Magic: the Gathering

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Metagame: Todo Bruxo precisa de um Caldeirão

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Izzet Cauldron dominou os eventos competitivos do fim de semana e reviveu as discussões sobre banir Vivi Ornitier no Standard, apesar de faltarem mais de três meses para a próxima atualização de Banidas e Restritas, mas será ele o vilão dessa vez?

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revisado por Tabata Marques

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O Standard foi resolvido. Na era das mídias sociais e com o advento de uma plataforma de jogo como o Magic Arena para ampliar em dezenas ou até centenas de vezes a amostragem de jogos, um evento que normalmente levaria cerca de um mês precisa de apenas duas semanas para ocorrer — e aparentemente, existe um problema.

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Na semana em que Cori-Steel Cutter foi banida, mencionamos em um artigo que ainda havia um sinal de perigo notório que seria negligenciado pela Wizards of the Coast no anúncio de Banidas e Restritas no fim de junho: Vivi Ornitier. O card havia sido lançado poucas semanas antes, era uma das principais estrelas do set mais recente — e o mais vendido da história de Magic: The Gathering — e poderia provar seu valor conforme o Metagame se adaptasse às intervenções e à rotação que ocorreria menos de dois meses depois.

Enquanto os holofotes do Pro Tour Final Fantasy estavam direcionados aos Red Aggro e especialmente no Izzet Prowess em que Vivi estreava, o mais carismático dos Black Mages também estava presente em outro arquétipo que não se destacou naquele momento, mas foi o deck de escolha de jogadores como Paulo Vitor Damo da Rosa: Izzet Cauldron.

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O arquétipo mesclava a habilidade do mago com Agatha’s Soul Cauldron e criaturas que ganhavam marcadores +1/+1 ou cards que oferecem marcadores como Proft’s Eidetic Memory, burlando assim a limitação de Vivi de utilizar a habilidade de gerar mana apenas uma vez por turno. Antes, essa mesma mana era utilizada com Voldaren Thrillseeker exilada com Cauldron para sacrificar as criaturas e performar um “combo-kill”, agora Draconautics Engineer oferece um exército de dragões com Haste.

Agora, o Izzet Cauldron foi o arquétipo mais escolhido do Arena Championship — o mais próximo que teremos de um Pro Tour antes do lançamento de Spider-Man — com 54% do Metagame e ocupando sete colocações do Top 8. Na mesma semana, o Standard Showcase Challenge ocorreu com 273 jogadores e seis colocações do Top 8 eram Izzet Cauldron, com 12 cópias também no Top 16.

O Standard tem, definitivamente, um novo melhor deck e os números, neste momento, são evidentes. Existe um ciclo completo que veremos ocorrer nas próximas semanas, e é muito pouco provável que uma intervenção ocorra antes de 23 de novembro. Então, qual caminho seguimos a partir de agora?

Um problema de duas cartas quebradas

O discurso na mídia social está quase inteiramente voltado contra Vivi Ornitier, e por um motivo: o card já era problemático quando Prowess era o melhor deck e agora é a estrela de outro arquétipo igualmente nocivo para a diversidade do Metagame.

Mana de graça sempre será um problema, e Vivi oferece muito disso na lista certa. Quando toda mágica que você conjura pode ser jogada de graça porque Vivi “compensa” seu valor de mana e quando você pode ativar habilidades de custo alto como as de Stormchaser’s Talent antes do ideal e sem concessões de deckbuilding fora aquelas que sua lista já faz naturalmente — você não precisa de mana dorks ou mágicas de ramp quando Vivi já acelera a ativação dessas cartas enquanto também atua como condição de vitória e habilita sequenciamentos de mágicas com a mana extra que ele próprio oferece.

Não foi, entretanto, um erro não banir Vivi em 30 de junho, assim como talvez não será um erro não o banir em 23 de novembro.

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Apesar do hate direcionado que a comunidade terá contra ele a partir de agora, Vivi requer uma lista específica para funcionar e é fácil de interagir para a maioria das estratégias. Cori-Steel Cutter foi banida porque ela invalidava qualquer tipo de interação pontual e era eficiente demais em transformar o “ar” dos decks de Turbo Xerox (cantrips e afins) em ameaças extras na mesa.

Naquele momento, o que Vivi oferecia era uma maneira de punir as principais escolhas que os oponentes faziam para punir Cori-Steel: Temporary Lockdown significava muito pouco contra ele, Abrade era fácil de contornar, e juntos, eles criavam situações onde era necessário combinar mais respostas do que praticamente a maioria dos arquétipos era capaz de encaixar e manter um plano de jogo coerente.

Sem Cori-Steel, Vivi tinha e ainda têm um papel importante no Izzet Prowess e deveria provar seu potencial de manter o arquétipo relevante — o que ele fez —, e se olharmos para as circunstâncias do Standard hoje, enquanto Prowess é um bom deck, ele está longe do espaço de predominância, e o Izzet Cauldron revelado como o “arquétipo-problema” da temporada tem como principal indicador de perigo, além dos números e resultados notórios, a dificuldade em ser respondido.

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Este deck é em essência um Aggro/Midrange que aproveita a interação de Proft’s Eidetic Memory com efeitos de Looting para aumentar o poder de suas criaturas enquanto extrai valor do cemitério de alguma maneira. A diferença é que saímos de Helping Hand com Abhorrent Oculus para Vivi Ornitier com Agatha’s Soul Cauldron, que abre muitas outras linhas de possibilidades. Afinal, Agatha’s Soul Cauldron também é uma carta quebrada.

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Nada de justo saiu de Soul Cauldron em qualquer formato competitivo. No Standard, sua presença começou com um combo entre Sleep-Cursed Faerie com Kami of Whispered Hopes, enquanto já apresentava interações no Modern que mudaram completamente o combo de Yawgmoth, Thran Physician ou deu a decks como Hardened Scales um potencial “combo-win” com Walking Ballista e Arcbound Ravager.

Dar qualquer habilidade de qualquer criatura exilada para qualquer criatura com marcadores +1/+1 é um pouco forte demais e feito para ser quebrado. O problema da habilidade de Vivi Ornitier está muito mais no fato de transformar todas as suas criaturas em Vivis melhorados do que no próprio Mago em um formato que tem interações para lidar com ele de maneira assertiva se ele for o problema pontual.

Um banimento em qualquer uma das peças mataria o Izzet Cauldron neste momento. Mas suponhamos que algum card saia em Spider-Man ou Avatar: The Last Airbender que mantenha essa estratégia — agora com um lar estabelecido e uma base de cards eficientes — relevante no cenário competitivo e voltaríamos a nos questionar se ele é bom o suficiente.

Nem é necessário ir tão longe: Spectacular Spider-Man poderia dar Flying e a possibilidade de se sacrificar para proteger suas criaturas o tempo inteiro, e enquanto isso não é nem próximo do potencial explosivo de Vivi Ornitier com Draconautics Engineer, é mais que suficiente para considerarmos que Cauldron permaneceria como estratégia viável, alimentando-se de todas as habilidades ativadas durante um ano inteiro em que Wilds of Eldraine permanecerá válida no Standard.

No fim, não importa o quanto a comunidade e as mídias sociais apontem o dedo para Vivi Ornitier, Agatha’s Soul Cauldron é tão responsável pelo estrago quanto ele, e se algo está quebrando o formato hoje, é a possibilidade de fazer Marauding Mako e outras criaturas gerarem mais mana do que Vivi consegue em um só turno enquanto também apresenta um plano de jogo que não depende exclusivamente deste combo para funcionar, ele apenas se torna muito mais explosivo a partir dele.

Para onde o Standard vai agora?

A menos que a Wizards of the Coast decida intervir emergencialmente com um banimento antes do fim da temporada de RCQs, é provável que o Metagame do formato se molde entre as listas de Cauldron e as estratégias que funcionam melhor contra ele. Nas próximas duas semanas, veremos listas se adaptando e assim o cenário competitivo se moldará em torno do novo melhor deck.

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Nas semanas seguintes, estaremos nos aproximando do lançamento de Spider-Man, e se não houver intervenções antes do início das prévias, é provável que a expansão será lançada ainda com este Metagame vigente, e pelo menos mais duas semanas serão necessárias para avaliarmos como a nova expansão impacta o cenário competitivo — se Cauldron não tiver sido resolvido até lá, é pouco provável que o Standard tenha mudanças bruscas, exceto se outro deck muito poderoso surgir, ocupando assim uma parcela do espaço.

Caso não ocorra, serão longos dois meses entre o lançamento de Spider-Man e o próximo anúncio de Banidas e Restritas. Com o Pro Tour Edge of Eternities ocorrendo no formato Modern, é muito provável que os jogadores de Standard vivam os próximos meses em um Metagame ditado por Agatha’s Soul Cauldron e Vivi Ornitier e o quão bem sua escolha de deck responde a este arquétipo.

Apesar do longo tempo, parece a escolha mais prudente. Por mais que os jogadores de Magic odeiem Metagames ruins, o ressentimento com banimentos emergenciais é bem maior. Muitos lembram dos tempos em que os anúncios não tinham avisos e poderiam invalidar completamente seus decks nas semanas que antecedem torneios importantes. Um dos motivos da atual janela de banimentos é justamente não intervir na progressão do Metagame durante uma temporada de Qualifiers, e se a empresa muda essas regras repentinamente, a insatisfação do consumidor será ainda maior.

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Além disso, o Izzet Cauldron é um deck caro (aproximadamente US$ 800 no momento da escrita deste artigo), e uma das prioridades de Magic: The Gathering com o Standard recente tem sido oferecer segurança de investimento e aproveitamento do produto para os jogadores. Se alguém se comprometeu com 800 dólares para jogar o RCQ da sua região, o quão motivada essa pessoa estará a continuar jogando Standard? Os três meses entre a rotação e o próximo anúncio são tempo o suficiente para que este jogador aproveite o produto.

Existe o outro lado: manter a estabilidade de investimento neste caso significa também prender o Standard em um Metagame que, se não se resolver, será desagradável de jogar durante três meses. Esse período pode desmotivar jogadores e até os desencorajar a experimentar o Standard pela imagem ruim que um longo período de predominância de Red Aggro/Prowess/Omniscience seguido de um longo período de predominância de Cauldron pode oferecer.

No entanto, para fins de RCQs e a temporada competititva, as regras são claras e o Standard não é Commander: os jogadores jogam com o que funciona, com o que vence, contra o que funciona, ou com aquilo que eles possuem mais experiência jogando. Não há espaço para “pet decks” no Magic competitivo, especialmente em um Metagame como o que está começando a se formar — é assim que o Magic competitivo funciona, e se a proposta não lhe agrada, talvez um RCQ não seja para você.

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Haverá o momento em que Vivi Ornitier e/ou Agatha’s Soul Cauldron serão banidos, exceto se, por acaso, o formato conseguir se adaptar apesar dos números expressivos que o arquétipo apresentou no último fim de semana. Particularmente, nada de bom sairá de nenhum dos dois cards, e enquanto meu alvo primário seria Agatha’s Soul Cauldron porque afeta menos decks competitivos no processo enquanto lida com um card inerentemente quebrado, não surpreenderá se a Wizards of the Coast chegar à mesma conclusão com o melhor Black Mage de todos.

Obrigado pela leitura!