Apresentação
Saudações, meus amigos! Dos dias 28 a 30 de julho de 2023, nós pudemos acompanhar a MagicCon Barcelona, e com ela, o retorno aos holofotes de um gigante. Mais que um gigante, um verdadeiro Juggernaut: Kai Budde! Muitos anos antes do nosso querido PV entrar na disputa de quem era o maior de todos os tempos, o embate se resumia ao alemão Budde e ao americano Jon Finkel - e confesso que eu era (ainda sou) #teamKai. Vê-lo novamente em um top 8 de Pro Tour me levou de volta ao início dos anos 2000, quando eu passava um final de semana inteiro tentando acompanhar com uma internet ruim o andamento das maiores competições de Magic no mundo e ver se Juggernaut alemão ia adicionar mais um título ao seu currículo – por sete vezes, sim!
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Toda essa introdução foi para contextualizar a escolha do Deck Tech da vez: Cascade Footfalls, cuja versão Modern foi usada por Kai Budde e mais outros 2 jogadores para conquistar uma vaga no Top 8. Infelizmente, não foi dessa vez que o oitavo caneco veio, mas ficaremos acompanhando.
Quanto à versão Legacy do deck, ela surgiu um pouco depois do deck aparecer no Modern e aos poucos foi se estabelecendo como um arquétipo bem viável, postando resultados constantes e se estabelecendo como mais um dos vários competidores do formato.
Construção do Deck
Para aqueles que não conhecem o deck, o seu plano principal de jogo é fazer 3 manas e invocar alguma mágica com a habilidade de Cascade – Shardless Agent ou Violent Outburst. Como as únicas mágicas do deck que, para fins de regra, custam menos de 3 manas são as cópias de Crashing Footfalls, sua habilidade irá sempre resultar na invocação de 2 Rinocerontes 4/4 com Atropelar. Em adição ao plano principal, é comum o deck ter um plano B para as situações nas quais os Rinos não consigam levar o jogo sozinhos.
Devido às restrições impostas pelo Cascade, não é possível ter acesso a figurinhas carimbadas como Brainstorm e Ponder e por isso o deck recorrer a uma enorme variedade de cartas com custos alternativos ou cujo custo convertido de mana é maior do que 2, mas que sejam jogáveis por menos, como cartas Split ou de Aventura, por exemplo.
A primeira grande diferença entre a versão Legacy e a versão Modern, é que no nosso formato temos acesso a 8 acelerações que não valem no Modern: Elvish Spirit Guide e Simian Spirit Guide. Isso permite ao deck colocar os Rinos para jogo já no primeiro ou segundo turnos de jogo. Além disso, temos acesso ao dobro de contramágicas de custo alternativo ao aliar Force of Will à válida no Modern Force of Negation.
Outra grande diferença diz respeito ao plano B de jogo, no qual, enquanto no Modern os jogadores recorriam ao Murktide Regent ou à Questing Beast, no Legacy a arma de escolha preferida é Minsc & Boo, Timeless Heroes. Caindo antes do previsto com as manas extras dos Espíritos Guia, com Force of Will de backup, o Bárbaro e o Hamster são capazes de carregar um jogo sozinhos por conta própria.
Uma escolha interessante nas listas é a inclusão de Sea Gate Restoration, pois é um terreno azul que entra desvirado, mas que também serve como combustível para suas contramágicas. Fire//Ice e Brazen Borrower completam o deck como ferramentas para lidar com problemas genéricos e que não interferem com a sua cascata rinocerôntica (bela palavra de minha autoria).
Outras cartas que aparecem de vez em quando em algumas listas são Bonecrusher Giant, Colossal Skyturtle, Laelia, the Blade Reforged, Murktide Regent, Uro, Titan of Nature’s Wrath, Blood Moon e Dead//Gone, além de jogadores que trazem para o main deck cartas que estão listadas no Sideboard.
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Mulligan
Esse é um deck de Combo, então geralmente mulligamos atrás do Combo (ou de Minsc & Boo com aceleração). Você não precisa necessariamente ir atrás de mãos com cartas de Cascade e aceleração, mas mãos sem cartas de ação não devem ser mantidas nas 7 – pode ser o caso de manter mãos mais dependentes de comprar ação após alguns mulligans.
Exemplos de mãos:
Tem um Cascade mas não tem aceleração nem o terceiro mana garantido, mas possui bastante proteção e até mesmo uma compra com a metade azul de Fire//Ice. Dá pra manter, especialmente na draw, quando aumentam as suas chances de encontrar um Espírito Guia ou o terceiro terreno. Veredito: Keep cauteloso.
Semelhante à mão acima, falta a garantia de achar o quarto mana para o Planeswalker, mas aqui você tem ainda mais opções vivas de compra, pois além de terrenos e Guias, qualquer carta com Cascade também está valendo. Veredito: Keep.
Muita mana, nenhuma ação, sem chance. Veredito: Mulligan fácil.
Sem proteção, sem garantia de fazer o Minsc, sem carta azul para a FoN. Mas essa mão faz Rinocerontes no 1! Veredito: All in Keep!
Construindo o Sideboard
A primeira carta que chama a atenção nos Sideboards desse deck é uma mudança de planos radical: Inevitable Betrayal! Contra decks que buscam trapacear os custos de mana e colocar monstros em jogo antes do seria justo, você é ainda mais injusto! Ao trocar os Rinos por esse feitiço Azul, seu oponente não está a salvo de ser derrotado por seus próprios bichões.
O side conta também com várias cartas de custo alternativo que não interferem com nosso Cascade e resolvem problemas diversos – Force of Vigor para lidar com coisas como Chalice of the Void ou Deafening Silence, Endurance para resolver cemitérios, Fury para calcinar hordas de bichinhos e Mystical Dispute, que na prática custa 1 mana contra decks que querem brincar de anular seus Rinos.
Outras cartas que também costumam aparecer nos sideboards do arquétipo são Blood Moon, Boseiju, Who Endures, Brotherhood’s End, Court of Cunning, Dead//Gone, Energy Flux, Gemstone Caverns, Maddening Hex, Mindbreak Trap e cópias restantes de Minsc & Boo, Timeless Heroes.
Sideboard
UR/Grixis Delver/UB Shadow
Repita este mantra: “Jogue em volta de Daze. Jogue em volta de Daze.” até enjoar. Se possível, embosque a Instantânea Azul com algum Spirit Guide. A maioria das remoções deles não se alinham com os seus 4/4, portanto se Crashing Footfalls resolve, as coisas ficam bem complicadas para eles.
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Além disso, Brazen Borrower serve para lidar com Murktide Regent e Fire//Ice é na medida certa para lidar com Orcish Bowmasters das versões Grixis. Minsc pode ser um pouco lento e acabar mais sendo usado como combustível para Encarnações, por isso alguns ficam pós-side.
Endurance entra mais como uma ferramenta de para contestar a mesa, mas, eventualmente, você pode pegar alguma lista marota com o combo de Troll of Khazad-dûm e Reanimate.
Entra:
Sai:
Reanimator
No Game 1, Brazen Borrower pode salvar a sua pele, e você joga num estilo mais Control. Após o side, é a hora de trapacear e roubar os monstros deles com Inevitable Betrayal! Contra listas com Azul, você pode trocar mais 2 Fire//Ice por 2 Mystical Dispute.
Entra:
Sai:
Stompy (Red Prison, RG, RW e W Initiative)
Aqui tem muita coisa problemática de se resolver, como Chalice of the Void, Trinisphere e Archon of Emeria. Dependendo do que você está enfrentando, é bem plausível subir alguma quantidade de Fury também, mas cuidado para não sidear muitas cartas vermelhas para fora e ficar sem ter como pagar o custo da Encarnação. Você pode cortar mais Borrowers e talvez até um Sea Gate Restoration para abrir espaço. As listas podem até lidar com 1 Rino, mas remover 2 é bem mais custoso.
Entra:
Sai:
Blue Control (UW, Bant, Jeskai, 4CC)
Entra:
Sai:
Aqui, temos um adversário bem complicado, pois eles possuem remoção suficiente para lidar com todos os Rinos, além do Teferi, Time Raveler, que simplesmente trava o Cascade. Minsc pode ser um dos caminhos para a vitória, e pós-side as Endurance entram apenas para que você tenha mais pressão, mas esse deve ser o arquétipo mais difícil de se enfrentar.
Sneak n’ Show)
Entra:
Sai:
O esquema aqui é bem parecido com o da disputa contra o Reanimator, com a diferença de que Emrakul, the Aeons Torn é imune ao Brazen Borrower. O ideal é jogar mais reativamente, e se possível fazer os Rinos no final do turno com Violent Outburst.
Pós-side, o plano é outro: fazer o Cascade o quanto antes e recrutar Emrakul para a vitória.
Finalizando
Com isso, eu termino a minha rinocerôntica análise (já que inventei a palavra, é bom usá-la mais de uma vez. Rinocerôntica). Como eu disse, o deck tem se sustentado no meta e acaba sendo um deck que tem atraído jogadores do Modern para o formato, geralmente substituindo Duals por Shocklands no início.
Um abraço rinocerôntico e até a próxima!
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