Magic: the Gathering

Competitivo

Disco Inferno: Levando o Burn ao top 8 do Nacional Pauper

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Ricardo Mattana escreveu um Report do Top 8 do Nacional Pauper, em 2022. Aqui você encontrará informações da escolha do deck, metagame, um guia de sideboard e muito mais!

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revisado por Tabata Marques

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Introdução

Para quem ainda não me conhece, meu nome é Ricardo Mattana, tenho 36 anos, sou produtor de conteúdo sobre Magic: the Gathering e hoje vou contar como o meu report do Nacional Pauper 2022 mudou de “Entre peixes e serpentes” para “Disco Inferno”.

Preparação para o Torneio e Metagame

Minha preparação para o Nacional começou em meados de setembro, logo após o lançamento de Dominaria Unitedlink outside website e a consequente chegada de Tolarian Terror ao formato. Pode parecer piegas, mas foi um caso de amor à primeira vista. Tolarian Terror tem tudo que eu gosto em uma carta de Magic e me ajudaria a reviver um dos arquétipos que eu mais me sinto à vontade: Blue Tempo decks.

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Não demorou muito para eu tentar buildar uma versão atualizada do saudoso Dimir Delver, apostando em cantrips, remoções, counters, Delver, Gurmag e agora Tolarian Terror. Testa daqui, testa de lá, tira carta, põe carta… eis que me deparo com uma versão do deck criada pelos italianos com uma base de mana de apenas 17 lands, sendo 8 duals, sem Pântanos, sem Ash Barrens e contando com apenas 8 criaturas: 4 Gurmag Angler e 4 Tolarian Terror.

Essa versão elevou o deck para outro patamar. A base de mana, a princípio estranha, funcionava perfeitamente, pois evitava que você millasse sem querer os pântanos do deck e ao mesmo tempo diminuía consideravelmente as chances de zicar a mana preta. A utilização de mais cantrips e principalmente do full set de Thought Scour e Mental Note permitia uma postura mais agressiva e turnos bem explosivos onde ao menos três 5/5 entravam em jogo no mesmo turno.

Rapidamente migrei para essa versão do deck e comecei a fazer ajustes finos na lista conforme o metagame ia evoluindo. Foram mais de 100 partidas com o Dimir Terror em Pauper Leagues do MTGO e utilização das mais variadas cartas no main deck e sideboard.

Quem me segue no Twitter pode acompanhar de pertinho esses testes e se deparou com cartas como Rotten Reunion, Forbidden Alchemy, Cuombajj Witches, Evil Presence, Rancid Earth, Augur of Bolas, Stormbound Geist… eu não queria deixar escapar nada. Se fazia o mínimo de sentido no deck, eu precisava testar e tirar minhas próprias conclusões.

Mas como nem tudo são flores, ao longo destes testes, percebi que o metagame cada vez mais aprendia a jogar contra o deck e as listas passaram a estar mais do que preparadas para enfrentar o Dimir Terror.

Existia basicamente dois tipos de hate. Listas que focavam em grave hate, apostando em cartas como Relic of Progenitus, Nihil Spellbomb e Bojuka Bog. E listas que focavam em remoções eficientes contra Gurmag e Tolarian Terror como Chainer’s Edict, Diabolic Edict, Cast Down, Unholy Heat, Journey to Nowhere, Pyroblast e Destroy Evil.

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Mesmo eu adaptando a lista e mudando algumas posturas de jogo, não me sentia 100% confortável com a lista e percebi que não era o único, já que o deck, após alcançar excelentes resultados, estava em declínio, deixando de conquistar bons resultados em torneios importantes como os semanais Challenges do MTGO e o Paupergeddon, torneio presencial realizado na Itália, que contou com a presença de mais de 400 jogadores.

Essa situação acendeu um sinal de alerta e me fez começar a cogitar novas opções. Foi nesse momento que comecei a jogar algumas Pauper Leagues de Mono U Faeries, Mono U Terror, até me deparar com o Kuldotha Burn, deck em ascensão e que rapidamente alcançou a alcunha de melhor aggro do formato.

Para quem está acostumado a me ver jogando com blue decks pode parecer estranho ver eu cogitando jogar um torneio tão importante de aggro. Mas minha história no Magic começou muito antes do Pauper, e aggro é um dos arquétipos que eu mais tenho familiaridade e que aparentava ser uma ótima opção para um torneio longo e desgastante como o Nacional.

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Por mais difícil que seja sair da zona de conforto, saber a hora de trocar de deck é fundamental para quem almeja conquistar grandes resultados no Magic competitivo. Jogar com pet deck é super divertido, mas torneios grandes foram feitos para serem vencidos e não pouparia nenhum esforço para alcançar esse resultado.

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Diferente da versão tradicional de Burn, o Kuldotha Burn é um deck capaz de lidar muito bem com hates como Hydroblast, Blue Elemental Blast e cartas que ganham vida por contar com a presença de Experimental Synthesizer e Reckless Impulse, cartas que geram valor e são muito eficientes em fazer com que o deck não perca o gás inicial.

Além disso, a utilização de cartas como Kuldotha Rebirth, Goblin Bushwhacker e Kessig Flamebreather dão novas camadas ao Burn, fazendo com que os oponentes tenham que se adaptar e, além de utilizar os hates tradicionais, tenham que se preocupar em ter removals globais e spot removals nos games pós-side dificultando o plano de sideboard adversário e dando maior consistência ao deck.

A partir do momento que comecei a cogitar seriamente jogar o Nacional de Kuldotha Burn, passei a absorver todo o conteúdo existente sobre o deck, resolvi jogar algumas Pauper Leagues para sentir a lista e entender algumas posturas de jogo e por fim, me aproximei de jogadores que estavam grindando com o mesmo deck para tirar dúvidas, trocar ideias, definir o plano de sideboard e refinar os últimos slots da lista que deveria ser enviada aos organizadores do Nacional até o dia 09/11.

Decklist do Evento: Kuldotha Burn

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A lista que utilizei no Nacional é bem padrão e muito próxima das listas que conquistaram recentemente bons resultados no cenário competitivo do Pauper, portanto vou entrar em detalhes somente das escolhas mais inusitadas que fiz.

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Como eu imaginava que o Kuldotha Burn seria um dos dois decks mais jogados do Nacional, eu queria muito ter acesso a 4 cópias de End the Festivities nas 75. Desta forma, mantive as 3 cópias tradicionais do side e troquei 1 Chain Lightning do main deck pela quarta cópia de End the Festivities.

Com essa escolha, eu ganhava uma vantagem a mais na mirror match nas partidas pré-side, além de ter uma carta muito útil contra decks que não são tão presentes no MTGO, mas que eu sabia que poderia enfrentar no Nacional como Elves, GW Auras, U/x e Boros Bully.

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Já no Sideboard, resolvi manter somente uma única cópia de Unholy Heat, pois é uma carta que muitas vezes conflita com Relic of Progenitus. A ideia era que o Unholy Heat funcionasse como um quarto Pyroblast, fazendo com que eu tivesse pós-side 4 removals eficientes contra Tolarian Terror, além de ser mais uma forma de conseguir remover um Gurmag Angler ou Myr Enforcer de jogo.

Já a única cópia de Smash to Smithereens serviria como um terceiro Gorilla Shaman nas partidas contra Affinity, com a vantagem de conseguir remover rapidamente uma Blood Fountain ou Myr Enforcer de jogo.

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Além disso, durante os treinos identifiquei que Smash to Smithereens poderia ser uma boa opção na mirror match destruindo uma Great Furnace em um turno chave ou simplesmente destruindo um Synthesizer em turnos que o oponente estivesse tapado. Os três de dano causados pelo Smash to Smithereens fazem com que você consiga afetar a board do oponente sem precisar ter uma postura tão defensiva, já que você continua reduzindo os pontos de vida dele.

Plano de sideboard

Kuldotha Burn

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Out

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UW Caw Gates

In

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Out

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Dimir Terror

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RG Ponza

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Affinity

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Mono U Faeries

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GW Auras

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Boros Bully

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UB Faeries

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Out

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Sobre o torneio

Uma das maiores alegrias de participar do Nacional Pauper é poder conhecer e reencontrar amigos que normalmente só temos contato pela internet. A comunidade é super receptiva e mesmo que o resultado não saia como o esperado, participar do evento é garantia de boas risadas e de momentos que ficarão eternamente na memória.

Para mim, como produtor de conteúdo, é sempre uma honra e um prazer receber o feedback positivo dos demais jogadores. Várias pessoas vieram até a mim para elogiar os vídeos do canal, comentaram que me seguem no Twitter e que já obtiveram resultados positivos em outros torneios com base em listas ou insights que eu compartilhei em alguma das minhas redes sociais. Esse retorno da comunidade é muito gratificante e me motiva a continuar produzindo cada vez mais.

Neste ano o evento foi realizado na Associação Hokkaido de Cultura e Assistência na cidade de São Paulo. Achei que a organização foi muito feliz com a escolha do local, pois diferente dos últimos anos, o local era espaçoso, arejado e permitia que os jogadores pudessem se concentrar exclusivamente em suas respectivas partidas sem serem afetados por interferências externas.

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Não vou entrar nos mínimos detalhes de cada partida, até porque minha memória não é tão boa assim. O evento contou com a participação de 188 jogadores, portanto foram 8 rodadas de suíço, sendo um dia extremamente longo e cansativo. O suíço não poderia ter sido melhor, venci as seis primeiras rodadas, me permitindo dar ID nas duas últimas, garantindo a minha presença no top 8 de forma invicta.

Decks que enfrentei em cada rodada + Informações

Round 1 – Izzet Skred – 2x0

Round 2 – Kuldotha Burn – 2x1

Round 3 – Naya Slivers – 2x0

Round 4 – Elves – 2x0

Round 5 – Jeskai Ephemerate – 2x0

Round 6 – GW Auras – 2x0

Round 7 – ID

Round 8 – ID

O deck estava rodando tão bem, que perdi somente um único game em todo suíço do torneio. Não mulliguei em nenhuma das partidas e consegui fazer uma boa leitura de cada jogo, mesmo não tendo enfrentado boa parte dos principais decks do metagame.

O top 8 foi composto por 2 Boros Synthesizer, 2 GW Auras, 1 Dimir Terror (que acabou sendo o campeão), 1 Caw Gates, 1 Jeskai Ephemerate e eu de Kuldotha Burn.

Terminei em terceiro lugar no suíço, sabendo que enfrentaria no top 8 o mesmo oponente de GW Auras, que enfrentei no round 6. A partida contra o GW Auras é extremamente difícil porque o Kuldotha Burn não possui nenhuma resposta efetiva contra Armadillo Cloak, resta apenas torcer que o oponente não compre a carta ou que você esteja em uma posição muito favorável quando ele conseguir encantar a criatura.

Na partida que tivemos no suíço, eu consegui vir com uma mão bem explosiva no game 1 e encaixei um End the Festivities em um Gladecover Scout encantado com Rancor, que selou o game. Já no game 2, meu oponente começou de Bogle no turno 1 e eu voltei de End the Festivities. Turno 2, ele fez um segundo Bogle, que tomou mais um End the Festivities na sequência. Ele ficou alguns turnos sem encontrar uma criatura, dando tempo de eu finalizar o game sem grandes sustos.

Para a partida do top 8, eu sabia que o meu oponente assumiria uma postura diferente, passando a jogar ao redor de End the Festivities.

No game 1, ele conseguiu rapidamente encaixar um Armadillo Cloak e um Ancestral Mask em uma criatura hexproof, finalizando rapidamente o game.

No game 2, eu por estar na play, resolvi surpreendê-lo e optei por entrar com os 2 Molten Rains tentando minar as fontes brancas dele e tentar ganhar um pouco mais de tempo. Consegui encaixar um Molten Rain na planície dele no turno 3, mas ele tinha mais fontes brancas na mão. Encaixou um Lifelink e um Ethereal Armor em uma Silhana já encantada com Cartouche e no turno seguinte fez a Ancestral Mask para selar a partida.

Finalizando

O sonho de levar o troféu do Nacional foi adiado, mas fiquei muito contente com o resultado e com a escolha que fiz de deck e lista. O Kuldotha Burn é um dos melhores decks do meta e tem tudo para continuar sendo uma ótima opção com a entrada de The Brothers' Warlink outside website no formato. Ansioso para testar o Goblin Blast-Runner e o Dwarven Forge-Chanter na lista.

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Quero agradecer a todos que ficaram na torcida e acompanharam toda a etapa preparatória do torneio. Recebi inúmeras mensagens de carinho da comunidade nesses últimos dias. Novamente, muito obrigado!

Para quem ainda não acompanha o meu trabalho, é possível me encontrar no YouTubelink outside website e no Twitterlink outside website.

Até a próxima!