Pioneer: Cards que se tornam melhores com o ban de Lurrus

Na segunda-feira da semana passada, a Wizards of the Coast anunciou banimentos para o Pauper, Modern e Pioneer, com Lurrus of the Dream-Den sendo banida do formato pelo risco de que cada novo lançamento pode colaborar para que a concessão de deckbuilding criada pela Companion seja mais recompensadora, resultando em uma mudança significativa no Metagame.

O banimento da Companion mais famosa de Magic veio como uma enorme surpresa para a comunidade já que, apesar dela ser a criatura mais utilizada da mecânica, os decks de Lurrus não especificamente estavam predominando no Metagame, mas, como mencionado no próprio anúncio de banidas e restritas, sua saída é uma ação preventiva, como a antecipação de algo que, eventualmente, será inevitável.

Infelizmente, há uma grande quantia de decks que perdem muito sem Lurrus: do Azorius Ensoul até o Rakdos Anvil, do Boros Burn ao Orzhov Auras, e muitos desses arquétipos promoviam uma vantagem significativa por jogar “por baixo” de outros, ou por conseguir prolongar a partida mesmo com uma curva significativamente baixa, graças às interações que Lurrus possibilitava, especialmente em conjunto com Kolaghan’s Command — e me soa estranho falarmos de “banimentos preventivos” em um formato onde Treasure Cruise e Dig Through Time são permitidos, dois cards que também se tornarão mais poderosos conforme novos cards saírem nos próximos sets, como foi o caso com Consider e Expressive Iteration, que alavancaram a ascensão de arquétipos como o Izzet Phoenix ou as listas de Jeskai Ascendancy, e é provável que eventualmente teremos banimentos de outras peças que se encaixem nessa mesma categoria, como as Delve Spells.

Dito isso, sem a presença do Companion no formato, existem alguns cards que podem beneficiar-se significativamente ao ganharem, agora, espaço para aparecerem em seus respectivos arquétipos e estratégias, onde antes eles não tinham um lar específico por conta das restrições de deckbuilding da felina.

Permanentes que possuem um custo maleável tornam-se muito mais úteis para decks Midrange sem um Companion obrigando todos eles a reduzirem os valores de mana, já que eles podem ser conjurados por um custo muito baixo.

Pudemos observar, há poucos meses, algumas listas de Rakdos Blood usando Herald of Anguish em conjunto com os tokens produzidos por Voldaren Epicure e Bloodtithe Harvester para reduzir o seu custo e oferecer artefatos que podem ser sacrificados para sua habilidade, e definitivamente posso imaginar algumas listas fazendo bom uso de um 5/5 Flying com removal e disrupção embutidos.

Bedlam Reveler já foi muito útil para manter o gás em decks vermelhos agressivos com muitas mágicas, como ocorria com o Mono Red Prowess no Modern, ou até mesmo com algumas variantes antigas de Rakdos Pyromancer.

Tasigur, the Golden Fang ainda é uma poderosa engine de valor que também pode ser conjurado rapidamente e por apenas uma mana na lista certa, com um corpo que também oferece um clock relevante no decorrer de um jogo.

Planeswalkers ainda são poderosas engines de valor que tinham sua jogabilidade limitada com Lurrus e, agora, podem se tornar o principal meio de se obter card advantage recorrente no Pioneer, com algumas listas dos Challenges deste fim de semana já tirando proveito de Sorin the Mirthless nos Midranges pretos, ou Chandra, Dressed to Kill nos Red-Based Aggro.

Outros Planeswalkers como The Wandering Emperor apareceram em ocasionais listas fora da categoria de Control, ou Chandra, Torch of Defiance em diversas listas de Midrange, e não me surpreenderia se encontrássemos futuramente algum arquétipo de Tempo procurando tirar proveito de Kaito Shizuki.

Com um slot livre no Sideboard, quantos dos arquétipos que ficam órfãos de Lurrus poderão recorrer a outro Companion se assim for necessário, e dentre eles, quais poderão realmente se beneficiar de incluir eles?

Jegantha, the Wellspring e Obosh, the Preypiercer são os que realmente se destacam nesta categoria, já que Jegantha requer uma concessão relativamente pequena de deckbuilding (e um 5/5 a mais na sua mão no late-game pode fazer diferença), e provavelmente veremos algumas listas de Oni-Cult Anvil fazendo uso dele agora, enquanto Obosh pode ter listas facilmente construídas para jogarem em volta de suas restrições sem grandes dificuldades, além de oferecer um efeito similar ao de Torbran, Thane of Red Fell.

Bonecrusher Giant é uma das criaturas mais eficientes para Aggro ou Midrange existentes no Pioneer atualmente, já que mistura um clock eficiente com um custo baixo, possui proteção embutida e ainda funciona como um removal e burn, tudo em um mesmo card.

Com a ausência de Lurrus, Bonecrusher Giant ganha espaço para aparecer não apenas em variantes de Rakdos Midrange, como já existia em listas que abdicavam do Companion para ter acesso a outras permanentes de alto valor, como Kalitas, Traitor of Ghet e Graveyard Trespasser, mas também pode surgir em listas de Boros Burn ou Mono-Red Aggro, que também podem incluir, se quiserem, um novo Companion: Obosh, the Preypiercer.

Mesmo com uma seção exclusiva para Planeswalkers neste artigo, creio que Liliana, the Last Hope é a que mais se beneficia da ausência de Lurrus e, portanto, merece uma menção própria neste artigo.

Apesar de sua habilidade de remoção não ser tão eficiente quanto no Modern, onde existem alvos válidos importantíssimos como Esper Sentinel ou Ragavan, Nimble Pilferer, Liliana consegue lidar com pequenas criaturas sem grande dificuldade, enquanto se torna o melhor efeito recursivo do formato agora, além de também operar como finisher em partidas muito longas, gerando muito valor por um custo relativamente baixo, e ainda resolvendo algumas ocasionais criaturas problemáticas.

Antigamente, existiam três padrões para os arquétipos de Sacrifice: As versões Jund com Collected Company e Bolas’s Citadel que procuravam realizar um combo-kill com Mayhem Devil, a versão mais voltada para o Midrange que tirava proveito da inclusão de Korvold, Fae-Cursed King para gerar muito valor no longo prazo, e as recentes versões de Rakdos com Oni-Cult Anvil e Experimental Synthesizer que procuravam gerar uma abundância de valor ao reutilizar seus cards com Lurrus of the Dream-Den.

Agora, todos os decks de Sacrifice podem utilizar Mayhem Devil como uma ameaça que interage com o resto da engine sem precisar renunciar a um dos cards mais poderosos que existia no formato, e é importante ressaltar que o demônio de Ravnica Allegiance também funciona muito bem com o sacrifício de tokens de artefato, abrindo espaço para alguma variante que procure aproveitar da mistura da base de criadores de Blood Tokens ao lado de Oni-Cult Anvil e do clássico combo de Cauldron Familiar com Witch’s Oven.

Skyclave Apparition é uma poderosíssima resposta para as mais diversas ameaças no formato e uma importante peça flexível de maindeck ou sideboard para muitos arquétipos, e pode ter a sua jogabilidade expandida em muitos decks brancos agora.

Dentre os arquétipos que podem utilizá-la agora, consigo imaginar que arquétipos como Auras ou Boros Heroic sejam os mais apropriados, já que ele também oferece um corpo que pode ser protegido e/ou encantado para estabelecer uma significativa pressão contra os pontos de vida do oponente.

Graveyard Trespasser é uma das mais ponderosas peças de hate de cemitério lançadas recentemente, e pode fazer uma enorme diferença como um poderoso e eficiente meio de combater pontualmente o Izzet Phoenix com uma ameaça que precisa ser respondida a qualquer custo, e a falta da restrição gerada pelo Companion banido significa que outros Black-Based Midrange podem passar a utiliza-la com maior frequência e em algum número diversificado entre os 75 slots.

Um ponto que precisamos considerar, no entanto, é que apesar de a criatura de Midnight Hunt ainda ser uma ótima peça contra Izzet Phoenix e outro arquétipos que procurem recorrer a Delve Spells, Parhelion II ou Kroxa, Titan of Death’s Hunger, ele também era uma peça importante de maindeck para enfrentar outros decks de Lurrus of the Dream-Den, e é possível que o atual cenário do Metagame faça com que Graveyard Trespasser não seja mais necessário.

Fable of the Mirror-Breaker é um desses cards que ninguém deu muita atenção quando foi lançado meramente porque não havia motivos para jogar com um encantamento de três manas que demoraria muitos turnos para fazer algo por um custo relativamente alto, mas agora, é possível que a Saga de Kamigawa: Neon Dynasty possa ter mais espaço porque ele faz muita coisa no decorrer de três turnos, como criar um corpo para atacar e bloquear, filtrar a própria mão e, por fim, transformar-se numa criatura que pode criar cópias recorrentes de qualquer outra ameaça que você já tenha em jogo, sendo significativamente poderoso ao lado de Bloodthirsty Adversary ou Tainted Adversary, como inclusive pudermos ver durante o Neon Dynasty Championship neste fim de semana.

Isso é tudo por hoje.

Numa primeira análise dos primeiros resultados de Challenges deste fim de semana, não posso afirmar que o resultado inicial do banimento de Lurrus of the Dream-Den realmente me agrada, e sua ausência definitivamente alterou o Metagame ao ponto de que algumas estratégias parecem se tornar significativamente piores por conta de um banimento quase que preventivo, enquanto outros arquétipos já bem estabelecidos e com plano de jogo explosivo e pouco interativos parecem estar crescendo novamente no Metagame.

Porém, ainda estamos na primeira semana, e precisamos dar um tempo antes de avaliarmos o real estado do formato, inclusive dando algumas semanas ou até alguns meses para que os decks mais afetados possam se reestruturar e, talvez, tornarem-se fortes competidores nos torneios.

Até lá, o melhor que podemos fazer hoje é esperarmos e observarmos o que acontecerá nas próximas semanas.

Obrigado pela leitura!