Magic: the Gathering

Spielanleitung

Throwback Magic: Lestree Zoo (1994) - O Aggro Primordial

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Bertrand Lestree foi o segundo colocado do primeiro Campeonato Mundial de Magic, e seu deck pode ser considerado o primeiro passo para a construção dos Aggros como os conhecemos hoje.

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rezensiert von Tabata Marques

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Magic: The Gathering tem uma história longa, muito longa. Já são 32 anos de card game, e em cada um desses anos, o jogo evoluiu gradualmente até chegar no que se tornou hoje, com novos conceitos aprendidos por jogadores, novos meios de construir decks e até mesmo novas maneiras de competir e aproveitar MTG como ferramenta social.

Nesta série de artigos, nos aprofundamos na trajetória de Magic: The Gathering, um deck de cada vez, mostrando arquétipos e estratégias que tiveram um papel importante em construir o TCG e celebrar o longo histórico de sucesso do card game nesses tempos de mudanças.

Hoje, abordaremos um arquétipo menos conhecido no mainstream do jogo: a lista utilizada pelo vice-campeão do primeiro Mundial de Magic, Betrand Lestree, que pode ser registrado como o primeiro deck Aggro competitivo da história do card game.

Lestree Zoo - O Aggro Primordial

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Bertrand Lestree foi um jogador francês que chegou às finais do primeiro Mundial de Magic: The Gathering, onde enfrentou Zak Dolan na primeira partida de final clássica do TCG: Aggro vs. Control.

Dolan utilizava uma versão de Stasis com Serra Angel e diversos one-ofs que lhe davam uma vantagem significativa em cada partida quando combinados com Braingeyser, Demonic Tutor, Regrowth e Recall, enquanto Lestree buscava tirar vantagem de ameaças baratas e mágicas de dano nos moldes de um arquétipo que, anos depois, também se firmaria em torno de Kird Ape e Lightning Bolt — o Zoo.

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Lestree complementou a base de criaturas com duas outras ameaças que são, em partes, Meta Calls. A primeira, Argothian Pixies, possuía um corpo decente para seu custo na época, mas tinha também a vantagem de prevenir o dano causado a ele por qualquer criatura artefato e não poder ser bloqueado por elas — ambos elementos que respondiam diretamente à Juggernaut, uma powerhouse daquela época como um 5/3 por quatro manas que se encaixava em qualquer deck.

Whirling Dervish possuía função dupla. Além de proteger-se de cards como Terror e bloquear Juzam Djinn eternamente, ele também crescia a cada combate em que não houvesse bloqueadores para segurá-lo, aumentando a pressão que mágicas de interação possibilitavam ao manter a mesa limpa.

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Complementando as criaturas, Lestree utilizou um total de 14 mágicas de dano. Além da combinação de Lightning Bolt e Chain Lightning, o francês apostou em um set completo de Fireball, que se beneficiava do ramp das Moxes, Black Lotus e Birds of Paradise, além de ter um combo de dois cards com Channel, que levou à restrição da mágica na época.

Lestree apostou também em Psionic Blast, uma mágica de dano azul que lidava com Serra Angel e até Serendib Efreet, que o próprio jogador utilizou no Sideboard e que pode ter como motivo o fato deste desviar de Lightning Bolt e ter um corpo eficiente.

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Assim como no Vintage hoje, havia poucos motivos para não usar a Power 9 em um deck daquela época, mesmo em um Aggro. Afinal, mana de graça sempre foi bom, e os draws e turnos extras de Ancestral Recall e Time Walk podem ser a diferença entre vitória e derrota.

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A combinação de Demonic Tutor e Regrowth ajudava a reutilizar cards poderosos e buscar outras mágicas restritas da época, como Mind Twist e Channel, além de possibilitar um pequeno toolbox para interagir melhor com a mesa com Icy Manipulator e Control Magic.

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A combinação de duais com City of Brass garantia facilidade em acessar as cores no momento certo, especialmente numa época em que Wasteland ainda não existia e Strip Mine era um card restrito. E desde aquela época, já era evidente o potencial que manlands tinham em pressionar a mesa para decks Aggro, onde Lestree incluiu um set completo de Mishra’s Factory.

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O Sideboard de Lestree possui algumas escolhas peculiares e não existem registros que as expliquem. Existem diversos color hosers que funcionam contra Ilhas, Planícies ou mágicas pretas, somado com City in a Bottle para punir o uso de cards de Arabian Nights, sendo que o principal batedor do deck pertence à expansão.

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A escolha mais interessante, entretanto, é o Serendib Efreet. Com a filosofia de hoje e a pool de cartas daquela época, é possível que Efreet seria uma carta de maindeck porque um 3/4 com Flying por Magic Symbol 2Magic Symbol U está bem acima da média e o objetivo deste deck é ser mais rápido em finalizar partidas.

Mas esse conceito de “tomar dano em troca de mais velocidade” só se popularizou anos depois, e Lestree optou por incluir a criatura no Sideboard, possivelmente como um meio de ter uma ameaça que sobrevivesse contra as mágicas de dano tradicionais enquanto “compensava” a perda de vida se tomasse um Swords to Plowshares.

O Legado Histórico do Lestree Zoo

Enquanto não é tão lembrado quanto decks como Sligh na construção do que seriam os Aggro de Magic no futuro, o Lestree Zoo é essencialmente o primeiro registro de um arquétipo agressivo com os moldes que conhecemos hoje: drops agressivos e baratos que crescem com alguma condição somado a mágicas de dano que também servem para tirar bloqueadores da mesa.

É óbvio que existem algumas escolhas pouco otimizadas, assim como também havia na lista de Zak Dolan, mas se compararmos os dois arquétipos, a lista de Bertand estava muito à frente do seu tempo e dos consensos que existiam na época de como um deck de Magic: The Gathering deveria funcionar.

Anos depois, Zoo se tornaria um arquétipo estabelecido no Standard de Ravnica, no Extended, no Legacy e até no Modern. No Standard da época, o arquétipo protagonizou um dos momentos mais icônicos de um torneio competitivo de Magic, conhecido como o Topdeck do século.

Hoje, Zoo é um arquétipo de cinco cores do Modern que não mais precisa de Kird Ape quando possui cards como Territorial Kavu, Wild Nacatl e Scion of Draco somado com Leyline of the Guildpact e Tribal Flames.

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Bertrand Lestree pode até não ter colhido os louros ou a glória de ter, talvez, dado o primeiro passo histórico para que os arquétipos Aggro de Magic: The Gathering pudessem existir, mas sua contribuição para o jogo é inegável e deve ser relembrada.