Magic: the Gathering

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Pioneer: É possível consertar o formato?

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O Metagame do Pioneer é um dos prováveis de passar por mudanças com a próxima lista de Banidas e Restritas, mas será que apenas banir cards é o suficiente para consertar o formato e torná-lo mais popular?

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revisado por Tabata Marques

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De tempos em tempos, podemos dizer alguma coisa sobre os principais formatos competitivos de Magic. O Standard, por exemplo, é considerado hoje como saudável, enquanto o Modern vive outro dilema causado pela onda de power creep com Modern Horizons 3link outside website, que trouxe Nadu, Winged Wisdom para os holofotes e uma dúzia de outros cards que compõem os principais decks. O Pauper, por outro lado, tem vivido transformações no topo da sua cadeia competitiva cujo resultado em torno do combo de Basking Broodscale ainda são incertos.

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O Pioneer, no entanto, pode carregar um título semelhante a um fardo: “um formato desafortunado”. Desde sua concepção, nenhuma outra modalidade competitiva e não-rotativa de Magic passou por tantas situações controversas em tão pouco tempo.

Com banimentos frequentes para ajustar o Metagame durante seus primeiros meses, o Pioneer sofreu mudanças bruscas com Theros Beyond Death, aonde Thassa’s Oracle, Underworld Breach e Heliod, Sun-Crowned dominaram o ambiente com seus respectivos combos - e com a pandemia de Covid-19 encerrando a temporada de jogos e eventos presenciais em 2020, o formato passou tempo demais com esses três arquétipos no topo.

Hoje, em 2024, o Pioneer vive novamente uma situação de três decks aonde pelo menos dois apresentam padrões problemáticos: Rakdos Vampires tem mais de 30% de representação no topo do Metagame e o seu combo de Sorin, Imperious Bloodlord e Vein Ripper já aparece em diversas outras estratégias, Amalia Benavides Aguirre continua limitando o espaço que os Aggro tem no formato e criando situações de anti-jogo em seu combo com Wildgrowth Walker e, para alguns, o Izzet Phoenix demonstra um padrão igualmente problemático ao ser a única estratégia que consegue acompanhar consistentemente os dois decks quebrados.

Dada as circunstâncias, é comum que jogadores se sintam desmotivados a jogar o formato e nos leva, então, a questionar: afinal, o Pioneer tem conserto? Banimentos no próximo dia 26 de agosto serão o suficiente?

Todos buscam um Vampiro para chamar de seu

No estado atual do Pioneer, o combo de Sorin, Imperious Bloodlord e Vein Ripper se tornou o elefante na sala.

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Quando revelado, creio que poucos jogadores realmente pensaram que um vampiro cuja única função era ter um corpo decente e uma proteção embutida causaria tanto estrago no formato, mas lidar com um 6/5 Flying no quinto turno (após uma Fable of the Mirror-Breaker) é bem diferente de lidar com ele no terceiro turno com o risco dele ainda ganhar 7 de vida no seu primeiro ataque.

A vitória de Seth Manfield com o Rakdos Vampires no Murders at Karlov Manorlink outside website abriram as portas para ele se tornar o melhor deck do formato e permanecer neste posto desde então e com média de mais de 30% de representação no Top 32 dos Challenges, colocando-o no posto de potencialmente quebrado.

E se restavam dúvidas do potencial do combo, jogadores passaram a inserir Sorin e Vein Ripper até em arquétipos sem base de Vampiros em suas listas.

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O Rakdos Sacrifice consegue extrair valor de Vein Ripper ao transformar qualquer trigger de Witch’s Oven ou Deadly Dispute em um Shock contra o oponente, não muito diferente de Mayhem Devil.

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E o Rakdos Midrange pode abdicar da base de vampiros em prol dos seus cards mais tradicionais enquanto ainda extrai o máximo de Vein Ripper, seja com Sorin ou como uma ameaça poderosa de late-game. Variantes de Grixis também aparecem ocasionalmente nas Ligas, mas a base Magic Symbol BMagic Symbol R parece consistente o suficiente para não precisar da terceira cor, além dela facilitar a inclusão de Mutavault para mais interações com Sorin, Imperious Bloodlord.

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A essa altura, é muito provável que Sorin, Imperious Bloodlord seja banido na próxima segunda-feira. Além de ser o habilitador que permite trapacear no custo de mana de Vein Ripper, banir a criatura só serve como medida provisória: mais vampiros serão lançados no futuro e eventualmente outro drop de custo alto poderoso ocupará seu lugar, sem contar as interações com a mesa e com o progresso da partida que o Planeswalker tem criado com seu Lightning Helix.

As últimas semanas provaram que Sorin não requer exclusivamente Vampiros para ser bom, e Vein Ripper permanece como um drop de late-game poderoso que podemos acelerar para o quinto turno com Fable of the Mirror-Breaker e Deadly Dispute, então lidar com a peça que permite o combo parece a solução ideal.

Amalia é um erro de design

Um dos comentários mais frequentes sobre Magic nos últimos dois anos é que o jogo ganhou muitas palavras. Flavor texts não existem mais e cada card raro ou mítico de uma nova edição tem menos espaço livre na caixa de texto do que deveria - consequentemente, mecânicas se tornam mais complexas e as interações com elas mais complicadas de prever.

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Amalia Benavides Aguirre não foi um desses casos. No primeiro dia em que o card foi revelado, todos já comentavam sobre seu combo com Wildgrowth Walker aonde qualquer instância de Explorar ou ganho de vida vai gerar um looping aonde Amalia terá o caminho livre para causar dano letal, mas seu deck tem dois problemas no Metagame.

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O primeiro é o fato de Amalia ter um erro de design. Sua habilidade é uma instância de “deve” ao invés de “pode” (ou seja, o jogador é obrigado a seguir o trigger se ele acontecer) e, se por algum motivo Wildgrowth Walker não for destruído pelo trigger dela ao chegar em 20 de poder, o looping continuará indefinidamente à menos que um dos jogadores tenha como o interromper.

Essa interação é explorada intencionalmente no decorrer das partidas até em níveis profissionais: a semifinal do Pro Tour Murders foi até o Game 7 porque Simon Nielsen podia sempre usar Loran’s Escape para empatar o jogo, mas é comum que listas de Amalia tenham Selfless Savior para proteger suas criaturas e, em casos extremos, forçar um empate porque não há nenhuma cláusula nas regras de Magic que digam que essa não é uma jogada válida - o resultado são muitas situações de anti-jogo em todas as plataformas e RELs de torneios.

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No mundo ideal, Amalia diria que o jogador pode explorar e uma errata seria possível nesse caso, tal qual fizeram com Hostage Taker no lançamento de Ixalan - a versão original do card permitia exilar a si e criar um looping infinito se não houvesse outras criaturas em jogo - mas o deck em que o combo se encontra é um toolbox poderoso e muito eficiente, limitando a viabilidade de quase todo Aggro no Pioneer hoje.

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É necessário ser muito rápido (Gruul Prowess) ou muito interativo (Azorius Spirits), ou você não tem nenhuma chance contra Amalia, então decks como Humans, Boros Convoke e outras estratégias mais lineares são anulados pelo ganho de vida absurdo proporcionado pela sua estratégia. É natural esses decks perderem para lifegain em excesso e o Selesnya Angels foi feito para esse fim, mas essas estratégias sofrem contra Control, Combo e Midrange aonde Amalia consegue se portar decentemente contra os três enquanto se alimenta dos Aggros.

Dado os precedentes de situações anti-jogo no Magic competitivo que levaram a banimentos e a nota do último anúncio de que estavam de olho em Amalia Benavides Aguirre, é muito provável que ela ou Wildgrowth Walker sejam banidos na próxima segunda-feira.

Izzet Phoenix: Problema ou Solução?

O terceiro e mais complicado dos casos é o Izzet Phoenix.

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Arclight Phoenix está para o Pioneer o que Delver of Secrets está para o Legacy: ele é o “fun police” do formato que mantém as coisas mais absurdas em cheque enquanto também é a métrica com qual jogadores precisam se adaptar para ter chances de competir no formato - o próprio Izzet Phoenix compete esse posto com o Rakdos Midrange.

Os dois compartilham também um traço em comum em que todo “melhor deck do formato” sofre com a possibilidade de vir algo muito forte para ele que o transforma de “policiador” para “opressor” - Rakdos Vampires é nada mais que a versão quebrada do Rakdos Midrange, Expressive Iteration foi forte demais para o Izzet Phoenix porque ele já era a melhor opção - e sempre existem dúvidas se a posição desses arquétipos é realmente saudável no Metagame.

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O debate em torno do Phoenix quase sempre gira em torno do card comprovado como quebrado demais para todos os outros formatos competitivos, Treasure Cruise, o mais próximo de Ancestral Recall que Magic já teve e cujo decks Izzet aproveitaram durante toda a sua longevidade no Modern e no Legacy. Não é raro ver comentários sobre como o feitiço de Khans of Tarkir deveria ser banido porque oferece recursos demais ao Phoenix.

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Um eventual banimento de Treasure Cruise significaria consequentemente banir Dig Through Time por motivos parecidos: uma mana a mais e um card a menos são compensados em alguns casos pela velocidade em Instant-Speed em partidas mais longas e pela seleção de dois cards entre as sete do topo, facilitando encontrar respostas ou mais recursos para sequenciar mágicas - o deck pode ficar um turno mais lento, mas convenhamos, ele ganha em consistências em jogos de atrito e perde para o que, naturalmente, já são partidas ruins para ele.

Outro problema nessa intervenção é a sua probabilidade. A Wizards considera Treasure Cruise como um dos grandes atrativos do Pioneer, um dos motivos que levam jogadores a conhecer o formato, e enquanto esse raciocínio não impediu de banirem Gush do Pauper quando ele ficou opressivo demais, este não aparenta o caso do Izzet Phoenix hoje - ele permanece no topo porque é um dos arquétipos com melhor capacidade de se adaptar ao Metagame inclusive com splashes de Magic Symbol G para Pick Your Poison no Sideboard.

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Em um mundo sem Amalia e sem Vampires, o Metagame pode voltar ao que era e o Izzet Phoenix precisar competir com o Rakdos Midrange e com hates mais direcionados, o que pode - ou não - indicar uma mudança para um formato saudável, e caso não fique, Arclight Phoenix parece até provável de sofrer um banimento antes Treasure Cruise se a Wizards continuar com a lógica das mágicas de Delve serem um atrativo do Pioneer.

E afinal, o Pioneer tem conserto?

Para o problema vigente, sim. Banir Sorin, Imperious Bloodlord e Amalia Benavides Aguirre enquanto ficam de olho em Treasure Cruise ou Arclight Phoenix, que não deve sofrer intervenções nessa próxima atualização porque ele é um policiador do formato e os banos ocorrem relativamente próximos das prévias de Duskmourn.

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Mas o Pioneer tem outros problemas que afastam jogadores dele, com o principal sendo que o Metagame não é divertido para uma parcela, pois é um formato mais estático e menos movimentado que os demais, consequência natural de não ter a mesma inconsistência dos formatos rotativos e nem a mesma janela de lançamentos com power creep como Modern Horizons faz com os demais formatos eternos - ele é menos afetado por lançamentos e os padrões de consumo do público mudou ao ponto de considerar esse “atrativo” como ruim.

O formato tem onde melhorar e não depende de produtos complementares aumentando a pool de cards válidas no Pioneer (mas Death’s Shadow se encaixa bem com o tema de Duskmourn), mas de um cuidado mais assertivo com o Metagame: Amalia e Sorin ficaram tempo demais, Inverter of Truth e seus companheiros em Theros Beyond Death ficaram tempo demais. Não é possível tornar o formato atrativo quando seu ambiente competitivo vai mal por meses e afasta pessoas de jogarem.

Talvez a Wizards precise de uma curadoria mais especializada para seus formatos competitivos. Não pareceu aceitável que Nadu, Winged Wisdom ficasse tanto tempo no Modern, tal qual Grief no Legacy ou os já mencionados Sorin e Amalia no Pioneer - e as intervenções no Pauper pré-existência de um comitê do formato eram tão escassas ao ponto de jogadores realizarem protestos no Magic Online ao cadastrarem apenas listas com terrenos básicos nas Ligas e outros eventos.

Da mesma maneira que o Pioneer ser um formato mais estático dá a sensação dele ser obsoleto porque os padrões de consumo dos jogadores mudaram no Magic pós-pandemia, os padrões de velocidade com qual intervenções precisam acontecer também mudaram e a Wizards precisa de mais assertividade na hora de fazer seus anúncios. Não há porque “esperar para ver” se Amalia continua sendo um problema quando seu problema está na forma como o card funciona, não existem motivos para esperar após o Pro Tour para ver se Nadu, Winged Wisdom era quebrado quando ele já provocava padrões de jogo pouco saudáveis nas primeiras semanas de Modern Horizons 3.

Manter uma data padrão para banimentos é o ideal - ninguém gostou e nem gosta de intervenções-supresa em uma segunda-feira qualquer, mas esses anúncios precisam ser cirúrgicos e entender aonde os problemas estão e como corrigir, e um comitê aos moldes do PFP para os demais formatos competitivos - pessoas com liberdade de falar abertamente com suas comunidades - serviria para tornar de Magic um jogo mais saudável no seu REL competitivo.

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Finalizando

Isso é tudo por hoje!

Em caso de dúvidas, ou sugestões, fique a vontade para deixar um comentário!

Obrigado pela leitura!