Legacy: Review de Through the Omenpaths (Spider-Man) para o formato

Sejam bem-vindos ao Aranhaverso, meus amigos do Legacy (a menos que você esteja jogando online, conforme discutiremos logo adiante)!

Finalmente temos acesso ao spoiler de uma das edições mais esperadas do ano: Marvel’s Spider Man – a competição com Final Fantasy tem tudo para ser ferrenha. Baseado na talvez maior franquia da Marvel, temos muitos olhos (8, se você for uma aranha!) voltados para essa expansão.

Mas antes, precisamos discutir uma pequena questão multiversal.

Em um desdobramento bizarro do mundo jurídico do mundo real, quando a Wizards e a Marvel firmaram o acordo para a aquisição da Propriedade Intelectual do Homem-Aranha, os direitos só foram cedidos para a versão física do jogo. Portanto, nada de Homem-Aranha para o Magic Arena ou o Magic Online.

“Mas então ficaremos sem as cartas?”, você se pergunta. Para resolver esse enorme imbróglio, a Wizards of the Coast utilizou-se de um recurso bastante inusitado, mas não inédito. No passado, a Wizards criou versões alternativas com outros nomes de cartas lançadas originalmente no Secret Lair de The Walking Dead para contornar as suas próprias restrições em reimprimir essas cartas.

Assim, para que as cartas estejam disponíveis na plataforma online, a Wizards criou uma edição paralela, onde todas as cartas de Marvel’s Spider-Man têm uma versão equivalente, mas baseadas nos universos das expansões normais de Magic. Essa edição se chama Through the Omenpaths e será lançada apenas digitalmente.

Assim, na avaliação das cartas, a gente vai analisar as cartas originais, mas listaremos a sua versão online ao lado, já que funcionalmente são a mesma carta, apenas para plataformas diferentes. Bem, com isso fora do caminho, vamos seguir em frente.

O nosso caro juiz residente Antônio Carlos, como sempre, facilitou a nossa vida com mais um excelente artigo explicando as regras e mecânicas da nova edição - clique aqui para conferir!

Em Marvel’s Spider-Man, temos 3 mecânicas novas e 3 retornando. As novas são Web-Slinging, Mayhem e Harness.

A primeira oferece um custo alternativo a algumas cartas, contanto que você retorne uma criatura virada em adição a esse custo. A segunda é uma versão atualizada da antiga Madness e permite jogar do cemitério cartas que tenham sido descartadas no mesmo turno. A terceira está presente apenas em uma carta, The Soul Stone e é um status que, uma vez adquirido, permite que você ative uma de suas habilidades.

Já as habilidades retornando são Modified, Connive e Cards Dupla-Face Modais.

Branco

Arachne, Psionic Weaver (Yera and Oski, Weaver and Guide)

Arachne parece ser uma versão de Thalia, Guardian of Thraben feita para jogar em decks Stompy e imune a Orcish Bowmasters. O Monowhite Stompy é um deck que tem ganhado um pouco de tração recentemente e deve acolher bem a nova heroína. A sua habilidade Web-Slinging é também útil se combinada a cartas como Seasoned Dungeoneer e Palace Jailer.

Peter Parker (Surris, Spidersilk Innovator)

O lado Homem-Aranha dessa carta é muito interessante, pois possibilita uma enorme economia de mana, algo que a vasta quantidade de cartas disponíveis no Legacy permite abusar. Felizmente (ou infelizmente), a sua cláusula de cores impede que Emrakul, the Aeons Torn seja trapaceado dessa maneira, mas coisas como Atraxa, Grand Unifier ou Valgavoth, Terror Eater ainda estão no menu. O seu lado da frente oferece um alvo para o Web-Slinging, mas carece de resiliência contra Orcish Bowmasters.

Azul

Hide on the Ceiling (Spectral Restitching)

Normalmente encontrado em cartas Brancas, esse é um efeito bastante poderoso – é só lembrar do que Yorion, Sky Nomad é capaz. De quebra, Hide também pode dar alvo nas cartas do seu oponente, ou seja, é excelente para lidar com Tokens e Chrome Moxes. Uma shell de Esper Humans pode adaptar coisas dos novos Orzhov Flickers para gerar um caminhão de valor com essa carta.

Hydro-Man, Fluid Felon (Belion, the Parched)

Hydro-Man é uma carta única: uma carta de aceleração no Azul, mas uma que só acelera nos turnos do oponente. De um lado, ele pode ser uma carta agressiva em decks que ciclam rapidamente suas cartas, mas permite mana extra para cartas como Brainstorm ou Consider já no turno do oponente após entrar em jogo. Isso é particularmente interessante na hora de construir um deck de Tempo.

Há também um outro arquétipo meio esquecido e que pode fazer uso dessa carta, que era o deck de High Tide Reset, que buscava combar o oponente no seu turno e que deve se interessar em uma aceleração no turno do oponente.

Lady Octopus, Inspired Inventor (Merata, Neuron Hacker)

Nos Artifact Blue, Lady Octopus pode rapidamente acelerar seu plano de jogo, pois esse deck é capaz de rapidamente turbinar seus marcadores e ela pode começar a colocar coisas da mão por nenhum custo. Talvez esse deck queira se reformular para usar mais cópias de coisas como Simulacrum Synthesizer e Uthros, Research Craft.

Norman Osborn (Goben, Gene-Splice Savant)

Grixis Control é um deck em baixa, mas pode se interessar no Norman e, especialmente, Green Goblin. Ele turbina cartas como Faithless Looting e Careful Study e pode até mesmo modificar a maneira de se construir o deck.

Spider-Byte, Web Warden (Argyr, Tidal Spinner)

Pode muito bem substituir Venser, Shaper Savant nas listas de Esper Vial. Há argumentos também para roubar o lugar de Reflector Mage em listas de Humans, já que ela acerta qualquer permanente.

Spider-Sense (Detect Intrusion)

Essa carta é super-flexível: é um counter contra uma grande parte de cartas do formato, pode ser usada para trapacear a habilidade de Phyrexian Dreadnought e ainda pode ser usada para reusar alguma criatura com habilidade de quando entra em jogo via seu Web-Slinging.

Preto

Eddie Brock (Viggo, Enforcer of Ig’s Crossing)

Eddie me parece ser uma carta bem legal para o Jund Midrange. É uma pena que esse antes relevante deck foi escanteado pelos movimentos do Metagame, mas ainda tenho esperança de vê-los como jogáveis algum dia no futuro.

Parker Luck (Duskmourn’s Claim)

Eu tenho visto de vez em quando algumas listas de Dimir/Grixis Show and Tell no online. Em um deck desses, tanto Ponder quanto Brainstorm podem tornar Parker Luck potencialmente letal com Emrakul, the Aeons Torn. Há um motor a ser investigado aqui.

Vermelho

Electro, Assaulting Battery (Bayo, Irritable Instructor)

Electro foi assunto de um artigo recente. Ele é tanto um motor quanto um finalizador em decks Vermelhos de Combo e pode turbinar o Ruby Storm.

Gwen Stacy (Nia, Skysail Storyteller)

Mais uma carta com potencial, mas que não deve ver jogo porque Orcish Bowmasters pune demais os bichos /1 do formato.

J. Jonah Jameson (Lazlo, enthusiastic Accuser)

O custo de mana e a boa interação com Broadside Bombardiers podem chamar a atenção para o Red Stompy, mas não acho que ele passe da linha de corte do deck.

Masked Meower (Skittering Kitten)

É basicamente uma cópia extra de Insolent Neonate. Se decks com esse Vampiro retornarem, pode ser que o novo Felino aqui tenha fornecido massa crítica para ele funcionar.

Spider-Punk (Kraza, the Swarm as One)

Outra carta discutida anteriormente em um artigo, o Punk afeta ângulos demais do formato para não ser notado. Embora ele não se encaixe na estrutura atual do Red Stompy, já que ele é contraditório com Chalice of the Void, há outras maneiras de montar o deck, como, por exemplo, listas que aceleram Karn, the Great Creator e que se interessariam na proteção extra. É uma carta que deve fazer barulho ainda.

Wisecrack

Cut Propulsion começou a aparecer em alguns Sideboards de Red Stompy com uma resposta a dois dos maiores problemas do deck: Murktide Regent e Barrowgoyf. Wisecrack é semelhante, com potencial de ser melhor nas situações nas quais ela pode causar o dano extra, mas pior ao não matar Nadu, Winged Wisdom, embora não me seja claro se é uma carta que você sidearia contra decks com o maldito passarinho. Assim, o metagame deverá decidir qual das duas ganharia a disputa pela função.

Verde

Lizard, Connors's Curse (King of the Coldblood Curse)

O Lagarto é uma carta interessante nos decks de Green Sun’s Zenith: ele pode tanto turbinar ao mandar para o ataque criaturinhas como Dryad Arbor ou Birds of Paradise quanto trazer para um tamanho mais razoável monstros ressuscitados ou invocados via Show and Tell.

Sandman, Shifting Scoundrel (The Scouring Stormsoul)

Sandman é uma ameaça recursiva no Lands ou em decks de Knight of the Reliquary ou Wight of the Reliquary, uma difícil de se lidar e que gera valor extra a cada vez que ele retorna ao jogo, além dele próprio ser um recurso ganho mesmo se triturado ou descartado.

Spider-Ham, Peter Porker (Tarantusk, Unwisely Awoken)

Porco-Aranha é um Lorde de um bando gigante de cartas e gera um recurso extra ao entrar em jogo. É o suficiente para o formato?

Web of Life and Destiny (Through the Omenpath)

A carta é cara, mas o Convoke no deck certo (leia-se Gaea’s Cradle) pode acelerá-la e essa carta é uma bomba se resolver.

Dourado

Araña, Heart of the Spider (Gloria, the Great Armorer)

Araña tem o custo e o tipo de criatura certo para se encaixar no Boros Initiative. Ela própria já modifica suas criaturas para gerar valor da sua habilidade, sem contar as possibilidades da própria Masmorra e Explore da Seasoned Dungeoneer.

Carnage, Crimson Chaos (Desecrex, Gift of Servitude)

Será que o Carnificina pode ressuscitar o Jund Madness?

Mister Negative (Withar, Cocoon Keeper)

Trocar de vida é um efeito bastante incomum no Magic e um que a Wizards ainda está modulando o custo certo. No passado distante, nós tínhamos Mirror Universe, que era vinculado à sua upkeep, mas também foi feita em um período onde era possível ter Pontos de Vida negativos (o seu total só era checado no final da fase, o que permitia que a carta funcionasse como finalizador).

Tivemos Soul Conduit, que podia ser utilizado a qualquer momento mas custava proibitivos 12 manas para fazer e ativar. Novamente, o efeito foi modulado para 9 manas com Profane Transfusion e agora a Wizards está vendo se a 7 manas o efeito pode ser relevante. Há maneiras de abusar do efeito e talvez agora exista incentivo para tentar fazer funcionar.

Scarlet Spider, Kaine (Kvini, Orb Weaver)

Falando em decks de Madness, Kaine serve tanto quanto combustível de descarte quanto um habilitador.

Spider-Woman, Stunning Savior (Makdee and Itla, Skysnarers)

A Mulher-Aranha é um Hatebear evasivo e que ainda serve para abastecer Force of Will. Há mercado para isso.

Symbiote Spider-Man (Skv’x the Augmenter)

O Simbionte faz várias coisas legais: compra cartas, enche o cemitério, resiste a algumas das remoções do formato e ainda gera valor mesmo morto. Talvez a concorrência com Barrowgoyf seja demais, mas o fato de ser Azul e sempre adicionar uma carta à sua mão (o Goyf às vezes falha). Pode abrir um espaço de jogo.

Ultimate Green Goblin (Ruzic, Booed but Victorious)

O tamanho é bom pelo custo, troca recurso por Tesouros, ativando sinergias de descarte e ainda tem Mayhem. Pode ser do interesse até do Red Stompy além dos decks de Madness.

Artefato

Peter Parker’s Camera (Phenomena Recorder)

Outra carta que foi assunto de artigo nosso, essa câmera foi feita para jogar em conjunto com Urza’s Saga e tem vários alvos para copiar nos vários arquétipos que usam a Saga, com exceção do Cephalid Breakfast.

Steel Wrecking Ball (Temple Trap)

O custo e a primeira habilidade dessa carta são basicamente irrelevantes. O que interessa aqui é uma maneira de destruir Null Rod que pode ser tutorada por Karn, the Great Creator e que não pode ser anulada por meios comuns.

Terreno

Multiversal Passage

Um terreno que pode ser considerado para decks com mais de 2 cores, mas que tem dificuldade em usar Fetch Lands, como o Naya Initiative.

Oscorp Industries (Exclusive Nightclub)

Entrar virado é um enorme custo para o Legacy, mas um Terreno que pode ser descartado e ainda ser jogado é uma habilidade bem legal e que não havíamos visto anteriormente.

Urban Retreat

Outro terreno que compensa entrar virado com a possibilidade de representar uma aceleração enquanto recompra o uso de alguma criatura com boas habilidades desencadeadas.

Assim, concluímos nossa avaliação de Marvel’s Spider-Man sob a ótica do Legacy. Como é de praxe em um formato de grande poder, se faz necessário cartas poderosas para afetar o formato. A edição tem coisas interessantes e que devem jogar, mas nada que salte aos olhos como algo que vá distorcer o formato.

Há algum suporte para alguns decks menos proeminentes, como Jund Madness, Esper Vial e Grixis. Mister Negative é uma carta que eu gostaria de ver jogando, pois é uma mecânica ainda pouco explorada no jogo. Spider-Punk me salta aos olhos como a carta mais forte para o nível de poder do formato, ainda que não tenha uma casa óbvia. E Peter Parker’s Camera deve ser a mais rápida a ser adotada, graças à sua interação com Urza’s Saga.

Ficamos por aqui, um abraço aracnídeo e até a próxima!