Como todos sabem em 21 de janeiro de 2019 a Wizzards baniu o KCI (Krark-Clan Ironworks) do modern gerando uma profunda mudança no formato.
Antes do ban, o deck vinha ganhando mais e mais popularidade graças aos excelentes resultados alcançados por diversos profissionais com maior destaque para Matt Nass. Matt conseguiu alcançar números surreais com o KCI, como uma winrate de 80%! (Detalhe, o cara fez 3 top8 seguidos ganhando 2 deles com esse deck).
Ad
Mas na verdade ninguém mais tinha uma winrate tão elevada, pois o deck era extremamente difícil de se jogar com, porém, ainda assim não era preciso ser nenhum piloto formidável para ter uma winrate acima de 50% uma vez que em diversas situações o deck “ganhava sozinho”, era apenas necessário que o jogador tivesse memorizado o passo a passo do combo e fim de jogo.
Assim como o deck era extremamente difícil de jogar com também era extremamente difícil de jogar contra, o oponente sempre ficava com um pé atrás de quando que o KCI iria iniciar o combo, sempre ficava a dúvida em qual criatura deveria dar a remoção, em qual situação responder a o quê, quando quebrar relic of progenitus ou quando usar o surgical extraction, o que tirar com o descarte, ... , enfim, as dúvidas eram diversas e inevitavelmente o jogador do KCI se beneficiava desta situação.
O deck conseguia combar tranquilamente no turno 4, com alguma sorte no turno 3 (com uma mox opal ou com uma mind stone no turno 2) ou até com bastante sorte no turno 2 (com duas mox opal) e ainda assim caso o combo não viesse no início do jogo o deck tinha um bom late game com muito card draw, recursão e remoção na forma de explosivos fabricados. A interação do explosivos com o Scrap Trawler era fortíssima pois na situação em que tem-se os dois em campo sendo o explosivos para 1 ou 2 e adicionalmente algum egg (chromatic star, terrarion ou ichor wellspring), ao estourar o explosivo este iria destruir as permanentes desejadas do board do oponente além de garantir 1 draw vindo do egg e por fim teria o trigger do Scrap Trawler pelo egg destruído possibilitando o retorno do explosivo para a mão para usar de novo, e de novo e de novo, .... Decks de criatura como o humanos tinham grande dificuldade caso no sideboard não viessem com cartas como Gaddock Teeg para segurar o explosivos e mesmo assim nem sempre este era suficiente devido às cartas que o jogador do KCI trazia do side como Bolt. Era sempre preciso conciliar interação (nesse caso com o Gaddock Teeg, Meddling Mage, Thalia e Freebooter) com pressão para conseguir vencer o KCI, caso não houvesse uma combinação de ambos o deck eventualmente superaria as interações ou poderia simplesmente ser mais rápido do que o oponente.
À medida que o baralho começou a fazer bons resultados e o meta começou a mudar em direção a esta match, ou seja, os decks que possuíam maior conciliação entre pressão e interação se mantiveram no topo do formato enquanto os demais foram perdendo espaço, esta tendência também acabou gerando alterações no KCI, sendo a mais significativa a adição de 1 Sai, Master Thopterist nas 60 iniciais e mais 2 no side. Sai era uma carta que trazia enorme resiliência para o deck pois criava inúmeros bloqueadores com voar e ainda era uma fonte de draw caso necessário, Sai era uma gigantesca fonte de card advantage que eventualmente acabava sufocando o oponente em recursos. Desvirar suas permanentes com um Sai em campo era quase sinônimo de vitória.
Ad
Aos poucos o formato foi se moldando e chegando a uma situação em que se o deck não conseguia vencer do KCI então ele não era uma boa opção. Decks como Jund, Titanshift, G Tron, Eldrazi Tron tinham partidas muito difíceis e aos poucos passavam a ter menos representatividade no cenário competitivo enquanto decks como Espíritos, o novato Izzet Fênix, Hardened Scales (em substituição do Affinity tradicional) e até mesmo alguns Infect eram mais jogados devido à boa partida contra o deck. Até baralhos bons em interagir e gerar pressão como o Grixis Death’s Shadow não tinham uma partida tão fácil contra o KCI uma vez que este usava 4 Grove of the Burnwillows o que dificultava em muito a perda de vida e consequentemente reduzia a pressão.
Essa situação em que um deck se torna o centro das atenções não é e nunca foi do agrado da Wizzards então o ban era um tanto quanto previsível. Sempre que algum deck se destaca demais e o formato começa a ser moldado para vencer aquela partida em específico a Wizzards desce o martelo do ban para acabar com a “palhaçada” e manter o formato o mais diversificado possível. Isso já aconteceu diversas vezes anteriormente, exemplos recentes são o Dredge e o Splinter Twin.
Além disso, o KCI era um deck que exigia um conhecimento muito específico das regras e não era atrativo para novos jogadores que muitas vezes ficavam confusos e cometiam os maiores erros na partida. Como o Magic precisa de novos jogadores a todo o momento para se manter crescendo ter um deck como este no (quiçá) melhor formato não é uma boa estratégia.
E agora?
E agora com o ban, o que fazer? Se eu jogava de KCI qual deck devo usar e se eu jogava com outro deck, devo manter ou devo mudar já que o meta vai se ajustar? Desde o ban do KCI só tivemos um GP modern e por isso nossa avaliação do meta ainda não é conclusiva, muita coisa ainda pode acontecer. O Top8 do modern GP LA no início de março/2019 foi: Titanshift, Izzet Fênix x2, Dredge x2, Hardened Scales x2 e Grixis Death’s Shadow.
Teoricamente os decks mais bem posicionados no meta após o ban do KCI são o Dredge e Izzet Fênix, campeão do último GP modern, também muito bem posicionados porém um degrau abaixo estão Grixis Death’s Shadow e Amulet Titan.
Outro deck que está sendo muito pouco comentado e que eu gostaria de ver mais testes é o Affinity Frenzy. Na era KCI o Affinity tradicional foi praticamente empurrado para fora do formato dando espaço para a versão do Affinity Hardened Scales, agora com o fim do KCI seria possível o retorno do Affinity tradicional, ou melhor, do Affinity Frenzy. O Affinity sempre foi considerado o deck de melhor game1 do formato, o problema começava no sideboard forte principalmente caso o oponente tivesse Stony Silence. A adição de Experimental Frenzy no Affinity traz uma maior consistência para o deck no late game uma vez que com esta carta o jogador de Affinity consegue comprar diversas por turno devido à alta quantidade de cartas custo 0 e de geradores de mana (mox opal e tambor das folhas vernais), conseguindo assim mitigar uma situação em desvantagem ou se colocar ainda mais a frente em situações de vantagem.
Ad
Outros decks como Burn (com recentes cartas novas), Jund e Tron são sempre escolhas seguras para um formato ainda em definição, sempre se espera encontrar pelo menos 1 desses em grandes campeonatos e podem beliscar algum Top8.
Particularmente o ban do KCI me deixou um pouco sem norte, era um baralho que vinha me dedicando bastante nos últimos meses e era completamente apaixonado pelas suas interações, após um bom tempo sem saber com o que jogar me deparei com o Amulet Titan e desde então é o único baralho que eu jogo. É um baralho muito forte que sai de situações aparentemente perdidas e que um descuido do oponente pode ser o suficiente para levar um Titan 8/6 com ímpeto, vigilância, atropelar e golpe duplo na volta, praticamente fim de jogo. O baralho possui algumas silver bullets únicas no side como Vespa Rainha e Ruric Thar que muitas vezes ganham o jogo na hora em que são jogados. Entretanto o deck possui um grande problema, é provavelmente o deck mais difícil de jogar no modern, e quando digo difícil, é difícil de verdade, é preciso pensar as jogadas desde o turno 1, qual terreno jogar e em qual ordem é de enorme importância para o deck e pode fazer toda a diferença entre vencer ou perder, então certamente não é um deck que eu indicaria para uma pessoa que não gosta de jogar com um deck só (é preciso muito treino) ou que não está a fim de ficar fazendo inúmeras contas o jogo inteiro.
Para os saudosos do KCI as notícias não são tão ruins, recentemente Piotr Glogowski, também conhecido como Kanister, vem testando um deck de artefato à semelhança do KCI utilizando Bigorna da Semelhança e Estação de Trituração para vencer o oponente com um combo de mill. O deck ainda precisa de muitos testes e eu não o recomendaria para um grande torneio, mas para um FNM pode ser muito divertido.
Qual a opinião de vocês sobre o KCI, o ban foi justo ou não? E quais os decks que vocês acreditam estar no topo do meta e qual a opção mais segura para o GP SP?
Abraços!
— Comentarios0
Se el primero en comentar