A colaboração de Magic: The Gathering com Final Fantasy é uma enorme celebração para os fãs de ambos os jogos, em especial para os fãs de Final Fantasy, que podem encontrar nos cards do set os seus personagens favoritos e os momentos mais icônicos da franquia.
Além das ilustrações, outras maneiras de imergir no universo de Final Fantasy com Magic é através das habilidades dos cards: a equipe de design foi meticulosa em planejar a maioria delas para ter alguma representação coerente com o universo dos jogos — seja por meio de memes, habilidades, custos, ou palavras-chave.
Como apaixonado por ambos os universos, Final Fantasy se tornou minha expansão favorita de Magic: The Gathering, e um dos principais motivos é o quanto a rica lore dos principais jogos de FF conseguiram encontrar espaço no set. Como parte da celebração, escolhi os dez melhores cards de Final Fantasy que representaram assertivamente algum momento ou elemento marcante do jogo.
Vale constar que Final Fantasy possui 310 cards diferentes, e mais de cem deles foram considerados para essa lista. No fim, foram escolhidas aquelas que melhor se encaixaram no contexto dos personagens, ou cuja narrativa do próprio card conta a história ou a importância dela para o jogo, ou até algumas que mesclam mecânicas de Magic com elementos inerentes desses personagens, locais e momentos.
Ressaltamos também que apenas os cards da expansão principal foram analisados. O set complementar de Final Fantasy Commander é consideravelmente focado em quatro jogos específicos e merece uma lista separada dos melhores cards e representações, já que esses incluem também alguns reprints.
10 - Suplex

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Imagens falam mais do que palavras para Suplex. Ver um meme da comunidade se transformar em um card tem um charme especial que poucos cards no main set conseguiriam superar.
9 - Summon: Knights of Round

Knights of Round é um dos Summons mais demorados da série — ele fica atrás apenas de Eden, de FFVIII — e existem dois elementos dele muito bem representados no seu card: o primeiro é que ele é a saga com a maior quantidade de capítulos do set, uma referência do quão longa é sua animação de ataques em Final Fantasy VII.
No decorrer de quatro desses cinco capítulos, ele coloca doze cavaleiros em jogo, que somado com Arthur, representado pelo próprio encantamento, que formam os treze Knights of Round representados no Summon de FFVII — ao chegar no último capítulo, finalmente temos o efeito de Ultimate End, nome do seu icônico ataque o jogo.
8 - Job Select

Uma reclamação comum quando o full set de Final Fantasy foi revelado era a ausência do Warrior of Light do primeiro jogo.
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Enquanto é justificável querer vê-lo no set quando ele é um dos personagens de capa das booster boxes, os Warriors of Light — sejam de FFI ou FFXIV — não possuem uma imagem definida nos jogos principais: eles são o que os jogadores quiserem que eles sejam, dando luz, por exemplo, ao famoso White Mage Challenge.
Esses foram, portanto, representados nos vários cards com Job Select no main set: eles são as fichas de Herói que entram em jogo com os equipamentos, como exemplificado em todas as fichas deste tipo no set serem de raças e estilos de Final Fantasy XIV.
7 - Dion, Bahamut's Dominant

Ao entrar em jogo, Dion, Bahamut's Dominant traz consigo uma ficha de Cavaleiro 2/2 que, como indicado pela sua ilustração, representa Terance, seu escudeiro e amante em Final Fantasy XVI.
Uma vez transformado, Bahamut é representado pelos dois momentos mais marcantes do Eikon no decorrer da trama: seu duelo contra Odin em Sanbreque, basicamente um ato de exibição para aumentar a moral dos seus exércitos — por isso ele aumenta o poder das suas criaturas — e, no último capítulo, sua fúria durante os eventos na Crystalline Dominion, que precedem a provável luta mais memorável de FFXVI.
6 - Cecil, Dark Knight

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Cecil é um personagem que passa por um arco de redenção em Final Fantasy IV após submeter-se às ordens tirânicas do rei de Baron e tomar de Mysidia o seu cristal — dois eventos que Cecil se culpabiliza no início da trama e cujo conceito é recriado no seu card com a habilidade de Darkness, que inflige ao seu controlador o dano igual à quantidade de dano que ele causa, e também no seu trigger de transformação, quando suas ações chegam a um limiar onde ele decide seguir outro caminho.
Uma vez transformado, Cecil ganha Lifelink, uma maneira de representar sua intenção de reparar o dano causado pelas suas ações como Cavaleiro Negro. Além disso, sua habilidade de garantir indestrutível para as demais criaturas refere-se à sua habilidade de Cover, e à especialização em White Magic que ele ganha ao se tornar Paladino.
5 - Zack Fair

Não é peculiar que Zack Fair, conhecido em Crisis Core como “Zack the Puppy” tenha recebido a habilidade do Selfless Savior, que é um cachorro?
Muito do impacto narrativo de Zack, principalmente no Final Fantasy VII original, gira em torno do legado que ele deixou para Cloud ao fim de Crisis Core, e que definem o protagonista em praticamente todos as obras que se passam após este jogo: seja nos seus dilemas com identidade no jogo original, ou na maneira como Cloud lida com o fardo do luto em Advent Children.
O fato dele transferir um equipamento anexado a ele representa o equivalente à Buster Sword, enquanto os marcadores que ele também transfere podem representar sua memória e conhecimento como um SOLDIER.
4 - Midgar, City of Mako
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Poucos lugares em Final Fantasy representam tão bem a filosofia da mana preta em Magic quanto Midgar de Final Fantasy VII. A cidade é considerada a capital da ShinRa, uma mega-corporação cujo poder e influência no mundo foi tão grande ao ponto de se tornar o governo global vigente.
Um dos flavor texts mais icônicos de um card preto em Magic vem do print original de Dark Confidant: “grandeza a qualquer custo”. A ShinRa, e o sistema de divisões sociais de Midgar representam exatamente esta filosofia — pouco importa se a produção Mako está aos poucos matando o planeta, ou se os experimentos com Jenova levariam eventualmente a uma catástrofe, se estes aumentarem a influência e o poder da corporação no mundo.
Este traço é incrivelmente bem-representado no lado da Aventura em duas frentes: primeiro, na própria filosofia da ShinRa de que qualquer sacrifício é válido para obter mais poder, mas também na explosão do Reator de Mako 1 no início do jogo, onde “sacrificar um artefato” para comprar cards pode ser visto como o ideal de “explodir um reator para salvar o Planeta”, visionado por Barret Wallace.
3 - Zanarkand, Ancient Metropolis

Zanarkand, Ancient Metropolis talvez não tenha tantas camadas quanto Midgar, City of Mako, mas a sutileza da sua aventura é o que a torna tão fascinante: a aventura Lasting Fayth pode ser interpretada como o fim da jornada de Peregrinação, onde o Summoner chega até Zanarkand para realizar a última invocação — nesse caso, os marcadores +1/+1 para cada terreno em jogo representam o caminho até Zanarkand, onde o Summoner passa por diversos templos.
Outra maneira de interpretar refere-se a Tidus, Yuna’s Guardian: como a primeira frase de Final Fantasy X indica, a ficha pode ser a representação de Tidus, enquanto os marcadores +1/+1 podem representar sua história, visto que a maioria dos eventos do jogo são contados como uma recapitulação deles antes do grupo entrar em Zanarkand.
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2 - Tellah, Great Sage

Como jogador de Magic, Tellah, Great Sage foi um dos piores cards a saírem no set, mas seu design conta sua história como quase nenhum outro card consegue: Tellah é um sábio velho em Final Fantasy IV — traço distinguido tanto pela seu amplo conhecimento de magias quanto por ser o único personagem na equipe que, conforme ganha níveis, fica fisicamente mais fraco como um reflexo da sua idade avançada.
Tellah é o único personagem no início de Final Fantasy IV a ter magias de alto nível, incluindo Meteor, cujo custo de MP é 99 sendo que ele maximiza seu MP em 90 — um reflexo de que, apesar de conhecer essa magia poderosa, ela requer tanto esforço para ser usada na sua idade que ele morreria no processo.
Em determinado momento da trama, Tellah conjura Meteor, sacrificando-se para salvar os heróis. Todos esses elementos se encontram no seu card: o suporte que ele dá aos demais personagens, refletido nas fichas que ele cria, seu amplo conhecimento em magia refletido na segunda habilidade e o momento do seu sacrifício ao conjurar Meteor ocorre quando o jogador utiliza uma mágica com valor de mana oito ou maior.
Por ironia do acaso, Ultimate Magic: Meteor, a única representação da magia no set, não custa o suficiente para Tellah ser sacrificado ao conjurá-la.
1 - Kefka, Court Mage

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Em Magic: The Gathering, existe uma temática nomeada Delírio, que se importa com tipos de cards no cemitério do seu controlador. Apesar de não ter propriamente essa habilidade, Kefka, Court Mage se importa com tipos de card nos seus triggers, tendo um “pseudo-delírio”.
Em Final Fantasy VI, Kefka foi um soldado outrora honrado cuja mente foi distorcida ao ser o primeiro general do império Gestahliano a ser infundido com Magitek, o que lhe deu poderes mágicos extraordinários, mas tomou-lhe sua sanidade, fazendo-o entrar em um estado de delírio que eventualmente se transforma em niilismo — descartar cards, em Magic, costuma ser associado a perda de sanidade, extração mental ou coerção, todos traços inerentes de Kefka e suas atitudes em FFVI.
O lado transformado também conta histórias. Fazer cada jogador sacrificar uma permanente refere-se a como todos perderam alguma coisa quando Kefka levou o mundo à ruína ao ascender, enquanto seu trigger de comprar cards sempre que um oponente perde vida pode ser associado ao seu próprio niilismo: uma vez que o mundo está destruído, Kefka limita-se a desprover pessoas da sua esperança, não permitindo que elas reconstruam seus lares — seu objetivo, no fim, é a destruição em si, sem qualquer propósito além do próprio ato de destruir.
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