Os Bans do Magic: The Gathering ao longo de 2022

Nesse artigo, abordamos os banimentos que ocorreram durante o ano de 2022, como os formatos têm se moldado com cada lançamento, e especulamos sobre o que pode vir por aí.

20 de Janeiro de 2022

Esse banimento é acompanhado por algo único que começou nesse ano, que foi uma notícia maravilhosa para os amantes de Pauper: Os Magos da Costa criaram um comitê de jogadores para observarem o Metagame Pauper e cuidarem da saúde do formato. Falando brevemente sobre o Pauper e o porquê ele é amado, este formato só aceita jogar com cartas que alguma vez tenham sido lançadas como comuns de qualquer coleção que seja, o que torna ele mais acessível, mas sem deixar de ser poderoso, já que conta com várias cartas poderosas lançadas ao longo das eras.

Os banimentos dessa data foram exclusivos do Pauper e foram as cartas Atog, Prophetic Prism e Bonder's Ornament. Os dois primeiros foram para diminuir a eficiência do Affinity, que dominava o formato, e o banimento de tabela enfraqueceu o Tron, que estava bem colocado também.

Bonder’s Ornament já estava ficando muito forte nos decks midrange, sendo quase uma adição obrigatória a vários decks diferentes. Isso foi ainda mais exacerbado quando consideramos o fato da carta fazer parte de uma coleção de Commander, o que fazia os preços no Magic Online decolarem, e assim foi de acordo mútuo que deveria ser retirada.

25 de Janeiro de 2022

A diferença entre as datas ser pequena é mais pelo fato de o Comitê do Pauper já conseguir agir mais independente dos outros formatos, e isto faz com que exista a possibilidade de terem datas de banimentos mais exclusivos. Os dessa data mexem com o Standard de maneira bastante agressiva, atingindo cartas que estão para rodar mesmo, e assim, com esses banimentos, eles já buscaram refrescar o metagame antes da rotação.

Alrund's Epiphany, Faceless Haven e Divide by Zero foram removidas do Standard pelas dominância em certos decks, como os combos com Alrund e Faceless Haven, que eram eficientes em continuar as agressões mesmo depois de board wipes. Divide by Zero é a mais interessante da lista, mesmo não sendo extremamente poderosa. A carta, porém, tornava o jogo mais tedioso, e a WotC, preocupada com o interesse dos jogadores no arena, já havia criado um nerf para jogadores com acesso a sideboard no BO1, limitando a sete cartas ao invés de quinze. Como Divide by Zero tinha esse bônus, pegando inclusive win conditions fora do main deck, removeram também.

No Legacy, tivemos o banimento do Ragavan, Nimble Pilferer, pois a dominância do UR Delve era prevalente, e tiraram a carta do MH2, apesar de todos desejarem que também tivesse sido removida do Modern.

Memory Lapse foi removido do Historic por motivos semelhantes ao do caso de Divide By Zero, mesmo não sendo xatamente uma Counterspell. Em alguns sentidos, chegava a ser mais chata que esta carta, por colocar a carta no topo. Mesmo não perdendo o recurso de maneira mais permanente, esta carta atrasava o jogo do oponente por impedir a compra de novas cartas. A-Teferi, Time Raveler foi rebalanceada e fez seu retorno ao formato, sem ser a mesma opressora de antes.

07 de Março de 2022

Saltando um pouco no tempo, uma carta que desde Ikoria vinha sendo problemática e moldando formatos, mesmo com o nerf feito pela WotC (muito incomum de ocorrer fora do Historic), veio a deixar ambos.

Lurrus of the Dream-Den vinha dominando completamente o Modern, já que com a simples adição de Mishra’s Bauble, ela se tornava uma máquina de gerar vantagem de cartas, e com um formato de cartas eficientes a baixo custo, o custo de construção do deck era quase inexistente, fazendo essa carta jogar em vários tipos de decks. Assim o martelo bateu e morreu tal problema.

E a batida do Martelo do Ban foi tão forte, que a tirou até mesmo do Pioneer. Sua dominância no formato também era grande, mas não tanta como no Modern, porém era fácil prever que dentro de algum tempo o problema também cresceria no Pioneer e então já a tiraram para não ter esta futura dor de cabeça.

Já no Pauper, as cartas da vez foram Galvanic Relay e Disciple of the Vault. Um dos criminosos de sempre, o Affinity, continuava a mostrar dominância mesmo após dois banimentos nele e então tiraram mais uma peça que compunha a própria engine do deck: ganhar vantagem com os terrenos artefatos sacrificados para gerar vantagem de cartas, como uma condição de vitória.

Já Galvanic Relay, com a adição do Kessig Flamebreather de Crimson Vow, se tornou um Storm deck efetivo, que com segurança comprava muitas cartas, gerava muita mana e ganhava fazendo isso com resiliência. A dominância foi tanta que teve de ser banido.

Com relação a Tron, que vinha sumindo no formato, com a saída do Prophetic Prism, o Comitê do Pauper decidiu desbanir Expedition Map para tentar reviver o deck.

11 de Maio de 2022

Aqui nós temos um banimento interessante: uma carta que, quando Kaldheim foi lançada, criou um problema no Modern por conta dos "cheese decks". Para quem não entende o que é um "cheese deck", é um deck com uma proposta de vitória rápida, fazendo algo absurdo, é difícil de interagir, e pode arruinar jogos.

Tibalt's Trickery tem um design excelente, exceto por uma falha: anula qualquer mágica. Se anulasse apenas mágicas do oponente, seria uma boa ideia como um side para decks vermelhos que não usam azul, cumprindo o papel de proteger o meta de decks degenerados em outros formatos. No Modern, com a ajuda de magias com cascata, esta carta consistentemente conseguia anular a própria mágica, e com sorte, colocava um Emrakul em campo.

No Explorer e Pioneer, não existem mágicas com cascata, então basta ter qualquer carta que se conjure por 0 manas e no turno dois dar counter em ela mesma e cruzar os dedos. O deck muitas vezes perde para si mesmo, mas é uma experiência de jogo quase sempre unilateral, tirando a diversão do outro lado da mesa, ganhando ou perdendo, e assim foi banido.

Winota, Joiner of Forces foi uma força desde o seu lançamento no Standard, e seguiu assim no Explorer e Pioneer. Nessa data, foi também tirada do Arena.

07 de Junho de 2022

Mal falamos da Winota no Explorer e olha ela aí de novo. O motivo de não terem feito de uma vez nos dois formatos é porque Pioneer tinha (e ainda tem) mais opções de resposta a cartas do que o Explorer, e assim podia lidar com a carta. Porém, a dominância no Pioneer não diminuía mesmo com essas possibilidades de resposta, inclusive porque o plano Midrange ainda era consistente o bastante para ganhar mesmo quando a carta que nomeia o deck fosse removida, já que ainda haveriam criaturas o suficiente para derrotar o inimigo.

E uma carta que já vinha dando o que falar em questão de seu poder foi tirada de ambos os formatos (Pioneer e Explorer): Expressive Iteration. Pode parecer bobagem, mas o poder e consistência de uma carta que olha as três cartas do topo e fica com duas, gerando vantagem de carta por apenas duas manas, foi tão relevante que decidiram por bem tirar esta carta dos dois e muitos cogitam a possibilidade de tirá-la de outros, como Modern e Legacy.

19 de Setembro de 2022

Rápido, o que Aarakocra Sneak, Stirring Bard, Underdark Explorer, Vicious Battlerager tem em comum? São especialistas em quebrar um jogo que não seja no Commander. Quando Baldur’s Gate lançou, alguns arquétipos começaram a se formar, e eu destaco entre eles o arquétipo de Portões, graças à adição do Basilisk Gate, que faz criaturas com evasão se tornarem ameaças reais, e o arquétipo de Dianteira.

Para dar um pouco de contexto, quando a coleção Adventures of the Forgotten Realms veio para o Standard, a mecânica "Adventure" foi criada, onde era possível desbloquear "Dungeons" que geram vantagem e também era possível se aprofundar nelas, apesar de no início só serem três. Com a coleção de Commander "Baldur’s Gate", criaram a mecânica de "Dianteira", semelhante ao "Monarca", onde uma vez ativada, a cada turno naturalmente se ganha uma vantagem, e a Dianteira entra em uma nova Dungeon criada para o Commander, onde quatro oponentes e 40 pontos de vida para cada não seriam tão punitivos.

Pauper, Vintage e Legacy são formatos que aceitam todas as cartas de qualquer coleção, quer seja uma "normal" lançada no Standard, ou "suplementar", que não cai nos demais, e com apenas um oponente e 20 pontos de vida para serem retirados, a nova Dungeon se mostrou forte demais.

Nas coleções antigas, existem muitas maneiras de se conseguir mana rápida, como, por exemplo, colocar essas ameaças cedo no jogo e já acarretar vantagem rapidamente.

Sob essas condições, e usando apenas cartas lançadas como comum, o Pauper tinha um deck "cheese" que pressionava rapidamente os oponentes, e sendo assim o comitê do Pauper, avaliando a saúde do formato, achou por bem tirar quatro das seis cartas com "Dianteira".

10 de Outubro de 2022

Essa data foi o último anúncio do ano e os premiados foram The Meathook Massacre e Yorion, Sky Nomad no Modern. O Standard atual, mesmo com a entrada de Brothers’ War, permanece predominantemente preto, a cor mais forte do formato.

The Meathook Massacre só tornava miserável qualquer outro deck que focava em criaturas como plano principal de jogo, apesar de não ser muito mana eficiente para remover criaturas, tendo que gastar mana para cada -1/-1 que queira dar no campo com adição das duas manas pretas.

O que o fez ser tão opressor é o fato de ganhar vida com cada criatura inimiga morta, o que é maravilhoso quando se joga contra Aggro, já que aumenta a distância que seu oponente precisa correr para te derrotar, e isso não só acontece quando há conjuração, mas este efeito também permanece enquanto o encantamento permanecer em campo. Esta carta foi embora para o bem do Standard.

Yorion, Sky Nomad é outros quinhentos, junto com Wrenn and Six e as fetchlands. No Modern, esta carta embaralha o deck mais do que qualquer outra coisa, e com um deck de 80 cartas fica mais complicado. Há muita discussão sobre essa carta por várias razões, com pessoas alegando que a WotC tinha que acabar com a mecânica de Companheiro de uma vez, que foi uma má ideia, e outros reclamam que o vilão do formato é Wrenn and Six. Os jogadores mais ousados dizem que Modern seria um lugar melhor sem as fetchlands e seu poder absurdo.

Primeiro Colocado

Nessa corrida dos Banimentos, o primeiro lugar vai para o Pauper, com nove cartas banidas e o único com um desbanimento, graças ao Comitê do Pauper. Hoje ele se encontra com uma boa variação de decks, consagrando uma excelente atitude da WotC.

Segundo colocado

Em segundo lugar, nós temos o Standard, com quatro banimentos. Pode-se discutir que deveria ser apenas um, já que os três primeiros foram pré-rotação e logo sairiam, mas é importante ressaltar como foram criadas cartas fortes que afetam os formatos de maneira que tiram equilíbrio, e como isso tem sido uma tendência.

Demais colocações

Os próximos colocados são Pioneer com três banimentos, Modern com dois e Legacy com apenas um. Com exceção do Legacy, os banimentos do Pioneer e do Modern são todas cartas que passaram pelo no Standard. Muitos reclamam que Modern merecia mais cortes, mas isto não muda o fato que isto é um sinal importante que aponta para o pensamento que comprar "booster packs" tem se tornado um investimento mais arriscado, visto que logo um banimento pode vir, e tirar o valor de uma carta que tu comprou.

Falando exclusivamente do Legacy junto com o Pauper, a liberdade criativa, por assim dizer, de coleções que não sejam do padrão, tem afetado muito os dois formatos, algumas de maneiras positivas e outras negativas. Será que é algo para a WotC pensar com um cuidado extra considerando o que entra neles ou não?

Com isso tudo, só nos resta esperar o que está por vir para 2023. Sou otimista em relação ao Pauper, principalmente com o grupo que está a frente do formato, mas me preocupa principalmente o Pioneer, pois ainda é novo e os "staples" chegam cada vez mais fortes também.

Mas e você? O que você achou dos banimentos? Achou que alguma carta ficou de fora, ou que alguma carta foi injustamente banida? Deixe a sua opinião nos comentários!