Hoje planejamos um artigo um pouco diferente: nossa equipe e alguns juízes de MtG se reuniu para especular e pensar sobre os acontecimentos de Commander que afetaram a comunidade recentemente.
A Wizards of the Coast lançou uma nova atualização de Banidas e Restritas em seu site oficial na tarde desta segunda-feira, 23 de setembro, sobre mudanças no Commander. Caso você deseje saber mais detalhes, basta clicar aqui.
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Nossos membros discorreram um pouco sobre este acontecimento e seu impacto, além de colocar uma nova questão em pauta:
“E o Sol Ring? Banir ou não Banir? Por quê?”
- Qualquer jogador de Commander
Opiniões e especulações sobre os bans no Commander e Sol Ring
Romeu
Comandante favorito: "Aquele que ganha" (ou, falando sério, Yuriko, the Tiger's Shadow e Edgar Markov)
Sol Ring é a marca registrada do Commander, não vai ser banido.
Mas vamos falar do que realmente tem nessa banlist? O RC decidiu que jogos de Commander não podem ser rápidos demais - vantagens de ter uma Jeweled Lotus ou um Mana Crypt nos primeiros turnos - e também decidiu retirar um card que punia as jogadas comuns de Sinetes no turno 2 ao banir Dockside Extortionist, que em uma mesa de três pedras de mana na 2, garantia uma Black Lotus no turno 3 e, com alguma sorte, já começava a fazer loopings com blinks e outros efeitos para aumentar essa vantagem de mana. O objetivo foi de manter a paridade de armas em uma partida ao reduzir a quantidade de ações que jogadores podem fazer muito cedo.
O que questiono nesse momento é se não é a hora de separar o cEDH do Commander e criar uma nova banlist voltada para o competitivo com um comitê próprio. Existe uma diferença enorme entre os objetivos do jogador de cEDH para o jogador de Commander, e esses bans atingiram primeiramente o competitivo e depois o casual, onde a maioria desses cards já eram mal vistos de qualquer maneira.
Há uma dissonância enorme entre a percepção do cEDH e a visão do RC do formato - e da mesma forma que não faz sentido para o jogador competitivo banir Dockside Extortionist porque ele era um jeito de policiar os oponentes, também não faz sentido manter linhas de vitória rápidas como os vários envolvendo Thassa's Oracle no Commander casual se o objetivo é reduzir a velocidade do formato e torná-lo mais voltado para um progresso gradual das partidas.
O Commander, da maneira como ele é gerido hoje, não é um formato feito para competir. Ou os jogadores vão precisar aceitar isso, ou haverá um momento em que um grupo competente vai precisar tomar as rédeas do cEDH e separá-lo de vez do formato casual.
Eduardo Silveira
Comandante favorito: Gavi, Nest Warden
O banimento de Nadu tem relevância nas mesas casuais, onde suas habilidades o tornavam muito expressivo, criando uma vantagem descomunal. A variedade de combos e sua consistência o tornaram o comandante de maior Salt Score (índice que mede a opressão causada por uma carta de Magic), tais características o colocaram no topo das mesas competitivas já em seu lançamento e causando discrepâncias como o único comandante em todas as posições de uma mesa finalista.
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Estaticamente, na maioria dos jogos, quem abrir o jogo com Sol Ring irá vencer - somando-a a Mana Crypt e Mana Vault temos a santíssima trindade do turno 1. No mesão casual tais cartas mais que ditam o ritmo da partida com aberturas explosivas no clássico Sol Ring (ou Mana Crypt, ou Vault), e um Signet, é a grande controvérsia dos banimentos, e o motivador de conversas acaloradas sobre a necessidade ou não de banimento da carta mais icônica do formato. No competitivo, sua perda modifica muito o metagame, inviabilizando ou enfraquecendo vários baralhos, em especial aqueles que perderam uma peça importante para sua entrada perfeita de 3 manas: Malcolm, Najeela, Sisay e muito outros...
Dockside causa uma grande perda de várias linhas de combo, além de ser um "bala de prata" contra diversos outros - Sua saída das mesas competitivas vai ser sentida por todos com uma mudança em diversos decks.
Já no mesão da cozinha sua partida é agridoce: alegre para uns e triste para muitos. De forma oposta é Jeweled Lotus, sendo sua saída de grande relevância para os jogos casuais e pouca ou nenhuma para mesas competitivas.
Otávio César
Comandante favorito: Nicol Bolas, the Ravager
Dos 10 anos que jogo Magic, há pelo menos 9 são de Commander.
Acompanhei vários bans de perto: Golos, Tireless Pilgrim, Iona, Shield of Emeria, Prophet of Kruphix, Paradox Engine, e como alguém que joga esse formato há quase uma década, digo com certeza que todo ban do Commander foi bem cirúrgico para
manter o ambiente saudável, e estes mais novos bans não são diferentes. A diferença é que hoje temos uma ramificação do EDH que é o cEDH, e isto atrapalha esse "formato" extremamente rápido.
O ideal seria separar duas banlists diferentes para não prejudicar os jogadores de cEDH, porque jogadores casuais não precisam ter acesso a nenhuma das cartas banidas. Vale ressaltar que, ao iniciar um formato em um TCG, você está ciente de que existem regras e listas de banimento, então usar cartas extremamente fortes tornam-se um risco que é basicamente aceito a partir do momento em que você adentra no formato.
Foram bans justos que vão evitar mesas explosivas e ajudar a melhorar o ambiente. Termino com a polêmica de que faltou coragem de enfrentar a comunidade de frente e banir Sol Ring, de modo a evitar quase em 100% as pedras positivas do formato.
João Vieira
Comandante favorito: Volo, Guide to Monsters
O Magic sempre enfrentou problemas com cartas que geram mais mana do que custam, e, com o desenvolvimento contínuo de cartas cada vez mais poderosas, como se vê no T2, era inevitável que essas cartas também se tornassem problemáticas no Commander. Criaturas lendárias se tornaram ainda mais fortes recentemente, principalmente devido à mudança de foco da Wizards em trazer o Magic mais para o campo de batalha. No Commander, sendo um formato onde você garante a carta mais importante da sua estratégia na mão inicial em todo jogo, é viabilizado o abuso de cartas como Mana Crypt, Jeweled Lotus e Dockside Extortionist. Outro grande problema dessas cartas é a possibilidade de combos, especialmente com o Dockside, que pode ser abusivo em certos contextos de jogo.
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No caso de Nadu, o motivo do banimento foi o tempo excessivo gasto no estilo de jogo que a carta impõe, além de sua semelhança mecânica com o Motor do Paradoxo, atualmente banido no formato. Nadu era, basicamente, um Motor do Paradoxo na zona de comando.
Concordo em parte com o banimento da Mana Crypt e do Dockside pelos seguintes motivos: são cartas extremamente punitivas para quem não as tem nas estratégias em que são usadas, além de possuírem alto valor no mercado paralelo, o que as torna proibitivas para novos jogadores. Além disso, elas frequentemente proporcionam uma vantagem injusta, quase garantindo a vitória se aparecem na mão inicial. Não acredito que a saída dessas cartas prejudique o formato, já que o Commander sempre foi um formato "forfun".
Jeweled Lotus: Com o banimento de Mana Crypt, não vejo tanta necessidade de banir a Lotus, já que sua mana só pode ser usada para conjurar o comandante. Acredito que ela foi banida para que o Anel Solar pudesse permanecer no formato, já que é a carta mais usada e um ícone na história do Magic, tendo sido reimpressa justamente por conta do Commander. Retirar o Anel Solar seria um tiro no pé. Já a Lotus é uma carta menos acessível que o Anel Solar e sua ausência não impactará tanto os jogadores. Além disso, o Anel Solar custa o primeiro terreno do turno, enquanto a Lotus não. No deck certo, o uso das duas é extremamente poderoso, e, se o Anel Solar não vai sair, é melhor levar embora a "Black Lotus da Shein".
Nadu: Não concordo com o banimento. Nadu tem o estilo característico dos decks Simic no Commander. Muitos decks UG são baseados em "virar uma bola de neve" (vide Kinnan, Lonis, Volo, etc.), estratégias bastante comuns que, em minha visão, nunca prejudicaram o formato. Nadu é apenas mais uma delas.
Gabriel Almeida
Comandante favorito: Queen Marchesa
Toda vez que se fala de ban, temos dois pontos para avaliar: se o ban era necessário e qual o contexto que levou o surgimento dessas cartas dignas de ban.
É muito difícil argumentar sobre a necessidade de algum ban no commander, pois é um formato com um público muito diverso e sem um metagame de verdade. O mais perto de ter algo disso é o cEDH, mas além de não serem a maioria do formato, o comitê já deixou claro diversas vezes que não é o foco do formato e da banlist. Particularmente, eu acho que os bans melhoram o formato. Fast mana leva muitos jogos para uma situação nada divertida.
Quem não tem um playgroup bem definido acaba sentindo bastante isso. A questão de power level é sempre problemática na hora de juntar em uma mesa na loja com gente que você não conhece.
O problema de verdade está no outro ponto. Como é que cartas que foram feitas para Commander são banidas? Não houve nada que surgisse e quebrasse a Jeweled Lotus e o Dockside Extortionist. O que justifica a criação e o mantimento delas por tanto tempo? A primeira é visivelmente problemática. É uma Black Lotus para o seu Commander. O segundo é uma carta com a matemática toda quebrada, permitindo abrir uma vantagem muito grande já no turno 2. E mesmo assim, elas foram feitas pensadas no Commander e demoraram anos para serem banidas. E todas custavam uma fortuna por conta de sua escassez no mercado.
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Nadu, Winged Wisdom pelo menos não demorou para ser banido e não veio em um produto focado em Commander, apesar de seu design ser pensado nessa modalidade de jogo. Mas esse ban provavelmente só não demorou para acontecer, pois por conta da carta ser o comandante do deck deixa muito difícil de ignorá-la.
Mana Crypt foge bastante do escopo das outras. É uma carta muito antiga com power level elevado, sempre esteve ali no risco de ser banida. Acredito que foi ignorada por muito tempo por não ser uma carta popular. De qualquer maneira, acho que é um ban que faz sentido na questão de “necessidade” e não tem problemas “extra game” para se preocupar.
Resumidamente, minha opinião é de que os bans vão fazer bem para o gameplay geral (ignorando cEDH), mas se a Wizards não der um jeito de alinhar seu design com a filosofia do formato, ela vai continuar perdendo a confiança dos jogadores e não vai poder reclamar.
Pedro Braga
Comandante favorito: Soundwave, Sonic Spy
Os Bans dessa semana são totalmente focados para o cEDH, modalidade competitiva do Commander. Os cards em, sua maioria, são custosos e fora do acesso de jogadores comuns, que no máximo usam de proxies para os substituírem, uma ação que normalmente exige que todos da mesa concordem para serem usadas.
Assim sendo, o ban provavelmente não fará muita diferença para os jogadores fora de um torneio de cEDH. Aqueles grupos mais abastados que desfrutam dos privilégios de poder comprar uma Mana Crypt provavelmente irão ignorar o ban e continuar com seus cards e, para a turma que discute o uso de Proxies, permitir cards banidos é apenas um pequeno passo a mais em suas dinâmicas.
Fernando Fiore
Comandante favorito: Koma, Cosmos Serpent
O conselho justificou os banimentos com o argumento de que buscava jogos mais lentos e cadenciados. No entanto, muitas outras cartas que também aceleram o jogo não foram incluídas, como Ancient Tomb, Chrome Mox e Mox Diamond.
Observamos que a decisão da permanência de Sol Ring, por ser considerada icônica, levanta questionamentos sobre possíveis influências comerciais, já que ela é uma carta presente em todos os decks de Commander da Wizards of the Coast.
Os banimentos afetam diretamente jogadores que investiram financeiramente nas cartas agora proibidas, contrastando com o argumento do conselho sobre acessibilidade do formato, sem, contudo, considerar os danos causados por essa dinâmica. Entre os diversos aspectos dessa situação, a decisão tardia é uma evidência crítica e revela uma falha na postura e nas decisões do conselho, especialmente considerando que essas cartas, segundo o próprio conselho, causam impactos desde abril de 2021. A ausência de uma postura proativa, com os banimentos sendo aplicados após reimpressões recentes das cartas, gera frustração na comunidade. O exemplo mais claro é o banimento específico da Mana Crypt, presente no formato Commander desde o seu início, em 2011. Se essa carta já era um problema, fica a pergunta: por que não foi avaliada e banida antes?
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Já o banimento de Dockside Extortionist é controverso em minha análise, já que a carta servia como uma resposta importante para artefatos e encantamentos aceleradores do jogo sob o controle dos oponentes. Sua remoção pode reduzir a diversidade tática para os arquétipos da color pie vermelha.
O caso de Nadu, Winged Wisdom foi citado pelo conselho por gerar efeitos indesejados, o que justificaria seu banimento em outros formatos. No entanto, em jogos 4v4, três jogadores têm a oportunidade de responder a essa ameaça, o que torna a preparação dos adversários um fator crucial. Além disso, existem outras cartas com potencial semelhante ao de Nadu, como Stella Lee, Wild Card, do deck Precon Quick Draw, que também pode criar combos rápidos ou mesmo consumir o tempo de partida com longos turnos, mas não foi mencionada pelo conselho, levantando questionamentos sobre a coerência dos critérios adotados para o banimento.
João Pedro Vieira Barros
Comandante favorito: Blex, Vexing Pest // Search for Blex
É complicado explicar em um texto curto os impactos que os bans de Mana Crypt, Dockside e Jeweled Lotus têm no formato. Entendo perfeitamente que os banimentos foram feitos visando a saúde do Commander como um formato casual, mas isso me faz perguntar: “Quando foi a última vez que vi essas três cartas em uma mesa casual?” Bom, honestamente, a resposta é quase nunca.
Nos últimos quatro anos jogando Magic, consigo contar nos dedos o número de partidas casuais em que encontrei uma dessas cartas, sendo o Dockside a mais comum, e ainda assim eram encontros raros. Essa foi uma medida que, apesar de almejar as mesas casuais, afeta com muito mais força os jogadores de cEDH. Diversos decks que dependem do Dockside e do Jeweled Lotus foram praticamente apagados do formato, diminuindo ainda mais a diversidade, que já era pequena.
Como jogador, tanto casual quanto de cEDH, esses bans me entristecem. Claro, todo jogador tem ao menos uma história de como foi massacrado por alguém utilizando essas cartas contra decks mais fracos. Acredito que isso já tenha acontecido com todos, inclusive comigo. Mas, como mencionei anteriormente, posso contar nos dedos as vezes em que essas cartas apareceram em um jogo casual. Tudo que esta banlist fez foi provar que Rule 0 não existe e que somos incapazes de nos comunicar.
Antônio Faillace, juiz L3
Comandante favorito: Garth One-Eye
Para além de avaliar se o banimento foi bom ou ruim para o formato, o que preocupa um pouco é a insegurança/ansiedade que o anúncio trouxe. Afinal, no mesmo anúncio é falado sobre o não-banimento de uma determinada carta (Sol Ring), que em tese preenche todos os requisitos das demais banidas, e a justificativa é "ser a cara do formato".
Outras acelerações, como Grim Monolith ou Mana Vault, estariam então ameaçadas? Ou também estão seguras por serem consideradas "a cara do formato"? É difícil avaliar com as informações do anúncio.
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Bruna Chiochetta, juíza L5
Comandante favorito: Rin and Seri, Inseparable
O banimento de cards como Mana Crypt e Jeweled Lotus parece uma decisão correta, embora muito tardia: cards tão poderosos não deveriam ter lugar em um formato casual como Commander. No entanto, mesmo sendo uma decisão acertada do ponto de vista de gameplay, o anúncio é inconsistente em relação a outros cards ainda permitidos no formato e igualmente problemáticos, trazendo desconfiança em relação às políticas de banimento do jogo e o impacto financeiro atrelado.
Para jogadores que apostaram em cards com demanda concentrada em um único formato, a ausência de um critério claro de banimento e previsibilidade desperta forte insegurança financeira e descrença no futuro do formato.
Wendel Lemos, juiz L2
Comandante favorito: Sisay, Weatherlight Captain
Eu acredito que parte dos bans tiveram desculpas muito esfarrapadas. Essas cartas já eram usadas majoritariamente por jogadores de cEDH e sim, elas são totalmente "anti-fun" numa mesa Casual. Mas a diferença reside aí, onde jogadores que jogavam com essas cartas já são mais competitivos e não jogariam casualmente.
Além do alto valor monetário, o fato do Commander Adivisory Group não ter sido consultado recentemente antes destes anúncios, só torna a situação mais difícil de engolir e aumentar mais a insegurança do que esperar de futuras decisões para o formato.
Finalizando
Essas são algumas opiniões de pessoas que escrevem conteúdos, fazem parte da comunidade e alguns juízes!
E você, que está lendo - qual sua opinião? Os banimentos foram bons? Sol Ring deveria ir para o caixão junto?
Nos conte nos comentários!
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