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Pauper: Sobre Banimentos, Overreacting e o Futuro do formato

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No artigo de hoje, apresento meu ponto de vista sobre os últimos acontecimentos do Pauper: A criação do Pauper Format Panel, os recentes banimentos da semana passada e o overreacting da comunidade.

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revisado por Tabata Marques

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Em um dos meus últimos artigos (que foi sobre Pioneer), eu comentei que não pretendia falar sobre Pauper enquanto o Pauper Format Pannel não tomasse as primeiras medidas e tivéssemos os primeiros anúncios de banidas e restritas vindas com a colaboração do comitê, porque era mais importante esperar e ver ao invés de insistir em mencionar haver uma dezena de problemas que precisam ser adereçados no Pauper.

E sinceramente, eu não esperava que esses anúncios chegassem tão rápido, mas cá estamos: No dia 20 de Janeiro de 2022, os seguintes cards foram banidos do Pauper:

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E acredito que podemos afirmar que, enquanto o banimento de Atog era esperado (porém, não muito apoiado), os outros dois banimentos pegaram a comunidade de surpresa, o que tecnicamente explica e até justifica as reações adversas e até mesmo agressivas por parte da Internet em grupos de Discord, WhatsApp, no Twitter, Facebook e demais redes sociais.

Eu realmente precisei dar algum tempo entre os banimentos e o meu artigo para poder organizar melhor algumas ideias e avaliar, com base nos primeiros resultados, como o formato pode desenvolver-se daqui adiante e o que podemos tomar como aprendizado da raivosa onda de reações exageradas dos últimos dias.

Sobre o Pauper Format Panel

Em um dos meus últimos artigos sobre Pauperlink outside website, eu comentei que banimentos jamais resolverão o verdadeiro problema do formato, o fato de que ele vive numa relação complicada com o Limitado de cada edição, especial de premium sets como Modern Horizons II e que, consequentemente, muitos dos cards que quebram o formato cai como um efeito colateral do ambiente de draft/selado de outras edições.

Cards como Chatterstorm e Fall from Favor nunca deveriam ter saído como comuns se considerarmos o impacto que elas teriam no Pauper, mas elas eram necessárias e importantes para o ambiente de Limitado dos seus respectivos sets e, por conta disso, o formato de cards comuns acaba sendo negligenciado por decisões que preservem a saúde do produto vigente.

Também comentei que, para resolver este problema, havia duas opções (que não são especificamente opostas, mas complementares uma da outra):

1) Que a Wizards pudesse dar maior transparência ao quadro de saúde de cada formato competitivo através de um comitê, incluindo o Pauper.

2) A inclusão de cards pontuais em produtos não-voltados para o Limitado, como Commander Decks e outros para poderem suprir a demanda por respostas eficientes que o formato precisa.

Bom, o Pauper Format Panel muda muito da minha perspectiva sobre banimentos porque tenho a plena consciência de que as pessoas que estão presentes nele, supervisionando o formato, entendem sobre Pauper, do qual todos eles possuem um longo histórico e convivência, além de serem figuras públicas que estão presentes na comunidade por bastante tempo.

Isso não significa que você precisa concordar com tudo o que eles dizem ou afirmam, mas faz-se necessário entender e admitir que eles possuem uma compreensão melhor do que a maioria da comunidade (e definitivamente melhor do que a própria Wizards, como admitido no anúncio sobre o comitê), uma parcela deles costuma estar em contato constante com os jogadores e com torneios e eventos, são produtores de conteúdo e tendem a deixar claro seu posicionamento quanto ao formato e quais são os arquétipos e mecânicas que consideram problemáticos, além de também responderem abertamente às perguntas e questões deixadas pela comunidade.

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Por conta disso, minha perspectiva sobre banimentos no Pauper mudou significativamente: acredito que eles podem resolver alguns problemas crônicos estabelecidos no formato, alguns que existem faz anos sem serem adereçados, como o caso do Tron e como, possivelmente, será o caso de outros arquétipos e mecânicas.

O Pauper Format Panel cria uma perspectiva do que podemos esperar do formato, não apenas em banimentos para lidar com problemas vigentes mais rapidamente, mas também para resolver algumas questões e falhas estruturais que o formato já possui tem bastante tempo e que justamente cria essa constante sensação de desequilíbrio e desbalanceamento recorrente no formato.

Mas, obviamente, isso vem e virá com muita repercussão negativa, o que nos leva ao próximo tópico.

Banimentos foram feitos para serem eficientes, não populares

Em resumo, muitos jogadores simplesmente odiaram as decisões de banimento promovidas pelo Pauper Format Panel, e isso não é nenhuma surpresa porque ninguém gosta de ver o seu deck ser prejudicado e sentir que seu investimento em tempo ou dinheiro foi jogado no lixo.

Ou alguns jogadores apenas não gostaram dos banimentos ou os consideraram ineficientes e agora acusam o PFP de coisas apocalípticas como arruinar o formato, tirar o feeling de Legacy Lite ou matar o Pauper, mas não vamos nos aprofundar nesse assunto porque é absolutamente infrutífero debater uma questão que esteja tão voltada para o viés pessoal de cada indivíduo.

O que me desaponta, no entanto, é o quão agressivamente as pessoas reagiram a estas mudanças. Toda a comunidade de Pauper ama o formato, alguns mais do que outros, mas existe algo muito errado no âmbito pessoal da pessoa se ela começa a atacar os outros com ameaças e xingamentos devido a mudanças ocorridas no seu hobby.

Isso não é uma exclusividade do Pauper, do Magic, ou de jogos de cartas. Costumamos ver este tipo de atitude irracional e quase animalesca em tudo ao qual as pessoas costumam se reunir e depositar uma abundante paixão e dedicação em cima delas. Comumente observamos atitudes como essa, ou piores, em jogos de esportes físicos ou digitais por parte das torcidas e, mais recentemente, até mesmo no cenário sócio-político.

E eu sei que não posso pedir para que os jogadores não ajam dessa maneira, ou repreendê-los por isso. Logo, só me resta torcer para sermos melhores que isso nas próximas vezes.

Afinal, isso é só um jogo de cartas... Apenas um jogo de cartas.

Agora, no que concerne aos fatos, é importante enfatizar que Banimentos não são feitos para serem populares, eles são feitos para serem eficientes em lidar com uma discrepância existente no formato e/ou torná-lo mais saudável, e não é a primeira e nem a última que veremos este tipo de intervenção ocorrer no Pauper ou em outro formato competitivo.

Na verdade, creio que teremos mais banimentos polêmicos no anúncio que sairá na terça-feira (obviamente, nenhum deles para o Pauper), e isso é natural porque todo Metagame competitivo possui alguns problemas e questões estruturais que, eventualmente, precisam ser adereçados de alguma maneira, e é impossível agradar a todos quando você toma a decisão de intervir diretamente em um formato competitivo.

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Você realmente acredita que os jogadores ficaram felizes quando Splinter Twin, pilar de um dos decks mais populares do formato, foi banido do Modern? Quantos jogadores não disseram que o Pauper estava morto quando ocorreu a Blue Monday, onde três cartas estruturais do formato: Daze, Gush e Gitaxian Probe foram banidos?

A questão é que, tal como ocorreu com esses cards, os banimentos do dia 20 precisavam acontecer e atingiram especificamente a estrutura dos decks que se propuseram a atingir, e é óbvio que isso nunca vai acontecer sem ter alguns efeitos colaterais esperados ou inesperados nos demais arquétipos e no cenário competitivo do formato.

Não apenas isso, como eles também explicaram detalhadamente como decidiram banir cada um dos cards no artigo do anúnciolink outside website, e eu altamente recomendo que você o leia para ter uma boa ideia de como o Pauper Format Panel pensou a fundo em cada possibilidade e nas consequências delas.

As decisões tomadas pelo painel na última quinta-feira não foram feitas do dia para a noite. Nós estamos lidando com os problemas do Affinity há meses, e nós estamos comentando sobre como o Tron é problemático há, literalmente, anos.

Inclusive, o mesmo pode ser dito sobre por quanto tempo comentávamos que o Azul era predominante demais no formato antes da Blue Monday, o quanto comentamos atualmente que o Monarca é uma mecânica problemática, dentre outros pontos que podem ou não podem ter algum fundamento com base em dados e estatísticas, dois elementos aos quais o PFP parece utilizar relativamente bem para tomar as suas decisões.

Sobre os banimentos

No que concerne aos banimentos que ocorreram no último dia 20, julgo que:

Atog

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Vamos ser honestos e admitir que Atog + Fling nunca foi uma jogada justa, mas a aceitávamos no formato porque ela era específica de um único deck e exigia uma série de concessões de deckbuilding para ser utilizado de maneira eficiente. A falta de consistência do Affinity justificava que ele tivesse um combo-kill além de seu plano de beatdown porque ele era tão inconsistente em conseguir realizar o seu setup no sequenciamento certo que, por muitas vezes, o combo de Atog-Fling era a melhor maneira de compensar os turnos onde ele se atrapalhava e esbarrava nos seus próprios requerimentos de cores e artefatos.

Como já mencionei em outras ocasiões, por anos, o espaço do Affinity no Pauper era muito próximo do que o Dredge seria no Modern: Ele conseguia bons resultados quando os jogadores deixavam de o respeitar, enquanto caía em declínio conforme a quantidade de peças de Sideboard contra ele, como Ancient Grudge ou, mais frequentemente, Gorilla Shaman, subia e vivia eternamente num estado de Tier 1.5 ou Tier 2 conforme o formato se adaptava a ele.

Porém, Atog sempre teve todos os elementos de uma carta injusta para o formato: ele era sempre o card que o oponente precisava respeitar. Ao entrar em jogo, ele praticamente lockava a posição da partida em torno dele especialmente durante o combate, e ele sempre criava a ameaça constante de um combo-kill que poderia nem existir na mão ou no topo do seu controlador, mas que obrigava o oponente a jogar em torno dele.

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E estes elementos não são saudáveis para o desenvolvimento de um jogo justo, não importa o quanto você tente afirmar que Atog morre para removals ou é uma jogada ruim no early-game, especialmente quando o Affinity, após o lançamento das Duais Artefatos em Modern Horizons II, foi movendo-se cada vez mais próximo de tornar-se um Midrange com uma abertura agressiva e um combo-kill, enquanto conseguia ter até oito efeitos de comprar dois cards por uma mana com Thoughtcast e Deadly Dispute e ainda possuía o melhor removal do formato com Galvanic Blast e também acesso de maindeck a uma poderosa recursão que também interagia com o resto do deck na forma de Blood Fountain, e devolver um ou dois Atog para sua mão em partidas de atrito era melhor que qualquer criatura que o oponente pudesse usar contra você no Late-Game, porque te abria uma dezena de possibilidades entre ameaçar o combo, lockar o combate, dentre outras opções.

Apesar do grande sucesso do Affinity hoje dar-se pelo aumento significativo de consistência e resiliência com as novas duais e no acréscimo de alcance do mesmo com Deadly Dispute e outras adições, é mais que natural que Atog tenha levado o ban por abrir padrões de jogo que nunca foram realmente saudáveis, mas que era aceitável para o formato por fazer parte de um deck que era inconsistente demais e com respostas eficientes em abundância para poder capitalizar plenamente em cima desses efeitos.

Agora, com o Affinity tendo uma base de mana mais consistente, resiliente e com mais efeitos de card advantage e até mesmo outros meios de ganhar a partida fora do combate, não é mais admissível que o arquétipo ainda possa contar com um botão de “free win” na forma de um combo-kill.

Bonder’s Ornament

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Bonder’s Ornament também era um card já potencialmente perigoso para o Pauper pela possibilidade de padronizar o jogo com base em você controlar ou não uma peça deste artefato, ao ponto de que já vimos até o Faeries utilizando uma cópia do artefato no Sideboard para combater outras cópias dele.

Apesar dele também ser utilizado em outros arquétipos como Orzhov Pestilence e, principalmente, decks de Cascade, o principal arquétipo que se beneficiava da existência do artefato no formato era, sem dúvidas, o Tron, porque o arquétipo atendia justamente a proposta de jogo que o artefato oferece: passar o turno, responder ao que o oponente fizer e, se nada for feito ou se sobrar mana, comprar um card.

Esta engine sempre existiu nos Controls desde o The Deck, arquétipo que essencialmente é a base do fundamento para os Controls que construímos hoje, e que utilizava Jayemdae Tome para comprar um card extra todo turno, tal como o Tron e outros arquétipos procuram fazer com Bonder’s Ornament.

O outro ponto é o quão poderoso o artefato de Ikoria é tanto no quesito de manafixing quanto no card advantage para o Tron, um arquétipo que sempre precisa filtrar sua mana através de artefatos e outros meios para poder utilizar suas mágicas e ter acesso às melhores opções em todas as cores.

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Dada todas essas circunstâncias, e o quão parasítico o artefato pode se tornar como engine de card advantage padrão, e também o quanto o Tron se beneficia do artefato mais do que qualquer outro deck, faz sentido que, para afetar o Tron e também evitar futuramente que ele se torne o padrão de card advantage de todos os decks Midrange ou Control, Bonder’s Ornament é um banimento plausível e sensato.

Deixo aqui, no entanto, uma nota de que considero o Monarch uma mecânica tão parasítica ou ainda mais parasítica quanto a padronização quanto Bonder’s Ornament, mas vou adereçar um pouco mais sobre o quão bom ou ruim a permanência da mecânica no formato logo mais.

Prophetic Prism

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O banimento que pegou todos de surpresa definitivamente foi o de Prophetic Prism, tanto por ser muito presente no formato, quanto por nunca ter sido considerado problemático para o Pauper, mas é justamente a escolha deste artefato que demonstra um processo cirúrgico na hora de tomar decisões.

Se você perguntasse para qualquer pessoa o que seria necessário para enfraquecer e reduzir a consistência do Tron significativamente (eu não vou mencionar o Affinity porque Prophetic Prism é pouco relevante nele), muitos jogadores diriam os seguintes cards: Ghostly Flicker, Ephemerate, Bonder’s Ornament, Stonehorn Dignitary, ou matar o arquétipo de vez banindo Urza’s Mine, Urza’s Tower e Urza’s Power Plant.

Essencialmente, a grande vantagem que o Tron possui sobre outros arquétipos que procuram estender e a partida e acumular recursos é que ele consegue facilmente transformar sua abundância de mana em valor através do uso mais eficiente de seus recursos, comumente feito utilizando efeitos de 2-por-1 e abusando de suas interações, como o uso de Moment’s Peace para parar dois turnos inteiros de ataque ou combinar Mulldrifter com Ephemerate para virtualmente dobrar ou até triplicar as opções disponíveis para você.

O que tornava disso possível é que o arquétipo não costuma ter muita dificuldade e nem gastar recursos à toa para ter acesso a todas as cores. Pelo contrário, utilizar Prophetic Prism sempre foi essencial para o Tron até mesmo nas suas versões mais clássicas, e o artefato era potencializado pelas interações com Ghostly Flicker e Archaeomancer já que, no pior cenário, você sempre poderia utilizar a mana disponível na sua end step para blinkar ambas as permanentes e comprar um ou mais cards por turno.

No final das contas, o que o PFP decidiu é que, se você quer consertar as suas cores de forma recorrente, isso não pode ocorrer de maneira a ser uma troca positiva ou igualitária de recursos: você precisa gastar um card da sua mão para este propósito, sem vantagens adicionais.

É válido notar que este banimento foi notoriamente direcionado ao Tron, visto que arquétipos como Affinity são menos dependentes de Prophetic Prism, enquanto outros arquétipos que comumente utilizavam o artefato, como o Boros/Mardu Monarch, possuem outros meios eficientes de consertar sua mana, e a inclusão de lands como Thriving Bluff colaboram para os ocasionais splashes, enquanto Golden Egg serve como um bom substituto para os loops com Glint Hawk e Kor Skyfisher.

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O Tron, por outro lado, não consegue capitalizar tão bem em cima de efeitos de manafixing temporários, fazendo com que ele agora precise recorrer a opções que não oferecem um draw, como Darksteel Ingot, Navigator's Compass ou Prismatic Lens, e isso pode fazer uma enorme diferença ao decorrer da partida.

E quanto ao Monarch e Faeries?

Um dos motivos da revolta geral de uma parcela da comunidade foi a ausência de banimentos para arquétipos como Faeries ou para a mecânica de Monarch, e eu também sinto que ambos possuem problemas que precisarão ser adereçados eventualmente, mas não me parece errado “esperar e ver” antes de sair banindo tudo o que é problemático.

Por muitos anos, o Pauper funcionou num seguinte ritmo: Faeries é o melhor deck do formato porque consegue lidar de forma equilibrada e se adaptar contra quase todo tipo de Metagame, mas sempre possui como predador natural os Monarch Decks (Boros Bully, Boros Monarch, Orzhov Pestilence) e o Jund Cascade.

Os Monarch decks são muito eficientes em segurar os Aggros porque possuem uma proposta de utilizarem muitas interações para segurar a partida ao ponto onde começam a acumular Card Advantage até um ponto onde os recursos do oponente se exaurem, mas possuem sérios problemas com Big Mana, como o Cascade e o Tron, além de determinadas listas de Combo.

O Tron essencialmente limitava o espaço dos Midranges e Controls do Pauper enquanto também impedia os Aggros de conseguirem jogar “por baixo”, tendo como seu principal predador o Faeries.

Na sua ausência (ou no seu enfraquecimento), é possível que arquétipos agressivos consigam de fato jogar por baixo dele, e que a paridade de Card Advantage dos Midranges, acoplado a um clock agressivo, consigam melhorar a sua matchup contra este arquétipo, considerando que o arquétipo ainda consiga existir como um Lock-Control (o que, particularmente, não considero como possível em um primeiro momento).

Com a ausência do Tron (pelo menos na sua atual versão), o formato poderia entrar em um novo eixo onde temos Faeries vs. Monarch vs. Aggro vs. Combo vs. Cascade e, nessa ocasião, é possível que a mecânica de Monarca ainda seja necessária para manter a paridade de recursos entre esses arquétipos, dado que um Jund Cascade consegue obter recursos mais eficientes do que um Boros sob condições normais, e manter o Monarca pode ajudá-lo a não ser tão facilmente esmagado pela vantagem que ameaças como Annoyed Altisaur e Boarding Party oferecem.

Meu único problema nesse quesito é o espaço que Faeries ocupa como o deck que melhor se adapta a todas as situações, algo que simplesmente não há como mudar porque esta é a natureza de um Turbo Xerox, como já comentei neste artigo aquilink outside website.

Porém, se Faeries tornar-se também o melhor arquétipo de Monarch (o que não é muito difícil de ocorrer porque ele é muito eficiente em manter uma constante transição entre o jogo proativo e reativo), podemos ter uma situação onde há um absoluto melhor deck do formato porque ele possui o melhor de todos os mundos: Counterspell é a melhor resposta universal, Snuff Out é a melhor maneira de manter a eficiência de mana no formato atualmente, Cast Down é o melhor removal incondicional, e jogar com Monarca é a melhor maneira de obter card advantage, enquanto as cantrips garantem que seus draws são exponencialmente melhores do que o de qualquer outra lista baseada na mecânica.

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Mas, olhando por outro ângulo, a grande vantagem que Faeries possui de adaptar-se a qualquer Metagame também vem com um custo: É impossível fazê-lo adaptar-se a todas as situações, o formato não possui respostas eficientes o suficiente para garantir e permitir isso para os Blue-Based Tempo.

Uma semana onde os decks estarão mais voltados para o Midrange demanda categorias de respostas diferentes vindas do Maindeck e do Sideboard e, apesar de versões como o Dimir Faeries possuírem ótimos meios universais de lidar com múltiplas situações, eles não conseguem lidar cirurgicamente com todas na mesma eficiência porque a resposta que você precisa para jogar contra Cascade é muito diferente da postura com a qual você joga contra Battle Screech ou em jogos menos interativos como contra Elves, Moggwarts e Walls.

Outro ponto importante nesta paridade do Metagame que precisa ser considerada é que o Affinity provavelmente ainda será o melhor e mais resiliente Aggro do formato, e ele demanda respostas menos genéricas para ser combatido, o que fará possivelmente com que alguns arquétipos que não conseguem se equiparar a ele em estabelecer o clock tenham dificuldades em manter-se no Metagame.

Como ficará o formato após os banimentos

A primeira coisa que precisamos ter em mente é que não é possível prever o formato com uma ou duas semanas de Ligas e Challenges.

Como todo formato competitivo, o Pauper leva bastante tempo para adaptar-se às mudanças e estabelecer o seu Metagame. Não é porque o Affinity ganhou o primeiro Challenge que ele continua quebrado, não é porque Cycling Storm ganhou o segundo que entramos numa nova era de Combo decks, e não é porque Faeries não fez nenhum resultado expressivo que significa que o arquétipo não é bom para o atual Metagame, mas seguem as minhas conclusões particulares sobre o que eu espero que aconteça nas próximas semanas.

Affinity ainda será um ótimo Aggro

Como já mencionado anteriormente, o Affinity possui o melhor posicionamento de mesa do formato atualmente, enquanto ainda retém todas as qualidades que o tornavam um poderoso competidor no Metagame: Uma manabase eficiente, dois poderosíssimos efeitos de Card Advantage, ameaças de alto impacto e sinergias poderosas que o permite grindar jogos longos sem muita dificuldade.

A dúvida que paira é se a presença do Affinity permitirá espaço para que outros decks Aggro também possam emergir, e se a ausência do seu combo-kill faz com que facilite esgotar os seus recursos com listas que naturalmente conseguem estabelecer mais valor no longo prazo, como um Monarch-based normalmente conseguiria fazer.

Faeries será um ótimo deck, mas ele precisa de um Metagame para se adaptar

As primeiras semanas pós-banimentos sempre são estranhas e parecem uma gigantesca selva tanto nas ligas quanto nos Challenges, e Faeries é um arquétipo que exibe melhores resultados contra um Metagame já bem estabelecido, onde você pode preparar seu maindeck e sideboard conforme o Metagame muda e se transforma.

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Monarch e Cascade estarão muito presentes

Com a ausência do Tron, Monarch e Cascade possuem o melhor Late-Game do formato, e com a tendência das primeiras semanas do formato serem voltadas para listas agressivas, é natural que arquétipos voltados para removals tenham uma vantagem e que as partidas acabem sendo definidas por quem consegue utilizar melhor seus recursos.

Dentre esses, suponho que os mais beneficiados em relação ao resto do Metagame nas próximas semanas serão o Boros Bully (por estabelecer um clock por cima do Affinity, ter Dust to Dust e jogar bem contra Faeries) e Jund Cascade (por ser o melhor Big Mana e obter uma altíssima flexibilidade em removals e interações).

Listas não-interativas aparecerão, mas serão colocadas em cheque pelos Tempo Decks

Listas que focam exclusivamente em seu plano de jogo, como Burn, Bogles, Cycling Storm, Walls, Familiars e afins tendem a obter vantagens contra categorias diferentes de Midranges (Por exemplo, Bogles é excelente contra Boros Monarch, mas péssimo contra Orzhov Pestilence ou Mono-Black Control), mas seu principal calcanhar de Aquiles são as listas que estabelecem um clock enquanto forçam o jogo interativo, como Delver e Faeries tendem a fazer.

Logo, quando houver um Metagame mais estabelecido, é provável que Faeries assuma o topo (ou seja parte do topo) do formato e coloque em cheque as principais listas não-interativas que estão surgindo no momento.

Jeskai Wildfire será o principal Control do formato

Apesar de que você pode o classificar como um Midrange, os decks de Jeskai que procuram abusar da interação de Ephemerate com Mulldrifter e Archaeomancer são o mais próximo que temos do Tron atualmente, e o principal arquétipo a conseguir estabelecer o lock com Stonehorn Dignitary, enquanto Cleansing Wildfire funciona como um ótimo ramp.

Logo, é muito provável que, na ausência de Tron, o Jeskai Wildfire assuma seu posto como Control que consegue jogar “por cima” dos Midranges se a partida se estender demais.

Provavelmente, não de forma tão eficiente e é possível que jogos de Monarch vs. Jeskai sejam extremamente equilibrados, mas este arquétipo é o mais provável de assumir a posição que o Tron procurava assumir, apesar de que podemos ter outras versões de listas que procuram tirar vantagem de Ephemerate tentando fazer o mesmo, como Azorius ou Bant.

O Tron como o conhecíamos ainda pode reaparecer, mas isso vai levar tempo.

O Fog-Tron ou “Tron Control” como o conhecemos era muito sensível a mudanças.

Mesmo tendo sempre adicionado cards que lhe fossem benéficos a cada lançamento, o Tron era um arquétipo que possuía um core muito específico entre Mnemonic Wall, Mulldrifter, Ghostly Flicker, Prophetic Prism e Mystical Teachings, e remover uma dessas peças, mesmo que ela seja tão simples quanto um artefato que apenas filtra a mana, pode ser tão impactante para ele quanto remover sua principal draw engine ou seus efeitos de Blink.

Agora, há vários ângulos por onde o arquétipo pode seguir (com o principal provavelmente sendo melhorar a sua manabase para fins de requerimentos de cor e adicionar um ou dois manafixers na forma de Prismatic Lens ou similares, e talvez aumentar o número de cantrips como Preordain), mas levará bastante tempo até que seus entusiastas encontrem a combinação certa para corrigir o estrago causado pelos banimentos mais recentes.

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Outro ponto que precisará ser considerado é, seja qual for a adaptação feita pelos jogadores, se ela será melhor que jogar com outros arquétipos conhecidos do formato na mesma categoria, pois existe agora um preço ainda maior em tentar jogar com as lands de Urza.

Controls aparecerão, mas eles precisam se equiparar ao valor gerado pelo Monarca

Com a ausência do Tron, podemos ter outros arquétipos de Control mais eficientes surgindo no Metagame.

Em especial, dois Controls que podem surgir no médio ou longo-prazo são as listas com Serpentine Curve e os arquétipos que procuram tirar proveito de Mystical Teachings, mas eles precisarão estabelecer meios de obter mais card advantage do que as listas que recorrem ao Monarca, ou será melhor que você apenas jogue com algum Midrange.

Existem algumas rotas que eles podem tomar para este propósito, como apostar nas interações entre Mulldrifter + Ephemerate, procurar utilizar mais meios de se obter 2-por-1, como Deep Analysis ou Frantic Inventory, dentre outras opções, mas o principal ponto a ser analisado é como esses arquétipos podem e pretendem agir contra os Monarch Decks e quais as vantagens que eles oferecem.

Conclusão

Isso é tudo por hoje no que concerne aos recentes banimentos do Pauper.

Apesar de ainda considerar que Monarch é uma mecânica parasítica e continuará sendo problemática para o formato, creio que nossa melhor opção seja aceitar as coisas como elas se apresentam, ao invés de como esperávamos que elas fossem e avaliar os acontecimentos das próximas semanas sem tirar conclusões precipitadas.

Normalmente, as primeiras quatro semanas após banimentos, ou após o lançamento de um set altamente impactante (como Modern Horizons II) são o momento onde o formato ainda está procurando se adaptar às mudanças e encontrar uma nova identidade para si.

Portanto, sempre prefiro esperar, pelo menos, um mês antes de fazer minhas próprias afirmações sobre a saúde do formato, e quebrei esta regra pouquíssimas vezes no meu histórico com Pauper, como quando Chatterstorm deixou mais do que evidente à partir da segunda semana de Challenges que o formato estava á caminho de quebrar por completo.

Portanto, o meu conselho é que evitem o overreacting e despejar opiniões voltadas para o seu próprio viés pessoal como se fossem a verdade absoluta sobre o que é e o que será o Pauper antes de termos embasamento estatísticos para tirarmos tais conclusões.

Apesar de jogarmos o jogo por paixão, Magic não é especificamente um jogo de emoções, e requer muita análise tanto dentro quanto fora do jogo.

Estarei analisando os eventos e o desenvolvimento do formato nas próximas semanas, e pretendo trazer alguns deck techs e outros assuntos relacionados ao formato conforme coisas interessantes ocorrerem ou aparecerem.

Até lá, podemos tentar não levar as decisões sobre um jogo de cartas para um nível tão pessoal.

E eu realmente recomendo que leiam o anúncio de banidas e restritas do último dia 20 de Janeirolink outside website, há bastante informação nele.

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Obrigado pela leitura!