No último mês, Universes Beyond se tornou o centro das controvérsias de Magic: The Gathering desde os anúncios do MagicCon Atlanta, onde quatro novas expansões de collabs foram anunciadas, junto de uma dúzia de Secret Lairs, e abrindo o caminho para uma nova, mas antiga, discussão.
Desde o lançamento de Lord of the Rings e o anúncio da parceria com Marvel e Final Fantasy, existem especulações em uma parte da comunidade quanto a um momento em que Magic transformará Universes Beyond em seu próprio formato — quando anunciaram que os sets seriam válidos no Standard, entretanto, o assunto cessou já que estava claro que o plano da Wizards era fazer de Beyond uma parte essencial do ecossistema do jogo.
No entanto, as circunstâncias mudaram novamente. Entre o notório abandono do Pioneer na escala competitiva, o feedback da comunidade por uma janela de lançamentos menos agressiva e a inevitável rotação dos crossovers a partir de 2028, mais provável parece que, eventualmente, Universes Beyond terá seu próprio formato não-rotativo.
Uma Resposta ao Feedback
Uma das demandas mais recorrentes da comunidade nos últimos anos foi a redução de lançamentos em um só ano para que jogadores possam aproveitar cada produto novo. Em 2025, Magic apresentou seis novas coleções, sendo três de Universes Beyond e três dentro da marca de MTG, além de um reprint set. No ano seguinte, o card game terá sete expansões, sendo quatro de Beyond e três de Magic — o qual Mark Rosewater afirmou se tratar de uma exceção ocasionada por problemas contratuais.
Magic possui um histórico peculiar em responder às demandas dos seus consumidores, especialmente no que concerne a Universes Beyond. Assim como toda empresa, a Wizards of the Coast visa fazer seus lucros crescerem a cada ano e, assim, conquistar mais confiança no mercado de ações, e toma decisões baseadas em como fazer a receita aumentar enquanto busca agradar sua base de consumidores e atrair novos potenciais compradores dos seus produtos.
Basta olharmos para o exemplo acima: Magic respondeu ao feedback de menos lançamentos por ano limitando-os a seis expansões, mas com duas contrapartidas: cada expansão passaria a ser válida no Standard, o que significa mais jogadores precisando consumir o produto para manter-se atualizado no cenário competitivo, e três expansões por ano passariam a ser de Universes Beyond, o que aumentaria tanto os custos de venda desses produtos quanto o número de potenciais consumidores deles dentro e fora das esferas de Magic: The Gathering.
No momento, este plano funcionou com maestria quando falamos de Final Fantasy, mas fracassou miseravelmente com Spider-Man, e o futuro de Avatar: The Last Airbender ainda é incerto, mas o exercício que a Wizards of the Coast fez foi basicamente adaptar as demandas do público e o feedback de consumo deles à agenda de interesses da empresa, unindo menos lançamentos em um ano com maior necessidade de aquisição e ampliação de oferta para outros mercados que não especificamente existem por causa de Magic: The Gathering.
Se a demanda agora ainda é de menos lançamentos para os jogadores competitivos conseguirem acompanhar todos os produtos e o risco apresentado é dessa parcela do público ter pouco ou nenhum interesse em determinadas expansões se essas não forem suficientemente fortes em um ciclo de Standard de três anos — resultado de outra demanda relacionada ao formato não dar “segurança o suficiente para investir” —, a Wizards possui algumas soluções, e um “novo formato” é a mais assertiva entre elas.
Do contrário, as opções são reduzir a quantidade de lançamentos, mas cobrar mais caro pelo produto selado, o que geraria uma repercussão muito negativa, reduzir a quantidade de expansões do universo de Magic: The Gathering porque Universes Beyond tende a vender mais e garantir mais alcance, eliminando o senso de identidade do jogo, ou estabelecer um formato onde jogadores não precisam acompanhar tudo, mas se importam o suficiente para consumir a sua principal linha de produtos — se Universes Beyond possui três ou quatro edições por ano, faz sentido que esta seja a linha mais lógica e eficaz.
Dessa maneira, quem não quiser passar pela loucura de uma edição de Standard a cada 45-60 dias pode optar por consumir apenas três ou quatro expansões no ano em um formato não-rotativo, mas com a “troca” de um custo mais elevado pelo produto, já que toda expansão de crossover possui uma precificação “premium”.
Essa solução não agradaria à parte mais aguerrida de Magic que tem como desgosto a existência de crossovers no Standard — nas últimas semanas, até uma postagem tentando trazer de volta o antigo “Type 2” excluindo Universes Beyond foi feita —, mas para a WotC, é essencial que essa categoria de produtos se mantenha como o principal motivador de vendas e receita de Magic: The Gathering e veículo para manter o card game no imaginário coletivo da cultura mainstream.
O Sabotamento do Pioneer abre espaço para outro formato eterno
Não é possível abordar esse assunto sem mencionar o atual estado do Pioneer. Concebido em 2019 pela Wizards, o formato foi criado como um “lugar para utilizar os cards que rotacionam do Standard”, não diferente da filosofia original do Modern quando este nasceu em 2011.
Conforme os anos e uma pandemia global passaram, o Pioneer perdeu o espaço no ecossistema do Magic: expansões como Modern Horizons se tornaram uma porta de entrada fundamental ao Modern, o Standard teve o tempo de vida das edições ampliado para três anos, e o Pioneer ficou preso em um limbo entre esses dois; afinal, se alguém passar três anos enfrentando Sheoldred, the Apocalypse nas mesas competitivas do Standard, é pouco provável que ele queira fazer o mesmo no Pioneer.

Além disso, um formato que deveria ser estável e um lugar para jogar com cartas antigas se tornou apenas outra vítima das ondas de power creep, e, exceto por algumas staples pontuais como Treasure Cruise, Fatal Push e Thoughtseize, a maior parte do formato “rotacionou” ano após ano conforme cartas mais eficazes saíram, transformando-o em um cenário semelhante demais ao pior do que o Standard ofereceu nos últimos anos.
O prego no caixão veio quando, pelo segundo ano consecutivo, Magic excluiu o Pioneer da cadeia de grandes eventos. Nenhum Pro Tour ou Spotlight Series terá o Pioneer como formato principal, e a sensação dentro e fora da comunidade é que ele terá o mesmo destino do antigo Extended — ser descontinuado do ponto de vista competitivo e esquecido pelos jogadores quando isto acontecer.
A ausência do Pioneer, eventualmente, abrirá espaço novamente para a demanda de um formato não-rotativo onde cards que deixam o Standard podem ser utilizados. E, em partes, este precisa vir acompanhado de outras demandas para fazer sentido e garantir que Magic não cometa o mesmo erro de ter um cenário mecanicamente semelhante demais ao do Standard de três anos, que dificulta ao formato criar um senso de identidade própria — Universes Beyond ajuda com isso.
Sete ou Oito Expansões no fim de 2026
Ao fim de 2026, Universes Beyond terá sete expansões válidas no Standard: Final Fantasy, Spider-Man, Avatar, Teenage Mutant Ninja Turtles, The Hobbit, Marvel Super Heroes e Star Trek, e no Magic Arena, haverá oito expansões lançadas por conta de The Lord of the Rings.

Oito expansões são suficientes para pavimentar o caminho de um formato exclusivo para Universes Beyond, especialmente se considerarmos como os lançamentos mais recentes para o Standard tiveram manafixers quase universais como parte da base de mana entre Starting Town em Final Fantasy e Multiversal Passage em Spider-Man. Juntos, os dois terrenos já facilitam a construção de uma base de mana eficiente para outros formatos e nem sequer consideramos quais outros terrenos podem surgir nas edições de 2026.
Além disso, um formato voltado para os collabs tem alguns atrativos a mais. É a oportunidade perfeita para tentar novamente aqueles personagens de que você tanto gosta, mas não teve muito sucesso em construir um deck no Standard, e também oferece um lar para os cards de Final Fantasy, Avatar ou Spider-Man que rotacionam a partir de 2028 e deixam uma parcela da comunidade órfã de um lugar para aproveitar os melhores cards dessas expansões e dos crossovers que caem a partir de 2029 em diante.
Concluindo
Dado o alinhamento de fatores, é impossível não considerar que a Wizards possivelmente está pavimentando o terreno para tornar Universes Beyond seu próprio espaço, mas sem tirá-lo do Standard.
Da falta de gerenciamento do Pioneer até a quantidade de expansões lançadas em um mesmo ano, fica claro que existem motivos e até uma demanda não especificada por um cenário em que os crossovers poderiam ser um ecossistema por conta própria, criando uma experiência inovadora, e que em partes possibilita também aos fãs das marcas que rotacionam do Standard a continuar aproveitando seus personagens favoritos.
Não será em 2026, afinal o caminho ainda está sendo cimentado, mas a possibilidade do anúncio de um novo formato em torno de Universes Beyond no fim de 2027 ou início de 2028 está, aos poucos, tornando-se um “quando”, e não um “se”.
Obrigado pela leitura!












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