Hoje entrevistaremos Brian Lewis, mais conhecido como The Professor do Tolarian Community College.
Considerado por muitos produtores de conteúdo com um dos melhores do ramo no YouTube e na mesma medida visto como polêmico em certos vídeos ao criticar algumas posturas e ações da Wizards of the Coast, ele tem um conteúdo muito rico em informação e entretenimento.
The Professor também é conhecido por se envolver em causas sociais. No fim de 2020 ajudou na doação de 140 mil dólares, dinheiro arrecadado por meio da venda de uma coleção com quase todas as cartas da edição Beta. A renda foi dividida entre duas instituições americanas: Saving Our Sons and Sisters International, instituição que destina fundos aos jovens negros americanos e Trans Women of Collor Collective, que destina fundos a dar oportunidades as mulheres trans da comunidade negra
Ad
Vamos seguir então para as perguntas e conhecer um pouco mais do The Professor.
1 - Pergunta básica, como conheceu o Magic e quais seus formatos favoritos?
The Professor: Comecei a jogar Magic: The Gathering no colégio. O ano era 1994 e comprei conjuntos como Revised, Fallen Empires, Homelands e depois a 4ª edição e Ice Age. Na verdade, meu primeiro trabalho foi ganhar dinheiro para comprar caixas de Booster de Ice Age.
2 - Como era sua vida antes do Magic? Consegue imaginar como seria se não tivesse conhecido? O que estaria fazendo?
The Professor: Eu tenho um vídeo chamado “Dominaria Was Lost But I was Saved” que fala tudo sobre como o Magic salvou minha vida profundamente no colégio. Com ele fiz amigos, explorei minha própria imaginação e criatividade e, mais tarde, assumi o controle de minha vida. Na verdade, pensando nesse último, e em como o Magic me permitiu ter sucesso com meu canal no YouTube e deixar meu trabalho sem volta, a gente poderia argumentar que o Magic me salvou mais de uma vez!
3 - No ramo da produção de conteúdo você é um dos mais influentes e conhecidos de todos. É possível te acompanhar desde 2013 e seu famoso vídeo sobre os melhores sleeves. Muita coisa mudou desde lá, quando percebeu que o YouTube poderia ser seu trabalho e talvez sua fonte de renda principal?
The Professor: O maior momento foi quando fiz um Patreon e, em vez de receber apenas algumas centenas de dólares como esperava, consegui dinheiro suficiente para abandonar algumas das minhas aulas e me tornar um criador de conteúdo em meio período. À medida que crescia e definia o negócio, cheguei a um ponto em que percebi que poderia me afastar do pouco ensino que ainda estava dando e ficar bem. Foi uma constatação de muita sorte, porque não muito tempo depois, perdi minhas aulas devido ao baixo índice de matrículas! Foi quando decidi nunca mais olhar para trás.
4 - Vimos que produz diversos tipos de conteúdo diferente: deck techs, podcasts, comedy skits, lore, product report grades. Qual seu favorito, qual costuma ser o mais controverso e qual costuma receber o melhor feedback?
The Professor: Está sempre mudando. Você não pode perseguir os melhores resultados se estiver medindo o sucesso em visualizações ou engajamento. Eu faço vídeos que obtêm 100 mil visualizações e outros que obtêm 30 mil visualizações, mas ambos são importantes para mim. Eu avalio meu sucesso com base, antes de mais nada, no fato de eu adorar criar o vídeo que estou criando. Perseguir pontos de vista, em minha opinião, é autodestrutivo.
5 - “Magic: the Gathering is dead!”. Esta é a famosa frase que falaremos por toda a eternidade. Mas nem tudo é culpa da Wizards of the Coast. Quando olha para a comunidade de Magic, o que enxerga que poderia ser melhor com relação a seus jogadores?
Ad
The Professor: Eu gostaria que os jogadores trabalhassem para controlar mais seu vício neste jogo. Com muita frequência, vemos produtos exploradores ou apenas produtos ruins feitos pela Wizards of the Coast, e todos ficam chateados, mas ainda assim os compram. Então, como você pode culpar a Wizards por continuar a cortar custos quando as vendas continuam subindo, mesmo quando aumentam? Se os jogadores fossem um pouco mais cuidadosos em como gastam seu dinheiro neste jogo, talvez houvesse mais pressão para que a Wizards of the Coast fizesse produtos de melhor qualidade.
6 - Ok, mas algumas coisas são culpa da Wizards of the Coast. O Magic é o melhor jogo e não consigo imaginar ele saindo tão cedo de nossas vidas, mas a gestora Wizards tem cometido muitos erros (e acertos também, é claro!). Muitos jogadores se desvincularam da Wizards criando formatos mais baratos ou verdadeiramente eternos, tais como Pauper Commander, Penny Dreadful, pre-Modern e Pauper. Como você enxerga esses formatos?
The Professor: Eu os apoio totalmente. Eles são uma ótima maneira de os jogadores assumirem o controle e, de certa forma, a propriedade do jogo. Você não precisa jogar pelas regras da Wizards Of The Coast, por assim dizer. Você pode inventar o que o Magic significa para você. Adoro formatos como o Pauper como uma espécie de rebelião ao alto custo do Modern, a falta de suporte para o Legacy, o Standard sempre giratório. Aqui, os jogadores estão dizendo: “Quero jogar com cartas de toda a história do Magic, mas não quero gastar muito dinheiro”. O jogo é nosso para fazermos o que quisermos, por isso sempre adoro formatos como os que você mencionou.
7 - Você fala muito sobre o Pauper. O que nós jogadores e produtores de conteúdo poderíamos fazer pra incentivar ou ao menos chamar a atenção da Wizards para este formato, atenção a ponto de oferecer uma coleção voltada para o formato e também torneios grandes?
The Professor: Chamar a atenção dos assistentes é a última coisa que você deseja fazer. Veja o que eles fizeram com o Commander! Você não quer que isso aconteça no Pauper. O verdadeiro poder está na comunidade e nas lojas de jogos locais, apoiando e incentivando a jogabilidade do Pauper em eventos. Os assistentes apenas tentarão descobrir como tornar o formato algo que você precise comprar para jogar. As lojas de jogos tentarão transformar o formato em algo que você possa jogar. Apoie o modelo da loja de jogos, não o consumismo em massa pelo qual a Wizards of the Coast é impulsionada.
8 - Vamos imaginar uma situação hipotética: se você hoje se tornasse dono da Wizards of the Coast, o que mudaria no jogo? Em qualquer aspecto, plataformas, marketing, produção de conteúdo, atenção aos produtores de conteúdo, formatos, jogadores, etc.
The Professor: Eu mudaria o modelo para ter uma ênfase muito maior na loja de jogos local. Eu gostaria de oferecer incentivos às lojas de jogos para encorajá-las a vender nosso produto e para promover o crescimento do jogo e da comunidade. A Wizards agora acha que pode existir na Amazon e apenas nas vendas diretas. Talvez seja verdade, mas que tipo de existência é essa? Se eu estivesse no comando, gostaria de reformular a filosofia sobre quais são nossos objetivos.
Ad
9 - Perguntinha pessoal, quais comidas mais gosta? É bem aleatória, mas como ex-cozinheiro profissional, eu fico muito curioso com a culinária internacional, e com a americana não é diferente, pois as combinações de diferentes perfis de sabores é muito explícita por aí, como salgado e doce, picante e cítrico, etc.
The Professor: Eu amo todo tipo de comida e bebida. Eu era uma criança muito exigente, mas quando cresci descobri um verdadeiro amor por sabores e sensações. Não há nada que eu não coma! Tudo é delicioso. Eu amo tudo, de pizza a sushi, de bife a curry de frango, de vinho a uísque! Se eu tivesse absolutamente que escolher favoritos, diria que um café da manhã (preto como a meia-noite) com um bagel (pão em forma de anel, fervido em água e depois assado), cream cheese e salmão defumado é meu café da manhã perfeito, e um bom jantar de bife com vinho tinto. Mas adoro variedade. Sempre quero ter algo diferente a cada noite.
10 - Você tem hobbies não relacionados ao Magic: The Gathering? Poderia nos contar um pouco?
The Professor: Hoje em dia, tudo está envolvido em jogos. Então, quando não estou absorto em Magic: The Gathering, estou jogando outros jogos e passatempos de mesa. No momento, comecei muito a gostar de Flesh and Blood, um jogo que remonta a algumas das filosofias anteriores do Magic: The Gathering. É um jogo inteligente (e complexo!), e adoro que haja uma forte ênfase no jogo pessoal (o nome pretende enfatizar que o jogo deve ser jogado pessoalmente, ou seja, em carne e osso).
11 - Gostaria de deixar um recado e talvez uma dica aos produtores de conteúdo brasileiros?
The Professor: Faça o conteúdo que você adora. Não busque pontos de vista ou, pior, a aprovação da Wizards of the Coast. Procure criar um conteúdo melhor a cada vez, mas faça esse conteúdo para você mesmo. Faça algo que você adoraria ler, assistir, ouvir, qualquer coisa. Sempre olhe para o que você fez e pergunte: "Como posso tornar isso ainda melhor da próxima vez?"
Queridos leitores, esse foi Brian Lewis, mais conhecido como The Professor.
Devo dizer que foi incrível para mim fazer essa entrevista. O Brian é uma pessoa realmente muito gentil e educada.
Muito obrigado pela participação, admiramos muito o seu trabalho!
Agradeço a todos pela leitura, compartilhem, deixem um recado nos comentários e até o próximo.
— Comentários0
Seja o primeiro a comentar