Draft Guerra da Centelha: Introdução e Fundamentos

Saudações galera,

Hoje vamos falar sobre Guerra da Centelha. A polêmica edição lançada em Abril de 2019 está voltando ao formato Limitado no Arena, pela primeira vez em Draft Premium - com outros jogadores! O evento estará disponível de 12 a 26 de Março, pelo custo habitual (10.000 moedas ou 1500 gemas). Pessoalmente eu considero Guerra um dos formatos mais divertidos que já joguei, e nosso intuito aqui hoje é apresentar alguns fundamentos para você que vai jogar pela primeira vez.

Arregimentar

Uma mecânica que representa a horda de Eternos sob o controle de Nicol Bolas, vem sempre acompanhada de um número, e funciona assim: se você já tem um Exército quando arregimenta, esse Exército cresce, caso não tenha, você ganha um. Do jeito que a edição foi desenhada, é impossível controlar mais de um Exército durante uma partida de Draft.

Uma consideração é que em geral uma criatura tem mais valor na mesa do que marcadores em uma criatura que já está lá, então pode ser interessante tentar trocar essa criatura, ou sacrificar por um benefício, antes de usar Arregimentar de novo - fazendo assim uma nova ficha.

Arregimentar está nas cores azul, vermelho e preto. Os cards são muito melhores do que podem parecer à primeira vista, dado o contexto da edição. As únicas exceções que não empolgam são os cards que Arregimentam e não fazem mais nada: Invade The City, Relentless Advance.

Proliferar

Uma mecânica que apareceu pela primeira vez em Scars of Mirrodin representando o contágio Phyrexiano (espalhando poison e -1/-1), desta vez retorna com um tema de crescimento, funcionando tanto com as suas criaturas que tenham marcadores +1/+1 naturalmente ou suas fichas de Exército, quanto aumentando a lealdade de Planeswalkers e permitindo ativá-los mais uma vez.

Proliferar está nas cores branco, verde e azul. Efeitos que proliferam repetidamente são absurdos caso você tenha as sinergias no deck, fique de olho.

Planeswalkers

Guerra da Centelha foi a primeira vez em que a Wizards desenvolveu uma edição a partir de um evento específico, nesse caso, o confronto final dos Planeswalkers que conhecíamos, Sentinelas e outros, contra Nicol Bolas em Ravnica. Existem 36 cards diferentes de Planeswalker na edição, 20 deles incomuns, e em todo booster é garantido que venha um.

Para complicar as coisas, essa foi a primeira vez em que tivemos PWs com habilidades estáticas - a famosa “passiva”. Quem nunca tentou comprar cards quando seu oponente tinha uma Narset em jogo e ao invés dos cards só viu aquele brilho vermelho te lembrando o quanto você vacilou?

Se você joga um PW que ativa uma vez e seu oponente já tem resposta imediata sem ter que sacrificar nada - ou seja, controle da mesa - você pagou caro por um pequeno efeito e alguns pontos de vida. A real vantagem é quando você faz um PW protegido e consegue ativar duas vezes, ou até proliferar para ativar uma terceira.

Ok, se existe um planeswalker em cada booster, todo mundo vai jogar com eles. Se devemos proteger os nossos e ameaçar os adversários, o que precisamos? Controle da mesa. Presença na mesa. Se existem no formato planeswalkers que custam três mana, não podemos passar o turno 2 sem fazer uma criatura, ou no mínimo remover a criatura do oponente.

Quem acompanha meu canal sabe que vivo falando que os drops de 2 mana são as cartas mais importantes em qualquer formato, e isso nunca foi mais verdadeiro do que em Guerra. Os drops de 2 ruins são uma necessidade que você ainda vai colocar no seu deck de vez em quando porque não tem opções melhores. Os drops de 2 bons são cartas premium e estão entre os picks mais altos do formato. Está na dúvida entre duas cartas de power level similar durante o draft? Pegue a mais barata.

Os jogos em Guerra muitas vezes degringolam em “bola de neve”, quando o jogador que está na frente consegue pressionar sua vantagem cada vez mais até enterrar de vez o oponente. Pode ser uma experiência frustrante, especialmente no formato "melhor de 1" do Arena quando você perde a moeda. Para minimizar a ocorrência disso, não se esqueça: priorize as cartas baratas e que afetam a mesa.

Apesar do formato ser repleto de bombas raras insanas, é totalmente possível se dar bem com uma pilha de comuns e incomuns, com uma boa curva, interação e um plano consistente.

E ainda assim vamos perder pra bombas, mas sempre pense: eu podia ter feito algo diferente pra jogar ao redor disso? Num formato complexo como Guerra, muitas vezes a resposta é sim. E se você não encontrar essa resposta: bola pra frente, próximo jogo.

Vamos direto ao ponto: Azul, Vermelho e Preto (as cores do Nicol Bolas, seria coincidência?) são de longe melhores que Verde, que por sua vez é muito melhor que Branco. Na época do Draft com bots costumava-se dizer que se você não está draftando algum dos decks em Grixis (Izzet, Rakdos ou Dimir - não façam decks de três cores!) algo está errado.

Acredito que essa ideia continua verdadeira mesmo draftando com outros players; eu precisaria começar o Draft com uma bomba muito insana pra me interessar em jogar de Branco neste formato, os cards em geral são bem medíocres e mal posicionados. Verde é mais plausível caso as três cores principais estejam todas cortadas, mas ainda assim não empolga muito a não ser que esteja muito aberto.

Rakdos Sacrifice

Se você jogou Standard ou Histórico no último ano já deve conhecer nosso querido CAPETA DA BICICLETINHA, e aqui é onde o encontramos em seu habitat natural.

Além das remoções premium Ob Nixilis’s Cruelty e Jaya’s Greeting que jogam em qualquer lugar, o Rakdos se aproveita bem das que exigem um sacrifício como custo devido à mecânica Arregimentar - como destacamos antes, cria um token, usa pra alguma coisa, cria outro, assim por diante.

Izzet Spells

Geralmente a combinação Izzet se importa com Instantâneas e Feitiços no Limitado; dessas vez temos um twist que é "mágica que não seja de criatura", ou seja, recebemos os triggers de planeswalkers ou até mesmo artefatos.

As cores são bem agressivas, geralmente o plano consiste em colocar criaturas baratas que cresçam na mesa - como Burning Prophet ou Spellgorger Weird - e se aproveitar de interações eficientes, deixando o oponente cada vez mais para trás até chegar à vitória.

Dimir "Valor"

Dimir por outro lado não é tão agressivo quanto Rakdos e Izzet, tendo um plano de jogo mais focado em extrair valor do que tempo; e chegar ao late game com vantagem de cartas. Atenção: isso não quer dizer que você possa simplesmente ignorar o começo da sua curva, o que falamos de buscar o controle da mesa ainda se aplica aqui.

Aid the Fallen + Spellkeeper Weird é uma interação que permite reutilizar “infinitamente” qualquer Planeswalker e garantir a vitória inevitável. Se preocupe mais em não perder o jogo logo no começo.

Golgari Splashes

Se você gosta de jogar com decks multicoloridos em Kaldheim e acha que vai fazer o mesmo em Guerra da Centelha, uma má notícia pra você: o “mana fixing” disponível no formato é péssimo. Um deck Golgari que aproveita de Prowler e Deathsprout pra incluir no deck todas as bombas poderosas que vê no Draft pode ser uma estratégia viável mas acho que dificilmente será tão consistente quanto um dos decks Tier 1 do formato.

De toda forma é uma opção interessante como “estratégia de saída” caso você comece no Preto mas não veja cartas azuis ou vermelhas enquanto o Verde está aberto.

E fica o lembrete: esqueça splash em outros arquétipos. O que mais importa é controle da mesa a partir do turno 2, e diminuir a consistência do seu deck em busca de um pequeno ganho de power level vai totalmente contra esse objetivo.

Selesnya Proliferate

Por fim, o arquétipo que melhor usa a mecânica Proliferar, especialmente por conta de uma incomum específica que é Pledge of Unity. Dica: com um Pledge na sua mão, aperte Shift + Control no Arena (para segurar prioridade, ou coloque uma pausa na etapa apropriada) e jogue um card com Proliferar. Com o efeito na pilha, você responde usando Pledge, o que resulta em DOIS marcadores +1/+1 em todo seu time.

Toda a força do arquétipo se baseia nesse potencial explosivo da mecânica. Muita atenção ao equilibrar a quantidade de cada elemento que você precisa - as criaturas, os marcadores, o Proliferar.

Assim como Golgari, acredito que Selesnya esteja atrás do Tier 1 mas também é uma opção de saída pro Draft.

Tier 3

E os outros arquétipos? A verdade é que não há muito incentivo em outros decks, a não ser que você identifique que algo esteja extremamente aberto na sua mesa.

Azorius: Time Wipe é a carta mais egrégia da edição, mas as cores não se complementam - Branco tenta ser agressivo e Azul não suporta bem isso.

Simic: a combinação sofre por ser "muito midrange" num formato em que é importante jogar rápido. Pode acontecer às vezes mas não acho que veremos com frequência.

Gruul: sofre de um problema similar a Simic. Jogando de verde, ou você quer explodir muito rápido ou rampar bombas, e Gruul fica perdido no meio do caminho.

Boros: Feather pode ser uma carta super divertida pra se montar um deck ao redor, mas os cards em geral são fracos demais.

Orzhov: Boros, só que pior. Triste!

Não que seja impossível montar um deck nessas cores e se dar bem, mas sem dúvidas ir pro caminho do Dimir, Izzet ou Rakdos é uma estratégia muito mais segura nesse formato.

Nunca se esqueça que você está jogando Magic pra se divertir, então explore e jogue com as cartas que gosta. Morre de saudades do Teferi, Time Raveler e abriu um no primeiro pack? Vai na fé, meu anjo!

Isso conclui nossa breve introdução. Se vocês tiverem questões sobre o formato ou sugestões de temas para abordar nos próximos artigos, por favor não hesitem em deixar nos comentários ou me procurar nas redes sociais:

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ou pensamentos sobre Magic e a vida no Twitter.

Por fim, um ótimo recurso que indico para se inspirar nos seus Drafts é a página de Troféus Recentes no site 17lands.

Alguns exemplos de decks Tier 1 no formato:

Muito grato pela atenção, até a próxima!