Magic: the Gathering

Deck Guide

Analisando os anúncios do Magic Showcase 2021 e o futuro do Magic

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Aqui discutiremos sobre cada um dos 15 produtos apresentados no Magic Showcase 2021, o que poderemos esperar de cada um, e também realçamos o que não foi apresentado, mas deveria ser.

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revisado por Tabata Marques

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Esta semana, ocorreu ao vivo o Magic Showcase 2021, evento online onde a Wizards anunciou todo o seu cronograma de lançamentos para o final de 2021 e para o ano de 2022.

Diversas novidades foram anunciadas, com um retorno para Kamigawa, uma recontagem da história da Guerra dos Irmãos, anúncio de parceria com Fortnite e Street Fighter, entre outros diversos pontos muito relevantes para o Magic e sua comunidade e o que podemos esperar do futuro.

Neste artigo, pretendo fazer uma análise inicial do que foi anunciado, além de fazer uma observação crítica dos produtos do Universes Beyond e comentar sobre a ausência de qualquer anúncio quanto ao futuro do Magic competitivo.

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Pioneer Challenger Decks

O primeiro produto que chegará em nossas mãos são os Pioneer Challenger Decks, em 15 de Outubro, e essa adição com certeza foi a melhor escolha que a Wizards poderia fazer para dar suporte a um formato que foi amplamente prejudicado pela pandemia, já que 2020 seria o ano em que o Pioneer seria oficialmente o formato jogado em MagicFests e outros eventos.

Porém, a ausência de eventos em 2020 em junção de um gerenciamento ruim do formato, que o deixou por meses num estado polarizado entre três decks de Combo, foram muito prejudiciais ao Pioneer e afetaram significativamente a sua popularidade, tornando-se um formato pouco jogado e que obteve nenhum suporte durante este período.

Comentei em outro artigolink outside website que a Wizards precisava ampliar o suporte ao Pioneer com produtos dedicados, pois é a única maneira de fazer com que os jogadores se interessem pelo formato, e os Challenger Decks são exatamente o produto ideal para motivar os jogadores a adentrarem no Pioneer, já que decks fechados significam que eles podem simplesmente comprar os decks, colocar em um shields e imediatamente jogar com eles, enquanto podem também posteriormente investir neles para melhorá-los.

Ótima jogada por parte da Wizards, ótima oportunidade para fazer com que o Pioneer tenha mais espaço nas lojas e ótimo meio de despertar o interesse dos jogadores em adentrar a um formato eterno de maneira acessível.

Dito isso, farei uma breve análise das listas (que podem ser conferidas neste linklink outside website).

O Azorius Spirits é provavelmente o deck mais interessante (pelo menos para mim, um habitual jogador de Tempo), mas o que aparenta requerer a maior quantidade de investimento para se obter uma versão otimizada.

O deck possui ótimos cards, mas sua manabase é muito fraca se comparada com a dos demais decks (2 Glacial Fortress apenas é um tanto desapontador, e um playset de Temple of Enlightenment me faz questionar se a Wizards entende o conceito de Tempo), ela possui todas as Staples necessárias para a versão Azorius do deck, mas os principais cards encontram-se em pequenas quantidades como 1 Selfless Spirit e 1 Brazen Borrower, além de 2 Spell Queller.

É claro que não podemos esperar que os Challenger Decks obtenham a lista completa, mas de todos os decks, o Azorius Spirits parece ser o que demandaria maior investimento para torná-lo a versão ideal e competitiva.

O Mono-Red Aggro é muito bem construído e provavelmente a melhor lista de “pick and play” do bundle, já que seu plano de jogo aparenta ser bem objetivo e abre muitas janelas de oportunidade contra jogadores despreparados.

O deck conta com essencialmente tudo o que é necessário pra que se tenha a oportunidade de ganhar jogos, e a única omissão significativa é a de Eidolon of the Great Revel, um card que naturalmente seria estranho para um jogador novo no formato utilizar já que demanda um certo entendimento de como/quando utilizar a carta.

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Para melhorar o deck, faz-se necessário a inclusão dos Eidolons e de Den of the Bugbear.

E se você quiser investir ainda mais no deck, você pode sempre optar por seguir o caminho do Boros Burn, o que demandaria cards como Shocklands, Inspiring Vantage, Battlefield Forge e mágicas como Boros Charm, além de Lurrus.

O Orzhov Auras é extremamente bem construído e a única parte questionável dele é o fato de possuir somente duas cópias de Stonecoil Serpent (poderíamos falar da cópia de Thoughtseize no Sideboard, mas eu não esperava mais do que isso naturalmente, e isso com certeza vai reduzir o preço do card já que este produto será amplamente distribuído e aberto).

Ele vem com a inclusão de oito duais e as que não estão na lista são justamente as que você não espera que estejam (Godless Shrine e Brightclimb Pathway), mas o deck inclui até mesmo uma cópia de Lurrus e acredito que este seja o primeiro Challenger Deck que já vem com um Companion.

O único ponto negativo deste deck não está nas cartas, mas no timing: O Orzhov Auras não é um deck que esteja em alta atualmente e dificilmente tem feito resultados nos Challenges faz algumas semanas.

Por fim, o Lotus Combo parece ser o mais bem-construído das listas e parece bem completa mesmo com a óbvia exclusão de algumas winconditions alternativas como Ugin ou Jace. O deck possui até mesmo duas cópias de Dig Through Time!

A lista, entretanto, tal como o Orzhov Auras, parece datada e não foi atualizada para as versões mais recentes do deck que procuram fechar o combo utilizando Emergent Ultimatum, mas estes produtos costumam ser produzidos com meses de antecedência e não é incomum vermos versões “datadas” dos decks surgindo nos Challenger Decks.

Como uma consideração final, este produto é muito bem-feito, muito bem-vindo e provavelmente será uma ótima porta de entrada para que os jogadores possam conhecer o Pioneer.

Meu conselho é que a própria comunidade de Pioneer promova o produto ou até mesmo compre para os arquétipos que não possui, justamente para motivar a Wizards a criar mais produtos deste tipo, ampliando a popularidade do formato enquanto também colabora para tornar o formato acessível.

Commander Collection: Black

Reprints são sempre bem-vindos, especialmente quando se tratam de Staples de Commander numa versão premium com arte alternativa.

Existe um público para isso e parecia estranho a Wizards não ter anunciado a continuação do primeiro Commander Collection.

Se este produto utilizar a mesma estrutura e disponibilidade que os antigos Signature Spellbooks, acredito que veremos sim um decréscimo de preço nas Staples presentes nele.

Innistrad: Double Feature

Não há muito a ser dito sobre este produto, e não consigo imaginar outras vertentes dele surgindo porque não me parece o tipo de booster que seria um grande sucesso de vendas, mas isso depende de quais Staples que existirem em Midnight Hunt e Crimson Vow estarão disponíveis neste set, o que o torna altamente benéfico se forem inclusos cards amplamente jogados nos formatos, já que estará aumentando a disponibilidade dos mesmos.

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No final, o sucesso deste produto dependerá do quanto Midnight Hunt e Crimson Vow impactarão o jogo.

Kamigawa: Neon Dinasty

Após dezesseis anos, estaremos voltando para Kamigawa, mas definitivamente não para a Kamigawa que conhecemos em 2004/2005.

Quando visitamos Kamigawa pela primeira vez, o foco central da história era a Guerra dos Kami, onde Konda, senhor de Eiganjo, atravessou o véu entre o mundo mortal e o espiritual e sequestrou o filho de O-Kagachi, o mais poderoso entre os Kamis, dando início ao ataque dos espíritos no mundo mortal, uma guerra à qual os habitantes de Kamigawa não tinham a menor chance de vencer desde o começo.

A guerra acabou somente vinte anos depois, quando Michiko Konda, junto de Toshiro Umezawa, conseguiu libertar o filho de O-Kagachi e derrotar Konda, e Toshiro foi levado pela Myojin do Alcance Noturno para Dominaria.

Toda essa história, entretanto, está _muito_ no passado para o nosso retorno, já que Neon Dinasty se passará 2000 anos após estes eventos (o que faz sentido, já que Tetsuo Umezawa, o campeão de Mandara que derrotaria o tirano Nicol Bolas num passado distante de Dominaria, é descendente de Toshiro) e o plano se tornou um lugar com fortes identificações com o mundo Cyberpunk oriental.

Como mencionado na live, o que este set faz é pegar tudo o que as pessoas gostaram em Kamigawa e recriar o resto do zero, portanto, não acredito que veremos a maioria das mecânicas que vimos nas primeiras edições, enquanto veremos os descendentes de diversos personagens e lendas de 2000 anos atrás.

Em mecânicas, acredito que as únicas que podem ver algum retorno são Ninjutsu e Arcane, possivelmente ambas com novas interações e novos meios de serem utilizadas. Provavelmente também veremos o retorno de Samurais e quem sabe um suporte tribal digno para eles.

Particularmente, aprovo a ideia de revisitarmos planos que pareciam “esquecidos” pela Wizards nos últimos anos, quando já revisitamos lugares como Innistrad, Zendikar e Ravnica tantas vezes, e espero que essa tendência se repita nos próximos anos em planos que permanecem nos corações dos jogadores, como Lorwyn, Alara e Tarkir.

Streets of New Capenna

Streets of New Capenna é uma edição inspirada em filmes de gângster e baseada nas máfias existentes no Século XX, mas com um toque extra de magia e fantasia.

New Capenna é uma cidade criada por anjos, mas que foi tomada por demônios de três cores que hoje lutam entre si pelo domínio da cidade. Trata-se de um local muito importante para a planeswalker Elspeth Tirel e onde encontraremos também o planeswalker Ob-Nixilis.

Obviamente, suponho que teremos cards de Planeswalkers de ambos e Streets of New Capenna pode ser o set multicolorido do ano que vem, provavelmente nas cores dos Fragmentos (Bant, Esper, Grixis, Jund e Naya) e não me surpreenderia se vermos o ciclo de Triomas ser completado nesta coleção, já que me parece a oportunidade perfeita para fechar um ciclo que foi tão importante no Standard e continuará sendo importante nos formatos eternos.

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Como uma observação particular, fazia muito tempo que eu queria ver um plano do Multiverso que se aproximasse um pouco mais da era industrial ou da era moderna. Streets of Capenna parece trazer um pouco desta opção se for, de fato, baseado nas máfias do Século XX, e será muito interessante ver um mundo mais “contemporâneo” do que estamos habituados a ver, com uma dose dos elementos únicos que o tornarão um plano do universo de Magic.

Dominaria Reunited

Dominaria Reunited será o nosso terceiro retorno para Dominaria, e provavelmente veremos o que ocorreu no plano após nossa última visita, em 2017.

Dominaria é um lugar com muitas histórias e muito potencial de para onde podemos ir, quais personagens podemos ver e qual o desenrolar que podemos esperar na história, e particularmente o nome “Dominaria Reunited” me faz acreditar que veremos muito mais do ‘habitat’ do plano, de como seus povos estão vivendo e suas culturas do que necessariamente um plot como os que costumávamos ver nas edições anteriores.

Obviamente haverão Planeswalkers, e acredito que um deles será Teferi, já que sua família encontra-se no plano, mas é possível que ele tenha ido com Karn para resolver a ameaça Phyrexiana no plano antes conhecido como Mirrodin (falaremos mais sobre isso logo mais).

Provavelmente, tal como em Kamigawa, veremos personagens icônicos ou que possuem alguma ligação com personagens da história de Dominaria aparecendo na lore ou em cards.

The Brothers War

Esta será com certeza a edição mais esperada pelos fãs da lore de Magic: The Gathering para o ano que vem!

The Brothers War será uma revisitação do período da história de Dominaria conhecida como A Guerra dos Irmãos, um conflito que durou 36 anos e terminou levando Dominaria para um longo período de Era Glacial, após Urza utilizar o Sylex, que causou uma enorme explosão que destruiu toda Argoth e matou dezenas de milhares habitantes do plano, criando os Fragmentos dos Doze Mundos e impactando todo o Multiverso.

Segundo o anúncio, The Brothers War contará esta história através da perspectiva dos habitantes de Dominaria daquela época, o que significa que possivelmente não veremos um foco tão grande nos próprios irmãos Urza e Mishra, mas sim nas consequências de seus atos por toda Dominaria.

Isso não significa que acredito que não podemos ter novas versões de Urza e Mishra na edição, a Wizards dificilmente perderia a oportunidade de trazer dois dos mais importantes personagens de Dominaria em novas versões. Especialmente Mishra, que está merecendo uma versão nova faz mais de uma década, já que sua representação em Time Spiral não foi digna da importância do personagem.

Eu não sei dizer se teremos uma vinculação direta entre Dominaria United e The Brothers War, especialmente considerando que este set se trate de uma revisitação do passado sem uma razão direta com a atual lore do Magic, mas um ponto importante de se mencionar é que existe uma teoria de que o “Cylex” que o Karn procurou em Dominaria para levar à New Phyrexia seja o mesmo artefato que Urza utilizou para quase destruir toda a Dominaria, o que poderia ser um indicativo de retornarmos para o arco de Phyrexia no ano que vem, com esse retorno para Dominaria e para a Guerra dos Irmãos servindo para contextualizar a importância e o perigo que Phyrexia representa para o Multiverso.

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Mas é apenas o meu desejo de a Wizards deixar de lado as histórias individuais de cada set e voltar a dar o devido ênfase ao maior antagonista de todo o multiverso.

A propósito, se você quiser saber um pouco mais sobre Phyrexia, eu fiz um artigo contando toda a sua histórialink outside website.

Afinal, podemos esperar algo da Lore?

Faz alguns anos que sinto que o novo rumo tomado pela Wizards com a história de Magic: The Gathering é tornar de cada edição uma aventura individual dos Planeswalkers, sem necessariamente nenhum vínculo entre uma história ou outra fora personagens que retornam entre as edições (como os irmãos Kenrith em Eldraine e Strixhaven ou Elspeth em Theros e Cadennia), mas que acabam agregando muito pouco para um “plot” ou cujo enredo individual acaba sendo muito fraco ou até mesmo contraditório (como em Kaldheim), e isso me faz sentir falta de uma história mais linear e mais voltada para coisas acontecendo em torno de um fator em comum ou interligado com outras histórias, como foi visto com os Eldrazis ou com Nicol Bolas.

A sensação que tenho é que as Lores atuais, apesar de serem interessantes e divertidas (mas nem tanto nas edições lançadas em 2021, admito), não trazem a mesma sensação de empolgação e vontade de saber o que acontecerá nas próximas edições. As histórias atuais carecem de uma conexão que faça com que o jogador que se importa em acompanhar a história se sinta ansioso por saber o que acontece em seguida.

Gostaria muito que a Wizards mudasse um pouco o rumo da Lore de Magic e trouxesse de volta um enredo que faça com que os jogadores se sintam intrigados e interessados em saber o desenrolar do próximo capítulo, principalmente porque isso é positivo de muitas formas para a empresa e para a comunidade, basta lembrar do enorme hype que War of the Spark trouxe apenas porque prometia ser o grande desfecho de um arco.

Infelizmente, parece que 2022 sofrerá parcialmente do mesmo problema, e neste sentido The Brothers War será, pelo menos, uma ótima maneira de revisitar um ponto importantíssimo da Lore e que pode trazer conexões tanto para o futuro quanto para revisitarmos outros grandes momentos da história de Magic em edições dedicadas exclusivamente a elas (que é, no meu ponto de vista, o experimento que a Wizards pretende fazer com a edição).

Unfinity

Un-Sets são divertidos, mas pouco práticos para a maioria dos jogadores que não possuem como foco jogar com regras estranhas e cartas confusas, apesar de trazerem sempre alguns dos mais divertidos eventos de draft e selado para jogadores que só querem se divertir.

Não há muito o que comentar sobre o set, mas já possuindo quatro edições com lands básicas de frame único, parece ter ficado claro para a Wizards que estas lands básicas já não são atrativas o suficiente para que jogadores se sintam motivados a comprar boosters, já que tecnicamente não existe possibilidade dos cards de um Un-Set trazerem bom retorno financeiro.

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Logo, a decisão de incluir Shocklands com um frame único na edição parece um jeito de procurar revitalizar o interesse dos jogadores em um novo Un-Set, além de torná-lo mais rentável para se comprar e mais interessante para se draftar.

Double Masters 2022 / JumpStart 2022

Não há muito o que dizer sobre reprint sets, eles são sempre bem-vindos, sempre muito importantes para a economia do jogo e sempre muito importantes com downshifts para o Pauper.

Double Masters foi uma ótima ideia por parte da Wizards e é bom que eles estejam repetindo a dose, visto que é um dos sets mais “recompensadores” de se abrir dos últimos anos.

JumpStart foi uma boa maneira de encorajar jogadores a experimentarem um novo estilo de selado de maneira simples, objetiva e bem-construída, e a coleção trouxe novos cards importantes para formatos eternos como Muxus, Goblin Grandee.

Dois pontos positivos para a Wizards, e estou ansioso por bons downshifts nessas edições para o Pauper.

Commander Legends: Battle for Baldur’s Gate

Falando em downshifts, a edição “não-Standard” que mais me empolgou para o ano que vem foi um novo Commander Legends, visto que os downshifts da primeira coleção impactaram e ainda impactam o Pauper significativamente até hoje.

Dito isso, me parece uma decisão muito sábi da parte da Wizards dedicar o próximo grande produto de Commander para o universo de Dungeons & Dragons por um motivo em particular:

Muitos dos cards lendários de Adventures in the Forgotten Realms não são comandantes tão bons, principalmente porque saíram numa edição de Standard e precisavam seguir padrões naturalmente voltados para o Standard, o que limita um pouco o impacto que estas cartas poderiam ter como Comandantes.

Com um produto dedicado exclusivamente para Commander, a Wizards não possui essa restrição e pode fazer cards dignos do reconhecimento que seus respectivos personagens merecem, além de empolgantes para os jogadores de Dungeons & Dragons à adentrar ao Commander, o principal meio de começar ou voltar ao Magic atualmente.

Ponto positivo para a Wizards.

Universes Beyond

O projeto Universes Beyond já é um ponto altamente controverso na minha concepção pessoal porque revela, junto do Secret Lair, o viés altamente comercial ao qual Magic ruma desde o ano passado, e a polêmica com o Secret Lair: The Walking Dead apresentou mais pontos negativos do que positivos em trazer, se aplicados de maneira errônea, outros universos para o mundo de Magic: The Gathering.

Dito isso, querida Wizards, você poderia trazer o universo de Final Fantasy num produto de Universes Beyond que não seja um Secret Lair?

Eu adoraria de verdade usar meu Commander de Cloud contra o de Sephiroth do meu oponente, ou quem sabe conjurar o Grand Cross para destruir todas as criaturas, ou equipar uma criatura minha com o Ring of the Lucii?

Ou quem sabe um set com reprint de Fire // Ice retratando mágicas que existem na série desde o primeiro jogo? Existe muito potencial de para onde se poderia ir com um Universes Beyond de Final Fantasy e isso definitivamente atingiria uma fanbase muito significativa no mundo dos jogos.

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Feito esse pedido, vamos avaliar os rumos distintos que o projeto Universes Beyond terá para o ano que vem.

Secret Lair: Street Fighter

O Secret Lair: Street Fighter seguirá basicamente o mesmo padrão utilizado pela Wizards no polêmico Secret Lair: The Walking Dead.

O produto que será feito para celebrar os 35 anos da franquia Street Fighter terá cards exclusivos de alguns dos personagens do jogo, com mecânicas novas que só existirão nestes cards.

A Wizards já havia mencionado que esta possibilidade existia e que, para aumentar a disponibilidade destes cards posteriormente, versões mecanicamente idênticas delas (ou seja, com o mesmo custo, habilidades, cor, poder e resistência, mas com outro nome) poderá ser encontrado na “The List” de um Set Booster posterior ao lançamento do produto.

Apesar de a inclusão de cards mecanicamente iguais serem uma solução plausível para o problema do fator “exclusividade em produto limitado”, não é a solução ideal porque primeiramente você terá um gap temporário entre jogadores que podem comprar o Secret Lair e os que não podem, e apesar disso ser uma realidade recorrente no universo de Magic (pense em quem pode jogar Legacy e quem não pode por conta do preço de cartas da Reserved List, por exemplo), esta ação não deveria ser promovida pela própria Wizards porque se trata de um aspecto altamente negativo para a comunidade.

O segundo ponto é que a The List só existe em Set Boosters, um produto específico, com uma vasta lista de cards e que só aparece um card da lista numa média de 1 a cada 4 Boosters, numa lista de 300 cartas diferentes que podem surgir neste mesmo slot, e provavelmente virão em raridades altas como Raras ou Mítica-Raras, o que diminui ainda mais a proporção de chances de você abrir elas num Booster.

E mesmo com a Wizards se comprometendo a aumentar a porcentagem com qual o card pode vir no slot da The List, ainda estamos falando de precisar abrir um card que possui uma chance específica dentre 300 cards de surgir em 25% dos Set Boosters que você abrir, é uma combinação muito específica para um card exclusivo.

A opção ideal seria a Wizards não cometer esta atrocidade para com a comunidade, ou utilizar estes “cards exclusivos” como previews de cartas que veremos numa edição dentro dos seis ou até nove meses posteriores ao lançamento do Secret Lair, como já foi feito diversas vezes no passado com produtos como Duel Decks e From the Vault.

Ter estes cards como “previews” sem contexto de edições de um futuro próximo tornaria do produto muito mais palpável e menos negativo para a comunidade, principalmente porque criaria muito debate e especulações do que podemos esperar, e jogadores de Magic adoram especular em cima de previews e rumores.

E olhando pelo lado comercial, isso não prejudicaria de forma alguma as vendas de um produto de Secret Lair, porque o jogador que quer a “Chun-Li” como sua Comandante vai continuar querendo a Chun-Li como sua comandante. O colecionador vai continuar querendo uma peça de um produto histórico de Magic que promete reter todo o seu valor com ou sem o reprint de uma carta mecanicamente igual a ela numa edição futura porque continua sendo um ótimo produto colecionável para fãs de Magic e fãs de Street Fighter, e o Secret Lair é um produto voltado para colecionadores.

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Em resumo, péssima decisão da Wizards em repetir a dose do Secret Lair: The Walking Dead, e pior decisão ainda em tentar reparar esse erro dentro de um sistema que mais parece um Gacha do que uma abertura de Boosters.

Isso poderia dar certo se fosse aplicado de maneira a tornar a versão alternativa do card mais fácil de se encontrar e mais acessível, e transformar estes “cards exclusivos” em previews de edições futuras seria a melhor maneira de fazer com que a recepção deste produto se tornasse bem mais positiva para a comunidade.

Secret Lair: Fortnite

Ironicamente, vi uma repercussão negativa muito maior por parte da parceria com Fortnite do que com a parceria com Street Fighter, sendo que o produto que será lançado com Street Fighter é muito mais prejudicial ao jogo do que o produto previsto para Fortnite.

O Secret Lair: Fortnite é uma boa representação de um método saudável de realizar estas parcerias: o produto trará reprints de cartas já existentes no universo de Magic com ilustrações e temáticas do mundialmente famoso Fortnite. Simples e direto.

Se você não gosta de Fortnite, tudo bem, basta não comprar o produto. Não fará diferença se você estiver usando qualquer outra edição dos cards que serão lançados nesse drop ou se estará usando a versão do Secret Lair: Fortnite, as aplicações práticas para o jogo são as mesmas e isso faz com que este produto se encaixe no mesmo parâmetro que praticamente todos os outros Secret Lairs, mas novamente, ampliando o alcance de colecionadores que podem se interessar no produto ao misturar duas franquias muito famosas em uma só.

Acredito fielmente que deveríamos nos importar muito mais em como o produto é executado (o Secret Lair: Street Fighter foi muito melhor recebido pela comunidade apesar da sua execução horrenda) do que em qual franquia ele se baseia.

Não importa para mim se a Wizards vai fazer parcerias com Assassin’s Creed, com As Meninas Superpoderosas, ou com Brooklyn 99, por no final serem produtos colecionáveis, cosméticos e com um público-alvo que não é necessariamente o grande público Magic.

Mas quando falamos em printar cards mecanicamente exclusivos que só existirão no produto e numa porcentagem baixa de surgir num slot de um booster específico, a história muda porque pode afetar diretamente o jogo e criar situações que poderão se acumular, podendo se tornar tão prejudiciais para o fator financeiro da comunidade quanto os spikes de produtos da Reserved List.

Em resumo, o ideal seria ter menos indignação pelas parcerias, e direcionar suas críticas pela forma com qual essas parcerias são aplicadas, quando elas são aplicadas de maneira prejudicial para o jogo.

No caso do Secret Lair: Fortnite, é bem simples: não gostou, não compre. Tem centenas de milhares de cópias disponíveis dos mesmos cards que serão lançados no produto, sem o fator cosmético que te dá desgosto em Fortnite, disponíveis para você no mundo inteiro.

Warhammer 40K

Outra maneira de aplicar muito bem o projeto Universes Beyond é criar cards exclusivos, mas torná-los disponíveis para todos os jogadores simultaneamente através de um produto facilmente acessível e amplamente distribuído para as lojas.

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É o caso de Warhammer 40k, onde a parceria será realizada através de quatro Commander Decks que serão enviados para as lojas na mesma proporção de qualquer outro Commander deck e seguindo o mesmo esquema de uma mistura de reprints e cards exclusivos.

Não é difícil entender porque essa é uma opção infinitamente melhor e mais viável: o produto é uma parceria, possui um valor colecionável por isso, mas não impede que qualquer jogador possa ter em mãos os produtos, além de não possuir nenhum impeditivo que afete negativamente a disponibilidade dele.

Ele tem tudo que um produto padrão de Magic (neste caso, Commander decks que são lançados juntos de cada set) possui, sem nenhum detrimento que faça com que ele fique disponível apenas para alguns jogadores por um tempo limitado, o que significa que seus cards terão a mesma disponibilidade de qualquer outro proveniente de um Commander Deck.

E caso um card não-lendário se torne altamente procurado dentro deste produto, você pode sempre reprintá-lo em outro Commander Deck com uma arte que não esteja necessariamente retratando a franquia Warhammer 40k caso a parceria se encerre posteriormente, ou seria possível até mesmo criar uma clausura na política de reprint de cards exclusivos que inclua que reprints funcionais dos cards do Commander Deck são o mesmo card, como será feito no caso do Secret Lair: Street Fighter.

Lord of the Rings: Tales of the Middle Earth

Por fim, o último produto que dissertarei sobre neste artigo é a parceria com O Senhor dos Anéis, que será um Booster Set draftável com cards que serão válidos no Modern, além de que o produto também será lançado no Magic Arena, tornando-o válido no Historic.

Percebemos uma tendência da Wizards de lançar um set voltado para o Modern a cada dois anos (Modern Horizons em 2019, Modern Horizons II em 2021 e possivelmente Lord of the Rings em 2023), e apesar da Wizards mencionar que este set não necessariamente será voltado para o Modern, acredito que a necessidade de tornar da edição um set não-Standard vem de que eles pretendem subir o power level dos cards e, dessa maneira, tornar o produto atrativo para mais jogadores de mais formatos, sem necessariamente prejudicar o desenvolvimento ou a janela de lançamentos planejada para o Standard (é válido lembrar que os sets de Standard costumam ser planejados com uma antecedência de dois anos).

O artigo em que a Wizards explica as motivações para tornar destes cards válidos no Modern e no Historic faz algum sentido: Gandalf é de fato um mago, Sauron é, de fato, o grande mal, e a Sociedade do Anel é, de fato, uma equipe de aventureiros que poderia surgir no Universo de Magic.

A Terra Média tem muitos elementos que comumente vemos em Magic: The Gathering, logo, o “gap” cultural de uma franquia para a outra não é chocante para nenhuma das duas partes, eu penso sobre isso e aceito da mesma maneira e na mesma natureza com qual aceitei Forgotten Realms: é confuso, vai trazer perguntas complicadas para quem chegar ao jogo posteriormente (bem mais do que em Forgotten Realms, já que O Senhor dos Anéis é uma franquia muito mais conhecida), pode atrair muitos fãs das Terras Médias para o jogo ou de volta ao jogo, enquanto também funciona como um marketing maravilhoso para Magic: The Gathering no “mundo mainstream”.

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É claro que conjurar o seu Aragorn e ele ser anulado por um Counterspell pode soar tão estranho quanto bloquear um Ragavan, Nimble Pilferer com seu Hobbit, ou conjurar um “You Shall Not Pass”, mas estamos vivendo um Standard onde Power Word Kill é amplamente utilizado; com certeza saberemos lidar com isso e, particularmente, acredito que será bem divertido para as mesas casuais e de Commander poder jogar com seus personagens favoritos dos livros de J. R. R. Tolkien.

Será que é desrespeitoso com Magic ter tantos crossovers?

Ter tantos crossovers? Não.

Aplicá-los de maneira a ampliar a discrepância de disponibilidade de cards entre os jogadores? É um desrespeito com os jogadores e não deveria ser feito.

Mas definitivamente os Crossovers não fazem a menor diferença para a franquia Magic: The Gathering de maneira negativa, são os jogadores mais saudosistas que tendem a não gostarem de mudanças, especialmente mudanças expressivas como a inclusão de outras franquias em produtos do jogo do qual, admito, soa um pouco estranho.

Porém, existe uma explicação lógica para este problema: O cérebro humano possui uma tendência automática a desgostar de mudanças significativas e repetir padrões para gastar menos energia.

Por isso, as pessoas são muito propensas a abraçar suas próprias tradições ou suas crenças pré-programadas perante a sociedade, a tendência natural do nosso cérebro é abraçar a nossa zona de conforto. É um dos motivos pelo qual vemos tanta resistência em qualquer mudança significativa nos padrões sociais ou reclamações deliberadas sobre qualquer novidade.

É por isso que todo ano tem uma onda de pessoas dizendo “O Magic vai acabar se isso acontecer” com cada mudança significativa que ocorre no jogo.

Torna-se difícil abraçar a mudança abertamente porque não é a nossa propensão natural, e é óbvio que é comum que alguns ou muitos jogadores gostem ou desgostem dos crossovers de acordo com suas opiniões e crenças pessoais sobre como o Magic deveria ser.

Porém, algumas vezes, nós apenas podemos aceitar as coisas como são, visto que há fatores que fogem do controle dos jogadores e aos quais não temos como mudar quando uma parcela significativa apoia essas mudanças.

Logo, crossovers com outras séries, ao que tudo indica, são um elemento que veremos e aprenderemos a aceitar nos próximos anos.

Sem anúncios sobre a Organized Play?

Isso não quer dizer que a Wizards esteja tomando todas as decisões certas: A MPL foi um desastre, o sistema de ascensão no cenário competitivo era confuso demais para que as pessoas entendessem, a Wizards investiu mal em divulgação desse mapeamento, investiu mal na divulgação de seus eventos e criou tantos sub-eventos que os jogadores em geral perderam o interesse em acompanhar os eventos profissionais de Magic, e ainda este ano tivemos o anúncio do fim da Magic Pro League e do circuito profissional de Magic como o conhecíamos.

Logo, uma das expectativas que uma parcela da comunidade tinha é de que o Magic Showcase revelaria pelo menos uma prévia do que podemos esperar por parte da Wizards para o cenário competitivo do jogo no futuro, qual seria a futura estrutura de eventos, como seria feita a “ladder” para os torneios profissionais, entre outros tópicos relacionados ao futuro do Magic Competitivo ou Magic Profissional.

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E, particularmente, foi um enorme desapontamento assistir ao Showcase inteiro sem ver sequer uma menção sobre o futuro competitivo do jogo e muito menos a mínima prévia do que poderíamos esperar. O Showcase foi integralmente comercial, foi feito sob a mesma lógica que temos visto a Wizards utilizar repetidas vezes nos últimos dois anos de manter o hype sobre os produtos enquanto negligencia outros pontos que compõem um card game, como melhorias na plataforma digital e no cenário competitivo local e mundial.

Foi mencionado no evento apenas que os Store Championships, eventos sazonais que ocorreram entre 2017 e 2018, retornarão com promos para os participantes para o Top 8 e para o vencedor, um sinal de que pelo menos estão investindo no cenário competitivo nas lojas, o que é um ótimo primeiro passo e seria interessante ver os Store Championships se tornarem a base para um forte cenário competitivo, passando por regionais e Nacionais, como costumava ser antes de... Bom, antes de ser esse embrulho estranho que veio junto do Magic Arena.

Dito isso, existe um ponto importante a se ponderar sobre a ausência de um anúncio sobre o Organized Play: ainda estamos numa pandemia, e mesmo com uma parcela significativa do mundo começando a reabrir e jogos em loja estarem permitidos na maioria dos países, a variante Delta continua se mostrando um desafio para o mundo e seu impacto está sendo sentido em diversas regiões de diversos países.

Promover o retorno de Magic Fest, Pro Tours e outros eventos do gênero diante de um momento onde a pandemia ainda se encontra com uma certa instabilidade mesmo em países onde a vacinação encontra-se num estado avançado é uma medida arriscada, e seria muito prejudicial para a empresa prometer retomar determinados eventos e em seguida precisar adia-los ou cancela-los por conta da pandemia.

Conclusão

Esta foi minha análise sobre o futuro do Magic para 2022 e além, anunciado pela Wizards no Magic Showcase 2021.

Se você tiver qualquer opinião, fique a vontade para deixá-la nos comentários!

Obrigado pela leitura!