Legacy: Review de March of the Machine para o formato

Elesh Norn iniciou a Marcha das Máquinas e o Multiverso inteiro está sob ataque!

Nesse artigo eu vou dar uma olhada naquilo que eu acredito que a mais nova expansão de Magic traz que pode impactar o Legacy. Como não dá pra revisar tudo (a maioria das cartas novas são focadas mais em formatos Limited ou Standard) vamos então ao que eu acredito que tem relevância para o formato. Mas antes, é importante falar sobre o novo tipo de carta lançado na expansão: Batalha (Battle).

Para um entendimento sobre o funcionamento dessas cartas, eu recomendo este ótimo artigo escrito pelo Romeu. Quanto ao seu uso no formato, infelizmente eu acho que a maioria das batalhas são muito desajeitadas para rodar no formato, embora algumas demonstrem potencial.

Um lance interessante é que elas seguem a lógica inversa dos Planeswalkers, que você baixa e obriga o oponente a lidar com a permanente e acabam vendo mais jogos em decks mais controladores. Já as Batalhas se mostram mais adequadas para decks agressivos, que obrigam o oponente, muitas vezes em decks sem bloqueadores, a se virar para evitar a sua transformação.

Algumas Batalhas possuem habilidades desencadeadas que se assemelham a feitiços do mesmo custo (Invasion of Mercadia e Tormenting Voice, por exemplo), porém elas tem aquele extra de deixar um valor latente em campo que pode ser ativado mais tarde, o que faz a gente reconsiderar se isso poderia ser o suficiente para trazer para o formato o efeito de uma carta antes ignorada.

Vamos à análise:

Archangel Elspeth

4 Manas é muita mana em Legacy, então para justificar esse investimento no formato, a carta tem que basicamente ganhar o jogo por si só.

Embora a nova Archangel Elspeth passe no primeiro teste de qualidade de Planeswalker, que é a capacidade de se auto-proteger com suas habilidades, a concorrência na posição é muito acirrada e é difícil justificar seu uso no lugar de The Wandering Emperor pelo mesmo exato custo de invocação ou de Comet, Stellar Pup por um splash leve de Vermelho, já que ambos fazem coisas bem mais relevantes e mesmo assim têm dificuldade em cravar seu espaço no Meta.

Elesh Norn

Sabe aquilo que eu acabei de falar sobre uma carta de 4 manas e o Legacy? É ainda mais complicado quando se fala em uma criatura. Embora o lado Saga da mamãe Elesh Norn seja bem forte e provavelmente encerre o jogo no segundo capítulo, o lado da frente é bem frágil e sua ativação é um convite para tomar uma Swords to Plowshares em resposta.

Invasion of Gobakhan

O efeito “PV” (Elite Spellbinder) dessa carta já demonstrou ser bom o suficiente para ver jogo nos decks brancos de Initiative por 3 manas, então é uma carta que pode ser considerada por 1 mana a menos em decks como esse ou Death and Taxes.

Invasion of Gobakhan possui poucos marcadores de Defesa, o que facilita a sua ativação e sua outra face é bastante útil justamente para decks que já estão procurando pressionar o oponente com criaturas.

Phyrexian Censor

Criaturas com habilidades disruptivas como a de Phyrexian Censor costumam encontrar espaço no Legacy – vide Archon of Emeria – e embora Ethersworn Canonist seja a criatura mais efetiva com uma habilidade semelhante, o Censor é mais difícil de jogar em volta (quem é que usa mágicas Phyrexianas??). Ele tem um custo adequado para os decks Stompy de base branca.

Se os decks de Initiative ainda continuarem fortes, a segunda habilidade também é relevante, evitando bloqueadores e fazendo o oponente repensar suas jogadas na dança do controle por The Initiative Card // Undercity Card.

Surge of Salvation

Surge of Salvation não é Veil of Summer, mas é uma carta bastante versátil para sideboards, respondendo descartes, burn, remoções e ainda segurando uma eventual Fiery Confluence ou Brotherhood’s End.

Chrome Host Seedshark

Numa edição que já relançou o Monastery Mentor, temos aqui a sua versão Tubarão, Chrome Host Seedshark. Embora o Mentor Branco seja mais eficiente e potencialmente encerre o jogo mais rápido, é difícil descontar o fator “exila para Force of Will”.

Além disso, ser azul abre o potencial de uso para outras combinações de cores como Grixis. O filhote de Shark Typhoon com o Monastery Mentor tem potencial de jogo.

Faerie Mastermind

A carta do campeão mundial parece interessante em jogos de Control vs Control: pode cair em resposta a um Ponder ou efeitos semelhantes, pressiona Planeswalkers e oferece uma maneira de escoar o mana excedente no final do turno do oponente.

Moment of Truth

Estou citando Moment of Truth apenas porque foi levantada por alguns jogadores como uma possível carta para substituir a banida Expressive Iteration. Não, apenas não.

Impulse é melhor pelo custo e já não joga, Preordaincusta menos e faz quase o mesmo, e tanto Predict quanto Reckless Impulse tem aparecido como melhores alternativas ao feitiço banido.

Rona, Herald of Invasion

Admito que Rona, Herald of Invasion parece uma carta legal. Mas se Jace, Vryn’s Prodigy não é bom o suficiente para jogar no formato, acho difícil ter espaço para a Obliteradora.

Grafted Butcher

Decks tribais são bastante comuns em Legacy: Goblins, Elfos, Slivers, Merfolks, Humanos, Zumbis... Se há a possibilidade de um tribal Phyrexiano existir, ele depende de um bom Lorde e esse aqui é um bom Lorde.

A habilidade de retornar dos mortos (e de quebra ativar mais uma vez a habilidade de Ameaçar) torna esse Samurai uma ameaça constante para o oponente. Resta ver se existem peças suficientes para criar um deck coeso – bom lembrar que várias cartas antigas foram atualizadas com o tipo de criatura Phyrexiano.

Render Inert

Render Inert é basicamente uma remoção de Planeswalkers por 3 manas – uma opção farta no mercado. Serve também para matar Batalhas. Eventualmente, desativa um Chalice of the Void ou reseta uma Saga. Mas o único motivo de eu cogitar essa carta é porque o adicional de comprar uma carta enquanto faz isso é o que faz essa carta ter alguma perspectiva de jogo.

Bloodfeather Phoenix

Bloodfeather Phoenix oferece uma possibilidade de dano extra e resiliente para decks de Burn, mas a princípio me parece lenta para a estratégia. Talvez como uma opção de sideboard contra decks contra os quais o arquétipo precisa daquele gás extra para forçar os últimos pontos de dano.

Into the Fire

Cartas como Kozilek’s Return ou Brotherhood’s End acabam parando no sideboard pois quando não são úteis, são completamente mortas no main deck. Into the Fire não apenas oferece a opção de ser ciclado, como também pode cavar ainda mais fundo trocando outras cartas paradas na sua mão quando sua habilidade de lidar com a mesa não é relevante.

Invasion of Kaldheim

Algum tempo atrás, eu publiquei um artigo sobre o Birgi Storm, um deck centrado na Deusa vermelha de Kalheim (mais especificamente na sua contraparte, Harnfel, Horn of Bounty).

Em um deck como esse, a frente dessa Batalha, Invasion of Kaldheim, – e basicamente o motivo para se usar essa carta aqui - permite basicamente dobrar as cartas da sua mão por um turno. Seu verso, eventualmente ativado com um Grapeshot ou algum outro feitiço desejado por Burning Wish, funciona como uma versão light do Chifre de Birgi caso seja necessário preparar uma nova rodada de combo.

Invasion of Mercadia

Invasion of Mercadia é uma carta que provavelmente ignoraria há um ano atrás, já que Tormenting Voice e seus similares não bons o suficiente para jogar em Legacy.

Mas de lá pra cá, uma certa Saga chamada Fable of the Mirror-breaker me fez repensar que quando esse efeito está atrelado a outros valores além de apenas o descarte/compra, especialmente quando esse valor é mais uma ameaça a qual o oponente tem que lidar, e tive que reconsiderar a possibilidade dessa Batalha ser jogável. É uma carta que vou testar no Red Prison.

Invasion of Tarkir

Em uma lista de UR Aggro usando o já onipresente Murktide Regent e o potencialmente perigoso Sprite Dragon, não é nada difícil fazer que essa Batalha cause mais do que os 2 de dano iniciais e ainda deixe o perigo de um Defiant Thundermaw despertar. Dos Cercos lançados em Marcha das Máquinas, Invasion of Tarkir talvez seja o com maior potencial de jogo.

Khenra Spellspear

Os decks vermelhos de Prowess nunca fizeram a transição de Modern para o Legacy, embora Monastery Swiftspear seja uma carta fundamental do Burn.

Khenra Spellspear é mais lento do que algumas alternativas de mesmo custo, mas oferece uma versão transformada que é simplesmente brutal e já ativada no terceiro turno. Não acredito que seja o que o deck de Burn quer, mas me parece que pode ser o pilar para trazer Soul-Scar Mage e Bedlam Reveler para o formato.

Urabrask

A versão final do Pretor Vermelho, Urabrask tem a palavra “Combo” tatuada por toda a carta. A versão criatura é um verdadeiro motor para decks que querem fazer muitas mágicas no mesmo turno e, se necessário, ativar a versão Saga deve ganhar tempo no primeiro capítulo, lidando com mesas cheias de bichos enquanto prepara o terreno para o geralmente letal terceiro capítulo. Se vão conseguir, eu não sei, mas pode ter certeza que vão tentar quebrar essa carta.

Volcanic Spite

Fire Prophecy chegou a ser cogitada em Red Prison como uma remoção que podia ser usada por cima de um Chalice of the Void e que serviria para se livrar de cartas mortas. Infelizmente, era muito restritiva e cartas mais versáteis como Abrade, Bonecrusher Giant e Dead//Gone ganharam a disputa.

Talvez expandir suas opções de alvo seja capaz de recolocá-la na disputa e exatamente isso o que Volcanic Spite faz.

Wrenn’s Resolve

Wrenn’s Resolve é um reprint funcional de Reckless Impulse, uma carta que tem visto a luz do dia em listas de Delver pós-banimento.

Invasion of Ikoria

Por 2 manas, essa Batalha pode procurar uma Dryad Arbor e acelerar seu jogo. Por 4, você encontra uma Vampire Hexmage, que em um mundo ideal ativaria Dark Depths.

Mas no mundo real, às vezes Wasteland não permite que a Vampira invoque Marit Lage Token. Mas ela não impede que a Vampira invoque Zilortha, Apex of Ikoria.

Invasion of Ixalan

Repito aqui o que eu falei sobre Invasion of Mercadia – se fosse apenas um feitiço que olhasse as cartas, não seria uma consideração para o formato. Mas essas Batalhas geram um valor extra que fica lá estocado e eventualmente resgatado, quase um título de capitalização do Magic. Não vou descartar como jogável essas batalhas de custo baixo que já de cara recuperam o investimento de carta (uma cantrip, se assim preferirem) e ainda podem gerar ameaças futuras.

Wrenn and Realmbreaker

A carta mais hypada da expansão tem, sim, potencial em Legacy! O primeiro deck a pensar em Wrenn and Realmbreaker é o Lands, que tem uso para todas as habilidades da nova Planeswalker. Outros decks Control podem se beneficiar dela, mas aí o custo é mais proibitivo e a concorrência é com o rei Planeswalker de custo 3 – Teferi, Time Raveler.

Baral and Kari Zev

Escutei comentários de que essa dupla lendária seria a nova vinda do Dreadhorde Arcanist para os UR Aggro, mas sejamos realistas, 3 manas é muito para o que deck se propõe.

Invasion of Azgol

Outra Batalha de baixo custo com um efeito adequado ao custo e um corpo eventual. O problema é que os decks que mais tem interesse nesse efeito são Control, o que limita a efetividade da carta.

Invasion of Ergamon

Invasion of Ergamon lembra a lembra a invasão Mercadiana, mas o custo é bem mais restritivo. O rinoceronte que ela invoca é bem legal pois já gera um efeito valioso assim que é invocado.

Invasion of Kaladesh

Por um lado, essa Batalha já cria uma maneira de começar a ativá-la. Por outro lado, o veículo que ela invoca já é mais dependente de uma construção específica de deck.

Invasion of Kaladesh pode interessar ao 8-Cast, que tem meios de atacar a Batalha, tripular o Veículo e fazer dessa criatura evasiva uma ameaça potencialmente letal.

Invasion of Pyrulea

Além de entrar para a lista infinita de cartas com nomes constrangedores em português, vale aqui o que foi dito para as demais Batalhas de baixo custo e que compram cartas.

Sword of Once and Future

Sword of Once and Future, a espada final! Como todas do ciclo, elas são uma consideração para o kit de equipamentos da Stoneforge Mystic. Essa em particular é bastante forte, mas a concorrência com a Sword of Fire and Ice é ferrenha.

Proteção contra Vermelho em geral é mais relevante do que contra Preto, mas a habilidade de Surveil + recapitular uma mágica é bem mais forte do que simplesmente comprar uma carta. Sobra a habilidade dos 2 de dano, mas a própria espada UB pode invocar alguma remoção do cemitério para suprir essa carência. Está aberta a temporada de decidir qual é a melhor Espada!

Ufa, chegamos ao final! Em particular, não é uma expansão que irá revolucionar o Legacy e muito do que ela tem a oferecer é dependente de se as Batalhas vão oferecer algo útil ao formato.

Por fim, se vocês acharem que tem coisa potencial que eu deixei de lado, deixem aquele comentário. Um abraço e até a próxima!