Após uma semana de banimento da Lurrus of the Dream-Den, já é possível ver o impacto que a ausência da carta provocou. Pudemos ver Deaths's Shadows se adaptando com cartas clássicas como Gurmag Angler e totalmente novas como Kaito Shizuki, outros companions ganhando mais destaque, como Jegantha, the Wellspring e até Obosh, the Preypiercer, dentre diversos rumos diferentes para o formato.
Mas muita gente se questionou se os baralhos de Lurrus ficaram injogáveis sem a Gata, e vamos tentar responder essa questão enquanto analisamos um dos meus decks favoritos no Modern: o Hardened Scales! No final de semana antes do banimento, 3 jogadores conseguiram uma posição de top 8 em dois Challenges, portanto, acho o exemplo perfeito para vermos se o deck ainda funciona mesmo sem sua companheira.
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Decklist: Hardened Scales by Zar0s
Análise: Peças Chaves
É claro, o deck inteiro gira em torno da carta Hardened Scales — o encantamento de apenas uma mana faz com que qualquer interação com marcadores +1/+1 fiquem extremamente mais fortes, criando praticamente o dobro de poder e funções.
Seu efeito é acumulativo e faz com que todas as jogadas do baralho ganhem uma função explosiva, é perfeitamente comum o jogador de Scales fazer uma sequência de jogadas de impacto mediano, e após conjurar o encantamento, te dar letal "do nada", tamanho poder extra que a carta proporciona ao deck.
Para isso, temos cartas feitas para passagem de marcadores e cartas feitas para utilizar esses marcadores (mas nada no deck é tão preto no branco, a função das cartas podem mesclar a toda hora).
Quando pensamos em passagem de marcadores, a habilidade modular é a primeira que vem a nossa cabeça, e sim, pode se dizer que é a principal do deck, portanto, a carta de Modern Horizons II, Zabaz, the Glimmerwasp encaixou como uma luva! Graças à sua habilidade estática, o modular fica ainda mais forte, dando marcadores adicionais e aumentando ainda mais a conta de poder do deck. Além disso, o próprio Zabaz possui modular e também duas habilidades perfeitamente úteis, que servem para que você ative o modular de outras criaturas ou para fazer que o inseto seja um finalizador do jogo, batendo com evasão.
Mas quando se fala em modular, o clássico Arcbound Ravager segue como a carta mais impactante com tal habilidade, por estar aliada a uma mecânica de sacrifício sem custo de mana que ainda cresce a si próprio com marcadores, o que faz que seja perfeito para escalar marcadores e passar para a sua melhor criatura, ou simplesmente para bater letal com um dano colossal. Sem falar que é extremamente difícil interagir com a mesa quando o Ravager está em campo, já que ele é o melhor "sac outlet" possível para o baralho.
Já uma carta mais nova, mas que causou uma grande melhora ao baralho, é o The Ozolith — graças ao artefato de Ikoria, o Scales ganha um lategame mais concreto, sem perder sua função explosiva. Com o Ozolith na mesa, todos os marcadores de criaturas que saem do campo não são perdidos, o que faz qualquer beater que entre após uma mesa resolvida entrar com muita força.
Outro ponto importante sobre The Ozolith é que a habilidade funciona em conjunto com modular (por mais contraintuitivo que isso seja), portanto o artefato lendário também possibilita jogadas mais agressivas para conseguir uma quantidade maior de marcadores.
Agora, nada mais justo que demonstrar o que fazer com tantos marcadores +1/+1 (além de ter criaturas enormes, claro).
Walking Ballista é uma carta praticamente única em Magic, seu efeito aliado a seu baixo custo cria uma gama de estratégias a ser exploradas — no caso do Scales é simples, o plano é fazer ela com um marcador (às vezes até com dois) e aumentar com todos os nossos efeitos de modular e transferências de marcadores para ela. Simples, mas extremamente efetivo, já que uma Ballista com diversos marcadores é uma das criaturas mais complexas de se interagir no Modern. Quanto mais marcadores uma Ballista tem, mais ela consegue interagir com a pilha e com a board oponente, além de que é uma das melhores criaturas para fechar um jogo, ignorando o combate e partindo para dano direto. Com toda a certeza, é uma das criaturas mais perigosas do deck.
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Hangarback Walker, por outro lado, não tem o fator de acabar com o jogo assim que entra, diferente da sua "parente" Ballista, mas ainda sim possui uma série de vantagens — uma delas é seu custo baixo de ganhar marcadores, que pode fazer com que todo turno ele cresça um pouco (ou mais que um pouco, dependendo de quantos Hardened Scales estiverem na mesa).
Outro ponto é que o Walker é uma ótima criatura para ser sacrificada, já que isso cria uma quantidade bem relevante de tokens de Tóptero, úteis para bater com evasão, bloquear inimigos voadores ou até para serem mais sacrifícios para o Arcbound Ravager numa possível conta de letal.
Esper Sentinel é uma carta que não exatamente utiliza os marcadores, mas tem uma habilidade estática que fica melhor quanto mais poder o soldado tiver, assim, sendo um ótimo alvo para suas habilidades de modular, garantindo mais cartas por turno para manter o gás do baralho durante o jogo.
Análise: Patchwork Automaton
E aqui temos a adição mais recente do deck!
Patchwork Automaton é uma carta simples de Kamigawa: Neon Dynasty, mas isso não quer dizer que ela seja fraca. Patchwork é um dos beaters do baralho, sua função é apenas crescer para causar pressão no oponente. A diferença aqui é que já faz isso por osmose, já que sua habilidade faz com que o nosso constructo ganhe marcadores a cada artefato conjurado (o que nesse baralho acontece bastante, convenhamos), então ele vai crescer por osmose enquanto você sequencia outras cartas que também farão pressão.
Outro ponto importante é a sua resiliência, ward 2 é uma habilidade ótima para um beater, que vai dificultar a interação do oponente enquanto causa pressão constante, além de que faz com que você se prepare melhor para a remoção, colocando um Welding Jar ou até mesmo um The Ozolith.
Análise: Terrenos
Com o passar do tempo, os terrenos ficaram cada vez mais importantes em um jogo de Magic, apenas gerar mana é coisa do passado e com o Scales não seria diferente, portanto esse espaço aqui é para citar os destaques na base de mana do deck.
Começando por Kamigawa, o ciclo de terrenos com channel são quase que uma unanimidade em baralhos hoje em dia (o suficiente para decks baseados em Blood Moon optarem pelo Magus of the Moon para escapar de Boseiju), para o Scales, ambos os terrenos das cores são bem vindos, Eiganjo, Seat of the Empire pode vir a ser uma remoção interessante, principalmente se contarmos o fato de que Zabaz, the Glimmerwasp pode reduzir o custo do channel (o que também é verdade para Boseiju), assim, possibilitando uma disrupção de mesa sem afetar os slots do deck.
Boseiju, Who Endures tem as mesmas vantagens e propriedades de Eiganjo, porém acaba tendo mais impacto, pois diversas das cartas que realmente dificultam a vida do Scales são encantamentos. Rest in Peace, Stony Silence e diversas outras permanentes do tipo podem atrapalhar muito a vida de um jogador de Modular, então uma remoção dessas no maindeck, sem perder nenhum slot é realmente importante.
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E obviamente um baralho de artefatos usaria Urza's Saga. A carta de Modern Horizons 2 está presente no meta em diversas ocasiões desde seu lançamento, por sua vantagem recursiva enorme que gera bastante valor sozinha e sem poder ser anulada. Mas a grande vantagem que o Scales possui é semelhante ao que o Hammer Time: estamos falando de um baralho que usa a Saga melhor que a maioria dos outros decks. Assim como o deck do martelo, a Urza's Saga proporciona tokens maiores mais fácil e principalmente, tem melhores alvos para tutores, já que enquanto um Jund Sagavan tutora um Shadowspear ou até uma Mishra's Bauble, o Scales pode pegar um Zabaz, the Glimmerwasp ou The Ozolith e fechar o jogo em seguida.
Mas é impossível falar dos terrenos do Scales sem citar Inkmoth Nexus, uma das maiores fontes de letal do deck. O terreno que pode virar uma criatura artefato é extremamente importante por conta das duas habilidades que possui quando é "animado": Voar e Infectar. Assim, muitas vezes com um The Ozolith ou Arcbound Ravager na mesa são o suficiente para matar o oponente com uma pancada só.
Análise: Lurrus
"Ok, mas esse baralho utiliza Lurrus no side, agora que foi banido, o deck ainda é forte?"
Essa é uma resposta que inclusive foi respondida nessa semana mesmo, mas antes de demonstrar, vamos pensar um pouco. Lurrus of the Dream-Den era uma carta bem utilizada no Modern por dar mais gás a decks de curva baixa, o que aumentava muito a vantagem do deck em partidas arrastadas.
Obviamente nenhum deck que utilizava a Gata ficou feliz em perdê-la, mas após a análise do Scales, é possível ver que o baralho ainda possui diversas fontes de card advantage e resiliência como Esper Sentinel, The Ozolith e a própria Urza's Saga. Portanto, acho correto afirmar que o deck ainda desempenha bem o suficiente para jogar competitivamente.
Alternativas para o Scales
E para concluir o ponto do baralho permanecer com um bom desempenho, é que durante essa semana, ainda foi possível ver listas de Scales fazendo o aclamado 5-0 em ligas do formato, tanto versões idênticas a essa, apenas sem a companheira, quanto algumas versões mais ousadas, como essa versão Grull que utiliza Crystalline Giant:
Outro ponto importante é exatamente esse, agora que não existe a restrição de curva, uma nova gama de cartas pode se abrir ao Scales novamente, Crystalline Giant é algo que eu acho ousado e interessante por funcionar muito bem com The Ozolith, mas não é a única carta a se pensar.
Uma que eu gosto bastante, por exemplo, é Scrapyard Recombiner, que além de também possuir modular, é perfeito para buscar cartas importantes do deck, como a Walking Ballista, além de ser mais uma função de sacrifício interessante para o deck.
Conclusão
Mesmo após a saída de Lurrus, muitos decks que a utilizavam seguem com uma grande força e consistência, e Hardened Scales com toda a certeza é um deles — o baralho ainda conta com diversas cartas poderosas que encaixam muito bem juntas, portanto segue uma aposta interessante dado a mudança no meta que estamos passando agora.
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E com isso me despeço, até a próxima!
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