar boas adições á decks já existentes como foi o caso de Augur of Bolas e Burning-Tree Emissary, ou ao habilitar e criar novos arquétipos que tornam-se parte do metagame, como Seeker of the Way, que deu o empurrãozinho que o Mono White Heroic precisava para ser um deck.

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Existem também aqueles infelizes porém recorrentes casos onde a printagem de uma carta cria um novo arquétipo ou habilita um arquétipo de maneira desequilibrada quanto ao resto do formato, levando á banimentos. O melhor exemplo ainda é Peregrine Drake.

Além disso, os Masters sets são uma oportunidade perfeita para reprintar cards de que o formato precisa de maior circulação. E, no que se trata de reprints, Double Masters é a terra mágica do Natal para o Pauper ao trazer de volta as lands de Urza, Thraben Inspector, Chromatic Star e, isso mesmo, Oubliette.

Porém, hoje o artigo se trata especificamente de um card de Double Masters que será introduzido ao formato, e de como ela tem um longo histórico com um certo arquétipo:

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Você já ouviu falar de Eggs ? Talvez... KCI ?

Eggs e KCI foram dois decks conhecidos (e agora, banidos) do Modern por conta de serem combos que exigiam constantes e relativamente complicados processos de repetição nas suas ações para ganhar o jogo. Ambos os arquétipos foram grandes divisores de opiniões públicas e, no geral, criavam uma experiência negativa ao assistir uma stream ou jogar contra por conta do excessivo tempo levado em repetir as mesmas ações para finalmente ganhar o jogo, apesar da velocidade e consistência do combo.

O arquétipo também era conhecido na comunidade como um divisor entre os bons jogadores e os jogadores medianos, pois seus resultados não eram muito extensivos mesmo quando o deck era reconhecido como o melhor do formato, por conta da complexidade das suas linhas de jogadas e de como um mínimo misplay era extremamente punitivo e poderia acabar com o jogo no exato momento em que ele era cometido.

Uma parte essencial do combo sempre foi o quão consistentemente você consegue retornar os artefatos do cemitério para o jogo, ou da possibilidade de criar um processo de repetição que lhe levaria á ganhar o jogo.

E é, normalmente, nessa parte que Myr Retriever era tão importante antes do lançamento de Scrap Trawler em Aether Revolt.

Porém, ao ser recebido de portas abertas no Pauper, Myr Retriever encontra sua própria versão do Krark-Clan Ironworks no formato:

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Ao possuir dois Myr Retrevers, mesmo que um esteja no cemitério ou na sua mão, e um Ashnod's Altar, você pode sacrificar o Myr Retriever para gerar duas incolores.

Ao morrer, o Myr Retriever retorna um artefato do seu cemitério para sua mão: Você escolhe o outro Myr Retriever em seu cemitério (ou, qualquer artefato, caso você tenha o outro Myr Retrever em jogo ou em sua mão)

Utilizando as duas manas geradas pelo altar, você pode castar este outro Myr Retriever e, ao sacrifica-lo, você pode dar alvo no Myr Retriever recém sacrificado e que está no seu cemitério.

Profit. Temos um Loop infinito de ETB/Death Trigger.

E a questão que fica é como podemos abusar de tal interação num formato como o Pauper ? Bom, talvez essa lista seja um bom começo:

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"Não se faz omelete sem quebrar os ovos" é provavelmente a mais famosa frase atribuída á Max Robespierre.

Só que o omelete que estamos fazendo aqui é baseado em mana, golems e dano infinito.

Para explicar como essa lista funciona e a complexidade de suas jogadas, acredito ser melhor categoriza-la em 3 partes: A Engine, os Ovos e as Interações.

1 - A Engine.

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Utilizando 4 de cada um desses cards, temos um número suficiente de cards que ganham vantagem da nova interação entre Myr Retriever e Ashnod's Altar.

Com Disciple of the Vault, você possui dano, ou melhor, perde de vida infinita por conta dos Death Triggers.

Com Golem Foundry, você pode gerar um número infinito de tokens 3/3 por estar jogando mágicas de artefato em um loop.

Por fim, com Etherium Sculptor, você é capaz de gerar mana infinita.

Normalmente, eu não aprecio combos de mana infinita se não tivermos meios de abusar dela, mas Etherium Sculptor, assim como as demais peças do combo, possuem uma outra função essencial nessa lista:

2 - Os Ovos

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E aqui estão os ovos do omelete.

Etherium Sculptor interage muito bem com os cards conhecidos como "eggs": Artefatos que você utiliza para gerar mana e/ou comprar cards ao sacrifica-los.

Isso porque, ao reduzir o custo desses artefatos em 1, a sua maioria passam a custar nenhuma mana e podem ser jogados de graça, criando uma engine de draw que pode funcionar por um bom tempo e permitem assim achar quaisquer peças você precisa para fechar o combo.

Além disso, todos os Eggs interagem bem com as demais peças da engine e ajudam á corrigir a manabase da melhor maneira possível.

Apesar de não custar uma mana, destaco Golden Egg como um card importante para o arquétipo pois, além de comprar um card, ele é capaz de ser sacrificado para sobreviver mais um turno contra decks mais agressivos.

E nesse deck, cada turno conta de maneira essencial.

3 - As Interações.

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É essencial que o deck não foque totalmente no combo, pois ele é facilmente disruptível. Portanto, é necessário considerar outros tipos de interações que se encaixam com a proposta do deck.

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Atog e Drafna's Restoration estão na lista por conta de suas interações com Disciple of the Vault e Golem Foundry.

Drafna's Restoration permite colocar qualquer número de artefatos de seu cemitério no topo do grimório, em qualquer ordem.

O card, se combinado com Etherium Sculptor, permite que você, no turno seguinte ao casta-lo e com apenas uma mana, possa comprar e reutilizar todos os artefatos que você já havia quebrado ao decorrer do jogo. Permitindo assim diversos triggers de Golem Foundry ou Disciple of the Vault em um único turno.

Atog, e a inclusão de lands artefato ao deck devem-se á outra interação: A de sacrificar artefatos na mesa para dar dano com um ou múltiplos Disciple of the Vault.

É claro que o Atog pode atacar e ganhar o jogo sozinho ao sacrificar muitos artefatos, mas é muito difícil que ele não seja bloqueado ou removido antes que o dano possa ocorrer.

Entretanto, é justamente por essa possibilidade que o Atog também colabora num contexto conhecido no Magic como "False Tempo": Uma situação onde o oponente tende á segurar suas jogadas mais eficientes e jogar de maneira mais conservada, á fim de não acabar perdendo o jogo para uma determinada combinação de cartas, como um Atog + Temur Battle Rage, no próximo turno.

E vale constar que, se seu oponente sabe contra o que está jogando, a matchup contra o Eggs tende á ser toda ditada por um contexto de false tempo caso ele não possua uma resposta imediata para um Etherium Sculptor.

Num deck com tantos artefatos, faz todo o sentido utilizar Thoughtcast como uma cantrip adicional que ajuda á encontrar mais peças para continuar o processo de looping.

Nos meus testes iniciais com a lista, pude perceber que o combo é real, e que é relativamente complicado de se lidar com tudo o que o deck faz, mas ele simplesmente não interage com o oponente.

Ele tem potencial para ganhar o jogo no turno 4 ou 5, mas fica muito aberto para counters, remoções ou simplesmente o beatdown de um deck muito ágil como o Stompy ou RDW.

Além disso, esse é um deck muito vulnerável ao hate, e possui sérias dificuldades de voltar para o jogo se tomar uma remoção numa peça pontual ou uma Relic of Progenitus no meio do processo.

O deck se portou muito bem contra outros decks que não interagem muito, ou que demoram para conseguir juntar suas peças e tomar o jogo: Por exemplo, de 5 partidas que fiz contra Tron, sendo 3 sem side e 2 com side, eu perdi apenas uma. Especialmente porque é necessário saber exercitar a paciência com essa lista e tentar fechar o combo na hora certa.

Por outro lado, apesar de parecer um All-In Combo, o Eggs consegue operar de maneira fair e ganhar jogos sem sequer precisar recorrer aos loops infinitos graças aos tokens gerados pela Golem Foundry, que é bem mais difícil de responder, ou as interações com Disciple of The Vault, onde o oponente tende á se recusar á gastar remoções numa criatura 1/1 semi-inofensiva.

Um outro ponto á se considerar é que há, literalmente, cartas demais que precisam ser respondidas pelo oponente. Claro que matar um Etherium Sculptor atrasa muito o plano de jogo, mas se o jogo se estender ao ponto de que eu possa jogar outro Etherium Sculptor e/ou sequer precisar mais dele pois já tenho uma engine pronta com os outros cards, o oponente ainda está numa situação muito desfavorável.

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Gostaria de constar que minha versão do sideboard bizarramente generalizada provavelmente está longe de ser a melhor opção para o deck, pois só consegui pensar em cards para proteger minhas permanentes e/ou me manter vivo por tempo o suficiente para levar o jogo.

Além disso, esse é um deck extremamente complicado de sidear, pois você não quer tirar peças demais do combo ou do mecanismo para colocar proteção, pois corre o risco de não conseguir fazer o combo funcionar da maneira desejada.

Na maioria das vezes, eu coloquei pra fora alguns dos artefatos dos ovos e/ou algum número de Altar/Myr ou Drafna's Restoration/Atog para poder alocar as proteções para dentro do deck.

Minha consideração final é que o sucesso do Eggs depende muito do quão interativo o formato está para com ele e que, caso ele se popularize, o aumento de cards como Gorilla Shaman nos sideboards tende á coloca-lo em cheque e diminuir sua popularidade.

Assim, fecho minha introdução ao mais novo potencial deck de combo do Pauper.

E gostaria de fechar este artigo fazendo uma pequena análise de outros cards que adentraram o formato através de Double Masters, e que possuem potencial para jogar:

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O famoso "Delver preto" está entre nós. E num formato que é baseado em criaturas e na cor que mais possui remoções no formato, é muito possível casta-lo por somente 1 mana.

Bone Picker é uma carta com potencial, mas do qual não consigo ainda elaborar onde ou como pode jogar. Veja bem, ele é um drop agressivo nos decks pretos que consegue literalmente bloquear e matar qualquer criatura por uma mana.

Decks como Aristocrats com certeza tentarão abusar de Bone Picker e pode ser que seja uma grande colaboração ao arquétipo. Porém, o preto é a cor com o maior número de remoções no formato e não devemos desconsiderar a possibilidade do card existir em decks como o Suicide Black ou até mesmo o UB Delver.

Não acredito entretanto que o Mono Black Devotion queira trocar suas jogadas sequenciadas por este card. Também não acredito que o UB Delver queira esta criatura ou tenha interesse em substituir o Delver por ele.

Por outro lado, falando em remoção...

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No meu ponto de vista particular, essa é a maior adição de Double Masters ao formato.

Cast Down no Pauper é essencialmente um Terminate monocolor e splashável.

Esse é o card que todo midrange preto passará a usar, e até mesmo outros decks que splasham preto podem ver uso dele entre maindeck e sideboard.

Apesar dessa adição ser extremamente benéfica aos midranges pretos, ela também prejudica o arquétipo ou mais especificamente, o Gurmag Angler.

O maior potencial do Gurmag Angler, além de ser um 5/5 que pode ser castado por uma mana, sempre foi sua capacidade de desviar da grande maioria das remoções e forçar um 2 por 1 para mata-lo. Cast Down dá um fim á esse problema no preto e junta-se á Journey to Nowhere e Oblivion Ring como remoções comumente utilizadas que resolvem o grande peixe sem forçar um 2 por 1.

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Abrade é o reconhecimento do aumento significativo de power level do Pauper. E, inicialmente, o considerei a melhor adição ao formato.

Porém, o impacto de Abrade nos formatos em que ele joga são formatos onde os artefatos que devem ser destruídos são muito específicos e valem o custo de 2 manas para o fazer.

No Pauper, a coisa é um pouco diferente: há poucos cards como Bonder's Ornament ou Prophetic Prism que justificam a inclusão de Abrade aos sideboards ou até mesmo ao maindeck.

Os principais decks de artefato do atual metagame são muito mais prejudicados por cards como Shenanigans e Gorilla Shaman. E, apesar da versatilidade de Abrade em servir tanto como hate de artefato quanto remoção, não sei se nenhum dos dois efeitos compensa, de fato, pagar duas manas para fazer sem nenhum outro benefício.

Entretanto, deixo claro que este card é muito importante contra Boros Monarch e Tron, e provavelmente poderá ver jogo no maindeck ou sideboard de ambos os arquétipos como uma forma de lidar com Kor Skyfisher e Bonder's Ornament com o mesmo slot.

Double Masters está chegando, e os cards já estão válidos para se jogar no MOL.

Dentro das próximas semanas, veremos os resultados do impacto da nova edição no metagame.

Até lá.

Stay Safe,

Stay Home.