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Sideboard: Como Construir e Como Utilizar

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Um guia geral sobre como construir e otimizar o uso do seu Sideboard para torneios competitivos.

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revu par Tabata Marques

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O Sideboard é um dos elementos mais importantes do Magic competitivo. Afinal, é com os cards dele que muitos jogos tomam rumos totalmente inesperados e partidas são definidas com base no resultado das peças que você inclui dele e remove do seu maindeck.

Faz bastante tempo que tenho a ideia de trabalhar um pouco os conceitos por trás da construção de um Sideboard e como aprimorar suas escolhas para o espaço limitado que ele possui.

O que é um Sideboard?

Caso você esteja começando a jogar Magic: The Gathering agora, ou seja, habituado a jogar apenas o Melhor de 1 no Magic Arena, o Sideboard é uma junção de até 15 cartas que ficam separadas do seu deck principal (normalmente, com 60 cartas).

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Você pode trocar cartas do seu Maindeck por cartas do seu Sideboard entre os jogos 2 e 3 de uma partida de Melhor de 3, sendo a modalidade primária dos torneios presenciais em basicamente todos os eventos de REL competitivo ou casual. O objetivo do Sideboard é, essencialmente, melhorar a sua partida contra seus oponentes ao remover os cards ruins contra o deck dele em troca de opções melhores que estão disponíveis dentre essas 15 cartas — aumentando, assim, as suas chances de vencer os próximos jogos.

Apesar de você poder jogar com mais de 60 cartas no seu Maindeck, você não pode ter mais do que 15 cartas no seu Sideboard após encerrado o processo. Ou seja, você não pode remover algo do seu Maindeck sem colocar nada vindo do Sideboard no lugar.

Essa é a parte simples de se explicar no que se refere ao Sideboard, mas vamos agora para o que realmente importa e, comumente, traz muita dificuldade para jogadores menos experientes e/ou menos habituados a deckbuilding e jogos competitivos.

O que deve entrar no meu Sideboard?

A resposta realista é: depende.

Apesar de Magic seguir diversos padrões e algumas estratégias coexistirem de formas muito parecidas no jogo, existem muitas nuances que diferenciam a maneira como construímos nosso Sideboard: o Metagame do formato onde seu deck se encaixa, opções disponíveis de cards, maneira como você optou por construir a sua lista, principais arquétipos do cenário competitivo ou da sua região, dentre uma infinidade de outras circunstâncias que mudarão constantemente na sua jornada no jogo.

Além disso, o seu Maindeck e Sideboard não devem ser especificamente tratados como coisas separadas: slots entre um e outro podem ser complementares, e o Sideboard opera basicamente como uma extensão do seu Maindeck em diversas situações.

Porém, podemos seguir algumas linhas gerais com base no histórico do jogo para definir o que, normalmente, adentra no Sideboard.

Respostas que, normalmente, não se encaixam no Maindeck

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Existem diversas cartas no jogo que são muito úteis em responder a situações específicas, mas não muito comuns numa partida normal de Magic ao ponto de merecerem um espaço no Maindeck por serem, normalmente, cartas mortas na sua mão em mais vezes do que você deseja.

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Disenchant, por exemplo, é muito útil se seu oponente possui algum encantamento que atrapalha seu plano de jogo ou do qual a estratégia depende de um artefato ou muitos artefatos no campo de batalha para funcionar. Mas contra um Mono Red Aggro voltado para atacar com várias criaturas e causar dano direto com Lightning Bolt, você dificilmente terá alguma utilidade para ela nessa partida — mesmo se, por acaso, o Mono Red estiver usando Kumano Faces Kakkazan ou Bomat Courier.

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Da mesma maneira, você dificilmente vai querer um hate de cemitério como Rest in Peace no Maindeck porque ele raramente fará algo relevante numa partida comum, a menos que você esteja tentando combar com Helm of Obedience.

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Enquanto Pithing Needle, apesar de normalmente ter alvos válidos em muitos jogos, é uma resposta específica demais para lidar com habilidades problemáticas, como as de um Planeswalker, ou uma peça de combo como o mencionado acima Helm of Obedience onde, inclusive, o oponente iria querer algo como um Disenchant para lidar com a sua Pithing Needle.

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Existem algumas mágicas que são comumente constatadas no Sideboard, mas que podem pertencer ao Maindeck caso o atual cenário do formato possibilite porque elas possuem habilidades muito mais flexíveis do que hates específicos.

Duress e Negate são exemplos clássicos no Standard, onde muitos decks recorrem a mágicas de não-criatura, possibilitando incluir uma ou duas cópias delas para obter uma vantagem estratégica no Game 1, além de abrir mais slots no limitado espaço de 15 cartas no Sideboard.

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Também constatamos essa situação onde cartas de Sideboard adentram ao Maindeck quando existe um arquétipo predominante no Metagame com uma fraqueza natural para hate específico, ou quando muitos decks recorrem a uma mesma temática para funcionar — O exemplo mais recente é no Pauper, onde o Affinity é o atual melhor deck do formato, e diversas outras estratégias recorrem a artefatos como Experimental Synthesizer ou às Bridges (sendo terrenos-artefatos, como Silverbluff Bridge, ampliando significativamente a utilidade de um 2-por-1 contra Artefatos como Dust to Dust).

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Outro exemplo de carta que normalmente se encontra no Sideboard são os chamados “color hosers” — respostas para cores específicas, como Pyroblast e Hydroblast, que funcionam apenas com mágicas vermelhas e azuis.

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Às vezes, podemos adicionar também color hosers ao Maindeck conforme o Metagame demanda, especialmente se eles vierem acoplado de alguma utilidade adicional, como ocorre com Burning Hands e Ray of Enfeeblement, que ainda funcionam como removals fracos ou combat trick enquanto são hates muito eficientes contra criaturas brancas ou verdes.

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Nos últimos anos, a Wizards vêm aumentado a flexibilidade das respostas para encaixá-las em mais de uma situação, aumentando a complexidade das inclusões de Sideboard e também abrindo espaço para que muitas delas apareçam no Maindeck nos mais variados formatos.

Abrade, por exemplo, esteve presente em muitas listas no Standard por lidar com Esika’s Chariot enquanto também funcionava como um removal. Suffocating Fumes surge no maindeck de vários arquétipos do Pauper porque, além de lidar com criaturas pequenas como os tokens de Battle Screech, ele nunca será uma carta morta na sua mão porque você pode sempre reciclá-lo para obter um novo draw, e Unlicensed Hearse se tornou uma staple de diversos formatos por ser um hate de cemitério poderosíssimo que também torna-se uma condição de vitória se o jogo se estender.

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Os Trava-Jogos

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Por fim, outro elemento comum de respostas de Sideboard são mágicas que, apesar de muito específicas, atrasam ou simplesmente destroem por completo a possibilidade do oponente executar seu plano conforme o esperado.

Blood Moon, por exemplo, é muito problemática para listas com uma manabase gananciosa e cheia de lands não-básicas e sem meios de conseguir jogar em torno dela, enquanto Chalice of the Void pune qualquer arquétipo que tenha uma abundância de mágicas com um custo específico de 1 ou 2, obrigando o oponente a lidar primeiro com essas permanentes antes de prosseguir com seu plano original.

Hates de cemitério permanentes, como Rest in Peace, também se encaixam nessa categoria caso você enfrente um oponente com uma estratégia totalmente voltada para o cemitério.

Respostas para as respostas

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Se sua estratégia jogar com várias criaturas, popular a mesa e atacar rapidamente, seu oponente provavelmente incluirá sweepers como Anger of the Gods para lidar com elas antes que seja tarde demais. Nesse caso, você quer Selfless Spirit para proteger as suas criaturas quando ele tentar removê-las, ou quem sabe algo como Elite Spellbinder para atrasá-lo por dois turnos — tempo suficiente para suas criaturas concluírem o trabalho delas e zerarem os pontos de vida dele.

Da mesma maneira, se você está jogando com um combo como Storm, que procura conjurar múltiplas mágicas num turno e vencer com um Grapeshot gigantesco, Echoing Truth ou outra remoção será necessária para lidar com o Deafening Silence ou Archon of Emeria no outro lado da mesa antes de você poder iniciar sua sequência.

Adaptações do plano de jogo

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Suponhamos que seu deck é um Aggro com criaturas rápidas, mas com resistência baixa e seu oponente, um Midrange, colocará para dentro alguns sweepers que lidam com elas sem o prejudicar muito porque a principal vantagem dele está em criaturas maiores, dificultando que você ganhe o Game 2 rapidamente e ele facilmente terá a vantagem porque as cartas dele são melhores quando a partida se estende.

Para se manter no jogo, você terá de trocar velocidade por valor e, para isso, você deve remover suas criaturas que não agregam nenhum valor adicional e são facilmente respondidas pelo oponente em troca de permanentes que o permitem se estender por mais tempo — nesse caso, você coloca Chandra, Torch of Defiance que, apesar de custar quatro manas e estar acima da sua curva média, oferece remoção, card advantage e um clock de longo prazo contra seu oponente. Além disso, você pode optar por adicionar outras cartas que geram trocas de 2-por-1, como Glorybringer, ou que são difíceis de remover, como Hazoret the Fervent.

Ao adicionar essas cartas, sua lista fica menos explosiva, mas você se adapta ao estilo de jogo que seu oponente propõe além de tornar do Cry of the Carnarium que ele colocou no pós-side um topdeck pior para ele.

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Ter cartas no Sideboard para adaptar seu deck a uma partida específica ou até mesmo pegar um oponente desprevenido é uma opção válida e comum no Magic competitivo.

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Um dos meus exemplos favoritos ocorreu no Pioneer de 2020, quando o Dimir Inverter (focado no combo de Inverter of Truth e Thassa’s Oracle) adicionava Pack Rat ao sideboard para lidar com estratégias muito disruptivas que contavam exclusivamente em atrapalhar o combo.

Pack Rat, nesse caso, agregava valor ao plano alternativo de jogar como um Control ou Midrange nos jogos interativos, como uma ameaça difícil de resolver sem sweepers e que facilmente saía de controle se o oponente apostasse em trocar de 1-por-1.

Como construir meu Sideboard?

Avalie o Metagame

O primeiro ponto para construir seu Sideboard é entender o formato que você está jogando: quais são os melhores decks? Quais são os arquétipos mais populares no Metagame geral ou na sua loja? O que você espera enfrentar? Suas partidas ruins são contra o quê?

Com o advento da Internet e das redes sociais, a maioria dessas informações são de fácil acesso com uma pequena pesquisa do Google ou uma rápida pergunta em algum lugar como o Reddit, mas é sempre bom procurar múltiplas fontes de informação sobre o seu baralho e o formato, além de fazer sua própria pesquisa em relação ao cenário da sua região/ ou loja.

Defina quais são as melhores opções disponíveis

O atual melhor deck do Pioneer no momento em que escrevo esse artigo é o Mono Green Devotion, e você está jogando de Rakdos Midrange, o que significa ter uma quantia relevante de respostas para essa partida.

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Mas qual carta dentre essas é realmente importante para o rumo do jogo? Burning Hands com certeza não funciona tão bem quanto um Noxious Grasp contra Mono-Green, mas ele é mais flexível num slot para outras partidas.

No entanto, você quer evitar o risco de uma resposta sua não ser o suficiente para lidar com algo que o oponente faz, então Noxious Grasp provavelmente é uma opção mais eficiente.

Mas, e se você quiser ter uma ameaça complementar que combina bem com Fable of the Mirror-Breaker? Será que nesse caso, Lifebane Zombie não é mais interessante? Ou o fato dele só remover criaturas da mão do oponente é um sério problema quando precisamos responder a Planeswalkers e remover Storm the Festival?

A questão é, você precisa conhecer as opções disponíveis e entender onde cada uma delas melhor exerce a função desejada. E isso normalmente virá com muitos testes, treino, comunicação com outros jogadores e bastante leitura e acesso de conteúdos referentes ao seu deck, o que nos leva ao terceiro ponto:

Pesquise e avalie outras listas

No mundo digitalizado e onde a informação circula rapidamente, não há mais tanta exploração e “techs secretas” existentes no Magic. Criamos, atualmente, um senso de “mente coletiva” onde todos buscam aprimorar seus decks para os colocar no topo do formato e ganhar torneios.

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Por conta disso, páginas de Metagame são muito importantes (inclusive, temos uma aqui na Cards Realmlink outside website), e você deve acessá-las para pesquisar como outros jogadores estão construindo a mesma lista que você está pilotando e, se surgir alguma dúvida em relação a alguma carta no maindeck ou Sideboard, você pode sempre testar sozinho em alguma plataforma gratuita, ou imprimindo-a num pedaço de papel e colocando-a em cima de outra carta dentro de um sleeve, para compreender suas utilidades.

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Novamente seguindo o exemplo do Rakdos Midrange no Pioneer, há listas recorrendo a Invoke Despair no Maindeck ou Sideboard nas últimas semanas. Como uma mágica de cinco manas é um custo relativamente alto para um Midrange nesse formato, pode não parecer muito intuitivo para alguns jogadores porque ela começou a surgir, mas à partir do momento onde você a conjura no jogo certo, a troca de 3-por-1 proporcionada por ela começa a fazer mais sentido.

Além disso, não esqueça de também analisar o que seus oponentes possuem contra você, e como as cartas do Sideboard deles pode afetar sua estratégia.

Não gaste slots com partidas que você não vai vencer.

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Se uma partida é muito ruim para o seu deck, não será dedicando vários slots do seu Sideboard para ela que a tornará melhor a menos que você tenha uma winrate boa contra o resto do Metagame, o que normalmente só ocorre quando você está pilotando um deck quebradolink outside website.

O exemplo clássico dessa situação é no Pauper, onde o Mono-Black Devotion historicamente tem uma partida abismalmente ruim contra Burn, em torno de 25-75%. Ou seja, é um jogo onde o Mono-Black só ganha se ele estiver com muita sorte e/ou se o piloto de Burn cometer muitos misplays.

Pós-Sideboard, o Mono-Black tem muitas cartas mortas — Sign in Blood, Snuff Out e Phyrexian Rager interagem negativamente com essa partida onde seu total de vida é o elemento que mais importa — e houve uma época onde jogadores tentavam adicionar opções específicas para lidar com esse matchup, como Pharika’s Cure, Sovereign’s Bite ou Syphon Life, cartas de lifegain para atrasar o Burn por tempo o suficiente para conjurar Gray Merchant of Asphodel.

Mas tentar ganhar vida de Mono-Black contra Burn era postergar o inevitável: você perderia o jogo mais rápido do que conseguiria se recuperar, e as quatro cópias de lifegain que você adicionou não seriam o suficiente para evitar isso, então você perdia quatro ou mais slots do seu Sideboard tentando tornar de uma partida horrorosa menos horrorosa, e o preço nunca valia a pena porque significava piorar sua partida contra o resto do formato: eram menos Shrivels contra Faeries, menos Diabolic Edicts contra Bogles, menos Wrench Minds contra a mirror, etc.

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Seus slots seriam melhores aproveitados se você, ao invés de adicionar Lifegain, procurasse melhorar outras partidas e/ou escolher opções mais abrangentes, como Duress ou Distress, que funcionavam muito bem contra jogos mais lentos e podiam lhe dar um “turno extra” ao remover Fireblast ou outra mágica de dano como Searing Blaze, que mataria seu Chittering Rats e faria você ganhar 2 de vida a menos com Gray Merchant of Asphodel, ou Unexpected Fangs, que funciona também contra outros decks Aggro, sendo particularmente letal ao lado de Gurmag Angler.

E falando em opções flexíveis...

Priorize a flexibilidade

O Sideboard é um espaço extremamente limitado, e definitivamente não terá tudo o que queremos nos seus poucos slots, então temos de definir o que precisamos, além de procurar ampliar a utilidade das nossas escolhas.

Tenho uma regra geral de que, quanto mais situacional a carta é, mais dependente ela fica do momento em que o Metagame se encontra e menos útil ela é num torneio grande, a menos que exista uma estratégia muito popular que demande respostas específicas.

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Por exemplo, suponhamos uma situação imaginária em que você jogue num cenário de Modern onde existem arquétipos centrados em artefatos, e você está jogando com uma lista como o Izzet Murktide, que tem várias cantrips como Consider e draws adicionais com Ledger Shredder e, para responder a essa interação com artefatos, você tenha de optar entre Shenanigans ou Shattering Spree e Abrade.

Nesse caso, precisamos avaliar a predominância de artefatos no Metagame, o quanto nossa partida contra ele é boa ou ruim, e o quão relevante ambas as peças são fora desse jogo em específico.

Em uma situação comum, normalmente eu optaria por Abrade ao invés de Shenanigans caso esse deck de artefatos não fosse tão predominante, porque ele também é um side-in que eu posso fazer contra arquétipos de criatura onde meus Counterspells ou cartas mais situacionais como Spell Pierce são menos úteis, enquanto Shenanigans funciona incrivelmente melhor para essa partida em específico, mas é uma opção ruim ou absolutamente nula contra o resto do formato.

Por outro lado, se o deck de artefatos é muito presente e/ou outras estratégias procuram tirar proveito das interações com artefatos por alguma razão (como ocorre no Pauper atualmente), Shenanigans é uma opção melhor do que Abrade, já que me garante a mesma vantagem contra outros arquétipos naquele momento.

Quando você estiver construindo seu Sideboard, considere não simplesmente o quanto uma carta pode te ajudar num jogo em específico, mas também em quais outras partidas ela é útil — Um Noxious Grasp é ótimo contra Mono Green Devotion no Pioneer, mas também serve de alguma utilidade para lidar com os Planeswalkers do Azorius Control, ou como um removal extra contra Humans, enquanto algo mais específico que lidasse apenas com criaturas verdes não teria a mesma flexibilidade.

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Porém, voltando ao exemplo entre Abrade e Shenanigans, se eu estivesse jogando com o Izzet Murktide ou qualquer outro arquétipo com um grande número de cantrips e/ou que consegue ter acesso a muitas cartas no decorrer da partida, eu faria um split de 1 cópia de cada no meu Sideboard, levando-nos á próxima pergunta:

Quantas cópias de cada card usar?

Acredito fielmente que essa pergunta requer um artigo próprio e mais aprofundado em como tomar determinadas decisões numéricas no Sideboard, do qual pretendo providenciar futuramente, mas suponho que podemos exemplificar algumas linhas gerais.

Decks como o Izzet Murktide, que possuem muitas cantrips e card selection, ou arquétipos como o Rakdos Midrange, que acumulam muito card advantage no longo prazo podem diversificar melhor o seu sideboard do que uma lista com pouco acesso a draws ou cantrips, como um Boros Burn ou Mono-Red Aggro, que normalmente precisarão de três ou mais cópias das cartas mais importantes e em torno de duas das menos relevantes.

Como um exemplo, durante a temporada de Crimson Vow e Neon Dynasty, minha lista de Izzet Phoenix para o presencial usava três cópias de Aether Gust (porque Naya Winota, Mono Red e Izzet Phoenix eram muito populares), duas cópias de Mystical Dispute (já que elas eram úteis contra Midrange e Control), e o resto do meu Sideboard era composto de uma cópia de cada carta, algo que também era presente no meu Maindeck: todas as minhas remoções eram singleton, as minhas Delve Spells foram diversificadas em uma cópia de cada, as minhas ameaças complementares eram um Brazen Borrower e um Crackling Drake — isso porque entre Expressive Iteration, Consider, Pieces of the Puzzle, Treasure Cruise e Dig Through Time (sem contar o potencial de copiá-las com Galvanic Iteration), eu tinha todos os meios necessários para virtualmente ter acesso a quase todas as cartas da minha lista.

Mas outro elemento que necessita de consideração na hora de definir a quantidade de cópias de cada carta é a predominância das partidas nas quais essas mágicas realmente importam: em alguns momentos, usei quatro Aether Gust no Sideboard poque a quantidade de decks verdes e vermelhos crescia ou diminuía a cada semana, e o mesmo ocorria com Mystical Dispute conforme a presença de Midranges aumentava.

Esse efeito é algo que presenciamos quando um arquétipo é muito opressivo ou predominante no formato também: quando Hogaak, Arisen Necropolis basicamente quebrou o Modern por completo, era normal ver jogadores adicionando quatro cópias de Leyline of the Void, além de opções complementares como Relic of Progenitus apenas para ter mais chances contra ele.

Avaliando num contexto geral, costumo começar meu Sideboard com duas cópias de cada card, e uma terceira cópia da opção mais abrangente e, a partir dos meus testes e jogos, começo a avaliar o que pode entrar ou sair, ou o que posso aumentar ou reduzir números conforme necessário.

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Como utilizar o Sideboard?

Por fim, agora que seu Sideboard foi construído, você precisa entender como otimizar suas escolhas.

Considere quem está na Play ou na Draw

A definição de quem começa primeiro amplia ou diminui o valor de determinadas cartas na partida. Remoções de custo baixo como Lightning Bolt e Fatal Push, por exemplo, são melhores na draw porque eles ajudam a recuperar o tempo negativo de não fazer o primeiro land drop, enquanto ameaças rápidas e como Robber of the Rich ou mágicas de permissão de custo mais elevado como Counterspell tendem a ser melhores na play porque você extrai mais valor delas quando não está atrás na partida.

Ter essa consciência pode alterar significativamente a maneira como você escolhe as cartas que entram e saem entre os Games 2 e 3, e inclusive influenciar na sua postura.

Identifique a postura a ser tomada

Você encerrou o Game 1. Sendo vitorioso ou não, você tomou uma determinada postura com suas jogadas e precisou seguir uma determinada linha de raciocínio.

Ao escolher o que adicionar ou remover, primeiro considere como você precisará se comportar nos próximos jogos: você precisará ser o agressor ou o controle? Tem de apostar em velocidade ou valor para garantir sua vitória? Qual será a melhor maneira de usar seus recursos? O deck do seu oponente se encaixa em qual categoria de macro-arquétipo? Como você normalmente precisa se portar nessa partida e quais são as suas vantagens e desvantagens em relação ao oponente?

Ao identificar esses pontos e compreender qual é a sua postura, você ampliará seu leque de opções e otimizará suas escolhas.

Avalie o que pode ser usado contra você

Você não é o único com um Sideboard, e seu oponente também tem ferramentas contra você, e saber quais são as opções dele também o ajudarão a decidir o que entra ou sai.

Se haverão mais remoções, você quer ameaças difíceis de remover e/ou descartes e counterspells para proteger suas criaturas.

Ou se ele tiver algum hate específico como Rest in Peace, você consegue jogar em torno (ou até mesmo alterar seu plano de jogo para “anular” o hate dele), ou você precisa jogar em torno dessas cartas para executar seu combo ou suas jogadas explosivas que o levarão à vitória?

Compreender quais são as opções prováveis de entrar do outro lado da mesa e saber como e quando é necessário responder apropriadamente a elas ajudarão não apenas a escolher as cartas do Sideboard, como também compreender qual postura você deve ter.

Considere quais cartas colaboram para a execução do seu plano de jogo

“Certo, mas o que entra ou sai?”

Bom, tudo em Magic pode ser respondido com “depende”, inclusive o que adicionar ou remover nos Games 2 e 3.

Considerando a estratégia do seu oponente, quais cartas são menos úteis? Se ele está de Control, não há razões para você manter remoções pontuais como Fatal Push porque elas raramente serão úteis, mesmo se ele recorrer a manlands como Celestial Colonnade, então removê-los abre espaço para outras opções mais relevantes como talvez Duress ou peças extras de atrito como uma criatura que não possa ser anulada ou possui proteção embutida.

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Da mesma forma, mágicas de permissão como Counterspell ou descartes pontuais como Thoughtseize são menos relevantes contra decks rápidos como um Mono-Red Aggro, e você prefere ter mais remoções de custo baixo, ou mais sweepers para lidar com mais de uma criatura por vez.

Criaturas rápidas como Goblin Guide são excelentes maneiras de começar o jogo, mas são pouco relevantes se o turno 2 do oponente envolver uma criatura maior como Tarmogoyf, que facilmente o bloqueia se sua proposta não for a de gastar dois Lightning Bolt nele para continuar atacando. Nesse caso, removê-lo por peças melhores de atrito ou meios de obter mais alcance é uma opção.

Não coloque cartas demais para dentro

É possível que até as quinze cartas do seu Sideboard sejam úteis contra alguns arquétipos específicos, mas isso não significa ter de remover quinze cartas do maindeck para adicionar todas, porque isso atrapalhará significativamente a sua estratégia, deixando-o reativo demais enquanto você falhará miseravelmente em executar aquilo que você se propõe a fazer.

Essa regra varia muito de um macro-arquétipo para outro: Decks de Combo tendem a ser bem menos flexíveis no sentido de Sideboard, principalmente aqueles que necessitam de múltiplas peças para funcionar como o Storm. Decks Aggro também não querem adicionar tantas peças, a menos que o plano da partida envolva ficar mais próximo do espectro de Midrange, que tende a ser mais flexível com relação ao que pode entrar ou sair do maindeck e do Sideboard, enquanto o Control é quase completamente flexível com relação aos seus slots por, normalmente, ter mais cartas inúteis entre uma partida e outra no Maindeck — podendo, inclusive, mudar para uma postura mais agressiva em alguns jogos com poucas cópias de ameaças difíceis de remover como Adanto Vanguard, ou criaturas que geram valor no longo prazo, como Thief of Sanity.

Minha regra geral é que, se meu Side-In inclui mais do que 6 a 8 cartas e meu Side-Out não tem tantas coisas óbvias de se remover (como Sign in Blood e Phyrexian Rager contra Burn), eu reavalio o quanto realmente preciso dos cards que quero colocar para dentro e porque necessito deles.

Anote suas escolhas e reconsidere-as posteriormente

Todo ser vivente no planeta comete erros, é inevitável — mas precisamos aprender com eles.

Enquanto você jogar suas partidas, tente anotar o que entrou e saiu entre o Maindeck e o Sideboard para então reavaliar como essas decisões impactaram a partida e o que você poderia mudar nessas escolhas. Faça isso com todos os jogos que você jogar e, em pouco tempo, você terá construído seu próprio guia de Sideboard, que sempre poderá ser consultado por você e compartilhado em outros lugares para um aprimoramento geral das suas decisões e da comunidade como um todo.

Conclusão

Ao final desse artigo, espero ter ajudado você a compreender melhor a natureza do Sideboard e como o construir e usar de um jeito eficiente. Há muitos tópicos dos quais não entrei ou não me aprofundei que merecem seus artigos próprios e, em algum momento, pretendo trazê-los ao público.

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Caso lhe interesse, eu também fiz um artigo sobre cinco erros comuns de deckbuildinglink outside website que jogadores costumam cometer.

Em caso de dúvidas ou sugestões, fique à vontade para deixá-las nos comentários.

Obrigado pela leitura!