Spoiler Destaque: Boltwave no Legacy!

Olá, meus amigos do Legacy! Chegamos a mais uma temporada de lançamento de nova edição, dessa vez Magic Foundations e sua edição suplementar Foundations Jumpstart. Confesso que minha cabeça de idoso ficou meio confusa com essas edições, ainda mais com o anúncio da mudança da legalidade dos sets de Universes Beyond, mas depois de tomar um cafezinho e analisar o que estava acontecendo, pronto, podemos dar uma olhada nas novidades que chegam para o Legacy.

E de cara começamos bem quente:

Essa é, talvez, a carta mais óbvia para um arquétipo que eu já vi desde que escrevo para Cards Realm: Burn! O deck já usa cartas menos eficientes do que esse Feitiço, então a sua chegada é uma inclusão automática no arquétipo - é só uma questão de quem vai dar espaço para as 4 cópias que o deck certamente vai usar.

Outros decks menos dedicados a queimar os pontos de vida do seu oponente não terão interesse nessa carta enquanto Lightning Bolt e Chain Lightning forem opções.

Ok, artigo encerrado!

Não, não tão rápido assim.

Legacy, em particular a versão física, não é um hobby barato. Eu parei de jogar Magic em 2012 e quando voltei em 2018, tomei um susto com o valor de algumas coisas de lá pra cá e nos anos seguintes, muitas cartas do formato dispararam de preço. Por isso, quando temos novos jogadores querendo entrar no formato, uma pergunta que sempre aparece é: qual deck posso montar que é “barato”?

Obviamente que não há uma resposta única, porque cada pessoa vive uma realidade financeira diferente. Decks como Death & Taxes e Merfolk costumam ser citados por praticamente não usarem cartas da Reserved List, mas ainda assim demandam um investimento em coisas como Wasteland, Aether Vial, Stoneforge Mystic ou Force of Will. A resposta mais simples, que o deck é barato mas ainda capaz de competir, acaba, invariavelmente, sendo: Burn.

É bom dizer logo de cara: Burn não é um bom deck - não no sentido de que “olha, montei, vou ganhar vários torneios, yupi!”. Mas a realidade é que o Legacy possui vários decks assim, que não são do tier de cima e, portanto, não vão acumular muitas vitórias. Mas são capazes de vencer e, em um dia bom, podem sim levar um troféu pra casa. Se olharmos os decks que estavam no tier 4 da nossa última análise de metagame, vários ali colocam resultados de top 8 com boa frequência, ainda que não sejam as forças dominantes do formato.

E embora a principal vitrine do formato seja o Magic Online, onde a restrição financeira seja menor e um deck como Burn praticamente some de vista, no cenário dos torneios físicos de loja, Burn é um deck muito mais presente. Exemplo: uma avaliação do cenário digital, vai indicar o Burn com uma presença de 0,2% do Meta do Magic Online, levantando os números do circuito de Brasília (uma análise que faço desde 2022), coloca o arquétipo com uma parcela de 2,88% de participação. E essa quantidade pode ser observada em outros locais – o Legacy físico é muito mais contido por disponibilidade de cartas e muitos jogadores acabam utilizando os arquétipos mais acessíveis.

Por isso, eu costumo dizer que Burn acaba sendo o “termômetro” (desculpe pelo trocadilho não-intencional) do formato físico: se o seu deck não é capaz de lidar com a ameaça dos Raios e afins zerando o seu life com consistência no turno 4, é melhor repensar a sua estratégia e ter respostas adequadas, pois é muito provável que você irá encontrar algum Burn ao longo dos torneios.

Burn é o deck mais objetivo do Legacy e existe um debate sobre qual a classificação – embora a maioria das pessoas e sites o classifiquem como Aggro, há uma dissonância que o classifica como um deck de Combo, onde seu objetivo é juntar 6 ou 7 cartas que totalizem 20 ou mais de dano e arremessá-las no seu oponente. A melhor maneira de fazer isso é via 3 pontos de dano por 1 mana e as primeiras opções são bastante diretas sobre isso: Lightning Bolt, Chain Lightning e Lava Spike.

A partir daí, as opções vão ficando mais restritas: Rift Bolt demanda 1 turno de espera e pode ser parada por Vexing Bauble, Skewer the Critics só custa 1 Mana se você conseguir ativar o Espetáculo – parece fácil, mas nem sempre é. Depois disso, as opções passam a custar 2 manas e não são exatamente o que você quer.

Boltwave adiciona uma quarta opção não condicional de 3 de dano por uma mana que deve otimizar ainda mais o deck. A questão é quem deve abrir espaço para a sua chegada. Primeiro, opções de dano mais caras como Exquisite Firecraft são as candidatas mais fáceis de tirar férias. Entre as opções de 1 mana, Rift Bolt me parece a menos eficiente, uma vez que Vexing Bauble é uma carta que se tornou bem comum no Meta.

Por falar em Bauble, a sua presença no Metagame acabou sendo uma benção disfarçada para o Burn: o novo artefato se tornou o Artefato de Lock mais comum do formato e isso atrapalha o poder de Fireblast. Só que o custo de usar Bauble é abrir mão de um dos maiores inimigos do deck: Chalice of the Void para 1 é geralmente um pesadelo para o Burn, mas acabou perdendo espaço no formato.

O grande atrativo do deck para o jogador atrás de economia é essa base de mana composta só de terrenos básicos. Em um formato onde uma Dual Land custa um rim, é fácil entender porque esta é a opção mais comum de deck budget.

Na lista proposta, não há mistério – Goblin Guide, Monastery Swiftspear e Eidolon of the Great Revel são as fontes permanentes de dano, temos as 16 mágicas incondicionais de 3 de Dano por 1 mana e 4 Fireblast, o grande finalizador desde de que Burn é Burn.

Pra completar os últimos slots, 3 Price of Progress (costumavam ser 4, mas com a grande presença de Blood Moon, muitos decks têm emrpegado mais terrenos básicos) e as mágicas de 3 dano condicionais – Skewer the Critics e Rift Bolt.

Há uma verdade universal do Magic que transcende os formatos: na dúvida, sempre há a opção do Mono Red! No Legacy, no Modern, no Pioneer e no Standard, sempre aparece algum deck Vermelho capaz de forçar vitórias via dano direto, com maior ou menor grau de eficiência.

No Legacy, esse deck é o Burn e ele acaba de receber um belo reforço. Portanto, é bom se preparar para ver uma maior quantidade de dano voando pelas mesas. Um abraço relampejante e até a próxima!