Quando pensamos em Final Fantasy, é comum que uma das figuras recorrentes que permeiam o imaginário popular do público gamer envolva Final Fantasy VII.
Seja pelo impacto cultural e histórico que o jogo original teve em 1997 ao abrir os portões para a popularização do gênero JRPG no ocidente, ou pelo ambicioso projeto de Remake episódico iniciado em 2020, FFVII é o jogo mais popular da franquia e disputa apenas com o MMORPG Final Fantasy XIV por este espaço.
As expectativas da parceria com Magic: The Gathering foram atendidas, e o extenso enredo de personagens da franquia tem surgido em cards que serão válidos em todos os formatos competitivos — a primeira vez que a série Universes Beyond estará no Standard e Pioneer — e podem impactar o Metagame com cards como o novo Cloud, Midgar Mercenary.
Cloud, Midgar Mercenary - Análise

A versão de Cloud que estará disponível nos Boosters — o personagem é o comandante central de um dos precons e também possui uma versão de Starter Kit — é uma nova versão de criaturas que interagem com equipamentos, com a habilidade de uma das maiores staples da história do jogo: Stoneforge Mystic.

Para ser mais exato, Cloud, Midgar Mercenary é a metade justa de Stoneforge Mystic, mas com um requerimento de cores mais pesado em troca de um corpo mais ofensivo. A segunda linha de texto, entretanto, é onde o protagonista de FFVII se diferencia e se destaca em certas ocasiões, enquanto é notoriamente pior que seu predecessor em trapacear custos de mana.
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Enquanto buscar artefato agregava valor demais com Jace, the Mind Sculptor e Squadron Hawk, que poderiam carregar uma Sword of Feast and Famine para pseudo-turnos extras, Batterskull foi o prego no caixão de Stoneforge Mystic quando ela protagonizou o primeiro banimento do Standard desde o Affinity em 2011 — com a segunda habilidade dela, era possível jogar equipamentos por apenas , uma tática comum até hoje no Modern e no Legacy com Kaldra Compleat.
Cloud, Midgar Mercenary não possui a mesma habilidade por razões claras e compensa esse “drawback” com a possibilidade de dobrar triggers de equipamentos anexados a ele, ampliando o potencial de, por exemplo, todo o ciclo de espadas de Mirrodin, Umezawa’s Jitte e qualquer outro card cujas habilidades desencadeadas podem gerar valor.
No geral, o maior desafio para Cloud nos formatos competitivos é responder uma pergunta que outro card da expansão, Dark Confidant, também precisará responder: um design de mais de uma década ainda tem espaço após ondas de power creep nos últimos cinco anos?
Cloud, Midgar Mercenary no Standard
Desconsiderando os cards de Final Fantasy (no momento da escrita deste artigo, ainda não sabemos o texto da Buster Sword), Cloud possui como principal função facilitar a busca de artefatos como Cori-Steel Cutter, apesar de este não ser tão eficiente em um arquétipo dedicado a equipamentos, ou peças pontuais como Cryptic Coat, Chainsaw e, com coragem o suficiente The Aetherspark.

Para a segunda habilidade, precisamos de equipamentos que tenham habilidades desencadeadas eficientes que não sejam apenas de ETB. Enquanto Chainsaw e The Aetherspark se encaixam nessa categoria, as Espadas que temos no formato hoje ajudam tanto em proteger Cloud — afinal, um 2/1 por duas manas morre para muita coisa no formato — enquanto, se ele conectar, a quantidade de valor pode compensar os custos de conjurar e equipar.
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Dentre esses, Lost Jitte é provavelmente o que possui a melhor sinergia com Cloud: ele é muito barato de conjurar e equipar, pode ser acompanhado no terceiro turno por uma remoção de uma mana para tirar um bloqueador do caminho, e magicamente Cloud está gerando duas manas extras para o seu controlador, servindo como metade do pseudo-Time Walk que tornou da combinação de Sword of Feast and Famine e Squadron Hawk tão eficiente em tempos passados.
Apesar dessas sinergias, Cloud tecnicamente favorece um arquétipo que não existe hoje. Até para arquétipos que se importam com dar alvo em suas criaturas, mágicas como Sheltered by Ghosts e Monstrous Rage apenas são melhores em criar sinergias do que a maioria dos equipamentos disponíveis no formato hoje, colocando-o em uma posição sensível no Metagame pré-FF.
Felizmente, equipamentos são um dos temas centrais da expansão de Final Fantasy. Cards como Gilgamesh, Master-at-Arms e Firion, Wild Rose Warrior já demonstram um comprometimento da equipe de design em fazer um arquétipo com essas sinergias funcionar, e se este suceder, Cloud, Midgar Mercenary provavelmente será uma peça central do deck, possibilitando um toolbox que deve, inicialmente, ter Lost Jitte como principal alvo, mas também incluir outros cards eficientes como Basilisk Collar contra Aggro ou Sword of Once and Future contra remoções.
Cloud, Midgar Mercenary no Pioneer
Além das interações que já comentamos com Lost Jitte — que tem mais desafios em um formato mais ágil e com acesso à Fatal Push como o Pioneer —, Cloud, Midgar Mercenary também é o novo melhor amigo de Colossus Hammer e Sigarda’s Aid.

Cloud troca o Double Strike de Kellan, the Fae-Blooded pela possibilidade de ter uma criatura em jogo que busca Colossus Hammer e pode iniciar o turno do combo no turno seguinte se tivermos Sigarda’s Aid na mão, ou em jogo, além de abrir mais espaço para cards de toolbox além de Shadowspear e Lavaspur Boots, como o já mencionado Lost Jitte ou até equipamentos mais interativos como Chainsaw.
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O tipo de criatura também importa: a maioria dos protagonistas de Final Fantasy são humanos, e com o reprint de Dark Confidant, é possível considerar algumas interações com drops e equipamentos baratos em uma lista de Humans que certamente se beneficiará de muitas das criaturas que chegarão no set — um exemplo notório inclui Lightning, Army of One, que dobrará o dano de combate dos demais humanos caso conecte e tem a combinação de habilidades certas para funcionar em um arquétipo de linhagem.

Ao invés de buscarmos algo como Colossus Hammer, podemos nos contentar com Lost Jitte e Shadowspear para turnos mais explosivos, além de adicionar outros cards mais específicos em slots flexíveis no maindeck e no Sideboard, como Lion Sash, Blade of the Oni, The Reality Chip ou até Embercleave.
Concluindo
Cloud, Midgar Mercenary tem a parte justa de Stoneforge Mystic e sua segunda habilidade requer condições muito específicas para funcionar. Sua tipagem e as interações que ele possui com Lost Jitte são provavelmente o maior atrativo do card para o Standard e o Pioneer, mas a velocidade de ambos os formatos não aparenta comportar um cenário onde o herói de Final Fantasy VII se torna uma staple instantânea neste momento.
Consigo imaginá-lo como um potencial one-of no Legacy como alvo de Recruiter of the Guard nas listas de Yorion, Sky Nomad em jogos nos quais precisamos extrair o máximo de um card como Umezawa’s Jitte, e a mesma função de one-of extra pode funcionar também no Modern nas listas de Hammer Time que requerem um novo tutor em forma de criatura, apesar do arquétipo não carecer de tutores entre Stoneforge Mystic e Forge Anew, mas em ambos os casos, falamos de situações extremamente hipotéticas que dificilmente o colocarão nos holofotes competitivos.
Obrigado pela leitura!
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