Dentre tudo que as cores Azul e Preto do Magic costumam oferecer, minha estratégia favorita é a de utilizar as peças dos baralhos oponentes contra eles. Por um lado, essa abordagem tem uma fraqueza óbvia; ela é tão boa quanto o baralho de seus oponentes, fazendo com que, às vezes, o acesso a uma carta solta não melhore muito o que acontece na sua mesa.
Por outro lado, é justamente essa obtenção aleatória de recursos fora de ordem que faz desse tipo de deck um verdadeiro deck de Caos, com diversas situações ocorrendo bizarramente.
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Normalmente, eu considero Xanathar, Guild Kingpin o mais divertido exemplar para esse tipo de baralho, contudo, graças a Murders at Karlov Manor, temos uma nova competidora por esse posto, uma comandante que utiliza muito bem dessas capacidades. A comandante que exploraremos no artigo de hoje.
A Comandante
Etrata, Deadly Fugitive é a protagonista do deck de hoje. Essa Etrata é bem diferente da última encarnação da personagem, Etrata, the Silencer, que focava muito mais em dar golpes consecutivos em oponentes e tentar encerrar a partida com um único ataque.
Já Etrata, Deadly Fugitive tem um foco diferente, se tornando um typal de assassinos que visam conectar ataques em oponentes, de modo a desencadear a habilidade de cloak do topo do deck de nossos oponentes para o nosso campo, roubando seus cards.
Bem parecida com a mecânica de Manifestar de Tarkir, Cloak é responsável por fazer com que cards venham de algum lugar para o campo, só que virados para baixo como criaturas 2/2 com Ward 2. Normalmente, apenas cards que originalmente eram criaturas podem ser virados para cima, seja pagando seu custo de mana ou da habilidade disguise impressa na caixa de texto da carta, mas algumas cartas possuem habilidades que permitem uma criatura que entrou através do efeito de Cloak ser virado para cima, desde que o card seja originalmente uma permanente, impedindo que feitiços ou mágicas instantâneas possuam essa facilidade. Isso não é um problema para Etrata, Deadly Fugitive.
A principal habilidade do nosso comandante é a de conferir a cards virados para baixo a seguinte habilidade: “Volte a face desta criatura para cima. Se não puder, exile-a. Em seguida, você pode conjurar o card exilado sem pagar seu custo de mana.”, apenas pagando o custo fixo de uma mana azul, uma mana preta e duas manas de qualquer tipo. Um grande avanço nas habilidades que pegam cards dos decks oponentes, que normalmente preservam o valor de mana dos cards, mas permitem mana de qualquer tipo para conjurá-los. Assim, é possível o acesso cards incríveis como Blightsteel Colossus ou Omniscience por um custo bem mais baixo.
Ou seja, por um custo fixo e acessível múltiplas vezes no turno, é possível virar para cima qualquer permanente ou conjurar qualquer mágica instantânea ou feitiço virados para baixo. E mais, essa habilidade não precisa ser ativada apenas em velocidade de feitiço, como muitas do jogo, fazendo com que o rumo de combate seja mudado completamente ou até mesmo permitindo que feitiços sejam jogados em velocidade instantânea. Podem acreditar, eu olhei as extensas regras de Etrata, Deadly Fugitive no Gatherer e nada impede isso.
Essa habilidade permite tocar um verdadeiro terror na mesa. Com a incerteza do que é ou não é uma boa ideia bloquear, se atacar é válido ou que tipo de atrocidade as cartas na sua mesa escondem. E isso é realmente muito divertido em uma mesa multiplayer.
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O Deck
Como já dito, um pedaço generoso do deck será pautado em criaturas do tipo Assassino, os principais facilitadores da estratégia de Etrata, Deadly Fugitive, pois são eles que fazem a comandante colocar cards virados para baixo em campo.
Infelizmente, ainda não temos acesso aos cards de Assassin’s Creed, que seriam perfeitos para isso, mas nesse deck eu colocarei pelo menos Ezio, Blade of Vengeance, pois ele se encaixa muito bem com esse baralho, fazendo os Assassinos que você controla lhe renderem compras de carta toda vez que acertam dano, rendendo uma bela sinergia com nossa comandante - valendo super a pena agarrar este card assim que possível.
Dito isso, o deck do qual falaremos hoje é assim:
Um pouco de regras
Por regra, cards virados para baixo são criaturas 2/2 sem nenhum tipo de criatura específico. Bem, se elas fossem do tipo Assassino, nós poderíamos colocá-las para gerar mais criaturas do topo do baralho de nossos oponentes com as habilidades da Etrata. E, bem, existe um jeito.
De acordo com a regra 613.1d, criaturas viradas para baixo podem ganhar subtipos de criatura através de cards como Arcane Adaptation e Maskwood Nexus, fazendo com que nossas criaturas para baixo se tornem, sim, assassinos.
Isso gera uma retroalimentação muito interessante em nosso baralho, onde as criaturas em estado de Cloak podem conectar dano e gerar mais Cloaks em seu campo, aumentando sua mesa em uma progressão geométrica ao invés de progressão aritmética.
Os Assassinos
Sabe, esses subtipos de criatura que representam mais a ocupação, ou o “emprego”, do card, normalmente são deixados de lado em comparação com subtipos que representam a biologia da criatura. Assim, pensa-se pouco em fazer decks de Artífices ou de Conselheiros, enquanto Tritões, Dragões ou Goblins são bem mais explorados, com magos e guerreiros sendo a exceção.
No artigo de hoje vamos usar bastante de cards do tipo Assassino, presentes no Magic desde Alpha com Royal Assassin e firmes até hoje, ironicamente, nas sombras do jogo. Condiz bem com o flavor.
Dentre os presentes nesse deck, Thorn of the Black Rose e Ravenloft Adventurer são cards muito antecipados pelo seu jogo, pois mexem com Monarca e Dianteira, mecânicas que recompensam muito a habilidade de dar dano de suas criaturinhas e podem nos dar uma grande vantagem.
Mari, the Killing Quill também lhe permite muitas boas jogadas, entre elas a de facilitar o jogo para a outra versão da Etrata, que está presente neste deck também. Etrata, the Silencer, como ambas utilizam os mesmos marcadores, é possível criar uma aliança simbiótica com ambas, fazendo com que uma use os marcadores criados para outra, geralmente culminando em Etrata, the Silencer tirando jogadores da partida.
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Há também os Morfolóides, criaturas que conseguem expressar todos os subtipos do jogo ao mesmo tempo, sem a necessidade de um Maskwood Nexus.
Mothdust Changeling e Changeling Outcast são morfolóides bem pequenos e com uma boa evasão, permitindo que seus ataques conectem com mais frequência. Universal Automaton é uma boa escolha também.
E, claro, temos Roaming Throne, a recente carta favorita de todos para decks Typais, capaz de dobrar o desencadeamento de habilidades de criaturas de tipos escolhidos, fazendo de seus Assassinos cada vez melhores.
Por fim, Ramses, Assassin Lord é um lorde para seus assassinos, aumentando o poder e a resistência dos presentes na sua mesa, além de ser, junto com Etrata, the Silencer, mais uma condição de vitória.
Suporte para cards virados para baixo
Além dos assassinos, também queremos melhorar nossos cards virados para baixo. Uma carta que exemplifica muito do que almejamos com este deck é Aphetto Runecaster, que te permite comprar um card sempre que uma criatura é virada para cima.
Outro jeito de virar cards para cima é por meio de efeitos de Blink, como Conjurer’s Closet e Ghostly Flicker. O card é exilado, no exílio ele passa a ser representado pelo próprio card e então volta ao campo virado para cima, como habitualmente.
Infelizmente, de acordo com as regras, feitiços e mágicas instantâneas não podem entrar em campo, então, dar blink em uma delas virada para baixo só resultaria em seu exílio indefinido. É uma pena, mas pelo menos não deixa o funcionamento de cards virados para baixo mais confusos ainda.
Contudo, Primordial Mist é capaz de exilar cards virados para baixo e te permitir jogar eles no mesmo turno, o que te deixa rampar terrenos e jogar feitiços e instantâneas do exílio.
Ixidor, Reality Sculptor é outro jeito de virar seus cards para cima, e com um custo ainda mais barato do que o da comandante. Se a gente unir isso a Training Grounds, temos tanto o efeito de Ixidor, quanto da comandante, ativáveis por um preço mínimo - melhorando muito a qualidade de jogo.
Por fim, um combo
Se misturarmos Brine Elemental e Vesuvan Shapeshifter temos um prospecto interessante. O Shapeshifter copia a habilidade do Elemental quando vira para cima, que é a de pular a etapa de desvirar de seus oponentes, e isso pode se repetir muito facilmente, uma vez que o próprio Vesuvan Shapeshifter se vira novamente para baixo no começo de seu turno, o que permitirá que ele se vire para cima novamente, perpetuando esse loop indefinidamente e criando uma espécie de efeito de Stasis ou Winter Orb, mas direcionado apenas para seus oponentes e o deixando ileso.
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O Deck Budget
Como sempre, nessas deck techs temos uma opção budget, perfeita para jogadores que querem gastar pouco dinheiro ou que querem uma base mais acessível para irem jogando desde já enquanto fazem upgrades.
De tech mais cara eu mantive o Training Grounds, graças a enorme qualidade de vida que ele traz para nosso deck. Mas muito do preço do baralho está na base de mana campeã, e seu preço pode cair muitos apenas substituindo poucos cards.
O deck budget fica assim:
Considerações Finais
Esse é o deck que escolhi para montar dessa coleção, apresentou um tema divertido e caótico, algo que está em falta ultimamente. Agora é esperar a coleção de Assassin’s Creed para tunar mais ainda esse deck com novas opções.
Até o próximo!
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