Magic se aproxima do próximo anúncio de Banidas e Restritas para os formatos competitivos, que ocorrerá em 26 de agosto e promete mudanças pontuais pelo menos para os formatos Modern e Legacy, aonde a ausência de ações preventivas da Wizards levou a repercussões negativas de suas comunidades, principalmente no Modern, onde se iniciava uma temporada de RCQs.
Mas a data está posta e, conforme chegamos mais perto dela, melhor podemos avaliar quais cards podem ser banidas e/ou quais formatos precisam de banimentos. Neste artigo, analisamos o que esperar de cada um deles no próximo anúncio.
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Standard
A nova temporada do Standard anda bem diversificada, apesar dos números atuais apontarem para uma representatividade mais alta do Domain Ramp e do Golgari Midrange nessas primeiras semanas com Bloomburrrow.
O crescimento de dois ou três decks para acima de 10% de representatividade no Metagame é uma tendência comum no Standard, onde esses números podem bater até 20% e, ainda assim, termos um ambiente diversificado. É o caso do formato hoje: Orzhov Midrange, Gruul Aggro e Boros Convoke também se solidificaram como principais competidores da primeira rodada de Challenges e, na segunda semana, tivemos o aumento de arquétipos tentando responder ao Meta e conseguindo, outro sinal de um formato saudável.
Neste momento, o Standard é um exemplo do que seria o formato ideal: existem os melhores decks porque, afinal, é um ambiente competitivo, mas há grande diversidade de propostas e arquétipos disponíveis no topo do Metagame, e com bastante espaço para inovação nas lacunas deixadas pelo Tier 1.
Atraxa, Grand Unifier é provavelmente o card mais arriscado do Metagame neste momento. Resolver uma Atraxa muito cedo pode ganhar a partida por conta própria e o Standard não é uma exceção - só que não existem meios de fazer essa jogada hoje que não seja facilmente respondido com Rest in Peace e outros hates, e sua presença no Standard permite o sucesso de um arquétipo que frequentemente sofre com a falta de payoffs em formatos rotativos.
Se um dia começarmos a ver o anjo phyrexiano em jogo no terceiro ou quarto turno, é muito provável que a culpa seja de algum card habilitador e este - apenas este - tenha de ser banido.
Pioneer
Não há outra palavra para definir o Metagame do Pioneer hoje que não seja “ruim”. O formato não têm mudanças significativas desde Murders at Karlov Manor, onde um arquétipo se consolidou como melhor deck do formato e ali permanece, com 25 a 30% de representatividade no Metagame: o Rakdos Vampires
É comum que listas Midrange ou de Tempo fiquem no topo do formato: não surpreende que o Rakdos Midrange e o Izzet Phoenix tenham ocupado esse posto por muito tempo, mas tê-los nesse espaço significa que qualquer adição um pouco mais poderosa transforma eles de “melhor deck” para “opressor” - Vein Ripper e sua combinação com Sorin, Imperious Bloodlord causou esse efeito no Rakdos Midrange ao dar para um arquétipo já consolidado um potencial “combo kill”.
Vein Ripper não ganha literalmente no momento em que entra em jogo, mas é muito difícil tirá-lo da mesa em um deck que já interage com criaturas e com a mão do oponente por natureza, e o ganho de vida a cada turno em que ele fica em jogo sela o destino da partida no momento em que desviramos com ele. Ele é um 6-drop poderoso, como deve ser - mas não é um que deveríamos precisar combater no terceiro turno e com respostas muito específicas como exemplificado pelas listas de Temur Phoenix, com splash apenas para Pick Your Poison.
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Sorin, Imperious Bloodlord é o habilitador do combo e um pouco mais: ele beneficia jogadores que usam vampiros - fácil quando temos Bloodtithe Harvester e Preacher of the Schism - e diminui o clock de qualquer jogador de Aggro no formato. Afinal, qual Aggro consegue lidar com 3 e 7 de ganho de vida a cada turno, sem contar a habilidade de Lightning Helix do Planeswalker que transforma qualquer vampiro (Mutavault incluso) em remoção?
Se Vein Ripper for banido, outros vampiros de custo alto e boas habilidades aparecerão eventualmente e colocarão o arquétipo de volta ao estado de opressor, então é provável que Sorin, Imperious Bloodlord tenha de ser banido para ajustar uma das pontas desregulados do Metagame do Pioneer.
O outro problema do formato também envolve uma vampira.
Amalia Benavides Aguirre protagoniza um combo infinito com Wildgrowth Walker no deck que leva o seu nome e é o segundo mais jogado do Pioneer hoje. Enquanto seus números são menos problemáticos que o do Rakdos Vampires, seu arquétipo tem problemas de padrões de gameplay e restrições impostas a outros arquétipos.
O Abzan Amalia é uma estratégia de ganho de vida com um combo em torno disso. Normalmente, arquétipos rápidos e agressivos já tem problemas em lidar com esse tema ao ponto do Selesnya Angel ser uma boa resposta em ambientes de Aggro, mas que perde muito valor conforme enfrenta Midrange e Control - Amalia não tem esse problema: sua natureza de toolbox permite jogar contra todos os macro-arquétipos relativamente bem e sempre ameaçando vencer a partida repentinamente com um Chord of Calling ou Return to the Ranks.
Outro problema ainda mais notório do Abzan Amalia é o seu potencial de trancar jogos: Amalia Benavides Aguirre e Wildgrowth Walker só param o looping quando ela chega em 20 de poder e destrói todas as outras criaturas - se um jogador der indestrutível para o Walker, o looping continua indefinidamente, forçando um empate.
O próprio deck joga com uma ou duas cópias de Selfless Savior com esse propósito ocasional, e como testemunhamos até na semifinal do Pro Tour Murders at Karlov Manor, esse “Lock” pode ser usado contra o próprio controlador da Amalia também: Loran’s Escape ou qualquer outro efeito que dê indestrutível para qualquer criatura em instant-speed impede que o combo ganhe o jogo quantas vezes forem necessárias.
Essas situações criam problemas em todos os lugares e em todos os níveis de torneios, são um inferno logístico na temporada de RCQs e não há uma solução definitiva dada que a única solução que não seja um banimento envolve fazer uma errata em Amalia Benavides Aguirre para transformar o seu trigger em um “pode” ao invés de um “deve” - e nesse caso, dada as limitações que ela impõe na diversidade do formato, é melhor para o Pioneer se ela for banida.
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Modern
Vimos acima como o Abzan Amalia tem causado problemas logísticos no Pioneer porque mescla a natureza de um combo toolbox com loopings infinitos que podem provocar empates intencionais, mas e se ao invés de empates, o melhor deck do formato criasse situações miseráveis de assistir ou jogar contra?
O Bant Nadu é este deck e levou às reclamações mais severas que a comunidade de Modern já teve ao formato desde o banimento de Bridge from Below. Seu card-chave, Nadu, Winged Wisdom foi o principal alvo de controvérsias em Modern Horizons 3 e os resultados dele no Pro Tour MH3, onde ele tinha um alvo gigantesco nas costas e ainda assim colocou cinco cópias o Top 8, só comprovam o seu potencial de quebrar o formato.
Mas o problema de Nadu vai além do nível de poder: ele conta com muitos triggers e a necessidade de manter o tracking de tudo o que está acontecendo com muitas permanentes em jogo, sendo também um combo inconclusivo que não gera loopings infinitos porque tudo depende do que Nadu revela no topo: em casos extremos, é necessário revelar o deck inteiro - carta por carta - para então vencer a partida com Thassa’s Oracle.
As situações de mesa complicadas e o tempo que as partidas levam com um jogador fazendo tudo sozinho enquanto o outro aguarda a resolução do combo inteiro em busca de uma falha - ou concede para poupar tempo - criam momentos muito desagradáveis de acompanhar enquanto joga e/ou enquanto assiste a um streaming ao vivo de um grande evento.
É provável que Nadu seja o principal card banido em 26 de agosto e qualquer outra opção além dele será um problema no longo prazo: existe um erro de design em deixar que sua habilidade desencadeie por criatura, duas vezes por turno. Se banirem Shuko e/ou Outrider en-kor, jogadores tentarão quebrar o card com Puresteel Paladin ou qualquer outro efeito gratuito e/ou barato que dê alvos - e provavelmente vão conseguir.
Resta saber se Nadu, Winged Wisdom é a única carta que requer banimentos em 26 de agosto: Modern hoje é um formato aonde jogadores tentam fazer a sua jogada absurda antes que seus oponentes façam suas jogadas absurdas. Pode ser com um Big Mana como o Eldrazi Tron ou Amulet Titan, em um combo com Through the Breach, ou em um “fair deck” com Necrodominance, ou apenas segurando a partida por tempo indefinido com Teferi, Time Raveler - o que todas essas estratégias têm em comum é que The One Ring é essencial para eles.
Como mencionei em outros artigos, The One Ring é uma pseudo-mistura de Time Walk e Ancestral Recall em um artefato de quatro manas, e suas duas habilidades funcionam muito bem para o cenário em que o Modern se encontra hoje: ganhar um turno com proteção significa que diversos arquétipos não conseguem estabelecer uma vantagem contra você e/ou vencer a partida, e o “draw 3” das duas ativações do Anel significam que você vai buscar mais recursos para resolver a situação na partida e/ou ganhar com um combo ou jogada absurda.
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E como este artefato é lendário, seu “drawback” é mitigado ao encontrar outra cópia dele, além das diversas interações com bounces e outros efeitos. Em resumo, o artefato faz coisa demais e promove planos de jogo não-interativos, tirando o alcance dos Aggros e outros decks que, em teoria, servem para mantê-los em cheque.
Por esse lado, é possível que The One Ring seja banido, mas o outro lado do escopo também deve ser considerado: Boros Energy e suas demais variantes já são um dos melhores decks do formato hoje e principal Aggro do Metagame de MH3 e com números quase tão altos quanto os do Bant Nadu se agregarmos todas as suas variantes - nesse caso, The One Ring pode ser o mal necessário para que outros decks consigam lidar com o Boros Energy e outras estratégias mais rápidas e, assim, possam existir no formato.
Hoje, o artefato está no meio-termo entre esses dois lados: Necrodominance e Jeskai Control já são decks que respondem com facilidade aos Aggros se fizerem as mudanças certas no seu maindeck e/ou Sideboard, mas outras estratégias não podem se dar ao luxo de usar mais cards para esse propósito e, portanto, são mais dependentes de The One Ring.
Legacy
Em pensar que veríamos o Reanimator ir do combo consistente mais rápido do Legacy para um Midrange/Tempo de atrito com um combo-kill.
O pacote de “Scam” com Grief se encaixou tão bem no Reanimator que basicamente transformou o deck em um “Delver sem Delver”, aonde o one-drop de escolha é um 3/2 com Menace que retira as duas cartas mais importantes da mão do oponente - e este 3/2 já causou problemas demais.
Grief é forte demais para o Legacy porquê, diferente de outros formatos, aqui o problema não é o “um fair deck com um combo-kill”, mas um “combo deck com um plano de atrito”, e sua combinação com Reanimate e Animate Dead somado ao já famoso pacote de alvos para Entomb criou uma proposta que passou dos limites de aceitável no formato.
Mesmo sem Grief, no entanto, é provável que o Reanimator nunca volte a ser apenas um combo enquanto existirem outros bons habilitadores, inclusive um que, naturalmente, se encaixa nas listas de Tempo e também demanda atenção.
Psychic Frog é um meio-termo estranho entre Cold-Eyed Selkie que viu pouco jogo no Legacy até quando foi lançado e cards mais impactantes e banidos do formato como Dreadhorde Arcanist. Ele não oferece free spells ou mana de graça, mas é fácil tirá-lo da zona de Lightning Bolt enquanto também podemos usá-lo para colocar criaturas para reanimar no cemitério ou, em outros arquétipos, acelerar o Delirium de Dragon’s Rage Channeler ou o cast de Murktide Regent.
Esses cards tendem a criar históricos problemáticos no Legacy, e apesar de improvável nesta atualização, não surpreenderá se Psychic Frog precisar de um banimento no futuro.
Pauper
O Pauper está em um lento processo de transformação: enquanto os decks vermelhos e Affinity permanecem como principais competidores do formato, eles são acompanhados agora de duas novas estratégias habilitadas por Modern Horizons 3 - Gruul Ramp e o mais famoso entre eles, o Broodscale Combo
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Essa estratégia visa usar a habilidade de Basking Broodscale com o trigger de Sadistic Glee para criar fichas infinitas e triggers de ETB e LTB infinitos, além de dar poder infinito para a sua criatura-chave e causar dano infinito caso tenha algum payoff como Nadier’s Nightblade - ele tenta fazer muito, e acaba fazendo tudo muito bem e se protege bem.
O combo tem apresentado resultados notórios no Metagame e crescido nas últimas semanas, mas parece cedo ainda para afirmar que ele está quebrando o formato e qualquer banimento de uma peça dele teria um caráter mais preventivo para evitar outro anúncio fora de época.
Conclusão
Isso é tudo por hoje!
Em caso de dúvidas, ou sugestões, fique a vontade para deixar um comentário!
Obrigado pela leitura!
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