Em 10 de novembro, Magic: The Gathering lançou sua mais recente atualização de Banidas e Restritas — talvez a mais aguardada do ano devido ao estado do formato Standard desde a rotação —, e levou, como esperado, Vivi Ornitier, além dos cards Proft’s Eidetic Memory e Screaming Nemesis.
Mas as mudanças não se limitaram somente ao Standard: High Tide retornou para a lista de banidas do Pauper, Heartfire Hero deixou o Pioneer e os jogadores de Legacy finalmente se livraram de Entomb — card que se tornou eficiente demais por conta das adições de cartas mais poderosas que transformaram Reanimator em um Tempo Deck com um finisher de combo — e Nadu, Winged Wisdom, além também de banimentos no formato Brawl.
Há muito para se discutir, então vamos direto ao ponto.
Standard
O Standard perdeu três cards com a nova banlist.

O banimento de Vivi Ornitier — e a ironia dele ser o card de Final Fantasy com o tempo de vida mais curto do Standard — era esperado por qualquer um que acompanhasse o formato desde a rotação: mana de graça é sempre um problema e Vivi, enquanto tinha padrões de jogo complicados ao lado de Cori-Steel Cutter, se tornou uma ameaça pior quando a sua restrição de uso foi burlada pelo combo de Agatha’s Soul Cauldron.
A surpresa, em partes, vem de Proft’s Eidetic Memory, mas não por muito: o anúncio comparou o card com Up the Beanstalk, e enquanto essa semelhança parece um tanto hiperbólica, existe de fato uma semelhança entre ambos — os dois encantamentos se tornaram crescentemente melhores conforme novas expansões saíram.

Up the Beanstalk ganhou mais tração com o ciclo de Overlords em Duskmourn, enquanto Proft’s Eidetic Memory se beneficiou bastante de Winternight Stories, Tersa Lightshatter e a interação deles com Quantum Riddler, e como exemplificado diversas vezes nos Challenges, um arquétipo sem Agatha’s Soul Cauldron e mais voltado para Proft seria um forte competidor no Metagame futuro.
A surpresa, no entanto, foi a decisão de agir. A Wizards of the Coast tende a ser conservadora com banimentos no Standard e já estava tirando da base Izzet a possibilidade de jogar com um combo, o que levaria os jogadores a partirem para a linha de Proft sem Vivi.
O caminho era claro, e ao invés de serem permissivos e deixarem para ver como o formato se adaptaria sem precisar se dedicar demais ao hate contra Cauldron, decidiram remover de vez o mecanismo alternativo para onde todos os jogadores iriam — com isso, a Wizards garantiu que o Standard precise de um recomeço, mesmo se este for inicialmente pavimentado por Dimir Midrange.

Mas antes de falarmos do que aguarda no futuro, precisamos olhar uma última vez para o passado recente: Screaming Nemesis, enquanto não tão notório quanto Vivi Ornitier, foi um erro de design. A resposta perfeita para as contra-jogadas que costumam lidar com Mono Red Aggro seria eventualmente um problema caso, por algum motivo, os banimentos da temporada passada não fossem suficientes… e não foram.
Pode ser por consequência da rotação de três anos, ou porque o arquétipo sempre dá um jeito de se reinventar, ou pelas circunstâncias do Metagame, mas o Mono Red Aggro permaneceu como um dos melhores decks do Standard e chegou, em alguns momentos, a ser mais popular que o Izzet Cauldron por ser uma estratégia mais fácil de pilotar e mais rápida de farmar Ligas.
Screaming Nemesis foi o único card “problemático” que sobrou da leva passada, mesmo quando apresentava os mesmos problemas que Monstrous Rage no que concerne a punir bloqueios e o combate como um todo, sem contar as interações com Scorching Shot ou Witchstalker Frenzy.

O Mono Red ainda tem o potencial para se reinventar, e terá de fazê-lo com muito além do que apenas adicionar um substituto para Screaming Nemesis — cujo slot deve, inicialmente, pertencer a um card como Tersa Lightshatter —, pois também terá de estabelecer uma nova lista que não tenha como foco principal combater Cauldron com Razorkin Needlehead, que deve ser substituído por Zhao, the Moon Slayer.
Não é o fim dos tempos para o Mono Red, e este pode permanecer como um arquétipo forte no Standard, mas ele já não pode mais ignorar as restrições que, durante anos, serviram para mantê-lo no papel de policiar o formato, ao invés de limitar o espaço criativo das demais estratégias.

Quanto ao futuro, a única certeza momentânea é a de jogadores mais competitivos migrarem para o Dimir Midrange nas primeiras semanas, o que fará os demais competidores apostarem em techs como Fire Magic para lidar com as diversas criaturas X/1 utilizadas pelo arquétipo.
Outras estratégias dignas de ficar de olho incluem o Simic Counters com Jackal, Genius Geneticist e Ouroboroid e as diversas variantes dos decks de Cosmogrand Zenith — mas tudo ocorre enquanto também temos o lançamento de Avatar: The Last Airbender na próxima semana, que deve balançar ainda mais o Metagame competitivo e estabelecer uma espécie de “segunda rotação” do Standard quando somado às mudanças da banlist.
Em resumo, Dimir será o deck to beat nos próximos dias, mas pode perder esse posto em duas ou três semanas conforme o formato se adapta e os cards da nova expansão exercem um papel no Metagame.
Pioneer

O banimento de Heartfire Hero no Pioneer tem como propósito ampliar a diversidade de jogos no Magic Arena, segundo o anúncio da Wizards of the Coast — o que deixa um recado amargo de que a empresa está mais focada em mediar o formato por meio desta plataforma e da experiência de jogo no Melhor de Um do que avaliar o Pioneer como um ambiente competitivo, mesmo que mencionem a diversidade de arquétipos.
Existe também incompreensão sobre o motivo de Mono Red Lynx ser o deck mais famoso do formato: jogadores tendem a optar por arquétipos agressivos com baixo teto de complexidade quando querem jogar Ligas, ter vitórias rápidas nas Ranqueadas para coletar as recompensas diárias, ou quando não conhecem tanto o formato ao ponto de escolherem uma estratégia mais elaborada; assim como Kuldotha Red era extremamente popular no Pauper, Red Mice é seu equivalente no Pioneer.
Isso não retira os problemas inerentes do card, assim como não removeram os de Kuldotha Rebirth: Heartfire Hero cria free wins demais no Melhor de Um e é um card que sequencia um pouco bem demais com Manifold Mouse no Melhor de Três, onde quatro de dano no segundo turno pode facilmente se multiplicar para doze ou mais no turno seguinte e abre o caminho para Sunspine Lynx finalizar a partida.
Outro problema inerente do card era a maneira como os arquétipos precisavam criar concessões na interação para lidar com ele, visto que remoções tradicionais eram passivas de serem punidas com um Monstrous Rage e mais quatro de dano em resposta, apesar de que cards como Torch the Tower permanecem relevantes enquanto Arclight Phoenix existir.

Existem alguns comentários que mencionam como Sunspine Lynx ou Screaming Nemesis deveriam ter sido banidas junto de Heartfire Hero se o objetivo é enfraquecer o Mono Red e dar mais diversidade ao formato, mas de acordo com a Wizards, utilizando os dados do Magic Online, o Pioneer está diverso, e existe densidade de respostas suficientes para lidar com Nemesis, enquanto Lynx tem um papel importante no Metagame como regulador contra bases de mana gananciosas.
No geral, Mono Red Mice fica bem mais fraco e é provável que o pacote de Camundongos seja substituído por outra opção caso Manifold Mouse + Emberheart Challenger + Monstrous Rage não se prove o suficiente — mas não devemos esperar uma mudança substancial no Metagame por isso, apenas uma quantidade reduzida de free wins.
Legacy

Nadu, Winged Wisdom foi um erro grotesco de design e nunca deveria ter sido alterado de última hora para agradar o público de Commander, de onde também foi banido pelo mesmo motivo que deixou o Modern e o Legacy — cria padrões de jogos demorados e miseráveis de acompanhar.
O banimento era uma questão de quando, e este chegou.

Entomb, por outro lado, é um banimento muito mais interessante porque fala um pouco de como Magic se desenvolveu nos últimos cinco ou seis anos
Em essência, este card já vai de desencontro com o princípio de que tutores de uma mana que sejam confiáveis demais podem ser perigosos em formatos eternos, e o que o manteve no Legacy por tanto tempo é que o Reanimator era uma estratégia linear cuja cola de consistência estava em encontrar uma criatura no primeiro turno e conjurar Reanimate no mesmo turno, ou no turno seguinte.
Essa estratégia era policiada pelos decks de Tempo, em especial as listas de Delver of Secrets e variações, além de ser muito passiva à hate direcionado, o que colocava o arquétipo em uma posição não diferente de Show and Tell e outras estratégias visando trapacear em custos de mana — exceto que o Reanimator trocava resiliência por velocidade.

O que mudou, e funciona como um sinal dos tempos em que Magic vive, foi a qualidade geral dos cards.
Reanimator tinha de se contentar em trazer um Inkwell Leviathan, Griselbrand ou Sire of Insanity e torcer para eles carregarem a vitória, e apostavam em um plano “all-in” onde tudo dependia de jogar em torno da disrupção do oponente com Thoughtseize, Duress e Unmask.
Atraxa, Grand Unifier mudou essa rota e deu acesso à Force of Will ao arquétipo, e na mesma época, também começaram a surgir as versões que mesclavam Reanimate com Grief e também do uso recorrente de Troll of Khazad-dûm como um meio de ter um alvo para trazer de volta no slot de um terreno que também servia como alimento para Grief.
Com o banimento dessa versão, surgiu Psychic Frog, que para os fins do Legacy, foi um erro para o formato e não apenas para o Reanimator, e com este banido, o arquétipo permaneceu adotando mais cards eficazes que o permitiam jogar como um deck de Tempo que possuía um combo consistente.
Ao chegar neste ponto, o Reanimator se tornou insustentável, e Entomb um pouco eficiente demais. Uma relíquia do passado do Legacy cujas mudanças no jogo durante a última década o tornaram uma ferramenta perigosa para o Metagame.
Pauper

O banimento de High Tide era, em partes, esperado pela mescla de padrão de jogos não-interativos e problemas logísticos apresentados pelo arquétipo em torneios presenciais.
Mencionamos o dilema sobre o card em outro artigo e o Pauper Format Panel optou por considerar os riscos ao formato que um combo de sequenciar mágicas apresenta ao Metagame.
Com High Tide fora do caminho, é possível que os arquétipos de Tempo tomem um hit em resultados, já que estes serviam como seus reguladores naturais, mas Mono Blue Terror deve permanecer como um dos melhores decks. Arquétipos não interativos, por outro lado, podem sofrer um pouco mais agora que os slots de Sideboard podem se diversificar para lidar com outros decks.
Outra movimentação natural deste banimento será, mesmo que por um breve período, o retorno de Midranges mais lentos que não tinham as ferramentas necessárias para lidar com um combo de turno três ou quatro.
Brawl

Há poucas semanas, o Brawl teve seu primeiro Metagame Challenge, que trouxe repercussão sobre quais ajustes o formato precisa passar antes de ser considerado como um cenário competitivo.
A leva de banimentos acima visa acertar, em maioria, cards universais que entram em quase qualquer estratégia e garantem fácil acesso à mana rápida, exceto Mana Drain, cujo banimento também pode ser categorizado como devido à natureza de ramp que o card oferece.
É um bom primeiro passo, e seria interessante ver o Brawl se desenvolver para um lado mais competitivo, mas será necessário mais atenção a outros problemas inerentes do Metagame conforme este se desenvolver.
Concluindo
Isso é tudo por hoje!
Em caso de dúvidas, fique à vontade para fazer um comentário!
Obrigado pela leitura!












— Comments 0
, Reactions 1
Be the first to comment