Apresentação
Olá, meus amigos do Legacy! Chegamos enfim à reta final de 2024. Dezembro é meu mês preferido do ano – não só é o mês do meu aniversário, é também o aniversário do meu dog Snow, tem Natal, tem Réveillon e, obviamente, tem retrospectiva anual!
2024 tem sido um ano bem movimentado para o formato até mesmo agora, já que acabamos de ter um anúncio de banimentos em 16 de Dezembro. Então vamos recapitular o que o ano que se encerra nos trouxe enquanto aguardamos o último desdobramento do ano.
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Janeiro
Um ano tão atribulado quanto 2024 começou bem devagar, na verdade. Não houve nenhum grande lançamento em Janeiro, apenas Ravnica Remastered – nenhuma nova carta adicionada ao Legacy. Como nada foi banido no anúncio de Dezembro de 2023, esse foi mais um mês onde o meta foi se estabilizando após o lançamento de Lost Caverns of Ixalan em Novembro, cuja carta mais relevante foi Broadside Bombardiers, que se tornou peça crucial para o Red Prison, além de aparecer em decks como Boros Initiative e Boros Death & Taxes.
O formato da época era dominado por um dueto de Delver – Grixis e Temur – e Muxus Goblins, com decks como Red Stompy, Dimir Scam e, atenção, Dimir Reanimator subindo de posicionamento no Metagame. O principal torneio do Magic Online, o MTGO Showcase Challenge, foi vencido por um Temur Delver.
Fevereiro
Em Fevereiro, tivemos o primeiro grande lançamento do ano: Murders at Karlov Manor trouxe o clima de investigação e mistério para o mundo de Magic. O set, a princípio, parecia que teria pouco efeito no Legacy, com Doorkeeper Thrull sendo primariamente a carta mais óbvia para o formato.
Grande engano. Confesso que se eu for listar meus maiores erros de previsão de impacto de cartas no Legacy, o efeito que as Surveil Lands (Underground Mortuary, Thundering Falls, Meticulous Archive, etc.) tiveram no Metagame não pode ser subestimado. Era uma verdade “absoluta” que Terrenos que entram em jogo virados não têm espaço em um formato tão eficiente quanto o Legacy, é só ver como os Templos de Theros (Temple of Triumph, Temple of Deceit, etc.) jamais viram jogo.
Só que a adição do tipo de Terreno básico às versões de Karlov aumentaram muito o seu potencial de gerar valor através de Fetch Lands, o que reduzia a desvantagem de potencialmente comprá-las no início de jogo e fizeram com que estourar uma Fetch Land para melhorar suas compras futuras fosse mais do que apenas secar um terreno do seu deck, mas também filtrar a sua próxima compra.
Março
O mês seguinte viu a chegada do mundo do jogo Fallout em mais uma expansão de Universes Beyond, não sem polêmicas pelo fato da edição não ter sido lançada no Magic Online simultaneamente, apenas muitos meses depois. Se a edição não tivesse contribuído em nada ao formato, daria para se relevar um pouco a dicotomia gerada entre o mundo virtual e o físico.
Mas tivemos cartas relevantes para o Legacy, sobretudo Pre-War Formalwear, que se tornou uma peça chave em decks com Stoneforge Mystic.
Além disso, cartas como Curie, Emergent Intelligence, Radstorm, Wild Wasteland e as Filter Lands de cores adversárias (Sunscorched Divide) tinham potencial de jogo não explorado pelo fato de não estarem disponíveis digitalmente. Já havíamos visto que isso faz uma diferença, pois uma carta como White Plume Adventurer só estourou de verdade (e foi banida) meses depois do seu lançamento, quando finalmente esteve disponível no Magic Online.
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Outra notícia relevante foi que o Legacy passou ileso pelo anúncio de banimentos de Março.
Abril
Yee-haw parceiro! Abril nos trouxe ao velho Oeste de Outlaws of Thunder Junction. Como é comum, edições focadas em Standard não costumam trazer muita coisa para o Legacy, mas Outlaws teve, sim, brinquedos que foram aproveitados no formato.
Os maiores destaques foram Simulacrum Synthesizer, instantaneamente adicionada ao 8-Cast; Stingerback Terror, feita sob medida para o Red Stompy – embora tenha perdido espaço quando o deck passou a adotar The One Ring; Bristly Bill, Spine Sower, que passou a jogar em decks de Green Sun’s Zenith quando um certo pássaro foi lançado em Junho; Pest Control, ótima remoção para decks Esper; Satoru, the Infiltrator, nova adição ao arsenal do Dimir Ninjas; e Lavaspur Boots, uma combinação letal com Urza’s Saga.
Maio
Maio viu a Wizards obliterar um dos principais decks do formato por um dos motivos mais inusitados: todas as cartas que envolvem Stickers ou Attractions, mecânicas do set Unfinity, foram banidas tanto do Legacy quanto do Vintage.
A razão oficial é a questão logística que envolve ter um deck secundário com Stickers e/ou Attractions, especialmente em situações nas quais os oponentes copiavam cartas com essa mecânica – se você copiar uma carta de Sticker, é necessário que você tivesse apresentado um deck de Sticker no início do jogo, mesmo que você não tenha nenhuma carta desse tipo.
Mas o responsável pro trazer esse problema à tona foi o _____ Goblin, a carta-chave por trás do sucesso do Muxus Goblin. E assim, o Metagame foi atingido por um golpe inesperado um pouco antes do verdadeiro baque do ano.
Junho
A história se repete e a história se repete: Modern Horizons 1 e 2 foram um verdadeiro terremoto no Legacy, cada uma com várias cartas nas listas de mais fortes do formato, sem citar as que foram banidas (Arcum’s Astrolabe, Ragavan, Nimble Pilferer e outra que vamos falar em breve). Será que na terceira vez, eles acertariam a mão?
A resposta é: ribbit, não! Modern Horizons 3 jogou o Power Level na estratosfera, alterando selvagemente o Metagame. Psychic Frog foi a carta mais forte entre várias, turbinando o já turbinado Reanimator, que devido a Grief já era o deck mais forte do formato em uma máquina de destruição.
O Sapo também praticamente eliminou o Vermelho das listas de Tempo, já que Lightning Bolt se tornou uma remoção obsoleta, derrubando o Grixis e o Temur Delver do cenário. As listas agressivas Azuis de Tempo acabaram se tornando basicamente Dimir.
O passarinho mais amado (não) do Magic. Nadu consegue ser ainda mais quebrado no Legacy do que no Modern porque aqui existe Nomads en-Kor em adição ao Shuko, embora o formato aqui ainda tenha conseguido se manter mais diverso do que lá devido à maior variedade de respostas e o Reanimator com Psychic Frog conseguir ser ainda mais poderoso.
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No Legacy, Nadu encontrou um lar no Cephalid Breakfast, no Elfos e ainda gerou uma versão Bant onde não é uma peça de combo, mas um motor de valor gigantesco. O que não muda o fato que é uma carta que gasta uma quantidade enorme de tempo e gera jogos que parecem mais uma partida de paciência. Foi banido no Modern, no Commander e tudo leva a crer que é uma questão de tempo para ter sua vida encurtada no Legacy também.
Como os Eldrazi eram uma das mecânicas promovidas por MH3, era de se esperar que eles prosperassem. E como prosperaram! O Eldrazi Aggro saiu do limbo onde estava escondido, abandonou quase todos os Eldrazi originais e subiu para as cabeças do formato como um dos principais decks aggro do formato. Só que duas de suas cartas-chave, Glaring Fleshraker e Kozilek’s Command, também foram incorporadas por um dos mais letais decks de combo: Mystic Forge Combo.
Na minha análise de MH3, Bauble era o meu palpite de carta mais quebrada da edição para o Legacy. Ok, ela acabou perdendo esse título para o Sapo (e para o Nadu, dependendo de quem você pergunte), mas ainda assim seu impacto foi enorme: ela corta por apenas 1 mana um dos principais ângulos de jogo da maioria dos decks do formato e, ao contrário de outras lock pieces, ainda oferece a oportunidade de ser trocada por outra carta nos jogos em que não é relevante.
Ela consegue ser tanto uma ferramenta anti-combo (já tentou jogar de Storm com uma Bauble na mesa?) quanto pró-combo, travando quase todas as contramágicas mais jogadas do formato (Force of Will, Daze e Force of Negation)
E além das discutidas acima, temos um verdadeiro arsenal de cartas causando impacto no Legacy. A nova leva de MDFC (Sink into Stupor, Sundering Eruption, etc.) abriu uma grande oportunidade de construção de decks. Como aqui não é um review de MH3, vou parar por aqui, porque ainda temos o resto do ano para revisitar!
Julho
Comparado com Junho, Julho foi um mês parado, apenas o lançamento de Universes Beyond: Assassin’s Creed de notícia relevante. A série não teve grande impacto em Legacy, apenas Yggdrasil, Rebirth Engine nos decks de Show and Tell tendo aparições esporádicas.
Agosto
Tivemos o lançamento de Bloomburrow, uma expansão que foi praticamente ignorada no Legacy, talvez com exceção de Into the Flood Maw.
A notícia principal desse mês foi o anúncio, já esperado, do banimento de Grief. O que não foi esperado é que apenas a Encarnação de MH2 seria a bola da vez, e como a próxima rodada de banimentos só estava agendada para acontecer em Dezembro, o Legacy acabou condenado a alguns meses do domínio anfíbio de Psychic Frog.
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Setembro
Mais um mês, mais uma nova edição (vocês já perderam a conta? Eu perdi). Baseada em filmes de terror, Setembro marcou a chegada de Duskmourn: House of Horror. Novamente, a edição não teve bastante impacto devido ao Power Level voltado ao Standard, mas ainda assim viu coisas jogando por aqui:
Outubro
Embora a gente não tenha tido nenhum grande lançamento em Outubro, nesse mês tivemos a primeira etapa do Eternal Weekend, disputada no Japão. Esses são os maiores torneio de Legacy, essa etapa teve 614 jogadores e foi vencida por um jogador de Red Stompy, mas 4 outros decks do top 8 continham Psychic Frog – 3 Frognator e 1 Sultai Beans. O restante do top 8 era composto de 2 Eldrazi Aggro e 1 Cephalid Breakfast.
Novembro
O penúltimo mês do ano marcou o lançamento de Magic Foundations, um set com o objetivo de servir de base para o formato Standard para os próximos anos. Ou seja, baixo impacto no Legacy.
De maior destaque, foi a segunda etapa do Eternal Weekend, dessa vez disputada nos Estados Unidos por impressionantes 1155 jogadores! Mais impressionante ainda foi o fato de 3 decks de Mystic Forge terem passado em 1º, 2º e 3º na classificação geral, um deles ganhando o torneio.
Os outros decks do Top 8 eram 1 Nadu Elves (2º lugar), 1 Cephalid Breakfast, 1 Painter, 1 Boros Death & Taxes e 1 Frognator.
Dezembro
O mês final de 2024 começou com a terceira etapa do Eternal Weekend, dessa vez na Europa, em Praga. Se Forge foi o assunto da etapa norte-americana, a etapa europeia foi dominada por Nadu, Winged Wisdom. O grande vencedor do torneio com 832 jogadores pilotou o Cephalid Breakfast. O finalista estava com uma lista de Esper Control (mas com Psychic Frog!).
Os demais decks do top 8 eram 2 Nadu Elves, 2 Frognator, 1 Storm e 1 Stiflenought (também com o Sapo!).
A notícia final do ano ficou por conta do anúncio do banimento em 16 de Dezembro, um assunto que discutimos no artigo anterior. Meu palpite original era que a Wizards iria só tomar a decisão preguiçosa de banir o Psychic Frog, mas ela me surpreendeu e levou a Vexing Bauble também. Infelizmente, ela não foi até o fim com a decisão de ir até o final com a reforma do formato e não estendeu o alcance do martelo do banimento ao Nadu, Winged Wisdom.
Pelo jeito, ainda teremos mais alguns meses com o problemático pássaro, mas o formato nesse momento está um momento de transição!
Conclusão
2024 começou com um formato bastante equilibrado, com vários decks disputando os tiers de cima, embora o Reanimator tenha começado a ganhar mais espaço devido ao efeito que Grief + Reanimate causava no formato. Mas quando MH3 saiu, a coisa saiu de controle. Grief logo foi banida, mas seu domínio apenas foi substituído pelo do Psychic Frog.
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Comparar as porcentagens dos principais decks de um torneio gigante de 2023 com o de 2024 nos ajuda a perceber como o formato se estreitou sob a força das cartas de MH3. Vamos ver se as mudanças vindouras abrirão o formato ou apenas entregarão o controle do Legacy de um tirano para outro.
De qualquer maneira, apesar de tudo, o Legacy segue forte e sua comunidade ainda é seu maior triunfo.
Um abraço direto de 2025, feliz festas e até a próxima!
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