Death’s Shadow é minha carta favorita de Magic. Não é surpresa para quem acompanha meus artigos e muito menos para quem me conhece antes da criação de conteúdo. Ele foi o card que me deu meu primeiro Top 8 em um torneio de Modern fora de uma loja local - em minha primeira vez pilotando o Grixis Shadow, em 2017 - e, por anos, foi meu deck de escolha no formato até o power creep tirá-lo de cena.
Há algo muito único em Death’s Shadow. No vácuo, ele é um card bem ruim, mas há um certo atrativo na hora de construir em volta dele, pois recompensa boas decisões na construção da lista e, principalmente, ao gerenciar um recurso essencial numa partida de Magic. Por outro lado, ele pune decisões ruins durante a partida de maneira que poucas criaturas fazem, seja do lado do seu controlador (aquele Thoughtseize que você não jogou antes pode ser os dois de dano que faltam turnos depois) e do seu oponente (eu calculei certo a contagem de dano em potencial dele? Considerei uma combinação de Shock Land e Temur Battle Rage? E se ele tiver um Street Wraith?).
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Ele é uma criatura icônica, difícil de se construir em volta, mas elabora sozinho algumas das melhores estratégias que já marcaram a história de Magic e do Modern. E com Duskmourn tendo uma estética tão voltada para o terror e, inclusive, com alusões ao número 13 e a tendência da Wizards de relançar staples do Modern no Standard nos últimos anos, era inevitável criar expectativas de um possível reprint de Death’s Shadow para o Pioneer.
Bom, agora que as prévias oficiais da expansão acabaram, sabemos que Death’s Shadow não está entre os cards de Duskmourn. Um potencial desperdiçado, uma decepção com uma expansão que, do ponto de vista temático, já é naturalmente decepcionante, mas já que eles não nos deram Death’s Shadow, precisaremos construir o nosso próprio.
Apesar de não ter a criatura em si, o Pioneer conta com duas variantes dele: Scourge of the Skyclaves e Shadow of Mortality - cada um com suas diferenças e peculiaridades quando comparados com o card original. Perdi a conta de quantas listas estranhas já fiz para “tentar” um Death’s Shadow no Pioneer, mas elas nunca funcionaram e, com o Metagame passado, eu desisti da ideia porque era impossível jogar com Scourge of the Skyclaves em um formato com Amalia Benavides Aguirre, e Vein Ripper no turno 3 era melhor do que qualquer tentativa de jogar uma criatura com muito poder e barato no formato.
Os tempos mudaram e, agora, um dos melhores decks do formato - se não o melhor hoje - seria a casa perfeita para Death’s Shadow. Enquanto ele é mais lembrado pelas variantes de Tempo nas cores , com Gurmag Angler e Stubborn Denial, Shadow é, naturalmente, uma carta para Aggro. Ele não gera valor, ele gera um clock - um Tempo play tão grande que vence em dois combates se o oponente não responder.
Uma das últimas aparições dele pré-Modern Horizons 2 foi em listas de Rakdos com Monastery Swiftspear, Soul-Scar Mage e seu primo Scourge of the Skyclaves. Nesse momento, a mesma casa existe no Pioneer com o Rakdos Prowess, e pode ser um bom momento para construirmos um Death’s Shadow para chamarmos de nosso com o Skyclaves.
A Decklist
Essa é a lista que tenho utilizado tanto no MTGO quanto nas ranqueadas do MTGArena.
Sim, ele é o Rakdos Prowess como o conhecemos hoje, mas com a adição de Scourge of the Skyclaves e alguns cards para habilitá-lo. Outros cards serão discutidos abaixo, mas vamos direto ao ponto que interessa.
Por que jogar com Scourge of the Skyclaves?
Porque você quer muito jogar de Death’s Shadow no Pioneer.
Ok, essa não é a explicação ideal, então vamos à minha experiência até agora com o card e o Metagame hoje. Rakdos Prowess é, de longe, o deck mais divertido que joguei no formato tem anos: ele faz coisas absurdas, mas não parece injusto. Ele tem turnos de free-win, mas não consegue apertar esse botão a qualquer momento porque requer um setup e/ou um topdeck bom. Ele é um Aggro muito rápido e bem resiliente, mas não chega ao ponto de oprimir o formato - ao invés, ele parece regular o Metagame para, junto do Izzet Phoenix, evitar que coisas mirabolantes aconteçam - Se você joga Pauper, Rakdos Prowess está para o Pioneer o que o Kuldotha Red está para o formato de comuns (Izzet Phoenix seria o Affinity nessa comparação).
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Mas o Rakdos Prowess tem fraquezas inerentes e nem todas podem ser resolvidas sem grandes concessões. Uma das mais comuns nos meus jogos foi a falta de poder permanente: qualquer criatura do topo é tão boa quanto o que você tem na mão para aumentar seu poder ou sequenciar mágicas. Algumas vezes, isso vai te ganhar o jogo, em outras, vai custar muito caro.
Jogadores tem buscado aproveitar Dreadhorde Arcanist para mitigar esses turnos ruins e gerar card advantage e eu acredito que essa proposta é muito eficiente, mas e se precisarmos de um pouco além? E se o que falta é o clock? E como resolvemos o jogo no modo de topdeck sem precisarmos criar um novo setup? Ampliamos a quantidade de Claim // Fame? Ou seria Bonecrusher Giant uma solução que também funciona em parar o Slickshot Show-Off do oponente?
Scourge of the Skyclaves me veio em mente no momento onde considerei Bonecrusher Giant. Ambos andaram lado a lado nas minhas muitas variantes em 2022 e eu tenho uma tendência a gostar do gigante em qualquer arquétipo com vermelho do Pioneer porque ele faz um pouco de tudo o que queremos: é interação contra criaturas menores, é um corpo respeitável para atacar e bloquear e pune as remoções do oponente - especialmente as que tem sido usadas para lidar com o Rakdos Prowess.
Não demorou muito até me lembrar das listas de Death’s Shadow com Lurrus of the Dream-Den e me questionar “e se funcionar?”. Saem os slots flexíveis (Reckless Rage, Dreadhorde Arcanist) e os Kumano Faces Kakkazan para entrar Scourge of the Skyclaves e Thoughtseize.
A ausência de Kumano Faces Kakkazan é provavelmente o ponto mais controverso. Minha relação com esse card é um pouco turbulenta: há jogos em que ele é o melhor turno 1 possível e outros onde ele é o pior topdeck que você pode desejar porque você precisará de mais dois turnos para ter uma criatura em jogo.
Ele saiu da lista para que Thoughtseize pudesse entrar. Não gosto de descarte pontual contra a mirror de Prowess e ele é um card ruim contra Izzet Phoenix se jogado no timing errado. É possível manter Kumano na lista, mas isso vem com o preço de interagir menos com algumas estratégias problemáticas para o Rakdos Prowess (Midranges ou Combos que podem ser mais rápidos que o nosso clock) - Se o Metagame manter uma tendência mais agressiva, é possível que até Fatal Push entre nesse slot de maindeck, ou o já mencionado Bonecrusher Giant.
A outra diferença ficou para a base de mana. Felizmente, o Rakdos Prowess já é um arquétipo que usava nove meios de perder vida com seus terrenos agora que Sulfurous Springs entrou no formato, mas o cálculo do dano para Scourge of the Skyclaves difere do de Death’s Shadow em um ponto crucial: ele considera a vida de ambos os jogadores.
Isso significa que você precisa alinhar os pontos de ambos para não ficar muito atrás na partida. Se o seu Thoughtseize conjurado com a mana de uma painland vai te levar aos 13 de vida, o dano que você tem de causar precisa deixar o oponente com menos do que isso. Do contrário, precisamos poupar a painland e ficar com 14 porque esse ponto extra vai fazer diferença no futuro.
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O número crucial de vida para Scourge of the Skyclaves é 10, com o mínimo ideal sendo 14. No mínimo, você quer que ele seja um 6/6 e, idealmente, você o quer como um 10/10. Claro, podemos jogá-lo no terceiro turno como um 4/4 para acelerar nosso clock, mas esses números garantem que ele não morra para Lightning Axe e também ameaça o combo-kill todo turno - chegaremos lá, mas primeiro, a base de mana.
Em listas anteriores, usei alguma quantidade das Spell Lands de Battle for Zendikar para reproduzir o efeito de Fetch + Shock Lands do Modern. Gosto de como Shatterskull Smashing pode ser usado para desencadear o Valiant de Heartfire Hero e Emberheart Challenger ou para tirar dois bloqueadores do caminho, mas além de custar muita mana, as situações onde pagar 3 de vida é pagar vida demais são frequentes hoje e a possibilidade do antijogo causado por um Thoughtseize é bem desagradável.
O outro motivo para não optar pelas Spell Lands é Jegantha, the Wellspring. De todos os Aggros que já joguei com ela de Companion, o Rakdos Prowess é um dos onde ela mais importa, e mesmo com 19 terrenos, ter a opção de um 5/5 que desvia de Fatal Push é o que precisamos.
Aumentar o número de Desertos funcionou melhor. Não apenas pela perda de vida que eles causam ao gerar mana colorida, mas também porque ganhamos mais alcance com Ramunap Ruins se o jogo se estender, e eu gosto da remoção extra de Ifnir Deadlands contra Fable of the Mirror-Breaker ou outros 2/2 indesejados.
Por fim, com ambos os jogadores em dez ou menos de vida, isso é um Splinter Twin. E se você já enfrentou ou jogou com Rakdos Prowess recentemente, você sabe o quão fácil é levar o oponente para dez de vida.
Diferente das outras ameaças, Scourge of the Skyclaves tem a vantagem do poder permanente. Ele não depende de outros cards para ficar grande e, consequentemente, tem o poder de parar partidas de Aggro porque o oponente não quer fazer trocas desfavoráveis, e se ele tentar, pode ser punido por Callous Sell-Sword na volta, ou por qualquer outra mágica que dê Atropelar para nossa criatura.
É possível adicionar Dreadmaw’s Ire no lugar de Titan’s Strength para aumentar o potencial de passar por cima de bloqueadores, mas as propriedades reativas, filtragem de topo e o leve acréscimo de poder em Titan’s Strength ainda tem vantagem nas versões atuais.
Como o Rakdos Shadow funciona prática?
Apontados todos os benefícios e contrapontos sobre a inclusão de Scourge of the Skyclaves no Rakdos Prowess, é importante considerarmos como ele funciona na prática, então essas são algumas dicas de coisas que aprendi jogando com o card nos últimos dias.
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O Resto do Maindeck
Em essência, o Rakdos Prowess é um Aggro-Combo. Da mesma forma como ele pode ganhar partidas no beatdown, ele tem turnos explosivos que garantem o famoso “free win” contra oponentes despreparados.
Heartfire Hero e Slickshot Show-Off são os maiores colaboradores nesse espectro. Um pode receber pumps e depois ser sacrificado com Callous Sell-Sword para dano letal, enquanto Show-Off requer apenas um ataque e dois pumps para totalizar 20 de dano entre o combate e o efeito de sacrifício.
Monastery Swiftspear e Emberheart Challenger estão mais próximos do espectro Aggro, com Challenger sendo essencial para manter o card advantage na partida enquanto Swiftspear garante o clock desde o primeiro turno.
Precisamos de mais velocidade na maioria dos jogos e nossos pumps, especialmente os que garantem Trample, fazem o serviço de forçar bloqueios desfavoráveis ou passar o dano mesmo que nossa criatura morra no processo.
Claim & Fame é nosso elemento de atrito, também capaz de ganhar jogos quando devolve Slickshot Show-Off ou Emberheart Challenger para o campo de batalha com pumps, e seu potencial é ampliado pela adição de Scourge of the Skyclaves.
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Além dos Desertos, nossa combinação de Duais também garante a perda de vida necessária para habilitar Scourge of the Skyclaves enquanto nos beneficiam por entrarem desviradas sem condições e nos dar acesso a ambas as cores.
Den of the Bugbear e Hive of the Eye-Tyrant (que entrou no lugar da segunda cópia de Den porque agora temos Thoughtseize no Game 1) nos garantem um fôlego extra quando partidas se estendem. Sokenzan, Crucible of Defiance tem o mesmo propósito e podemos usá-lo em instant-speed para ataques-surpresa.
Sideboard
O Sideboard está em mudança constante. A maioria dos números e necessidades tem alternado conforme o Metagame se adapta, então considere alguns desses slots como flexíveis.
Pelo menos seis slots são necessários para remoções. Fatal Push é indispensável e Reckless Rage interage bem com a maioria das nossas criaturas, mas podemos trocá-lo por Torch the Tower, Redcap Melee, ou até Flame-Blessed Bolt conforme necessário.
Dois slots flexíveis podem incluir mais remoções. Nesse caso, Abrade lida com as criaturas que queremos resolver do Prowess, responde Arclight Phoenix e Ledger Shredder e também destrói Witch’s Oven e Mayhem Devil.
Kolaghan’s Command é um card experimental e flexível para jogos de atrito. Posso querer ele para Jund Sacrifice também, e há situações onde ele cria trocas positivas na mirror.
Unlicensed Hearse é nossa resposta padrão contra Arclight Phoenix, Greasefang, Okiba Boss, Cauldron Familiar e qualquer outro deck buscando aproveitar o cemitério. Ele também é uma ameaça se a partida se estender demais.
Rampaging Ferocidon é nossa resposta contra o ganho de vida do Angels e também funciona contra Aggros go-wide como Humans ou Boros Convoke.
Ob Nixilis e Urabrask’s Forge ajudam em jogos mais longos, mas esses slots mudam com frequência. Eu não sei qual deles prefiro, ou se quero Hazoret the Fervent, ou se eu deveria buscar mais respostas com Liliana of the Veil, ou se cards como Case of the Crimson Pulse seria a solução.
Particularmente, gosto do resultado de ambos, mas eles também tem defeitos: Ob Nixilis, the Adversary é ótimo com Heartfire Hero e Scourge of the Skyclaves, mas ruim em uma mesa vazia, enquanto Urabrask’s Forge cobre a lacuna de sempre ter uma ameaça em jogo enquanto sofre com o problema de quantos turnos leva até suas fichas começarem a importar.
Guia de Sideboard
Izzet Phoenix
IN
OUT
Rakdos Prowess
IN
OUT
Azorius Control
Ad
IN
OUT
Jund Sacrifice
IN
OUT
Atarka Red
IN
OUT
Niv to Light
IN
OUT
Selesnya Angels
IN
OUT
Boros Convoke
IN
OUT
Nykthos Ramp
IN
OUT
Abzan Greasefang
IN
OUT
Conclusão
O Rakdos Prowess é a grande novidade do Pioneer pós-banimentos, e a sua natureza é muito semelhante a de um Aggro-Combo, onde ele pode ganhar o jogo no clássico beatdown enquanto tem turnos altamente explosivos com Slickshot Show-Off e Heartfire Hero.
O que a adição de Scourge of the Skyclaves faz é puxar o deck mais para o espectro do combo com Callous Sell-Sword, abrindo menos espaço para estratégias gananciosas enquanto, ao mesmo tempo, agrega bastante valor em partidas onde estamos na race porque trava os ataques do oponente e pode vencer a partida em um ataque com Ancestral Anger ou Monstrous Rage.
Não me cabe dizer se essa versão é melhor ou pior do que as que tem dominado as Ligas nas últimas semanas, mas é uma proposta diferente e uma boa maneira de aproveitar o card mais próximo de Death’s Shadow que temos no Pioneer em uma lista que parece quase feita para encaixá-lo.
Em caso de dúvidas, ou sugestões, fique a vontade para deixar um comentário!
Obrigado pela leitura!
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