Pauper: Os Pilares do Formato em 2024

Magic: The Gathering é um jogo que possui uma longa trajetória de trinta anos - com mais de 100 lançamentos entre edições principais, reprints, Masters sets e os recentes produtos de Modern Horizons e Universes Beyond.

Com tamanho histórico, é natural que o power creep tome eventualmente o jogo e cartas específicas se tornem menos úteis porque versões melhoradas delas foram lançadas e/ou porque mecânicas mais eficientes foram, ao longo dos anos, surgindo e tornando os pilares dos formatos competitivos obsoletos - isso ocorre principalmente nos formatos eternos.

O Pauper não é exceção. Com o acréscimo de popularidade do formato e uma filosofia de design entre lançamentos que busca tornar dos cards comuns mais eficientes, ele passou por diversas mudanças que alavancaram certas estratégias enquanto tornaram de outras quase obsoletas ou até inutilizáveis no contexto competitivo.

Neste artigo, apresentamos os principais cards que compõem os pilares do Pauper hoje e quais são os seus impactos práticos na evolução do Metagame.

O Pauper já teve muitos pilares eficientes no seu Metagame na última década, e sofreu mudanças significativas em cada período conforme novos lançamentos trouxeram potenciais staples que, aos poucos, moldaram o formato e a maneira como jogos aconteciam.

Dentre elas, algumas se destacaram bastante pelas mudanças que forçaram.

Durante anos, um dos maiores atrativos do Pauper era o fato dele ser o único formato “competitivo” onde Gush era válido com quatro cópias, e protagonizou diversos arquétipos desde seu lançamento no Magic Online, começando no Mono Blue Faeries, posteriormente nos decks de Delver of Secrets e até estabelecendo arquétipos próprios como o combo de Tireless Tribe com Inside Out, mantendo-se como uma das principais staples do Metagame apesar das demais mudanças.

No fim, Gush se provou poderoso demais para o Pauper com o downshift de Foil em Ultimate Masters, que alavancou o Dimir Delver ao posto de melhor deck do formato por uma margem significativa e, eventualmente, levou ao banimento das free spells azuis junto de Daze e Gitaxian Probe.

Apesar do Faeries ainda ser um deck competitivo no Pauper, sua presença no Metagame hoje é notoriamente menor do que já foi um dia e a base sólida de outros cards poderosos abriram espaço o suficiente para arquétipos azuis não ficarem mais tão focados na interação entre Spellstutter Sprite com Faerie Seer e Ninja of the Deep Hours.

Ainda assim, o impacto deste card na história do Pauper é ainda mais duradouro que o de Gush e, por anos, ela manteve-se como uma das principais staples do formato e um dos principais meios de segurar arquétipos mais agressivos enquanto estabelecia poderosas jogadas de Tempo, tornando do Faeries um arquétipo que, ao todo, possui mais de uma década de permanência no cenário competitivo e está a apenas um ou dois cards novos de tomar o Metagame de novo.

Prophetic Prism tem um histórico muito peculiar no Pauper: um manafixing de duas manas nunca foi um problema para o formato mesmo ao habilitar diversos arquétipos por conta própria - Affinity, Kuldotha Boros e Tron foram três dos principais decks que o utilizaram desde sua concepção para agregar consistência enquanto o artefato interagia diretamente com seus planos de jogo, tornando-o uma staple.

No entanto, com o aprimoramento das bases de mana e a consistência elevada que cards como Bonder’s Ornament ofereceram ao Tron, Prophetic Prism começou a se tornar um risco para o formato, e com a ascensão do Affinity, foi alvo de um banimento para tentar reduzir a consistência de dois arquétipos problemáticos do Metagame.

Burning-Tree Emissary recebeu um downshift em Modern Masters 2017 e provocou algumas das maiores mudanças na história do Pauper competitivo ao dar para o Aggro, especialmente o Stompy, um meio de fazer jogadas mais explosivas.

Sua chegada no formato foi o estopim para a evolução natural de diversos arquétipos: Faeries deixaram de ser Mono Blue e adotaram as variantes Izzet com Skred e Lightning Bolt como interação, o Kuldotha Boros, que estava dando os primeiros passos com a mecânica de Monarch, adotou Prismatic Strands como um meio de segurar decks Aggro e o Tron abdicou da sua versão com Fangren Marauder em prol de um Five-Color Control com Moment’s Peace, Stonehorn Dignitary e o combo de Ghostly Flicker e Mnemonic Wall para “lockar” o oponente.

Com a chegada de Fiery Cannonade e outro sweepers mais eficientes, Burning-Tree Emissary e os arquétipos em torno dela perderam espaço no Pauper e ainda não receberam cards que, juntos, possam reestabelecer os Aggros go wide não-vermelhos como um competidor em potencial.

A mecânica de Monarch já foi, um dia, o principal meio de combater os decks de Gush, especialmente com Palace Sentinels e sua interação com Kor Skyfisher e Prismatic Strands, eventualmente levando ao nascimento do Boros Monarch, que se manteve como um dos melhores decks do Pauper até que o notório acréscimo de velocidade do formato fizesse a mecânica perder muito do seu valor.

Hoje, Thorn of the Black Rose é um card mais jogado e está presente no maindeck do Black Gardens, principal Midrange tradicional do formato hoje e também como um one-of ou two-of no maindeck e/ou sideboard do Dimir Faeries, mas a mecânica não possui mais o mesmo espaço que costumava ter.

Bridges

As Bridges são potencialmente os cards mais impactantes e também os mais problemáticos da história recente do Pauper que permanecem válidas no formato.

Sozinhas, elas alavancaram o Affinity para um dos melhores decks do formato ao agregar bastante consistência a ele ao ponto de ser necessário banir Atog, Disciple of the Vault e All That Glitters do formato para mantê-lo em cheque, além de ocasionar também no pré-banimento de Cranial Ram.

Mas além do Affinity, as Bridges também agregaram bastante para outros arquétipos: o Boros Synthesizer se beneficiou demais da inclusão de uma dual land que também é um artefato e arquétipos como o Jeskai Ephemerate passaram a usar a interação entre Cleansing Wildfire com as Bridges para acelerar a mana - tática muito utilizada, em outros tempos, pelas variantes de Cascade.

Outra mudança notória da presença desse ciclo está nos Sideboards: Dust to Dust e Deglamer, antes pouco utilizados, se tornaram duas staples mais que necessárias para lidar com as Bridges e atacar a consistência agregada ao Affinity, e até Revoke Existence é amplamente utilizada como complemento a essa tática em decks como o Familiars.

Deadly Dispute

A interação com artefatos no Pauper foi também alavancada pelo lançamento de Deadly Dispute e sua interação com Ichor Wellspring ou Experimental Synthesizer, que transformam o card em uma espécie de Ancestral Recall por conta do Tesouro que ele cria.

Apesar da sua aparição inicial no Affinity, a mágica de Adventures in the Forgotten Realms se tornou uma staple de múltiplas estratégias: de uma peça importante do combo de Goblins até uma excelente fonte de valor para o Black Gardens, onde cards como Khalni Garden são utilizados para alimentar a mágica mais cedo e, assim, extrair o máximo de valor dela.

Sua capacidade de ser jogada em Instant-Speed, responder a uma remoção e ainda acelerar a mana o colocam num espaço muito privilegiado no Metagame atual - ao ponto de evocar diversas variantes de seus efeitos a cada expansão, com Eviscerator’s Insight sendo a mais recente.

Experimental Synthesizer

Experimental Synthesizer foi o primeiro passo numa série de mudanças no Pauper que, em essência, alavancaram os decks vermelhos como principais Aggros e fun police do formato por conta da interação dela com Kuldotha Rebirth e Goblin Bushwhacker.

Synthesizer agrega fôlego extra para o Mono Red e faz com que as listas de Glint Hawk possam abdicar de meios mais pesados de se obter valor - como Palace Sentinels - em prol de uma interação fluida e natural do artefato com suas principais criaturas, permitindo-o tomar posturas mais agressivas.

Sua presença deu aos arquétipos vermelhos uma base sólida de permanentes que, como um todo, mudaram a velocidade do clock no Pauper e a maneira como decks precisam se portar para lidar com Aggro, expulsando os arquétipos mais grindy e menos consistentes do Metagame.

Galvanic Blast

Galvanic Blast se beneficiou muito do acréscimo entre os pilares do Pauper e se tornou, consequentemente, a principal mágica de dano e remoção do atual Metagame - onde responder a um Myr Enforcer é tão importante quanto garantir que seu oponente possa perder o jogo por conta de um Snuff Out que ele conjurou no início da partida.

Do Affinity ao Boros Synthesizer até o Kuldotha Red, este card se tornou uma staple dos principais decks vermelhos do formato e, em diversas ocasiões, é um excelente motivador para a adição de artefatos a uma lista pelo mero benefício de causar quatro de dano por uma mana, enquanto cards que possuem proteção contra o vermelho ou sobrevivem a Galvanic Blast, como Gurmag Angler ou Tolarian Terror, se tornam essenciais para combater tais arquétipos.

Lorien Revealed

Lorien Revealed é o principal card do ciclo de comuns com Cycling de Lord of the Rings e dominou diversos formatos pela sua versatilidade como land drop e card advantage em um só slot, principalmente no Pauper.

Por ser um feitiço, o card ajuda a alimentar o principal Blue-Based do Metagame hoje, o Dimir Terror, enquanto agrega mais fôlego a decks naturalmente voltados para Tempo, mas sua presença ajuda a manter a consistência e acesso à mana colorida de diversas cores para outras estratégias, como o Jeskai Ephemerate, Caw-Gates e Faeries.

Sua inserção mudou a maneira como listas azuis são montadas, aumentou a facilidade com qual eles acessam splashes e/ou conseguem acesso a um terreno de dois tipos para jogar Snuff Out, além de agregar um elemento extra de Grind e interação com outros cards, principalmente com o quinto e último pilar do Pauper atual.

Menção Honrosa: Brainstorm

Brainstorm se beneficiou muito da inserção de Lorien Revealed e a ascensão dos decks de Tolarian Terror, onde podemos usá-lo junto de Thought Scour para remover cards inúteis da nossa mão e do topo do deck.

Sua clássica interação com Squadron Hawk tem sido um dos cernes do Caw-Gates, principal estratégia de Control do Pauper atualmente, que produz resultados relevantes enquanto consegue segurar os arquétipos mais agressivos.

Por fim, Brainstorm também se beneficia do recém-lançado Sneaky Snacker de Modern Horizons 3, e pode certamente complementar este card nas listas de Terror e Faeries nas próximas semanas, consolidando sua posição como um dos pilares do formato.

Isso é tudo por hoje.

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