Magic: the Gathering

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Pioneer: Oito cards com potencial para quebrar o formato

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No artigo de hoje, apresento oito cards do Pioneer que são tão poderosos que precisam apenas de uma adição no momento errado para quebrar ou polarizar o formato.

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revised by Tabata Marques

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Hoje, estarei apresentando um artigo diferente do habitual.

Ao invés de tentar analisar um determinado deck, apresentar o Metagame ou elaborar um assunto sobre o atual estado do formato, gostaria de tentar um exercício de imaginação com os leitores.

Pioneer é um formato muito extenso em cards, mecânicas e arquétipos. Porém, ele também é um formato com menos cards para se ter em mente do que o Modern, por exemplo. Portanto, é possível realizar uma análise com base na nossa memória de cards e mecânicas que podem ser potencialmente perigosas no futuro, conforme o formato for recebendo novas adições a cada ano.

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Na minha lista particular de cards que podem ser quebrados no futuro, eu tenho em média umas quinze ou vinte que estão no que eu chamo de Watchlist, e eles se separam nas seguintes categorias:

— Cards que possuem um histórico problemático no Magic competitivo.

— Cards que possuem efeitos poderosos e singulares, não encontrados com facilidade no restante do formato.

— Cards que criam padrões de jogo perigosos, capazes de quebrar o Metagame com o suporte específico.

— Cards que estão presentes em diversos decks, ou dentre os melhores decks do formato.

— Cards capazes de padronizar o deckbuilding de diversos arquétipos.

— Cards que naturalmente fazem coisas quebradas, mas que não possuem o suporte ou enabler necessários para tal.

— Cards que possuem um histórico de combos de duas cartas em outros formatos (incluindo Commander).

Hoje, optei por trazer oito cards que acredito terem potencial para, eventualmente, quebrarem o Pioneer de alguma maneira ou tornarem-se excessivamente representados no Metagame, consequentemente levando ao seu banimento.

Porém, enfatizo amplamente que este artigo não possui o propósito de apontar que qualquer carta deve ser banida do Pioneer no presente momento.

O formato encontra-se, atualmente, num estado relativamente bem diversificado, e apesar de toda a conversa que temos sobre Izzet Phoenix ou os decks de Winota, creio que este não seja o momento específico para debatermos banimentos, pois estamos no começo da temporada de Innistrad: Crimson Vow, e precisamos dar um tempo para avaliarmos o impacto direto que a nova edição terá no formato, como temos visto com a ascensão de arquétipos como o Humans nas últimas semanas, e pretendo comentar um pouco mais sobre o atual estado do Metagame dentro de algumas semanas.

Portanto, guardem seus ancinhos, pois ainda não estou apontando o meu julgamento particular sobre a saúde do Pioneer, já que este assunto demanda uma análise profunda e muito mais embasada em fatos e estatísticas do que este exercício propõe.

Dito isso, segue abaixo oito cards que estão na minha Watchlist do Pioneer atualmente:

Treasure Cruise / Dig Through Time / Temporal Trespass

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Como esperado, as mágicas com Delve encabeçam a minha Watchlist, porque elas correspondem a diversos padrões pelos quais faço a minha avaliação, já que se tratam de cards que são banidos de diversos formatos competitivos, possuem um histórico problemático, são jogados em um ou mais dos melhores decks do formato atualmente, e possuem efeitos que não são encontrados com tamanha eficiência no resto do formato.

Ultimamente, temos falado muito sobre banimentos nas Delve spells por conta do Izzet Phoenix ser o melhor deck do formato, enquanto arquétipos que utilizam Dig Through Time, como os decks Control, não estão muito atrás nas principais colocações do Pioneer, essencialmente criando um cenário onde basicamente todos os arquétipos azuis precisam estar utilizando alguma dessas mágicas.

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A inclusão de Consider também não ajudou muito, já que as mágicas de Delve são banidas dos demais formatos porque os decks possuem uma grande facilidade em encher seus cemitérios por conta das fetchlands e mágicas de custo baixo, e uma enorme facilidade em splashar cores pela manabase perfeita que Fetchlands + Shocklands proporcionam.

No Pioneer, as fetchlands são banidas, o que provavelmente justifica a ausência de arquétipos que tentam splashar Treasure Cruise, além do enorme alvo que decks de cemitério possuem no formato atualmente, mas Consider oferece um meio de agilizar o cast destas mágicas enquanto oferece um poderoso card selection e uma mágica de custo baixo para devolver Arclight Phoenix e/ou transformar Thing in the Ice, ou desvirar suas criaturas com Jeskai Ascendancy, entre outras ocasiões, e a cantrip essencialmente exerce a mesma função para as mágicas de Delve que uma Fetchland exerceria.

Além disso, enquanto todos estavam falando de banir estas duas mágicas, as listas de Izzet Phoenix passaram a adotar Temporal Trespass, em conjunto com Galvanic Iteration para reproduzir parcialmente, e por um custo muito mais baixo, o que jogadores de Standard fazem com Alrund’s Epiphany, exceto pela parte onde seus pássaros são criaturas 3/2 com Haste.

Ou seja, não importa se banirem uma ou duas mágicas de Delve, porque alguns arquétipos sempre encontrarão um meio de tirar proveito de outra mágica com a mesma mecânica que possua um efeito benéfico para seu plano de jogo.

No final das contas, todos os jogadores de Pioneer sabem que alguns banimentos seriam ou serão óbvios, e a surpresa para mim é que Treasure Cruise e Dig Through Time ainda estão presentes, o que, de certa maneira, lembra-me da época em que Gush era válido no Pauper: Todo mundo sabia que a mágica era quebrada, mas isso adicionava um elemento único e representativo ao formato que, por muito tempo, definiu o Metagame e serviu como um grande atrativo para que os jogadores quisessem experimentar o formato na capacidade de poder jogar com algumas das mágicas mais poderosas de Magic: The Gathering.

Treasure Cruise e Dig Through Time exercem justamente este propósito para o Pioneer, e por mais que eu odiaria vê-los partir do formato porque trazem um aspecto único para ele, sei que eventualmente haverão mecânicas e mágicas que tornarão do cast delas muito mais rápido do que o aceitável.

Winota, Joiner of Forces

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O outro arquétipo mais comentado das últimas semanas e o Naya Winota, pela velocidade com qual Winota, Joiner of Forces cria um estado de jogo tão grande e tão difícil de se lidar que, muitas vezes, ganha o jogo por conta própria quando coloca três ou mais humanos/lobisomens no campo de batalha na primeira sequência de ataques.

Mas Winota não está na minha lista especificamente pelos seus expressivos resultados desde o lançamento de Innistrad: Midnight Hunt, apesar de o pacote de Werewolves ter adicionado uma consistência incrível ao arquétipo, mas sim porque todo Humano que adentrar ao formato é uma ameaça em potencial ao lado de Winota, Joiner of Forces, enquanto cada bom mana dork que o formato receber é um enabler em potencial.

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Eventualmente, haverá uma abundância muito grande de humanos altamente impactantes e mana dorks altamente eficientes que farão com que Winota torne-se tão poderosa que será impossível ignorar seu impacto na mesa, tal como já está ocorrendo agora, em especial, graças à Tovolar’s Huntmaster.

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Tovolar’s Huntmaster é um exemplo perfeito do tipo de Humano que Winota, Joiner of Forces quer, porque ele oferece um corpo extremamente relevante, e mais dois que oferecerão mais triggers no turno seguinte, enquanto o seu efeito de Nightbound oferece uma bola de neve tão grande que comumente ganhará o jogo por conta própria.

Hoje, apesar dos resultados iniciais terem assustado a comunidade, os decks de Winota parecem estar sendo colocados em cheque pelos decks Control e por arquétipos mais voltados para remoções, e não demonstra os expressivos resultados que tínhamos visto na temporada de Midnight Hunt, o que pode ter algo a ver com o fato de os jogadores estarem interessados em testar o Humans, ou com uma adaptação do Metagame para lidar com o arquétipo.

Porém, sempre que novos e melhores humanos e enablers aparecerem no formato, mais poderoso o arquétipo se tornará e, eventualmente, poderá existir uma ocasião onde Winota, Joiner of Forces se torne forte demais para os padrões do Pioneer.

Lurrus of the Dream-Den

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A situação de Lurrus of the Dream-Den é bem diferente do proporcionado pelas mágicas de Delve ou por Winota, e o seu impacto no formato provavelmente só será sentido plenamente com o decorrer dos anos, de acordo com como cada vez mais cards poderosos de custo baixo forem inseridos no formato.

No caso de Lurrus, eu penso em situações parecidas com as que ocorrem no Modern, onde o card essencialmente padronizou como diversos arquétipos precisam ser construídos, pois não existem motivos para você jogar com cards de custo mais alto num jogo onde a eficiência de mana é um dos meios mais objetivos para a vitória (vide o que o Izzet Phoenix essencialmente faz), e ainda obter o bônus de ter uma oitava carta na mão que é uma verdadeira engine de card advantage se ficar em jogo é um ótimo motivo para descer a curva de mana.

O card hoje já é protagonista de uma parcela significativa de arquétipos: Rakdos Arcanist, Orzhov Auras, Azorius Ensoul, Boros Burn, Boros Heroic, e já define muito bem a maneira como alguns arquétipos são construídos, limitando o espaço de grandes Staples como Bonecrusher Giant em decks de Burn ou Kalitas, Traitor of Ghet nos Midranges.

E, de acordo com como forem sendo lançadas permanentes cada vez mais eficientes por um custo baixo, mais poderoso Lurrus of the Dream-Den se tornará, e poderá padronizar cada vez mais arquétipos no formato em torno das suas habilidades, especialmente se, em algum momento, tivermos efeitos em artefatos ou outras permanentes de custo baixo que possam ser abusadas com o felino, como algumas listas fazem com Soul-Guide Lantern.

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Thassa’s Oracle

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Alguns acreditam fielmente que Inverter of Truth pagou o preço pelos pecados de Thassa’s Oracle.

Então, vamos deixar claro: Thassa’s Oracle é uma carta de Magic quebrada, ela é o meio mais barato e mais eficiente de se ganhar o jogo já printado na história.

O card requer que você tenha uma condição muito simples para fechar a partida instantaneamente na forma de não ter cards no deck, e sendo um efeito de impacto imediato através de um ETB por duas manas não colabora muito para ela poder ser considerada “saudável”.

No Pioneer, vimos como Thassa’s Oracle foi amplamente utilizada no Dimir Inverter, mas também em arquétipos de Underworld Breach, que utilizavam Tome Scour para millar o próprio deck infinitas vezes e, em seguida, conjurar a criatura.

E o que previne Thassa’s Oracle de quebrar o Pioneer atualmente é meramente que nós não temos os meios para fazê-lo, porque, a partir do momento em que o formato receber a próxima combinação de cards capaz de exilar o próprio deck, a criatura será, novamente, considerada uma enorme ameaça para o formato e provavelmente protagonizará mais um arquétipo problemático no Metagame.

Falando em exilar decks, Grolnok, the Omnivore é outro card que aponta para uma direção onde o Self-Mill ocasionado por alguma mecânica ou habilidade pode adicionar ainda mais consistência em conjurar Thassa’s Oracle, apesar de acreditar que um three-card combo desta natureza não seria o suficiente, e que a melhor opção é apenas combinar a wincondition com um habilitador.

Portanto, creio que bastará a printagem de uma mecânica ou card que possa ser abusada para exilar o próprio deck rapidamente para levar Thassa’s Oracle diretamente para a lista de banidas do formato.

Indomitable Creativity

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O penúltimo card que mencionarei neste artigo é uma que já realizou enormes estragos no Historic, Indomitable Creativity.

Este feitiço faz parte de uma sequência de cards, como Transmogrify, que lhe permitem trocar um recurso por outro no seu deck, colocando-o direto no campo de batalha, e o formato possui diversos efeitos deste gênero, com o mais famoso provavelmente sendo Lukka, Coppercoat Outcast.

Então, por qual motivo estou nomeando apenas Indomitable Creativity?

Porque este card é o único que pode realizar este efeito com artefatos.

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Artefatos são permanentes mais difíceis de se interagir no Pioneer do que com criaturas, e existem diversos cards no formato que podem ser muito eficientes em criar tokens para o seu plano de jogo, como o já muito utilizado no Standard Unexpected Windfall e o recém-lançado Secrets of the Key, além de outras mágicas que saíram recentemente e criam tokens de Blood, e outras mais antigas que criam tokens de Clue, dentre outras.

O que impede Indomitable Creativity de ser uma carta quebrada no Pioneer é que, diferente do que vemos no Modern e no Historic, não existe um payoff bom o suficiente no formato:

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Serra’s Emissary essencialmente ganha o jogo contra qualquer partida contra decks agressivos e de criaturas que não interage com o oponente através de removals, e Archon of Cruelty é, como o próprio nome já indica, um Cruel Ultimatum na forma de uma criatura.

No Pioneer, nós temos uma completa ausência de criaturas com efeitos de ETB tão devastadores, e nem mesmo cards como Ulamog, The Ceaseless Hunger ou Emrakul, the Promised End servem para este propósito, pois a sua grande vantagem encontra-se no momento em que você conjura estas mágicas, e apesar de um 13/13 Flying e um 10/10 Indestrutível serem grandes ameaças, eles ainda abrem janelas de oportunidade para que os oponentes lidem com eles e o seu combo não possua o impacto esperado.

Porém, no momento em que a Wizards lançar a sua próxima criatura absurda (seja ela com um impacto imediato que altera todo o rumo do jogo através de um ETB, ou ter um efeito recorrente absolutamente quebrado), Indomitable Creativity torna-se um dos, se não o mais eficiente, meio de se colocar uma criatura gigante no campo de batalha ainda nos primeiros turnos, enquanto desvia da maioria das interações utilizadas contra criaturas através de tokens de Treasure, Clue, ou Blood.

Entretanto, caso este momento ocorra, suponho que será mais prático da Wizards banir a nova criatura do que Indomitable Creativity, já que seria possível ainda colocá-la no campo de batalha através de Transmogrify e Lukka, Coppercoat Outcast, mas nós conhecemos a tendência de cards antigos serem banidos, ao invés de cards novos, quando um arquétipo, em especial de combo, acaba por polarizar o Metagame

Fires of Invention

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Por fim, nós temos um card que se encontra nesta lista por, fundamentalmente, realizar um efeito parecido com o de outros cards que já foram banidos do formato: Trapacear os custos de mana.

Fires of Invention essencialmente permite aos jogadores não utilizar mana para conjurar suas mágicas, dando-lhes a oportunidade de melhor utilizar seus recursos para ativar habilidades de suas permanentes ou de cards em sua mão, criando uma expressiva vantagem a longo prazo no decorrer da partida, onde comumente decks Midrange e Control podem capitalizar em cima dos seus efeitos.

Hoje, o card não aparece em nenhum dos principais Tiers do formato, dado que o Lukka Fires não é tão forte no Pioneer como era no Standard, e decks como Enigmatic Fires apresentam, até o momento, um plano de jogo justo e bem elaborado com o encantamento.

Portanto, o que é necessário para que Fires of Invention quebre o formato? Honestamente, eu não tenho certeza.

Pode ser que o card precise de mais efeitos de habilidades ativadas poderosos, como o de The Scarab God, ou uma sequência de dois cards que elaborem uma posição de mesa difícil de se contornar e que ganhe a partida por conta própria, ou apenas algumas opções mais eficientes de mágicas proativas para se utilizar com o encantamento.

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E no final das contas, nós ainda estamos falando de um encantamento de quatro manas da qual a “trapaça” está atrelada ao número de terrenos que você controla, dificultando significativamente a possibilidade de jogar mágicas explosivas que ganham o jogo por conta própria, o que talvez continue a torná-lo justo perante o formato.

Porém, Fires of Invention trata-se de uma carta que trapaceia em mana, e praticamente dobra ou até triplica os recursos que o jogador possui quando a utiliza de maneira eficiente, e não me surpreenderia se, em algum futuro onde cards poderosos com custos menores e/ou habilidades ativadas impactantes surgirem, o encantamento se torne um problema para o formato.

Conclusão

Estes são oito cards que estão na minha Watch List no Pioneer, por acreditar que bastam determinadas adições surgirem no formato para torná-las absolutamente quebradas ou predominantes no Metagame.

É importante ressaltar, novamente, que isto não significa que eu acredito que estes cards devem ser banidos imediatamente, e também abro um sinal de que não devemos procurar banir cards antigos preventivamente apenas porque eles podem se tornar quebrados no futuro, especialmente em casos como o do exercício que procurei propor neste artigo.

No momento, acredito que o Pioneer está num estado relativamente diversificado, mesmo diante do alto número de representatividade do Izzet Phoenix, um arquétipo que parece estar ocupando um espaço próximo ao que os Delver Decks costumam ocupar em determinados formatos, apesar de que esta afirmação está sendo feita de maneira superficial, e demanda um tópico com uma análise mais profunda e um artigo próprio para debatermos a saúde do formato, algo que pretendo realizar daqui a algumas semanas, após o impacto de Crimson Vow se estabilizar no Metagame.

Até lá, vamos tentar aproveitar o formato com suas nuances e diferenças, e com todos os elementos que tornam do Pioneer uma experiência única e divertida.

Obrigado pela leitura!