Se baralhos pudessem falar, a primeira frase que o nosso deck de hoje diria com certeza seria "Para fazer um omelete, é necessário quebrar alguns ovos". Sim, hoje vamos dar uma boa olhada no Food Sacrifice, que apesar de não ser exatamente um baralho novo, voltou um pouco a vida (tal qual suas criaturas) após receber cartas-chave de Bloomburrow.
Food Sacrifice - Principais Estratégias e Origens
Sacrificar permanentes para obter vantagens é uma estratégia muito antiga no Magic, que mais de uma vez chegou a ver jogo competitivo em diversos formatos, como o Abzan Aristocrats, baseado em sacrificar diversas criaturas utilizando Viscera Seer e Cartel Aristocrat, retornando-as posteriormente com Rally the Ancestors, para conseguir ainda mais valor e dano causado pelo Blood Artist.
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A história do Food Sacrifice, por outro lado, acaba sendo um pouco mais recente, tendo sua origem junto a criação da ficha de comida, na coleção Throne of Eldraine.
Custando duas manas em sua ativação e te recompensando com três pontos de vida, a ficha de comida a primeira vista não parecia ser mais poderosa que outras fichas-artefato já criadas, como Pistas e Tesouros - ainda assim, surpreendeu a todos pela quantidade enorme de payoffs poderosos envolvendo a mecânica. Oko, Thief of Crowns se mostrou tão poderoso que foi banido de quase todos os formatos atuais de Magic, e diversas outras cartas que se importavam com fichas de comida foram relevantes para o Standard, como Gilded Goose, Cauldron Familiar e Witch's Oven.
A interação entre Cauldron Familiar e Witch's Oven foi rapidamente reconhecida e assimilada pelos jogadores, que encontraram ali o pacote perfeito para aliar a outras mecânicas de sacrifício. Explicando rapidamente, ao sacrificar o gato utilizando o forno, é gerada uma ficha de comida, que é exatamente o que o gato pede para retornar ao campo. Por si só, essa interação, além de sempre drenar um ponto de vida pela habilidade desencadeada do nosso familiar, também cria uma espécie de bloqueador imortal, que dificulta muito o clock de decks mais focados em agredir.
Todas as vantagens desse pacote, junto a outras cartas sinergias vigentes no Standard da época, como o Mayhem Devil e Korvold, Fae-Cursed King, criaram o primeiro Food Sacrifice, que mesmo ofuscado por todas as outras cartas poderosíssimas de Eldraine, se mostrou uma opção consistente e poderosa até a chegada rotação em que o baralho foi perdendo seus ases.
Com a vinda de formatos "mais lentos" que Modern e Legacy, como Pionner, Historic e Explorer, o Food Sacrifice encontrou mais um lugar em que sua alta sinergia pudesse mostrar algum valor. Desde então, diversas listas com abordagens distintas surgiram ao longo das temporadas.
Tivemos ao início uma tentativa de replicar a versão Standard, utilizando o próprio Korvold, Fae-Cursed King, outras listas apareceram com Collected Company, tentando sempre criar mais volume de mesa, versões sem o verde, focadas cada vez mais em tirar valor do Mayhem Devil, com diversas outras formas de sacrificar permanentes que por ventura também eram cartas poderosas, como Fable of The Mirror-Breaker e Bloodtithe Harvester.
Hoje, como dito na introdução, algumas cartas vindas na coleção Bloomburrow foram adições poderosas que trouxeram mais uma vez o baralho a luz, e é sobre essa lista que falaremos agora.
Food Sacrifice - Lista Atual
Logo de cara, vemos novamente uma carta de cinco manas no meio da lista, curva essa que nos remete exatamente ao saudoso dragão. Mas ao contrário do Korvold, Ygra não tem evasão e, mesmo crescendo mais rápido, não fornece card advantage junto a massa de dano - então, por que hoje ela está vendo jogo no lugar da carta Jund?
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Simples, ela comba.
Basta ter uma Ygra na mesa, junto a um Cauldron Familiar em campo e outro no cemitério, que a habilidade estática da gata elemental vai permitir que um gato seja sacrificado para a entrada do outro, já que todas as criaturas são fichas de comida, sendo possível assim drenar todos os pontos do oponente graças ao efeito desencadeado dos nossos familiares. Além disso, como também foi dito, Ygra é uma criatura com alto potencial de dano e que com seu salvaguarda, já vai tirar recurso do oponente mesmo sendo removida.
Não menos importante, Scavenger's Talent é a carta mais versátil do baralho, servindo como uma versão de Witch's Oven, criando a ficha de comida necessária para retornar o Cauldron Familiar vários turnos. Dito isso, a carta atua muito bem também na estratégia do combo, já que no seu level dois, é possível triturar muitas cartas do seu baralho atrás de mais cópias do familiar e uma cópia da Ygra, que pode ser reanimada com o próprio level três do talento. Assim, a carta possibilita vantagem tanto no plano de atrito, quanto no plano de combo.
Em suma, a lista nova de Food Sacrifice atua de uma forma ampla, sendo sua versão tradicional ganhando com pequenas vantagens de uma forma "assassino da colher", que, além disso, pode a qualquer momento resolver uma carta e ganhar o jogo independente de como ele esteja. Tal postura de deck acaba sendo mais difícil de se jogar contra, dado a desvantagem de sempre precisar manter uma resposta ao possível combo, em paralelo a seguir o jogo de forma que as pequenas interações de sacrifício não criem muita vantagem na partida.
Matchups
Ok, agora que sabemos como o baralho funciona, acho válido destinar alguns parágrafos para falar sobre a experiência que tive jogando contra diferentes listas presentes no metagame.
Rakdos Prowess
Nossa lista performou muito bem contra o queridinho do momento, além de termos acesso a uma remoção eficiente como Fatal Push. Nosso looping eterno de gatos bloqueadores cria uma situação onde o oponente precisa de uma mágica que dê atropelar a sua criatura, o que gera diversas janelas possíveis para aplicar um dois para um.
Além disso, o Mayhem Devil serve bem para controle de board e Claim the Firstborn acaba sendo especialmente boa nessa match, já que sacrificar um Heartfire Hero pode até te trazer a vitória.
Rakdos Midrange
Contra o Midrange mais consistente do formato a partida é acirrada, mas não é ruim. Ambas as listas possuem jogadas parecidas como Fable of The Mirror-Breaker e Bloodtithe Harvester, mas as interações do Sacrifice acabam se dando melhor nos atritos - ainda assim, é aconselhável jogar entorno de Graveyard Trespasser e guardar respostas para cartas de valor individual, como Archfiend of the Dross e Sheoldred, the Apocalypse que abrem uma distância de vantagem muito grande a cada turno que permanecem na mesa.
Azorius Control
Aqui as coisas ficam um pouco mais complexas. O UW é um deck com muitas respostas às vantagens que o nosso baralho traz.
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March of Otherworldly Light, No More Lies e Temporary Lockdown conseguem resolver nossa engines por definitivo, tudo que ele precisa é tempo e, convenhamos, o Food Sacrifice não é o baralho mais rápido do formato, além do fato de que um combo que precisa de uma carta de valor de mana cinco na mesa acaba sendo bem fraco contra anulações de duas ou três manas.
Assim, essa é uma partida em que o sideboard é muito importante, para incluir disrupções de mão e cartas mais úteis do que Claim the Firstborn e Fatal Push são contra baralhos sem criaturas.
Izzet Phoenix
Outra match não muito animadora é contra o baralho de Phoenix, principalmente por toda a fonte de clock do deck inimigo possuir voar, o que ignora nosso familiar bloqueador. Ainda sim, por não ser um baralho totalmente explosivo, é possível interagir e atrasar o oponente até conseguirmos combar ou obter vantagens, até aproveitando a ausência de counters no primeiro jogo para encaixar uma Ygra no campo.
Aqui podemos ver a diferença que possuir um combo embutido na sua lista pode fazer: uma partida que seria até mais difícil, como o Phoenix, acaba sendo um pouco mais contornável graças a sempre eminente possibilidade de resolver a partida em uma jogada.
Alternativas e Inclusões
Mesmo com um pacote bem fechado de cartas cruciais para o deck, existem slots flexíveis que podem ser explorados com algumas cartas diferentes, aqui estão considerações sobre opções que testei
Essa me empolgou bastante desde a fase de spoilers! Com um corpo maior do que tudo no restante do baralho e uma redução de custo que pode até ser vantajosa com o Mayhem Devil na mesa, a víbora foi logo a primeira carta com a qual experimentei aquele "one off".
Infelizmente, ela é mais empolgante do que realmente boa, e seu custo parece mais simples do que realmente é, já que para que você não sacrifique nada importante, é necessário um avanço em criação de tokens que geralmente acontece quando você já está indo bem no jogo.
Além disso, sua habilidade parece ser muito forte (e às vezes realmente é), mas ela dá muitas opções ao oponente, que geralmente vai resultar nele conseguindo contorná-la por tempo o suficiente para resolvê-la.
Por outro lado, Kroxa cumpre papéis muito semelhantes à Víbora, porém a opção clássica acaba sendo melhor. Graças ao Scavenger's Talent, atingir o escape sem perder peças importantes é perfeitamente possível, sem falar que, ao contrário da carta que acabei de citar, Kroxa, Titan of Death's Hunger pode (e deve) ser conjurada do cemitério e seu efeito ao entrar e atacar dá menos opções ao oponente.
Claro que o Titã é menos sinérgico e mais uma carta "aleatóriamente boa", mas ele é um plano tão melhor para partidas mais longas e principalmente com muitas remoções, que não consigo imaginar um motivo para escolher a carta de Bloomburrow ao invés do gigante de Theros.
"Ora, se o ganso era bom no Standard, por adiantar o plano do Korvold Fae-Cursed King, porque não usá-lo para adiantar a Ygra, Eater of All em um turno?"
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Confesso que pensei isso no início dos testes com o deck, mas enfrentei alguns problemas logo na tentativa de incluí-lo, começando pela quantidade de slots que um dork necessita, geralmente quatro, o que em um deck tão fechado acaba sendo mais difícil, além disso, por mais que tenha uma certa sinergia com comidas, não é como se o deck precisasse muito de sua fonte de mana. Com exceção do gato de cinco manas, o restante do baralho acaba sendo muito leve - assim, cartas de setup como Witch's Oven e Scavenger's Talent acabam sendo mais importantes nos primeiros turnos.
Além de tudo isso, por mais que Ygra tenha o mesmo custo que Korvold, as cartas se comportam de maneiras diferentes. Korvold na esmagadora maioria das vezes era a melhor jogada possível de se fazer com cinco manas: você corria com o deck para conjurá-lo e assim, ganhar saltando muito em dano e valor. Já Ygra é uma peça de combo que precisa de um setup para ganhar automaticamente a partida, por mais que seu corpo e possibilidade de dano possam ser altos, às vezes conjurar um Mayhem Devil com Deadly Dispute de backup vai ser mais interessante do que expor sua peça de combo.
Conclusão
Graças as opções novas e ao meta com muito Rakdos Prowess, o Food Sacrifice repaginado acaba sendo uma opção sólida para seguir na ranqueada no caso do Explorer, ou até jogar campeonatos Pionner, já que a lista é praticamente a mesma.
Um abraço e até a próxima!
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