Magic: the Gathering

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Modern: 6 cartas que poderiam ser desbanidas (e 6 que não podem ser)

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A Banlist do Modern possui cartas que já estão lá tem mais de uma década. Neste artigo, apresento seis cards que poderiam ser desbanidos, e seis que não podem sair da lista atualmente.

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revisado por Tabata Marques

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Nos últimos dias, por conta de uma postagem do Andrea Mengucci referente à banlist do Modern, discussões sobre desbanimentos no formato começaram a se formar nas mais diversas redes sociais, então que tal conversarmos um pouco sobre o atual estado do formato e quais cartas poderíamos adicionar a ele?

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Sobre o atual estado do Modern

A primeira coisa que precisamos considerar é como o Modern vêm se comportando atualmente, e creio que ele está num momento bem diversificado se considerarmos os números de representatividade no Metagame e a winrate dos arquétipos parece oscilar conforme outros decks se preparam melhor contra eles, criando um espaço onde temos mais de uma dezena de estratégias viáveis no cenário competitivo.

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O que temos, no entanto, são alguns arquétipos que tornam da experiência de jogo desagradável — uma questão de gosto pessoal de um jogador para outro e, comumente, sem muito embasamento em números — Afinal, ninguém gosta de lidar com um Karn Liberated no turno 3, ou perder uma partida porque o oponente fez a sequência perfeita do Hammer Time.

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No meu caso, não consigo gostar de pilotar e nem de jogar contra o Four-Color Goodstuff, ou Four-Color Piles, porque esse arquétipo torna da minha experiência de Modern muito miserável e a proposta de deckbuilding dele é algo que não considero proveitoso ou saudável: uma pilha das melhores cartas disponíveis no formato, recompensado por amontoar sua lista com mais de 60 cartas através do Companion mais poderoso que o Modern tem a oferecer.

Normalmente, essa categoria de deck deveria ser punida por Blood Moon e outros efeitos que punem uma manabase tão gananciosa, mas Abundant Growth, Utopia Sprawl e um bom conhecimento e timing de como usar suas fetchlands permitem ao jogador remover toda a utilidade do maior hate de manabase que o Modern já teve — sem contar que a busca por uma Floresta básica, por exemplo, é o suficiente para canalizar Boseiju, Who Endures e prosseguir com seu jogo normal, ou acesso a três cores com duas lands básicas (sendo uma Planície e uma Floresta) já tornam de Blood Moon um alvo para Prismatic Ending.

Por conta dessa redundância em lidar com o hate direcionado e por se tratar basicamente de uma “torre de valor” sem qualquer restrição de deckbuilding, eu não considero que o Four-Color Piles seja necessariamente saudável pro Modern no longo prazo, porque ele só ficará mais poderoso conforme mais bombas de valor e combos forem saindo, e uma manabase “perfeita” limita o espaço para outras categorias de Midrange/Value-Based que poderiam existir na ausência desses Goodstuff Decks.

Mas isso se trata apenas de uma opinião particular com relação a um dos arquétipos mais jogados do Modern — um desgosto pessoal sobre uma estratégia, da mesma forma que muitos jogadores provavelmente também não gostam de jogar contra alguns dos meus decks favoritos, como Izzet Murktide, Death’s Shadow ou Hammer Time — e, portanto, deve ser tratado como tal.

Afinal, esse não é um artigo sobre banir cartas, e sim sobre a possibilidade de desbanir algumas peças datadas na banlist e/ou que foram colocadas lá pelos motivos errados.

O que poderia ser desbanido do Modern?

Antes de começarmos, gostaria ressaltar que esse texto não é exatamente um pedido de desbanimentos, e sim um exercício em relação a como enxergo o Modern hoje e o que parece seguro ou não desbanir no atual cenário do formato.

Bridge from Below

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Sinceramente, não gosto de Bridge from Below porque absolutamente tudo nela é totalmente oposto ao que uma carta de Magic deveria fazer, tratando-se basicamente de um elemento parasítico: ela não opera conforme as regras do jogo, funciona apenas estando em seu cemitério, ela cria tokens na mesa por você matar suas criaturas, e ela só é exilada se uma criatura do seu oponente morrer — absolutamente nada nela faz sentido e sempre odiei arquétipos e jogos envolvendo esse encantamento.

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Porém, precisamos ser justos e admitir que Bridge from Below foi banida pelos pecados de Hogaak, Arisen Necropolis e sua partida piorou significativamente arquétipos como Dredge, enquanto o BridgeVine, deck cuja base deu espaço para o Hogaak como o conhecíamos, simplesmente deixou de existir e nem sequer tem os meios de operar como costumava antes de Modern Horizons.

Apesar de possivelmente se provar um efeito problemático no formato em um futuro onde novas interações com cemitério apareçam, Bridge from Below deixou muitos jogadores órfãos e tornou de alguns arquétipos piores, e com o Dredge e outras estratégias totalmente voltadas para o cemitério em baixa hoje, creio que seu desbanimento poderia dar um empurrão neles e movimentar um pouco mais o Metagame.

Hypergenesis

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A essa altura, já nem sei porque Hypergenesis é banido do Modern: Sua interação com Cascade é definitivamente poderosa, mas outros arquétipos com essa estratégia — onde os alvos são Crashing Footfalls e Living End — parecem opções bem melhores porque demandam menos concessões de deckbuilding e usam menos cartas mortas, sendo esse o principal motivo pelo qual essas variantes de Cascade sucedem hoje no Modern.

Para construir uma lista em torno de Hypergenesis, o jogador precisaria de uma base de Cascade (provavelmente a mesma do Temur Footfalls), com a adição de algumas bombas (provavelmente Emrakul, the Aeons Torn e/ou Griselbrand), dificultando severamente uma execução precisa do seu plano de jogo ao comprar múltiplas cópias dessa peça pouco útil — e se você apostasse em peças complementares como Through the Breach, você estaria se forçando a usar cartas contra produtivas com a sua proposta apenas para tornar de uma peça ruim da sua lista (Hypergenesis) melhor.

E se olharmos para o espectro mais justo de construir esse arquétipo, como tentar aproveitar criaturas utilitárias com ETBs poderosos, como os Elementais de Modern Horizons II, não estaríamos então pilotando uma versão pior do Living End e do Crashing Footfalls porque Hypergenesis não faz absolutamente nada por conta própria, sem contar que as variantes de Glimpse of Tomorrow são melhores nessa função?

Por fim, sem Simian Spirit Guide e bons rituais, jogadores não podem mais conjurar Hypergenesis no turno 2 a menos que eles tenham sorte com Gemstone Caverns, enquanto temos respostas bem mais eficientes para ela hoje, como Force of Negation e Flusterstorm, além de meios de prevenir o combo com Containment Priest e similares.

Tibalt’s Trickery

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Seguindo o mesmo padrão apresentado acima, temos Tibalt’s Trickery.

Eu não gostaria que Tibalt’s Trickery fosse desbanido porque ele adota uma postura anti-jogo, mas concordo que a sua presença na banlist não faz muito sentido porque o fator “free-win” sempre existiu no Modern e por meios bem mais eficientes do que com uma mágica de loteria como é o caso dessa Instant: Se você quer consistência, seria necessária uma lista que comportasse quatro mágicas com Cascade (provavelmente, Throes of Chaos), quatro Tibalt’s Trickery, algumas cópias de Emrakul, the Aeons Torn e uma dezena de lands, e você teria que dar muitos Mulligans para encontrar as peças certas enquanto precisa torcer para o oponente não ter alguma resposta quando você tentar executar o combo, ou seus planos seriam arruinados, além de que é extremamente fácil sidear contra você.

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Logo, creio que o tempo faria a sua seleção natural no lugar de Tibalt’s Trickery no formato, tornando-o apenas um meme que jamais conseguiria um resultado relevante no cenário competitivo, e que dificilmente valeria a pena de se pilotar em torneios locais e/ou em Ligas e Challenges por conta da sua baixa consistência, imprevisibilidade e inação em jogos pós-sideboard.

Além disso, como já mencionado, Simian Spirit Guide está banido, tornando dos combos com Tibalt’s Trickery menos rápidos, consistentes e mais passivos a toda categoria de interação.

Blazing Shoal

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Ainda seguindo na categoria de combos não-interativos (e eu juro que detesto jogar com listas não-interativas), Blazing Shoal foi uma das primeiras cartas a serem banidas do Modern após alguns torneios por adicionar consistência demais ao Blazing Infect, uma lista que usava dessa mágica com alguma bomba de custo 9, como Progenitus ou Dragonstorm, para dar +9/+0 para uma criatura com Infect, gerando dano letal tão cedo quanto no turno 2.

Porém, esse banimento já faz uma década e o formato (ou Magic como um todo) mudou muito desde então: temos interações melhores, cantrips foram banidas, e diversas outras estratégias conseguem potenciais kills rápidas com combos enquanto adotam uma estratégia de Grind que os permite jogar uma partida justa — algo que o Infect jamais conseguiria porque a maioria de suas criaturas só serão boas se estiverem funcionando como peças do combo enquanto também estamos forçando peças ruins, como mágicas que nunca serão conjuradas, apenas para fazer o combo funcionar, algo que costuma definir se um combo é bom ou ruim no Metagame competitivo.

Não podemos desconsiderar também que o Infect atualmente ainda consegue realizar kills de turno 2 consistentemente e sem recorrer a cartas ruins através de Scale Up e Might of Old Krosa, e nem por isso ele é um dos top tiers do Metagame atual e aparece apenas ocasionalmente nos Challenges e nas Ligas. O mesmo definitivamente aconteceria com as versões de Blazing Shoal.

Seething Song

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Provavelmente o segundo card mais perigoso da minha lista de desbanimentos é Seething Song, porque não consigo mensurar precisamente onde ele seria tão absurdo no Metagame atual, mas ele torna de estratégias conhecidas e fazem alguns resultados, como Storm ou Belcher mais consistentes — e considerando o quanto esses arquétipos estão em baixa hoje, creio que dar esse leve empurrão aumentaria a diversidade do formato e caso eles se tornassem poderosos demais, não seria um problema banir Seething Song novamente para corrigir o Modern.

Por mais que eu concorde que pagar pouca mana para adicionar mais mana é extremamente problemático no Modern, pagar muita mana para adicionar mais, como no caso de Seething Song — três manas é bastante coisa no Modern hoje — não parece trazer o que é necessário para quebrar o formato novamente: o próprio Belcher recorre a Irencrag Feat por quatro manas para conjurar e ativar Goblin Charbelcher.

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Green Sun’s Zenith

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Assim como Seething Song, suponho que Green Sun’s Zenith poderia entrar na categoria de desbanimentos onde podem voltar atrás caso se tornasse problemático demais, e vale ressaltar que isso já aconteceu com Golgari Grave-Troll.

Apesar de a qualidade das criaturas verdes ter aumentado significativamente nos últimos anos, a diversidade de cores também aumentou, tal como os tutores para criaturas como Eladamri’s Call e Eldritch Evolution que funcionam em Instant-Speed e/ou operam melhor com a temática do arquétipo em que aparecem, e seria bastante interessante ver até onde Green Sun’s Zenith iria no Modern atual e quais arquétipos ele poderia trazer de volta e/ou reforçar no formato.

Se olharmos para o Legacy hoje, constatamos que o Zenite verde aparece especialmente em listas de combo como o Selesnya Depths e Elves, ou em Midranges que procuram estender a partida como o Nic Fit e o Four-Color Zenith. No Modern, além da óbvia inclusão no Elves (que não é uma opção altamente competitiva no formato), provavelmente veríamos alguma variante de Four-Color baseada em criaturas verdes, sem contar a possibilidade de ampliação de arquétipos como os de Devoted Druid — apesar de considerar que Eladamri’s Call é mais importante nesse caso.

Nós também temos opções mais interessantes de busca em outras cores que essa mágica não consegue encontrar já que não são criaturas verdes, limitando bastante o seu espaço na construção de decks, além de exigir um investimento alto de mana que pode, hoje, ser respondido com Counterspell e outras mágicas mais eficientes em relação ao valor de mana e ao impacto de mesa que o total de custo pago necessita para ser relevante.

Confesso que dentre todos os cards da minha lista de desbanimentos, Green Sun’s Zenith é o mais perigoso e o que eu tenho sérias dúvidas se deveria estar nessa categoria — mas também é o que me deixaria mais interessado em ver seu impacto real… E o que eu mais torceria para uma intervenção rápida caso se provasse opressivo demais.

Cards que queremos, mas não devem ser desbanidos

Existem muitos cards que gostaríamos de poder usar novamente no Modern, mas do qual acredito que seu desbanimento não seria saudável ou útil para o Metagame geral — não importa o quão inofensivo eles pareçam.

Cantrips

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Você sabe o que seria ainda pior do que tornar dos combos do Modern mais consistentes ao desbanir as cantrips? Tornar de todo Blue-Based do formato muito mais consistente do que eles já são.

Como um habitual jogador de Izzet Murktide (inclusive, eu fiz um extenso guia desse deck e você pode o conferir aquilink outside website ), afirmo com toda a certeza que adicionar Ponder e Preordain tornaria dele e de outros arquétipos azuis tão predominantes quanto eles são no Legacy sem sequer precisarmos de Force of Will ou Daze — e o inferno seria ainda pior se tivéssemos esses desbanimentos enquanto Expressive Iteration permanecesse no formato.

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A ausência de Ponder e Preordain no Modern hoje não serve apenas para segurar a consistência dos combos, mas também para aumentar a viabilidade de decks não-azuis e evitar que o formato se torne pautado entre Blue-Based vs. Combos.

Field of the Dead

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Coloquei Field of the Dead no meu ranking particular de “cartas que nunca deveriam ter existido” (talvez, um dia eu publique um artigo sobre isso), porque ele é uma carta parasítica do qual absolutamente nada de bom realmente sairá dela no longo prazo e não consigo imaginar um Metagame onde sua inclusão seja realmente saudável, porque os principais arquétipos que podem aproveitá-lo são o Four-Color Piles e o Amulet Titan, e isso remove a fraqueza natural de ambos em espectros distintos.

A melhor maneira de vencer o Amulet Titan hoje é sendo mais rápido — seja com combos ou agredindo — e remover a opção de Beatdown ao incluir Field of the Dead numa lista que, naturalmente, já usa uma quantia absurda de lands com nomes diferentes e ainda adotar um plano de beatdown mais consistente a um combo já muito bem-estabelecido no formato parece uma péssima ideia.

O Four-Color Piles é outro arquétipo que, naturalmente, recorre a várias lands de nomes diferentes para compor sua manabase e adicionar uma inevitabilidade com algo que acelera o clock deles absurdamente ao lado de Fetchlands e parece mais um jeito de tornar uma partida horrenda ainda pior, além de resolver a questão desse arquétipo demorar muito para vencer o jogo.

Umezawa’s Jitte & Punishing Fire

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Umezawa’s Jitte está banida por limitar o espaço dos arquétipos agressivos no formato, e com Stoneforge Mystic desbanida e presente em alguns dos principais decks hoje — além do equilíbrio natural de que decks agressivos rápidos são necessários para enfrentar os Big Mana — creio que seu desbanimento não seria saudável para o Modern sob nenhuma circunstância atualmente.

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Também mencionarei Punishing Fire aqui porque ele segue o mesmo padrão, apesar de existirem vantagens na sua saída da banlist, afinal é um meio recorrente de lidar com Planeswalkers, e o fato de que os principais decks que se aproveitariam dele são justamente os que precisam jogar por alto, como o já mencionado diversas vezes Four-Color Piles, e que ele puniria muito as estratégias que tentam jogar por baixo significa reduzir a velocidade de muitos arquétipos agressivos e favorecer estratégias baseadas em valor.

Splinter Twin

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Acredite, poucas pessoas querem o desbanimento de Splinter Twin tanto quanto eu, que estive presente quando ela era válida no Modern e adorava jogar com o deck sempre que podia, mas preciso admitir que, talvez, agora não seja o momento ideal.

O Modern, enquanto formato, mudou muito desde 2016 — principalmente nos quesitos flexibilidade e power level — e tenho certeza que o Izzet Twin não seria tão poderoso e nem reduziria a diversidade do formato como ele supostamente reduzia na época em que sua peça central foi banida... Mas não é de um Izzet que se construiria um Splinter Twin hoje, e sim de mais uma variante das pilhas de Four-Color Goodstuff — uma que contaria agora com a ameaça de um combo-kill todo turno a partir do turno 3 enquanto joga um fair game muito mais eficiente do que qualquer variante de Twin já teve.

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Portanto, enquanto existir a possibilidade de facilmente colocar qualquer peça num arquétipo de Goodstuff e resolver o problema, seja num four-color ou até Jeskai (com essa sendo bem atrativa, já que poderíamos misturar Stoneforge Mystic com Pestermite e Teferi, Time Raveler), o Izzet Twin e outras variantes não teriam espaço no cenário competitivo para jogar por cima das demais variantes porque seriam opções ruins em uma comparação direta.

Ou seja, apesar de Splinter Twin estar conforme os padrões do Modern hoje e provavelmente ser um desbanimento seguro, ele seria majoritariamente uma wincondition extra para o Four-Color Piles e agregaria muito pouco no Metagame fora desse padrão.

Conclusão

Ao final deste artigo, gostaria de novamente ressaltar que esse texto não é exatamente um pedido de desbanimentos, e sim um exercício em relação a como enxergo o Modern hoje e o que parece seguro ou não desbanir no atual cenário do formato.

Apesar de eu ter mencionado diversas vezes como alguns cards não podem sair da banlist por conta do Four-Color Piles, também não ouso afirmar que qualquer deck precise de banimentos hoje enquanto o formato estiver diversificado e existirem estratégias viáveis para todo tipo de jogador. Foram apenas constatações de que muita coisa é simplesmente melhor no Four-Color Piles do que seriam nos seus antigos baralhos.

Num contexto geral, realmente considero que o Modern está saudável e não precisa de intervenções diretas para se manter assim. Mas, se em algum momento precisarmos agitar um pouco mais o Metagame, retirar algumas cartas da banlist poderia ser uma opção nesse objetivo, e as minhas sugestões são aquelas que acredito serem seguras o suficiente para não quebrar o formato de novo.

Obrigado pela leitura!