Magic: the Gathering

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Explorer: Sobre os Banimentos e o que podemos esperar

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Winota, Joiner of Forces e Tibalt's Trickery foram banidos do Explorer. O que isso significa para o futuro do formato e sua correlação com o Pioneer?

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revisado por Tabata Marques

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Na tarde da última quarta-feira, fomos surpreendidos com um anúncio repentino de banidas e restritas para o Explorer, que retirou do formato os seguintes cards:

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Já era um consenso comum que tanto Winota, Joiner of Forces quanto Tibalt’s Trickery provavelmente precisariam ser banidos em algum momento, e talvez a surpresa fosse exclusivamente que o timing de duas semanas foi, apesar de preciso, inesperado.

Como o formato se desenvolverá à partir de agora? Tentaremos descobrir algumas respostas para essa pergunta.

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Sobre os Banimentos

Primeiro, é importante ressaltar que esses banimentos são temporários até que o formato Explorer se torne, integralmente, o Pioneer no Magic Arena.

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Tibalt’s Trickery é um dos cards mais estranhos que já foram criados em Magic: The Gathering, e absolutamente nada o envolvendo até hoje tem sido realmente saudável para os formatos competitivos. Não é que o arquétipo seja bom ou opressivo no cenário competitivo, ele só não é divertido ou saudável de se existir, especialmente no Melhor de 1.

Acredito fielmente que o “counterspell” vermelho deveria receber uma errata no tabletop, algo que os jogadores tendem a detestar, mas que faria sentido dado que, novamente, nada justo é realmente feito com Tibalt’s Trickery. Se mudássemos o texto para dar alvo apenas nas mágicas do oponente, provavelmente poderíamos considerar ocasionais utilidades para ela sem precisar bani-la de tantos formatos competitivos (quer dizer, ela é banida até do Modern por oferecer um padrão de jogo nada divertido).

Como os arquétipos voltados em utilizar Tibalt’s Trickery em qualquer artefato de custo 0 para conjurar coisas absurdas de graça nos primeiros turnos do jogo como Ulamog, the Ceaseless Hunger ou Genesis Ultimatum faziam muito estrago nas ranqueadas de Melhor de 1, mas eram irrelevantes no cenário de Melhor de 3, não acredito que sua ausência afetará muito o Metagame, mas definitivamente criará um ambiente mais “seguro” de se jogar sem se preocupar com algum oponente apenas estar tentando apertar o botão de “free win” em todos os jogos no turno 2.

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Agora, Winota é uma história completamente diferente e talvez abordar esse banimento nos faça compreender, inclusive, o quanto sua presença no Pioneer é ou deixa de ser saudável para o Metagame.

Particularmente, considero que o Explorer será um lugar melhor na ausência do antigo melhor deck do formato hoje porque o clock imposto por ele era simplesmente complicado demais de contra-interagir jogando de Aggro ou de segurar eficientemente ao procurar jogar justo contra seus oponentes. Simplesmente não existia um mundo em que um “fair deck” no Explorer poderia competir tranquilamente contra o Naya Winota, e era impossível jogar por baixo dele quando Prosperous Innkeeper e diversos bloqueadores eficientes impediam o jogador de atacar e apresentar um clock ágil.

Você pode conferir o meu guia de deck sobre o Naya Winotalink outside website se quiser compreender melhor como a lista operava (e ter uma ideia de como pilotá-la no Pioneer, onde ela ainda é válida), mas precisamos enfatizar o problema emergente e recorrente dos últimos anos, e como essa estratégia se encaixa nessa questão.

Híbridos de Combo sempre quebrarão formatos.

Quando pensamos em listas de Combo, normalmente consideramos as seguintes possibilidades:

A) Uma lista que possui uma sequência de peças para encaixar o combo e demanda muitos slots de maindeck para tal, como no caso do Jeskai Ascendancy e do Lotus Combo no Pioneer (ambos com peças-chave ainda inexistentes no Explorer).

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B) Uma combinação de dois ou três cards que complementam uma estratégia específica, com todas as peças sendo úteis dentro e fora do cenário de combo, permitindo ao arquétipo obter o resultado desejado dedicando poucos slots a isso e dando-o, portanto, a flexibilidade para um plano B eficiente.

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O Naya Winota, obviamente, se encaixa na segunda categoria — Falamos de uma lista que opera como um Midrange proativo, com Ramps e efeitos de 2-por-1 que podem virar a partida ao seu favor conforme você extrai o valor de suas permanentes e que, de quebra, possui uma jogada que pode ganhar o jogo absolutamente do nada com um único card, e algumas peças complementares.

Ou seja, o deck consegue jogar um “jogo justo” com facilidade enquanto ameaça fechar a partida com um combo de poucas peças. E se isso te parece familiar, é porque realmente é:

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Híbridos de combo possuem um longo histórico no Pioneer, especialmente levando, em 2020, a um tenebroso episódio onde ele era integralmente voltado para combos específicos.

Em sua composição, o Naya Winota não opera muito diferente do que o Mono-White Devotion fazia antes de Walking Ballista ser banida, onde o combo era validado pela constante ameaça de ocorrer, enquanto o arquétipo conseguia operar bem sem ele. A diferença crucial é que, enquanto esses eram uma combinação de duas cartas que levavam à vitória instantânea, Winota, Joiner of Forces depende de mais cards para ser relevante na mesa, como mana dorks ou tokens, e sempre existe a possibilidade real de falha do combo caso você revele Humanos pouco relevantes, enquanto Heliod, Sun-Crowned + Walking Ballista era uma garantia de ganhar o jogo.

Ou seja, o oponente tem mais oportunidades de responder e interagir contra o Naya Winota do que qualquer jogador nem sequer teve de lidar com o Mono White Heliod ou o Dimir Inverter, e isso acoplado à pool maior de cards e aos combos mais rápidos existentes no Pioneer talvez justifiquem a permanência de Winota, Joiner of Forces no formato, apesar de eu fielmente acreditar que um banimento nela é uma questão de quando e não se porque ela é, fundamentalmente, uma carta quebrada.

Esse espectro se torna ainda mais problemático na outra categoria, o Combo-Control, que permite ao jogador manipular o rumo da partida através de disrupções eficientes e um fortíssimo card selection, cobrindo a fraqueza que listas de Control costumam ter — precisar de tempo demais para fechar uma partida, exatamente onde arquétipos mais rápidos podem se apresar dele. Uma wincondition de combo pode facilmente encerrar o jogo tão cedo quanto no turno 5 no caso do Dimir Inverter, estabelecendo um arquétipo muito adaptável ao Metagame que obriga o resto do formato á se adaptar mais do que deveria ser necessário.

A questão é que, no cenário atual e como já observamos no passado com arquétipos como Splinter Twin, qualquer combo que encontre uma base consistente que a comporte enquanto permite jogar o “fair Magic” e onde alguma peça do combo não seja horrorosa por conta própria e/ou não demorem um milênio para funcionar, razão pela qual um combo como Crackling Drake com Kazuul’s Fury não é exatamente um Tier 1 do Pioneer, quebrará um formato competitivo se não houver contrapesos igualmente eficientes para equilibrar as coisas.

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O Explorer Pós-Banimentos

Agora que discutimos os banimentos, precisamos avaliar como o formato deve se comportar a partir de agora, então seguem aqui as minhas apostas e constatações do que espero do Explorer nas próximas semanas.

Mardu/Esper Greasefang é a coisa mais absurda que você poderá fazer

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Se você, assim como eu, adora jogar com coisas absurdas e estratégias no limiar de serem quebradas, as listas que procuram tirar proveito do combo de Greasefang, Okiba Boss e Parhelion II são a sua melhor opção.

Os decks de Greasefang trabalham de forma parecida com as listas de Winota (apesar de menos explosiva e sendo obrigada a utilizar um card ruim para criar um bom combo), mas operam na categoria de Midrange disruptivo ou Combo-Control ao invés de ter um plano mais proativo, possibilitando maiores interações e menos foco em precisar responder a cards individuais ou ao combo com mais segurança do que quando se é pressionado por um backup agressivo.

Dito isso, por ser a próxima coisa absurda a se fazer no Explorer, recomendo respeitar essa estratégia com respostas como Rest in Peace ou Unlicensed Hearse, e talvez até algumas respostas para artefatos no maindeck como Kolaghan’s Command.

Tenho jogado de Mardu Greasefang desde o Metagame Challenge, então vocês podem esperar um deck guide dele em breve.

Aggros justos ficam melhores, mas ainda carecem de boas peças do Pioneer

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Acredito que outros ganhadores dos banimentos mais recentes sejam os decks Aggro justos que possuem agora maior segurança e espaço para jogarem por baixo no caso de um eventual Mono Red Aggro, ou para produzirem um bom clock com trocas eficientes, como ocorre com o Gruul Aggro.

Infelizmente, ainda faltam peças muito importantes para que muitas dessas listas do Pioneer possam migrar para o Explorer, como Monastery Swiftspear, Mausoleum Wanderer, alguns humanos, Elvish Mystic, dentre outros, e isso pode atrapalhar o desenvolvimento dessa categoria até o lançamento do próximo Historic Anthologies.

Os Controls podem, agora, focar menos no early-game

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Listas de Control precisarão se adaptar novamente, mas o cenário do Metagame é relativamente bem favorável para que Azorius, Dimir ou Esper possam elaborar listas que se preocupem menos com o early-game e mais com o desenvolvimento de longo prazo que muitas estratégias poderão adotar agora.

A ausência de Winota favorece os Midranges

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Midranges se favorecem muito da ausência de combos híbridos porque a mera existência deles é um problema para qualquer arquétipo que trabalhe em torno de responder á decks justos com trocas de 1-por-1.

Dentre eles, creio que o Rakdos Midrange é a opção mais segura porque oferece uma partida equilibrada contra as mais variadas estratégias, enquanto também possui uma altíssima qualidade de ameaças e respostas na atual pool do formato.

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Estratégias voltadas para o famoso Cat-Oven provavelmente também são opções sólidas para o futuro Metagame, e creio que o Jund Food possa se destacar nesse quesito caso a velocidade do formato diminua e demande mais jogos orientados em torno de valor.

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Izzet Phoenix terá mais espaço para competir agora

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Por fim, com a ausência do Naya Winota, acredito que Thing in the Ice se torna menos essencial e o Izzet Phoenix possa prevalecer mesmo sem essa peça essencial, em particular por conta da inclusão do sleeper de Streets of New Capenna, Ledger Shredder.

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Apesar de ainda carecermos de algumas principais opções da versão Pioneer, como Treasure Cruise e Temporal Trespass, a existência dessa nova criatura, que interage muito bem com o plano do deck abre a possibilidade de ocupar os slots que comumente pertencem á Thing in the Ice sem grandes problemas.

Além disso, há uma gigantesca redundância no que concerne às mágicas que o Izzet Phoenix pode utilizar, e somado ao fato de que a ausência das mágicas com Delve abrem espaço para outras poderosas bombas, como Finale of Promise e Dreadhorde Arcanist, criam um cenário onde se torna possível estabelecer uma lista consistente e competitiva que esteja á par do resto do Metagame, mesmo que essa estratégia ainda possa sofrer contra planos de “go-wide”, como o Selesnya Angels.

Conclusão

Além dessas especulações, diversos outros rumos podem ser tomados e é possível que Streets of New Capenna ainda nos surpreenda no quesito de novos arquétipos surgindo no Explorer, ou até mesmo que a ausência de determinados cards que são considerados “fun police”, como Eidolon of the Great Revel e a ausência dos combos rápidos colaborem para o surgimento de estratégias que venham a se tornar um elemento exclusivo do formato digital.

De qualquer maneira, estou empolgado para ver como os jogadores se adaptarão a essas mudanças.

Obrigado pela leitura!