NOTA DO EDITOR: Este artigo contém spoilers de Avatar: A Lenda de Aang.
Se, há alguns anos, dissessem que Magic: The Gathering faria uma colaboração com a animação Avatar: A Lenda de Aang, pareceria mentira. Mas a série Universes Beyond veio para ficar e a famosa animação se junta a outros grandes títulos que ganharam uma expansão completa, como O Senhor dos Anéis e Final Fantasy.
Apesar de o desenho ter ido ao ar durante o início da minha adolescência, eu nunca havia, de fato, parado para assistir Avatar, então a relação que possuo com o set era quase tão nula quanto com Doctor Who, mas sob recomendação de muitas pessoas e por assistir ao live action da Netflix, decidi dar uma chance ao desenho de 2005.
Para a minha surpresa, o que de alguma maneira considerei pouco interessante aos 12 anos tem tantas camadas sobre o mundo em que ele está situado e sobre os próprios personagens que se tornou uma das animações estadunidenses mais interessantes que já assisti. Ainda mais surpreendente foi como a animação conseguiu, apesar de já ter dez anos, manter tópicos relevantes e sucumbir muito pouco ao teste do tempo — seus momentos engraçados ainda são divertidos, o desenvolvimento dos seus personagens não parece datado, e o contexto geral da história ainda ressoa com muitos dilemas e tópicos que nos debruçamos ainda em 2025.
Além disso, assistir à animação deu nova luz aos cards revelados. Agora, muitos deles fazem um pouco mais de sentido e alguns momentos marcantes e icônicos já estão devidamente representados. No mínimo, assistir Avatar tornou o set de Magic mais atrativo para mim.
Por isso, com olhos frescos sobre Avatar: A Lenda de Aang e tudo o que sua história tem a oferecer, elenco neste artigo alguns momentos marcantes que gostaria de ver na colaboração com Magic: The Gathering, seja com cards próprios ou reprints.
Momentos de Avatar: A Lenda de Aang que queremos ver em Magic
Menções Honrosas
Existem alguns momentos que facilmente entrariam nesta lista, mas já foram confirmados e seus cards já foram revelados nas últimas semanas. Portanto, não mencionaremos essas cenas durante o artigo. Segue abaixo os cards que as representam.

It’ll Quench Ya representa o momento em que Sokka (e Momo) bebem suco de Cactus, que possui efeitos alucinógenos e torna uma viagem que seria outrora estressante até divertida de assistir, apesar de tudo o que estava em jogo naquele momento.

“Meus repolhos!!!”

A versão alternativa de Fated Firepower representa o momento em que Aang e Zuko realizam a Dança dos Dragões durante o treino da Dominação do Fogo.

Ozai’s Cruelty mostra o momento em que Zuko é derrotado por Ozai em um Agni Kai, e seu rosto é permanentemente marcado pelo fogo de seu pai. Este momento desencadeia a sucessão de eventos que, três anos depois, levaria à jornada do Avatar.

Yue, the Moon Spirit é uma personagem essencial nos últimos episódios da primeira temporada de Avatar, especialmente pela sua relação com o Espírito da Lua. Tui e La são dois elementos importantíssimos para a narrativa da história, e Yue tem um papel importante para eles.

Abandon Attachments mostra o momento em que Aang enfrenta o desafio de deixar suas emoções mundanas de lado para atingir e controlar o Estado Avatar, em especial os sentimentos que ele nutre por Katara no decorrer da trama.

Redirect Lightning apresenta o momento em que Zuko deflete um ataque de raios de Ozai durante a terceira temporada, após aprender essa habilidade com seu tio, Iroh, na segunda temporada.
A Canção do Soldadinho

O episódio The Tales of Ba Sing Se é, provavelmente, um dos mais marcantes de Avatar e da maneira mais simples e humana de abordar histórias: o episódio traz uma história mundana para cada personagem, como se fosse um momento em que eles deixam de ser o foco central da trama para serem pessoas comuns, vivendo situações do dia a dia.
O destaque dele, entretanto, fica para o conto de Iroh, que se mete em pequenas desventuras enquanto ensina lições valiosas para pessoas mais jovens — uma delas, inclusive, para um homem que tentou roubá-lo com uma adaga. No início do conto, Iroh canta uma canção para um bebê do Reino da Terra, e ao final dele, o vemos cantar a mesma canção em luto para o seu filho, morto anos antes durante um confronto em Ba Sing Se.
Poucos momentos na animação possuem tanto impacto emocional na audiência quanto esses breves minutos em que acompanhamos Iroh. Seu conto sobre luto e vivência foi dedicado a Mako, dublador do personagem nas duas primeiras temporadas, que faleceu pouco antes de o episódio ir ao ar.
Ter este momento representado em um card como Rest in Peace é exatamente o soco no estômago que espero da equipe de design de Magic em relação à maneira como abordam com riqueza de detalhes os universos com os quais trabalham nessas collabs.
Não existe Guerra em Ba Sing Se

“Não existe guerra em Ba Sing Se” é uma frase repetida constantemente durante parte dos episódios que se passam na cidade de Ba Sing Se durante a segunda temporada de Avatar. Apesar da classificação indicativa, a animação não teme abordar temas como propaganda e alienação cultural de maneiras incrivelmente diretas.
Apesar de Aang e os outros tentarem alertar da ameaça crescente do Reino do Fogo se aproximando da cidade, a única resposta que o grupo recebe é de que não existe guerra em Ba Sing Se, e a frase se torna ainda mais assustadora quando a sua guia é substituída por outra pessoa que repete a mesma frase.
Conforme os minutos passam, mais evidente fica que existe uma poderosa máquina de manipulação controlando a política e a sociedade de Ba Sing Se, culminando em um dos, se não o arco mais empolgante de assistir dentre as três temporadas.
Toph Aprende a Dobra de Metal

Já sabemos que Toph, the First Metalbender é um dos cards da coleção, mas seria ainda mais interessante ter alguma remoção aos moldes de Abrade ou Suplex, que interagem com artefatos, destacando o momento em que ela aprende de fato a dobra de metal após ser aprisionada em uma prisão de aço.
Enquanto é impossível reproduzir a mesma cena em um único card, o episódio conecta, em diálogos, o momento em que Toph dobra metal pela primeira vez com os aprendizados que Aang está recebendo do Guru Pathik no Templo do Ar do Leste, culminando em como o que o protagonista está aprendendo naquele momento está, também, sendo aplicado por Toph naquele mesmo momento, evidenciando que a teoria de como tudo se conecta é factível para o poder das dobras, mas também como Toph não é apenas a primeira dobradora de metal, mas também a mais talentosa dobradora da terra que já existiu.
Tui & La

Tui e La são, respectivamente, os espíritos do Oceano e da Lua no universo de Avatar e aparecem nos últimos episódios da primeira temporada. Eles se manifestam no mundo físico como dois peixes, um preto e um branco, circulando infindavelmente entre si, remetendo ao símbolo de YinYang da China antiga. Para reforçar essa imagem, “Tui” e “La” significam, respectivamente, “puxar” e “empurrar” em mandarim.
O YinYang e/ou o “empurrar” e “puxar” são elementos recorrentes na natureza de muitas relações interpessoais em Avatar, recheados de momentos de proximidade, mas também de distanciamentos: de um lado, Aang e Katara se revezam neste ciclo com alguma frequência entre as temporadas seguintes conforme amadurecem e enfrentam novos desafios, enquanto Zuko vive esta dualidade durante praticamente toda a segunda temporada em situações diversas consigo mesmo, com Aang, com Iroh e até com aldeões que ele tenta resgatar e com uma possível amante em Ba Sing Se.
O simbolismo da dualidade de Tui e La, enquanto não diretamente referenciada, é essencial para entender o desenvolvimento dos personagens da animação conforme a trama se desenrola, com alguns dos destaques sendo quando Aang quando entra no Estado Avatar, ou Zuko quando decide voltar ao Reino do Fogo com sua irmã, ou Katara quando opta pelo perdão ao invés da vingança.
Portanto, apesar das poucas aparições de tela, Tui e La parecem tão essenciais para a lore de Avatar e os temas abordados na história que seria uma pena eles não serem devidamente representados em Magic: The Gathering.
A Dobra de Sangue

A Dobra de Sangue é uma habilidade inerente aos dobradores de água que lhes permite controlar os movimentos e ações de outros indivíduos ao manipular os fluidos em seus órgãos. Ela foi descoberta por Hama durante os anos em que esteve aprisionada na Nação do Fogo após inúmeros testes com roedores em noites de lua cheia.
Enquanto a habilidade de dobrar sangue é, posteriormente, utilizada também por Katara no mesmo episódio, Hama merece aparecer em um card como Dobradora de Sangue e/ou como seu título de “Mestra das Marionetes”, podendo ser retratada como um card com habilidade ativada que ganha o controle de uma criatura que o oponente controla, ou até como uma variante de Sower of Temptation ou Zealous Conscripts.
Zuko Confronta Ozai

Apesar do desenho se chamar Avatar e Aang ser o protagonista, Zuko tem o melhor desenvolvimento da trama. De certa forma, o dilema dele na história é um comumente retratado na série de jogos Persona, em especial no quinto jogo da franquia: Zuko enfrenta problemas com uma identidade que lhe foi imposta e cuja natureza vai contra os seus princípios, um preço ao qual ele está disposto a pagar para ser aceito pela sua família e seu reino.
Conforme os episódios passam, no entanto, vemos o personagem amadurecer, ter novas experiências, viver na pele as consequências das ações da Nação do Fogo independentemente das suas atitudes, e até se contentar com uma vida comum, mas ao fim da segunda temporada, Zuko é puxado novamente para o confronto da guerra e para a tentação de ser aceito pelo seu pai, Lorde Ozai.
É essa sucessão de eventos que torna o momento em que ele finalmente confronta Ozai, durante o eclipse solar, que retirou os poderes dos Dobradores de Fogo, tão importante. Ela é o resultado de todo o amadurecimento que as vivências desses três anos longe de casa o trouxeram, e das mudanças de perspectivas que, no fim, o levaram a concluir que o seu destino não foi aquele imposto por Ozai, e que ele poderia liderar o reino, mas para um caminho que colocasse um fim à guerra.
Nos episódios seguintes, vemos Zuko enfrentar diversos desafios na busca por redenção dos atos que cometeu no início da história, até ser eventualmente humanizado por aqueles que, outrora, o enxergavam como um inimigo e juntar-se de vez à equipe de Aang, e ao fim da animação, sua trajetória eventualmente o leva para o que ele queria — tornar-se o Senhor do Fogo —, mas sob seus próprios termos.

Aang retira o poder de Dobra de Ozai

Apesar de representado no reprint de Force of Negation dos slots especiais, o momento em que Aang usa dobra de energia para retirar os poderes de Ozai é tão marcante que ele merece um card próprio.
Durante a terceira temporada, acompanhamos Aang buscar uma solução para o confronto com Ozai sem saber exatamente como essa batalha deveria terminar. Apesar das diversas vezes em que recomendam que ele mate o Senhor do Fogo, essa ação iria contra os princípios de Aang e de tudo o que lhe foi ensinado pelos Nômades do Evento — como último da sua tribo, se Aang sucumbisse ao instinto de matar, ele estaria também destruindo o último resquício da cultura com qual ele viveu sua infância e da qual ele é o único que ainda se lembra dela.
Aang então utiliza os poderes de Avatar para retirar de Ozai a capacidade de realizar dobras, tornando-o um “humano comum” e, ainda pior para o vilão, uma pessoa fraca. De certa forma, o destino que o Avatar deu para ele foi pior do que a própria morte, já que Ozai viverá para ver tudo o que ele construiu ser desfeito pelo seu sucessor, Zuko, que dá início a uma nova era de paz para as quatro nações.
Concluindo
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