Magic: the Gathering

Opinião

Opinião: Crossover com Tartarugas Ninja pode ser um grande erro

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A colaboração de Magic com As Tartarugas Ninjas tem todos os elementos para ser uma das expansões mais controversas dos últimos anos.

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revisado por Tabata Marques

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Em 10 de outubro, a Wizards of the Coast juntou-se à Nickelodeon na New York ComicCon para revelar a quarta e última expansão ainda não revelada de Magic: The Gathering em 2025 — a parceria com As Tartarugas Ninja.

A série de quadrinhos lançada por Kevin Eastman e Peter Laird em 1984 e adaptada para animação em 1990 é hoje propriedade da Viacom, assim como Avatar: O Último Mestre do Ar, cuja coleção sai no fim de novembro.

No entanto, a parceria com As Tartarugas Ninja apresenta, desde já, algumas lacunas problemáticas que tornam dela uma coleção com potenciais problemas em seu lançamento, e algumas semelhanças em design que o tornam um pouco próximo demais de Spider-Man.

Neste artigo, analisamos os potenciais riscos em torno dessa colaboração, e como as expansões no seu entorno, somadas com o tempo entre ela e outras edições, podem no fim prejudicar consideravelmente o elo entre primeiro e segundo semestre de Magic: The Gathering em 2026.

Essa coleção deveria ser um mini set?

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Um detalhe interessante chamou a atenção da comunidade de Magic no dia das primeiras prévias da expansão: os cards Raphael’s Technique e Bebop & Rocksteady possuem numerações que podem significar que a coleção também se trata de um mini-set expandido para servir aos propósitos de Limitado, dada a baixa popularidade dos Beyond Boosters / Epilogue Boosters.

Com Raphael’s Technique sendo o card de número 105 e Bebop & Rocksteady sendo 140, significa que existem apenas 35 cards entre o restante das mágicas vermelhas e mágicas verdes até chegar nas multicoloridas. Para servir de exemplo, o vermelho em Final Fantasy começa no número 129, enquanto o card Fated Firepower de Avatar possui número 132.

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Outra preocupação que a coleção levanta em relação ao planejamento é a reutilização de uma mecânica que remete, dessa vez de forma mais direta, ao Ninjutsu de Kamigawa.

Obviamente, uma variante como Sneak faz muito mais sentido em uma expansão com Tartarugas Ninja, mas é impossível ignorar o fato de que esta é a terceira vez em uma edição de Universes Beyond que um card com esse estilo de efeito de custo alternativo envolvendo uma criatura atacante é utilizado, e que as últimas duas expansões eram mini-sets ou foram originalmente planejadas como mini-set.

Atualização: TMNT terá 190 cartas

Na última terça-feira, Blake Rasmussen confirmou no programa WeeklyMTG que a expansão terá 190 cartas e foi planejada dessa maneira desde o início, o que leva a algumas preocupações em relação à redução de cartas em cada expansão principal de Magic, dada a declaração de Rasmussen sobre 2026 adicionar apenas 120 cards a mais do que a quantidade adicionada em 2025, apontando para a possibilidade de mais uma ou duas coleções com menos de 200 cards durante o ano.

O Problema da Data de Lançamento

As Tartarugas Ninjas será lançado em 6 de março, seis semanas após o lançamento de Lorwyn Eclipsed em 23 de janeiro. A menos que a empresa decida adiar a temporada de prévias para apenas uma semana ao invés de duas — como fizeram com Spider-Man —, é provável que Lorwyn Eclipsed tenha menos de um mês de evidência em seu lançamento, visto que a semana de prerelease ocorrerá no fim de fevereiro.

Em seguida, temos Secrets of Strixhaven em Abril, que provavelmente também estará nessa janela de 45 dias do lançamento e oferecerá para TMNT os mesmos problemas que ela vai dar para Lorwyn Eclipsed — um produto vai apresar o outro de alguma maneira e, talvez, seja o próprio set de Tartarugas Ninja a sofrer com essa janela tão curta de lançamentos entre uma coleção e outra, especialmente pelo próximo problema.

A Estética de TMNT não agrada o fã de Magic

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A menos que você já tenha uma boa familiaridade com os quadrinhos ou a animação — e talvez mesmo tendo —, é inegável que a estética de TMNT não combina com a estética geral de Magic: The Gathering.

Tal qual Spider-Man, as aventuras de Leonardo, Michelangelo, Donatelo e Raphael se passam na cidade de Nova Iorque e trazem consigo elementos do mundo real que não combinam com a ambientação do card game, como exemplificado pelas Pizza Lands.

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Diversos jogadores e criadores de conteúdo já demonstraram algum descontentamento com a estética de TMNT em comparação com outras edições do card game, e este sentimento tende a se expandir conforme novos cards forem revelados: quando um biciclo motorizado aparecer em outro card, houver uma mágica referente a comer pizza, ou apenas algo que se refere a outro elemento da obra que não se encaixa bem, este será considerado como um elemento que afasta jogadores.

Outro desafio para a coleção é o fato de o burnout já existir. A Wizards of the Coast não sabe dosar informações: eles lotam a comunidade de anúncios no mesmo dia, e em seguida anunciam mais coisas poucas semanas depois, criando um processo que deveria criar hype perpétuo, mas que dessa vez acabou gerando cansaço na maioria do público, em especial pelo excesso de parcerias tanto em expansões principais quanto nas coleções de Secret Lair, onde algumas como Furby ou The Office beiram o absurdo.

Olhando para o lado positivo

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Enquanto a expansão principal de TMNT apresenta riscos, a Wizards aprendeu com o erro de Spider-Man e lançará um deck de Commander temático para a coleção — um, inclusive, com uma mecânica exclusiva que permite jogar tanto com um comandante quanto com uma mistura de Partners no mesmo deck.

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Críticas podem — e devem — ser feitas sobre o design de Heroes in a Half Shell se o público preferir, mas um produto pick-and-play para os fãs de Tartarugas Ninja é exatamente o que faltou para Spider-Man criar uma porta de entrada de bom proveito para os fãs que queiram conhecer Magic em um ambiente além dos Welcome Decks.

O deck de Commander das Tartarugas Ninja é a porta de entrada perfeita para este público conhecer Magic: The Gathering em seu formato mais popular e presumidamente social, sem todos os riscos que tentar jogar competitivo traria, e com a possibilidade de aproveitar uma lista fechada só com cards da expansão.

Idealmente, este seria o único produto de Tartarugas Ninja. Colocar um set 45 dias após outro e possivelmente 45 dias antes da terceira expansão do ano sufoca demais o público de Standard e limita o espaço do que poderia ser, em outras circunstâncias, um segundo deck de Commander baseado nos vilões, criando uma experiência perfeita para os fãs de TMNT sem pressionar ainda mais a carteira do jogador competitivo.

Concluindo

O próximo ano será um teste de fogo para Universes Beyond e Magic: The Gathering. Quatro colaborações em um ano vão muito além do que deveria ser praticado pela WotC para evitar a saturação da série para o público interno e a desintegração da imagem pública para o público externo que só conhece Magic através de conversas de mídia social.

Há duas coleções que podem sofrer significativamente com o excesso de crossovers. As Tartarugas Ninja é um, devido ao péssimo timing de lançamento somado com uma rejeição natural da estética da expansão em comparativo com o universo de Magic e sinais de seu design ser similar ao de Spider-Man, enquanto Star Trek pode sofrer com o burnout e saturação das coleções anteriores, especialmente se Marvel Super Heroes e The Hobbit forem expansões completas com ampla linha de produtos.

Magic dobrou demais a aposta em Universes Beyond, e enquanto é possível imaginar que três das quatro colaborações de 2026 possuem o potencial de chegar perto ou até superar Final Fantasy e Lord of the Rings em volume de vendas, TMNT não se encaixa neste molde, e de todas as expansões reveladas para o próximo ano, ela é provavelmente a que corre mais risco de falhar.