Sobre o Commander
Uma forma bem interessante de apresentar Magic: The Gathering para pessoas que têm interesse por jogos de estratégia é afirmar que aqui você lida com uma gama de milhares de cartas lançadas ao curso de quase trinta anos, e que permitem que você monte a estratégia que você quiser. O jogo, de fato, conta com esse tipo de mecânica para a montagem de seus baralhos, mas não podemos negar que no mais alto padrão de jogo, algumas estratégias se mostram superiores às outras e marcam uma presença mais constante nos Tops de melhores colocações em torneios.
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Mas, para todo dínamo capaz de movimentar decks sozinhos, como Uro, Titan of Nature’s Wrath, existem dezenas de cards como Brimaz, King of Oreskos que, apesar de genial, não tem força o suficiente para se sustentar no cenário competitivo. Percebemos então que, apesar do Magic te dar dezenas de milhares de cards únicos para montar seus decks, utilizar a grande maioria deles em situações em que maior atrito e performance são exigidos é quase como conceder a vitória para o oponente.
É aí que damos uma olhadinha na mesa do lado e vemos a garotada se divertindo com o Commander EDH. Usando cards que não valem o papelão em que são impressos e extraindo performance deles como se os mesmos fossem Ferraris de papelão. Só então percebemos que o maior coeficiente de autenticidade no jogo, onde podemos realmente fazer a estratégia que queremos sem medo, é aquele formato.
Percebemos que Commander é liberdade.
Sobre o Deck: Livaan e Raised by Giants
Liberdade essa que cresceu na última expansão focada no formato, Commander Legends: Battle for Baldur’s Gate. Com a adição da habilidade, e subtipo novo de encantamento, “Background”, é possível customizar sua estratégia e as cores de seu baralho com a ajuda de um tipo de card com menos possibilidades de interação do que o de criatura, o que culminou na lista a seguir:
Selecionei dois cards que muito me apetecem quando estão juntos como comandantes. Livaan, Cultist of Tiamat e Raised by Giants. Meu plano com eles é gerar muito valor pela simbiose de ambas as cartas e causar situações em que apenas uma porrada do lagartão é responsável por uma vitória de dano de comandante, enquanto você gera situações bem agressivas e card advantage bruto na mesa.
Os Comandantes
Nos baseando apenas na ideia do Commander criatura convencional, podemos dizer que o deck de Livaan busca crescer o comandante, ou outra criatura, cada vez mais através da sua habilidade desencadeada, utilizando de mágicas com custo alto. Com o Background em campo, Livaan se torna um Dragão Xamã Gigante com poder e resistência bases 10/10.
Na confecção do baralho houveram, então, duas abordagens bem óbvias de como fazê-lo mecanicamente. Ou um Voltron, ou seja, um deck que agregue diferentes efeitos fortificantes na mesma criatura de modo que ela se torna um Megazord Indestrutível que Voa e atropela 40/40, ou um deck que usa mágicas de custo exagerado, criando uma board mais estável e diversificando suas ameaças.
Optei pela segunda, criando uma maior diversidade nas criaturas e em como elas escalonam, apesar de que é possível descarregar todos os aumentos de estatísticas em uma só delas, normalmente o comandante Livaan, e gerar um efeito próximo ao Voltron, conseguindo uma vitória rápida através de dano de comandante. Além disso, o deck foi dividido em alguns subtemas que conversam bem entre si e os comandantes Vamos conferir um por um:
Geradores de Mana
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Graças a Raised by Giants temos acesso à cobiçada mana verde, capaz dos Ramps mais pontuais e eficazes do Magic. Sejam na forma de mágicas ou de artefatos que geram mana, o nosso plano é gerar uma boa quantidade de recursos, facilitando o uso de nossas mágicas mais custosas.
Dentre as pedras de mana, temos destaque para a Jade Orb of Dragonkind, que está aqui para proteger e crescer nossos dragões, mas também serve para o Ramp.
Já entre as mágicas que nos permitem buscar terrenos, temos exemplares que nos permitem buscar terrenos pelo tipo, e não só terrenos básicos, como Nature’s Lore, por exemplo. Assim, cards como Stomping Ground e Cinder Glade estão no baralho, para nos ajudar a buscar uma dual sempre que precisarmos.
Gigantes
A minha ideia inicial era a de coexistir Dragões e Gigantes no mesmo deck, mas após avaliações e estudo, percebi que o suporte pra turma dos grandalhões não é bem trabalhado em um geral. Apenas Kaldheim e Lorwyn fizeram adições consistentes para a tribo, fazendo com que as criaturas desse tipo conversem entre si de maneira melhor.
Uma vez que, com o Background em campo, nosso comandante será um Gigante 10/10, Calamity Bearer te proporcionará o mínimo de 20 de dano de comandante em uma porradinha bem dada só, que pode se tornar 21 com a conjuração de qualquer mágica que não seja de criatura.
Ondu Giant está no deck por ser um ramp que também é um gigante, te ajudando a conjurar um Squash por um baixo custo em um momento de sufoco, como uma espécie de plano Z, caso as estrelas se alinhem. E Foriysian Totem se torna um gigante conforme sua necessidade, também.
Quero destacar a interação entre Calamity Bearer e Crush Underfoot, uma vez que a Crush Underfoot é uma mágica tribal do tipo Gigante, ela recebe todo o valor do Calamity Bearer.
Dragões
A outra tribo principal do deck é a mais bem estruturada, os Dragões. Aqui temos minha carta favorita de todo o jogo de Magic, Atarka, World Render, provedora de golpes duplos para seus escamosos e capaz de gerar um valor exagerado com sua habilidade de atropelar e outras criaturas que a possuem. Atarka Monument não só é uma homenagem a dragonesa na forma de um artefato que se torna um dragão, como também é uma pedra de mana, te ajudando a rampar.
A agressão continua com Thrakkus the Butcher, que dobra o poder de criaturas da tribo quando estão atacando e Skanos Dragonheart, que ganha ataque se baseando em seu dragão mais forte presente. Wrathful Red Dragon é perfeito para fazer com que quando seus dragões lutem ou são alvos de removal, convertam o dano sofrido em castigo ao oponente.
E, por fim, Dragon’s Fire e Draconic Roar transformam seus dragões na mão ou campo em amplificadores para o dano de remoções, enquanto Draconic Muralists é um ótimo tutor para qualquer um dos seus jacarés voadores.
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Agressividade
Como deixamos claro, esse é um deck aggro. Muitos dos nossos cards aumentam o poder de criaturas, mesmo sem a presença de Livaan em campo, como por exemplo, Unnatural Growth, que dobra o poder de suas criaturas, algo que somado ao Thrakkus the Butcher e Atarka, World Render pode trazer sérios problemas ao oponente.
Temos vários meios de dar esse desejado poder de Atropelar para nossas criaturas. Nylea, God of the Hunt é a mais estável, uma vez que é indestrutível. Mas também temos em outras cores e sabores, como o lado lobisomem de Arlinn Kord, que em seu +1 aumenta o poder e resistência de suas criaturas, além de permitir com que elas passem o carro por cima dos monstrinhos do oponente.
O deck conta também com outros tipos de evasão, como Gruul War Chant, que confere a suas criaturas a habilidade Menace e Kediss, Emberclaw Familiar, que te permite escolher o oponente mais fácil de acertar um golpe e reproduz o mesmo resultado nos outros oponentes.Mage Slayer também causa dano igual ao poder da criatura equipada ao jogador defensor, produzindo resultados que vão desde dar dano mesmo sendo bloqueado a até o dobro do dano.
Qualquer um desses efeitos sozinho é poderoso e pode ser um verdadeiro divisor de águas para seu jogo, mas quando somados se tornam uma vitória sem muito esforço. Pessoalmente eu gosto muito de Overwhelming Stampede, que transforma nossas criaturas em uma manada cheia de ódio e poder bruto.
E, dentre elas, a minha favorita para agressão é a Harmonic Prodigy que desencadeia a habilidade de Livaan, Cultist of Tiamat uma vez adicional, causando um aumento de dano muito agradável.
Mágicas com custo X
Uma vez que Livaan, Cultist of Tiamat cresce e faz crescer de acordo com o custo das mágicas conjuradas, temos em mágicas com custo X uma forma inteligente de aumentar o poder de nossas criaturas exatamente o quanto precisamos para eliminar nossos oponentes ou conseguir neutralizar uma ameaça. Um bom exemplo para isso é Starstorm, que consegue limpar criaturas menores do campo do oponente, facilmente, enquanto cresce Livaan.
Um destaque mais do que especial vai para Electrodominance e Finale of Promise, ambos cards que permitem a você conjurar outros em seguida, fazendo com que você posa aumentar ainda mais o poder de suas criaturas através de Livaan.
Em busca do maior poder
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Temos nesse deck diversas cartas com o seguinte texto ou similar: “sendo X o maior poder entre as criaturas que você controla.”. O resultado das habilidades com esse X, varia de mágica para mágica. Quando lembramos que é esperado que Livaan seja um 10/10 com seu background em campo, esse X é visado para ser minimamente 10, podendo escalonar com mágicas que não sejam de criatura.
Pathbreaker Ibex, card mais caro dessa lista, dá a todas as criaturas +X/+X e atropelar, com esse X refletindo o maior poder dentre as criaturas que controlamos. Uma vez que o Ibex é 3/3 por natureza, quando sozinho em campo e atacando, ele se torna um 6/6 que atropela. Porém, se o bode está apenas com o Livaan e o Background em campo, sem nenhuma outra artimanha, teríamos um X para 10, ou seja um 20/20 e um 13/13 com atropelar na mesa. Efeito similar ao do Ibex é o de Overwhelming Stampede.
Um efeito bem legal nessa linha que podemos seguir é o de cards como Return of the Wildspeaker, Garruk, Primal Hunter e Rishkar’s Expertise, que compram muitos cards e lotam sua mão. Para nossa sorte, temos alguns efeitos, como o de Venser’s Journal e Reliquary Tower para superar o limite de sete cards na mão que normalmente teríamos.
E o melhor disso é que, mesmo com Livaan no campo, o X poderá facilmente ser maior do que 10. Vamos supor que Fungal Sprouting é conjurada com ambos os comandantes em campo. A habilidade de Livaan gerará um gatilho, que o dará +4/+0 antes da resolução do feitiço, assim gerando catorze tokens ao invés de apenas dez. O mesmo vale para os outros feitiços e mágicas instantâneas, que funcionam de forma similar.
O melhor jeito de usar os cards dessa categoria que não se importam com combate seria na Main Phase 2, quando agregados a outros efeitos como Unnatural Growth e Pathbreaker Ibex, causando uma bola de neve que vai se aproveitar de uma variável bem maior, produzindo mais valor para suas mágicas.
Finalizando
Construir esse deck foi fácil na ideia, mas difícil em quais peças específicas seriam usadas. Por muitas horas eu só queria abrir uma lista aleatória de dragões e socar catorze Zodiac Dragon para fechar o deck e torcer para ninguém perceber.
Ainda assim, é uma mudança divertida sair de montar apenas decks Tempo lentos na cor Temur para decks Gruul mais agressivos, que podem terminar a partida em instantes. Essa foi uma build que eu me apeguei bastante e, no fim, tenho muito carinho por ela, como se fosse um dos meus filhos URG.
O combo de Livaan, Cultist of Tiamat e Raised by Giants é voraz, e vai lhe trazer muitas vitórias inesperadas só por que você calculou em cima da hora que podia sim vencer seu oponente, e eu recomendo bastante.
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