Magic: the Gathering

Opinião

Legacy: Nenhum Banimento e as Consequências

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Legacy: sem mudanças. A rodada de anúncios de banimentos passou e o Legacy não foi alterado. O que isso diz sobre o futuro do formato e quais as consequências de não se mudar nada? Vamos analisar.

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revisado por Tabata Marques

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Apresentação

Saudações, meu povo do Legacy! O tão esperado anúncio de banimentos veio e ceifou uma pá de cartas… do Standard.

Formatos como Pioneer, Modern, Legacy e Vintage foram deixados intocados e isso gerou vários tipos de reações entre as comunidades de cada formato. Como o nosso foco é o Legacy, é sobre as reações e consequências dessa não-alteração que nós vamos tratar por aqui.

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É importante notar que existem todos os tipos de opiniões sobre o estado do Legacy, sobre o que deveria ser tratado, quais as cartas-problema e quais as ações que deveriam ser tomadas, se é que algo deveria acontecer. Um grupo de jogadores concordou com a decisão da Wizards, outros não. Como todo assunto subjetivo, não há uma resposta certa ou errada, já que são opiniões de cunho pessoal.

O que posso deixar aqui é o meu ponto de vista, que certamente vai encontrar tanto aceitação quanto oposição de quem lê essa análise, de acordo com suas próprias opiniões em relação ao formato.

Quanto à minha posição pessoal, gostaria de deixar logo de início que discordo da decisão tomada e das justificativas apresentadas, mas quero tentar analisar o impacto e as possíveis consequências para o formato dessa decisão sem levar em conta o que eu acho que deveria ter sido feito.

Stasis

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Formatos de card games, não apenas do Magic, costumam evoluir até um ponto que podemos chamar de resolução: é quando os jogadores chegam a um ponto de saturação onde os decks e suas posições nos vários níveis de poder (Tiers) são definidos e torna-se um conhecimento comum quais os melhores decks e quem é que ganha de quem. Formatos resolvidos podem ser alterados para novos estados de não-resolução através de 3 maneiras principais: inclusão, remoção e inovação.

A primeira maneira é a mais comum: inclusão de novas cartas na mistura. Uma edição nova refresca o formato com novas interações e adiciona coisas diferentes a decks já existentes e permite o surgimento de novos arquétipos. Novas edições, naturalmente, impactam mais formatos com menor disponibilidade de cartas como Standard ou Pioneer, mas até mesmo os formatos Eternos costumam sofrer alterações com a chegada de novas edições. Outra maneira de se incluir novas cartas é, na verdade, trazer velhas cartas – cartas antes banidas podem sair da cadeia e serem introduzidas novamente ao formato.

Por falar em cartas banidas, remoção de cartas através de banimento é a segunda maneira de transformar um formato resolvido: cartas que estejam distorcendo o formato de maneiras nas quais a Wizards não considere saudável, seja por índices desproporcionais de vitória ou de presença, ou simplesmente padrões de jogo inadequados, são removidas das opções de jogo para abrir espaço para novas ideias. Outros card games, geralmente digitais, por vezes usam a opção de alterar uma carta (Nerf) em vez de bani-la, mas o objetivo é o mesmo.

Por fim, existe sempre a possibilidade de que em um formato considerado resolvido, alguma mente genial descubra alguma maneira de inovar e criar algum arquétipo novo e não considerado pelos jogadores, ou descobrir uma maneira de refinar um conceito descartado como não-viável em um deck capaz de quebrar o status quo. Isso é mais fácil de falar do que fazer, já que geralmente esse tipo de inovação costuma vir de novas cartas, mas eu já vi acontecer ao longo dos anos em diversos formatos e card games e sempre há jogadores buscando maneiras de “quebrar o formato”, especialmente em formatos mais resolvidos.

Essa análise nos leva ao estado do Legacy atual, que é um formato bem perto da resolução, já que são 3 meses desde a última remoção e a nova inclusão, Final Fantasylink outside website, teve um impacto pouco significativo. Há jogadores tentando inovar e encontrar respostas, mas embora alguns tenham sucesso individual nessa empreitada, como o jogador TonyScapone postando ótimos resultados de Storm, isso não se transferiu para o nível coletivo e o formato, embora ainda diverso, começa a caminhar para uma certa estagnação e uma migração de jogadores para o que se entende como o “melhor deck”, Dimir Reanimator. Dimir Tempo segue firme na sequência.

Teremos em breve uma nova edição, Edge of Eternitieslink outside website, e há sempre a esperança de que novas cartas possam causar alguma alteração no formato, como o novo Planeswalker Tezzeret, Cruel Captain, mas dado o histórico da influência de edições válidas para o Standard no Legacy, o impacto não costuma ser alto. Portanto, a tendência até o próximo anúncio de banimentos, em Novembro, é de que a diversidade do formato acabe por se reduzir e o formato comece a afunilar em torno dos decks que se percebam como mais viáveis, levando a um formato resolvido e estagnado.

Simulacro e Simulação

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Um fator muito importante a se ressaltar é que, à exceção do Vintage, Legacy é o formato com a maior discrepância de valor de cartas entre a versão física e a versão digital, e isso gera dois universos bastante distintos de Metagame. No mundo físico, disponibilidade e preço de cartas é um fator que molda os ambientes locais, enquanto no Magic Online, o custo para se montar qualquer deck é ínfimo em comparação.

Portanto, se eu quero jogar com aquele que entenda como o melhor deck do formato, é bem possível que eu não tenha os recursos para fazer isso no formato físico, mas no mundo online basta apenas alugar um deck de algum serviço de locação de cartas. Assim, o formato online tende a exacerbar as diferenças entre os decks do tier 1 dos demais, já que uma quantidade maior de jogadores opta por eles. Some-se a isso a maior quantidade de jogos disponíveis online que geram dados diretamente à Wizards e não surpreende que o Magic Online sirva de base para a decisão da empresa.

Um grande exemplo de discrepância entre o Metagame Online e o físico é a presença do Oops All Spells. Seguindo o anúncio e as várias discussões sobre a não-alteração do formato, achei de maneira bastante comum comentários como “tanto faz banirem ou não cartas do Oops, ninguém joga disso na minha loja”. Isso é um fato, o Oops não é um deck nada popular nos formatos físicos, mas tem uma enorme presença online, pois enquanto lojas organizam no máximo um ou dois torneios por semana, no Magic Online você pode jogar Liga atrás de Liga e se tiver um índice de vitória razoável, pode jogar várias em um período de tempo e ainda conseguir algum lucro. Assim, um deck rápido que permita jogar 3 Ligas no período em que um outro deck permite apenas 1, atrai a atenção de Grinders e o deck tem uma presença online em quantidade suficiente para se tornar uma pauta relevante.

Formatos físicos, pautados por disponibilidade de cartas e afinidade de jogadores por decks de um certo estilo (“Só jogo de Control!”, “Elfos ou Morte!”, “Eu quero ver o mundo queimar!), de fato são menos afetados por esse anúncio de que nada mudou, até porque essa própria característica de criar Metagames locais afeta a sua resolução, mas quando chegarmos a períodos de torneios de maior impacto, como os Eternal Weekend, a tendência é que a estagnação chegue com força neles.

As Terras Ermas do Hoje

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No geral, a minha percepção é que a resposta ao anúncio do dia 30 teve mais repercussão negativa do que positiva, mas longe de um consenso. Alguma alteração teria causado ao menos um estímulo a buscar novas alternativas e explorar arquétipos diferentes, mas como a Wizards deixou o formato ficar como está, com um deck superando os 20% de presença e outro com um padrão de jogo extremamente problemático, muito jogadores (eu me incluo nessa) ficaram com a sensação de que a Wizards não parou para de fato prestar atenção na situação do Legacy atual.

As justificativas para a não alteração também foram bem inconsistentes, sobretudo a que colocou como pauta o fato de apenas 1 Reanimator ter feito top 8 no maior torneio do Magic Online, ignorando todo o mar de dados que estão sendo levantados desde o último ciclo e os vários top 8 dominados pelo arquétipo e sua presença em números quase 3 vezes maiores do que o segundo deck com mais presença no formato. A justificativa para nenhuma ação ser tomada contra o Oops por não ter um índice de presença e vitórias fora do aceitável vai contra a própria justificativa da empresa para ceifar o Sowing Mycospawn, uma carta que não era presente em nenhum deck com índices absurdos nesses aspectos, mas que foi culpada de inibir diversidade no formato. E um deck que simplesmente empurra decks não-Azuis para fora do formato (já experimentou perder no dado para o Oops com um deck sem Force of Will?) ganhou passe livre pela segunda rodada seguida.

Talvez Edge of Eternitieslink outside website seja um sopro de ar fresco e renove o formato, mas a tendência é que teremos meses de mais do mesmo até Novembro e ainda existe a chance da Wizards evitar mudanças tendo em vista a proximidade dos torneios do Eternal Weekend. Já vi jogadores falando que vão dar um tempo no formato por não terem vontade de enfrentar novamente os mesmos decks e vão dar chance a outros formatos como Modern, Pre-Modern ou Pauper.

Não parece ser uma perspectiva muito animadora para o Legacy nos próximos meses. Já tivemos formatos piores (alguém se lembra do Oko, Thief of Crowns?), mas eles não duraram por tanto tempo sem intervenção ou sem a inclusão de cartas poderosas como nos lançamentos dos Modern Horizons.

Conclusão

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Confesso que demorei um bom dia para centrar a cabeça a escrever esse artigo. Definitivamente não fui o único a ficar desapontado com esse anúncio. Mas nosso formato seguirá, pois os jogadores seguirão, independente da Wizards se importar ou não.

Se você tiver as condições, aproveite para Reanimar seus bichões, já que serão vários meses de pista livre. Se quiser juntar Tickets no Magic Online, gire a roleta do ganhar no turno 1. Tudo é permitido.

Fico por aqui, um abraço nebuloso e até a próxima!