Magic: the Gathering

Deck Guide

Cascata, o novo pilar do formato Pauper

, Comment regular icon1 comments

Entenda como Cascade tem mexido com o "pedra-papel-tesoura" do metagame Pauper e vem se tornando um dos pilares do formato.

Writer image

revisado por Tabata Marques

Edit Article

Por muitos anos nos acostumamos a encarar o metagame do Pauper como um "pedra-papel-tesoura" em que três grandes estratégias ditavam o rumo do formato: Tron, Monarch e U/x (representado principalmente pela interação entre Ninja of the Deep Hours e Spellstutter Sprite).

Se Tron estivesse em alta, bastava jogar de U/x para aumentar o seu percentual de vitórias ao longo do torneio; se U/x fosse a bola da vez, era a hora de apostar na mecânica de Monarch, principalmente na guilda Boros; mas se fosse o Boros o deck a ser batido, o melhor caminho era voltar para o Tron para recuperar o caminho das vitórias.

Ad

Evidente que o metagame do Pauper é muito mais amplo e decks como Stompy, Burn, Elves, Affinity, GW Auras, Mono White Heroic, Red Deck Wins, entre muitos outros, em algum momento da história já encontraram o seu lugar ao sol, mas era consenso entre os jogadores de que estas três grandes estratégias eram o caminho mais curto para o sucesso no formato.

Com o lançamento de Commander Legends e Kaldheim, Cascade se tornou uma mecânica relevante, fazendo com que diversos decks passassem a explorar a habilidade e cartas como Annoyed Altisaur e Boarding Party se tornassem pilares importantes do formato, obrigando todos os jogadores a terem um plano de jogo eficiente que permita lidar com esse tipo de estratégia.

Loading icon

Hoje é possível encontrar no metagame decks como Jund Cascade, RG Ponza, Cascade Tron, BG Rock, Cascade Walls e muitas outras variações que tentam explorar de todas as maneiras a habilidade de Cascade. Algumas listas atualmente são mais populares do que outras, mas acredito que os decks ainda estão passando por um processo de maturação e ainda há muitas oportunidades a serem exploradas.

Mesmo que Cascade ainda esteja escrevendo o início da sua história no Pauper, com os resultados atuais já é possível dizer que a estratégia está se tornando um dos pilares do formato e a tendência é que esse metagame “pedra-papel-tesoura“ passe a conviver com mais uma vertente e seja cada vez mais difícil escolher qual o deck melhor posicionado para determinado tipo de torneio.

Independente da lista, basicamente todos os decks voltados a estratégia de Cascade apostam em aceleradores de mana fazendo com que você não precise esperar até o sexto ou sétimo turno para começar a abusar da habilidade. Sendo as opções mais utilizadas no momento:

• Arbor Elf + Utopia Sprawl + Wild Growth;

• Quirion Ranger + Walls (Axebane Guardian + Overgrown Battlement);

• Terrenos de Urza (Tron);

• Bonder’s Ornament + Llanowar Visionary;

Vejam alguns exemplos de listas:

RG Ponza – albertoSD – 3 Lugar Pauper Challenge

Decklist:

Loading icon

Jund Cascade – RiuuK1 – 12 Lugar Pauper Challenge

Decklist:

Loading icon

Walls Cascade – Hawkbundudo – 1 Lugar Pauper Challenge

Decklist:

Loading icon

De todas as opções citadas a carta mais relevante e que apresenta um papel fundamental, principalmente nas versões Jund Cascade, RG Ponza e BG Rock, é Bonder’s Ornament. Além de acelerar a mana do deck, Bonder’s te permite corrigir a mana e o mais importante, gerar card advantage para que o deck não perca o gás e consiga continuar pressionando a board do oponente, mesmo que as ameaças iniciais de sua mão tenham se esgotado.

Começar a partida com Utopia Sprawl, Wild Growth ou Arbor Elf te permite baixar o Bonder’s no segundo turno para que a partir do terceiro você já comece a comprar cartas e aumente as chances de encontrar terrenos, aceleradores de mana, remoções, cartas com cascade ou qualquer outra resposta que você esteja precisando de forma mais rápida.

Ad

Outras duas cartas que ajudaram a mudar o patamar da cor verde no formato são Llanowar Visionary e Sarulf’s Packmate. Antes do lançamento das duas “criaturas cantrips“, a carta mais relevante com efeito semelhante que o Pauper oferecia na cor verde era Elvish Visionary, que apesar de jogar em algumas listas de Elves, sempre teve uma participação muito tímida no metagame, sendo bem inferior as novas opções.

Llanowar Visionary possui um corpo inferior ao Packmate, mas sua capacidade de acelerar mana o deixa em um patamar semelhante ao lobo por ajudar a acelerar as mágicas mais pesadas do deck. Já Sarulf’s Packmate possui um corpo relevante por bater para cima do Augur of Bolas e não morrer para Fiery Cannonade, sem contar a habilidade de Foretell que transforma o lobo em um drop 2 bem interessante quando você abre uma mão inicial mais lenta.

Outra carta que vem se destacando e que tem contribuído demais para a ascensão deste estilo de deck é Pulse of Murasa. Como diria meu amigo carvs, que carta elegante! Pode parecer que não, mas todo o texto da carta é relevante. Sua principal função, evidentemente, é retornar uma destas criaturas com valor do cemitério após um counter ou remoção, mas acaba sendo muito comum você optar por retornar um terreno para sua mão.

Uma jogada que costuma salvar bastante contra Burn é você devolver uma Ash Barrens para mão para conseguir de forma rápida ganhar 6 pontos de vida e não ter que esperar que uma criatura vá ao cemitério, principalmente contra um deck que está mais interessado em reduzir os seus pontos de vida do que lidar com uma de suas criaturas. Outra situação comum é você optar por escolher a Ash Barrens como alvo para conseguir encontrar a sexta ou sétima mana e conseguir conjurar um Annoyed Altisaur ou Boarding Party preso em sua mão.

Mas nem tudo são flores, da mesma forma que você pode baixar um Annoyed Altisaur revelando um Boarding Party e na sequência um Mulldrifter ou um Lead the Stamped, muitas vezes acontece de você fazer o dino, revelar um Wild Growth, tomar no final do turno um Cast Down no dino e ficar a ver navios. Essa instabilidade das listas ainda é algo a ser resolvido e acredito que o deck passará a dar um salto ainda maior no formato a partir do momento que descobrir uma lista que minimize esse tipo de situação.

Vejo muitos jogadores apostando em decks aggros para tentar se dar bem neste metagame, mas no geral entendo que as remoções do Pauper são mais eficientes do que as criaturas, portanto qualquer deck voltado a criaturas irá sofrer principalmente contra Fiery Cannonade, que costuma ser bem presente nas listas (main deck ou sideboard). A única estratégia aggro que vejo sendo eficiente contra Cascade é Burn, já que o deck não consegue responder de forma eficiente, dependendo muito de Pulse of Murasa e Weather the Storm.

E a pergunta que não quer calar: com essa eminente ascensão do Cascade, a estratégia pode se tornar problemática a ponto de interferir na saúde do formato ou é algo que vem apenas para agregar e sacudir um formato que aparentava ter um metagame consolidado?

Ad

Neste momento vejo Cascade como uma ótima adição ao Pauper e só de ter enfraquecido de alguma forma o Tron, fez com que o formato ficasse muito mais saudável, dando oportunidade para que novas estratégias comecem a ganhar espaço no metagame. Jogo regularmente Pauper desde 2017 e fazia anos que não via o formato tão equilibrado e tão convidativo a inovações.

Em tempos de pandemia, o Magic Online tem sido a principal plataforma para quem é entusiasta do formato e basta acompanharmos as decklists dos primeiros colocados do calendário de eventos geridos pela Cards Realm para percebermos o quão diversificado tem sido o metagame.

Cascade está longe de ser uma estratégia invencível e basta um pouco de imaginação e organização para definir um plano de jogo competente que ajude a anular os principais recursos oferecidos pelo deck.

É possível focar em lidar com os aceleradores de mana para que o jogador de cascade tenha dificuldade em fazer as mágicas mais relevantes do deck enquanto precisa lidar com a sua board. Land destruction, remoções pontuais e cartas que lidem com artefatos e encantamentos são algumas das opções.

Uma outra alternativa é não deixar que as principais criaturas do deck gerem valor utilizando cartas como Divest, Exclude, Essence Scatter, Force Spike, Distress ou qualquer outra carta que evite que criaturas como Llanowar Visionary e Sarulf’s Packmate entrem em jogo.

Ter opções que interajam com o cemitério do oponente como Bojuka Bog, Relic of Progenitus ou Nihil Spellbomb também são importantes para conseguir anular o efeito de Pulse of Murasa, que é uma das cartas-chave do deck.

E vocês? Como estão vendo essa ascensão do Cascade no formato? Acreditam que o formato está saudável?

Obrigado a todos pela leitura e até a próxima!