Magic: the Gathering

Deck Guide

Feather, a Redenção do Boros

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Entenda porque Feather é uma esperança de design para a guilda Boros no Commander

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Salve pasteleiros, olha eu de novo!

Pois é, não faz muito tempo que apareci por aqui falando sobre o glorioso e magnífico Fblthp, the Lost. Acontece que estamos em plena temporada de spoilers de Guerra da Centelha e não demoraria muito pra que eu retornasse com mais um comandante interessante.

Desta vez temos toda graça de mais um personagem ilustre do lore de Ravnica, um anjo de Boros chamado Feather (ou Pluma, para nós). Muitos provavelmente não conhecem esta personagem, pois nunca houve qualquer representação dela sequer em flavor texts. Porém ela teve um papel importante nos eventos do primeiro bloco ambientado em Ravnica, nos livros Ravnica: City of Guilds, Guildpact e Dissension escritos por Cory J. Herndon. Feather era um Anjo Cabeleira de Fogo que por motivos não revelados teve suas asas amarradas como uma espécie de punição, e prestou serviços a Liga Wojek ao lado de seu parceiro humano Agrus Kos, Veterano Wojek.

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Feather acabou adquirindo prestigio entre os Boros a ponto de tornar-se Mestre da Guilda, tendo a difícil tarefa de substituir ninguém menos do que o parun Razia, arcanjo dos Boros após sua morte. Mas o governo de Feather não durou muito e logo ela sofreria um golpe de Aurélia, Líder de Guerra. Feather então foi aprisionada até que seu destino final pudesse ser decidido, mas conseguiu se libertar durante um ataque realizado por Krenko, Chefe da Turba. Agora, durante a Guerra da Centelha ela foi autorizada a lutar ao lodo dos demais anjos de Aurélia, retornando como Feather, the Redeemed - e com um card lendário só dela:

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E que card legal, meus amigos!

3 manas por um 3/4 voador já é um bom começo. Porém, no Commander é preciso mais que apenas corpo para fazer alguma diferença numa mesa contra outros três oponentes com 40 pontos de vida cada. Ainda mais quando se trata de um formato multiplayer onde os decks combo e controle imperam com ampla vantagem sobre estratégias mais agressivas, uma vez que a quantidade total de pontos de vida in game é imensamente maior e as partidas tendem a se estender por vários turnos. Nestes cenários, decks com boa capacidade de aceleração de mana e principalmente card advantage se saem melhor - e é justamente nestes quesitos que os decks Boros mais perdem!

Dentro da color pie, as cores Branco e Vermelho são as menos privilegiadas no formato Commander. Embora seja possível suprir a necessidade de ramps com artefatos aceleradores de mana, o que pega mais para o Boros é a questão do draw. A maioria das compras vermelhas são efeitos de loot (compra seguida de descarte ou vice e versa) o que apenas melhora a qualidade dos seus recursos, mas não fornece mais cartas. Os poucos efeitos realmente eficientes nesse sentido são as wheels como Reforge the Soul ou Wheel of Fortune. O branco consegue ser pior ainda, pois nem isso tem, sendo a cor mais torpe dentre as cinco em questão de draw. Tal deficiência faz com que um deckbuilder de Boros precise recorrer a artefatos para suprir essa demanda de compras, caso contrário ele não terá folego para manter-se ativo durante os estágios mais avançados do jogo, quando boa parte dos seus recursos iniciais já se esgotaram depois de uma ou duas remoções globais. Artefatos costumam salvar a vida de decks cujas cores possuem alguma deficiência... o problema é que eles geralmente são pesados e condicionais. Você pode montar seu deck RW e fazer bom uso de um Mind's Eye ou Staff of Nim, mas o fará a duras penas, dispendendo quantidades consideráveis de mana e estando sempre sujeito a tomar um spot removal antes mesmo de extrair qualquer valor do card.

Existem ainda outras opções também funcionais: Skullclamp, Mentor of the Meek, Bygone Bishop, Well of Lost Dreams, Dawn of Hope, são exemplos de cards que costumam funcionar e render alguns draws adicionais por turno, o que já ajuda bastante. Porém a maioria destas e outras alternativas dentro do espectro de cores RW incorrem no mesmo problema: condicionalidade. Tais cards precisam de estratégias específicas para funcionarem - Mentor e Bishop exigem que você faça criaturas e ainda gase mana, Clamp requer algumas buchas de sacrifício (geralmente tokens), Well e Dawn of Hope exigem ganho de vida - tais cards só funcionam nas condições certas, e estas especificidades tendem a fazer com que o deckbuilder empurre sempre sua estraégia para atender tais requisitos. O resultado é que quase sempre os decks Commander Boros apresentam o mesmo pod básico: criaturas, lifegain e combate, quase sempre apoiado por equipamentos. As opções de comandantes não ajudam muito.

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Durante boa parte da história do Magic não era um problema que as cores RW juntas representassem efeitos e criaturas voltadas para o aggro - pumps, habilidades táticas, prevenção de danos, fases de combate adicionais, etc. Com a advento e popularização do Commander, aos poucos foi se percebendo que as opções de generais para certas combinações eram limitadas, sobretudo naquelas baseadas nas cores inimigas (golgari, orzhov, simic, izzet... e boros). De uns tempos para cá, muito dessa demanda vem sendo suprida pela WotC. Porém, enquanto diversas outras combinações tiveram novas adições com design diversificado neste período, o tempo parece não ter sido generoso com os Boros. De 2005 (ano do lançamento da primeira coleção em Ravnica) até então, praticamente TODAS as criaturas lendárias feitas tinham habilidades claramente voltadas para o combate e direcionavam suas estratégias para o clássico aggro baseado em criaturas. O que não significa que tais comandantes sejam indignos... claro que não. Existem designs bacanas como a própria Aurélia, Líder de Guerra, Gisela, Espadachim dos Noite Dourada e os parceiros Akiri, Fundeira de Linha e Bruse Tarl, Pastor Rústico. No entanto, já é de muito que os fãs de Boros clamam por generais com potencial de fazer algo um pouco diferente dessa linha.

A Wizards, porém, não parece esta de costas para este clamor. Embora houvessem poucas tentativas perceptíveis de dar uma outra cara para o Boros, alguns designs pontuais nos últimos lançamentos sugerem que os Magos da Costa estão cientes da nossa demanda. O exemplo mais aparente é o de Firesong and Sunspeaker, um general que claramente se emancipa da dependência de criaturas e abarca uma temática de burn com lifegain. Mesmo que a pool atual de cartas de suporte RW ainda leve um jogador de Firesong and Sunspeker a usar do combate para alcançar alguns objetivos, a própria proposta do comandante segue mais uma linha Spellslinger (deck baseado em interações com mágicas instantâneas e feitiços) do que qualquer outra coisa. Muitos slots desse comandante são bastante específicos e sua build é claramente distinta dos demais comandantes Boros mais conhecidos.

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Mesmo sendo diferente em tema, os irmãos bois ainda sofrem do mesmo problema que a maioria dos seus colegas de guilda, que é a questão da vantagem de cartas. pois é, voltamos a esse dilema importantíssimo. Sabemos que essa deficiência em específico seja um elemento intrínseco do equilíbrio das cores no Magic. Mas será que não é possível criar designs funcionais na questão do draw sem agredir a color pie? Até que ponto podemos esperar uma melhora para o Boros nesse sentido?

Pois bem, a Wizards nos respondeu com Feather!

Por que Feather é boa?

A resposta é simples: card advantage! Além de sua boa relação CMC x Poder/Resistência que lhe permitem uma fácil entrada em jogo e uma boa defesa, a habilidade de Feather garante um efeito Buyback para qualquer instant ou sorcery que você conjure dando alvo numa criatura sua. Isso significa que os recursos que você gastaria normalmente com pumps, proteções e até mesmo remoções sejam recuperados no final de cada turno, voltando para sua mão e te mantendo abastecido e sempre capaz de responder. Esta recursividade não só garante uma incrível redundância para seu jogo a medida que você se torna capaz de usar o mesmo efeito várias vezes, como também gera vários desdobramentos que se explorados da forma correta fornecem uma incrível resiliência para sua estratégia.

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Proteção: O efeito buyback de Feather é bom demais para que você não busque explora-lo ao máximo. Por isso, você não deve se surpreender se seus oponentes cobiçarem ela como o alvo de remoções, dada a diferença que ela faz no campo. A resiliência de sua estratégia dependerá dela, então você precisa - antes de mais nada - protege-la do assédio de seus opositores. Feather não dispõe de qualquer defesa de fábrica - como regeneração, hexproof ou indestrutibilidade - então você precisará fornecer isso a ela. Felizmente no branco existem diversas opções para isso. Mágicas como Teferi's Protection, Boros Charm e Unbreakable Formation costumam ser muito usadas pois protegem toda sua mesa e são ótimas contra remoções globais. Porém note que todas são efeitos que não dão alvo, e por isso não são recuperadas com a habilidade da Feather. Em muitos casos, principalmente contra as remoções pontuais, é mais recomendável optar por slots como Apostle's Blessing, Ajani's Presence, Graceful Reprieve e Eerie Interlude. Com slots deste tipo você consegue responder bem não só a uma tentativa de darem cabo de Feather como várias. Enquanto houver mana e pelo menos um destes tricks disponíveis, você consegue salva-la uma vez por turno de oponente pelo menos, e isso é BEM chato pra eles. Melhor ainda é quando você tem um cast de Acrobatic Maneuver por turno e além de proteger seu general de todo tipo de interação você comprar cards de forma recorrente. Aliás...

Cantrips: Outra forma de explorar bem a habilidade de Feather é através dos cantrips. Eu falei lá em cima que o Branco e o Vermelho não possuem compras eficientes não é?! Pois bem, com Feather você consegue subverter isso através de magicas simples proteção ou pump que dão alvo e te fazem comprar um card. Expedite, Psychotic Fury, Accelerate, Shelter e Guided Strike são alguns exemplos. Note que normalmente estes cards são usados como tricks para se conseguir alguma vantagem de combate... mas quando se consegue usa-las repetidas vezes funcionam como verdadeiras máquinas de card advantage.

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Este é um artifício muito comum usado inclusive por outro general cuja temática pode ser facilmente associada a nossa nova lenda Boros ao pensarmos nela como comandante a frente de um deck.

Efeito Zada e Mirrorwing: Dois cards vermelhos permitem uma potencialização de mágicas spot target similar a Feather: Zada, Hedron Grinder e Mirrorwing Dragon. O primeiro é mais conhecido por ser um potencial comandante monored em construções storm baseadas em fichas. Um deck de Zada busca aumentar a presença de campo com criaturas para extrair máximo potencial da habilidade do goblin, replicando mágicas que individualmente podem não fazer tanta diferença, mas se copiadas várias vezes geram um efeito devastador (Balduvian Rage, Invigorated Rampage e Run Amok ). Note que tanto Zada quanto Feather tentarão abusar da mesma tática: dar alvo em suas próprias criaturas com mágicas úteis – a diferença é que enquanto uma busca explosão a outra quer redundância e consistência. Ambas juntas, no entanto podem gerar uma combinação fortíssima e isso é possível num deck RW... especialmente se comandando por Feather. De fato, muito da estratégia usada por Zada em seu próprio deck será aproveitada por Feather, com a adição valiosa do branco. Imagine o que é possível causar de estrago quando se tem Feather + Zada em campo com acesso a todas as proteções e cantrips do branco e peças como Reúna os Justos.

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Reaproveitando Remoções: Uma outra aplicação interessante do efeito buyback de Feather é com as remoções. Sim, você geralmente usa remoções dando alvo em criaturas dos oponentes, certo? Bom, nem sempre. Cards como Pyrokinesis, Impact Resonance, Fúria de Aurélia e Fúria Temerária permitem que você disperse os alvos e convenientemente escolha uma de suas criaturas para desencadear a recursão de Feather e ainda levar algo do oponente. Mesmo globais específicos como Chandra’s Ignition, Arcbond e Fell the Mighty servem bem ao propósito de limpar a mesa ao dar alvo numa criatura sua. No mais, quando se tem a certeza de que o recurso voltará para sua mão depois de resolver, usar uma Path to Exile numa ficha de Monastery Mentor pra dar aquela rampada não parece uma má jogada.

Sunforge: Poucas cartas no Boros te dão uma vantagem incremental tão grande quanto Sunforger. Com Feather então, essa vantagem é virtualmente potencializada a medida que você é capaz de transformar seu grimório em uma extensão da sua mão. O Sunforger ainda é meio passado para equipar (3 manas) e o fato de você só poder faze-lo em sorcery speed te limita bastante... mas nada que um Roubo Magnético não resolva pra você (que por sinal, seria uma das primeiras cartas a serem puxadas com o próprio Forger).

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Heróico: O bloco de Theros trouxe uma mecânica bastante sinérgica com a proposta de Feather chamada heroic. Criaturas que desencadeavam habilidades toda vez que seu controlador conjurasse uma mágica dando alvo nelas. Quando estas habilidades são úteis, a criatura torna-se um bom para-raios para suas cantrips, mágicas de proteção e até mesmo remoções. Prevejo muitas construções agressivas fazendo bom uso de Anax e Ciméde, Líder da Falange Vanguarda de Brimaz Akroan Crusader e mesmo o novo Tenth District Legionnaire. Neste mesmo pacote de funcionalidade, podemos incluir também Monastery Mentor e Young Pyromancer, adições muito boas ao deck.

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Outras Possibilidades

Eu disse no início que o Boros carece de alternativas para algo diferente de um deck agressivo baseado em criaturas. Pois bem, por mais que provavelmente a maioria das listas com Feather ainda não fujam deste tabu (com o incremento de conseguir card advantage de forma mais conscistente), ainda é possível fazer algo diferente com ela. Diferente de outros comandante Boros, Feather me parece uma boa opção de general numa construção mais Control, com um plano de jogo mais reativo e consequentemente muito pouco dependente qualquer criatura com exceção do próprio general. É uma experiência nova pra o jogador de Boros que acho que vale muito a pena arriscar. Não há muito espaço para falar sobre esse tipo de build alternativa aqui, já que o artigo ficou bem grande. Por sorte já fiz um deck tech completo de uma lista full Control que elaborei para Feather e está disponível no meu canal do Youtube:

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Conclusões

Feather, the Redeemed é sem dúvidas um card incrível que irá agregar muito ao Boros e ao Commander em geral. Com certeza, um dos top 5 cards de Guerra da Centelha para o formato até o momento. Ela ainda não foge dos tabus impostos pela color pie aos generais Boros, mas sem dúvida seu design é um aceno da WotC para o jogador de Commander que é fã da guilda e pede por mais jogabilidade. Ainda existe muito a ser feito neste sentido: tanto em questão de opções para generais quanto de cards funcionais para jogar entre as 99. Porém, se a nave-mãe quiser nos atender, cards como Feather são um bom caminho a se seguir.