Conheça os personagens LGBTQIA+ de Magic: The Gathering!

Magic: The Gathering, até hoje o card game mais popular ao redor do mundo, foi lançado em 1993. Hoje, em 2024, já reconhecemos que todo o movimento cultural ao redor de seu universo reflete seus jogadores, artistas, seja nas histórias de cada personagem, em algum plano que particularmente te empolga, ou em um grande arco com vilões icônicos.

Para comemorarmos o mês do orgulho, falaremos sobre os personagens LGBTQIA+ inseridos nesse tão amado jogo.

Mesmo com personagens dentro do headcanon sendo LGBTQIA+, sabemos que a representatividade queer nunca se resumiu em somente declarações de identidade e/ou sexualidade, por isso, também devem-se os devidos créditos às artes dentro do world building, que remetem à cultura e tradições dessa comunidade.

Seria complexo categorizar artes do jogo assim, visto que é algo completamente subjetivo, no entanto, se concretizou com o lançamento especial de Secret Lair: Pride Across the Multiverse, uma edição especial com artes referenciando o público e personagens LGBTQIA+ dentro da história do jogo, o que foi histórico.

Além do lançamento, parte do lucro obtido por suas vendas foi encaminhado para o The Trevor Project, uma iniciativa americana bem conhecida por seu trabalho de acolhimento ao público queer jovem em situação de vulnerabilidade.

Não poderia começar sem a nossa querida Chandra Nalaar. A personagem planeswalker humana, vinda direto de Kaladesh, é declaradamente uma “bagunça pansexual quente”. Inserida na gatewatch, participou praticamente de todos os arcos importantes e principais no universo do jogo, e também até hoje é conhecida como a garota propaganda da franquia, com seu cabelo flamejante.

Considerando que sua centelha e poder são diretamente relacionadas a cor de mana vermelha, sua pansexualidade está diretamente relacionada à impulsividade e liberdade presente em sua energia. Aos que utilizam a mana vermelha, satisfazer as próprias paixões e acreditar no seu coração é essencial, agir com liberdade frente a suas emoções e vontades, algo que vai em encontro com a busca de emancipação das pessoas LGBTQIA+.

Durante o lançamento da novela Forsaken, abordando os eventos da Guerra da Centelha, o escritor Greg Weissman reescreveu a história de Chandra, onde dizia que ela nunca se interessou por mulheres, apenas por homens másculos. Posteriormente, o próprio autor e a empresa se desculparam, alegando que houve complicações a respeito da publicação da novela e como a personagem seria representada, mas, na verdade, ela é sim pansexual, e nos arcos posteriores isso também retornou.

Durante o arco de Midnight Hunt, Chandra se aproxima de Adeline, uma general de Innistrad e mulher lésbica.

Entre os interesses românticos da garota do fogo, também temos Nissa Revane, uma elfa planeswalker que também faz parte da gatewatch. Essa por sua vez é original de Zendikar, e é considerada uma Animista, ou seja, possui poderes xamânicos que a conectam profundamente com a terra e o plano. Durante o enredo de War of The Spark Ravnica, Chandra e Nissa confessam seu amor uma para a outra.

Essas talvez sejam as duplas mais conhecidas e amadas pela comunidade.

Saheeli Rai, a planeswalker de Kaladesh, inventora conhecida pelos seus construtos imbuídos em magia, e Huatli, a guerreira-poeta de Ixalan que se conecta com os dinossauros, vivem um relacionamento lésbico. Em Ghirapur, a maior cidade de Kaladesh, as duas se conheceram, compartilharam vivências e Saheeli ficando entusiasmada em construir um dinossauro construto depois de saber sobre eles. Após passarem alguns meses juntas entre planos, passaram a se relacionar romanticamente.

Ademais, também temos Ral Zarek, o planeswalker Izzet original de Ravnica e mago da tempestade líder de sua guilda, e Tomik Vrona, aprendiz de Teysa Karlov e mestre de guilda temporário Orzhov, também original de Ravnica.

Ambos são homens gays casados e líderes, apesar de viverem juntos inicialmente mantiveram o relacionamento em segredo, por serem de guildas diferentes. Após a necessidade do apoio entre guildas durante a Guerra da Centelha, se tornou público, e Tomik utiliza o cachecol de Ral em seu braço como símbolo de sua conexão.

Também temos os queridos Kynaios e Tiro de Meletis, diretamente de Theros - os personagens são conhecidos no Commander como os reis gays. Apesar de não serem realeza em Theros na lore, unidos pelo seu amor e liberdade, libertaram a maior pólis do plano do tirano Agnomakhos, onde fundaram a pólis de Meletis. Até o momento, sabemos que os dois são os guardiões da região.

Caçadoras na floresta de Ulvenwald, Innistrad - Alena e Halana são parceiras de trabalho e de vida. Habilidosas rastreadoras, são responsáveis por caçar monstros ou qualquer ameaça que venha sobre a província de Kessig. Particularmente costumavam caçar lobisomens, no entanto, quando a incursão Eldrazi aconteceu no plano, ambas decidiram se unir aos licantropos e defender o plano.

Ashiok, um planeswalker pesadelo e muito envolvido no medo generalizado e esquemas de controle à devoção e sentimentos dos habitantes de Theros, foi utilizada como o antagonista principal do Trailer de Theros Além da Morte. Considerado um personagem “andrógino e não aplicável à binaridade” pelo escritor Mike McArtor, é sugerido que se refira-se a elu como Ashiok, sem utilizar nenhum pronome.

Em seus títulos originais nas cartas, todos os nomes que recebe são neutros: Dream Render, Sculptor of Fears, Nightmare Muse, Nightmare Weaver, Wicked Manipulator.

Menos conhecido, Niko Aris foi ume planeswalker que debutou em Kaldheim, declaradamente não-binarie que utiliza os pronomes elu/delu. Original de Theros, era conhecide como excepcional em lançar azagaias, então vem de um background de heroísmo, antes de sua centelha acender.

Nas palavras do concept artist principal de Niko, Lake Hurwitz: “Niko representa o poder de escolher o seu próprio destino, em vez de suprir as expectativas colocadas em você. Existe uma pressão muito grande para seguir os caminhos já conhecidos pelas vidas que outras pessoas já lideram. Niko é em muitas formas modelo do que o Magic é - achar o poder dentro de si.”

Aqui, temos duas representações, uma delas bem mais conhecida que a outra: Alesha, a Que Sorri para a Morte, é uma heroína do plano de Tarkir, e uma mulher trans. Ainda nova, se tornou Khan (o mais alto posto de líder) do clã Mardu, e liderou sua legião contra os dragões seguidores de Kolaghan, o qual saiu vitoriosa.

No clã, somente quem é reconhecido em batalha recebe um nome, e Alesha, antes vista como um menino, declarou seu nome, dizendo que sabia quem era. Em sua história, um orc questiona essa identidade, o qual Alesha responde: “Eu sei quem sou. Não sou um garoto. Sou Alesha, como minha avó anterior a mim, e líder dos Mardu. Quando você aprender qual seu lugar entre os Mardu, poderá escolher um nome” - seguida de gritos em apoio a jovem Khan.

Mais recente, temos Yuma, o Protetor Orgulhoso, um dos comandantes principais da coleção Os Fora da Lei da Encruzilhada do Trovão. Yuma era membro dos Rebiteiros de Nova Capenna, e junto com suas parceiras Elnor e Shadress, ficou desiludido com a gangue após a Invasão Phyrexiana do Multiverso.

Os três trabalhando juntos ganharam bastante dinheiro em sua operação, possibilitando Yuma de fazer mudanças em seu corpo, porém fizeram inimigos poderosos. Fugindo destes, levou todo o seu dinheiro para a Encruzilhada do Trovão. Ele também é pai de Kirri, um cacto planta criança, e possui a habilidade única de conseguir se comunicar com plantas.

Esses são apenas alguns, dos muitos personagens que levantam a amada bandeira LGBTQIA+. Espero que no futuro eu possa escrever sobre muitos novos personagens dentro desse guarda-chuva, Magic é um hobbie que todas as pessoas merecem o direito de aproveitar, serem representadas, e também serem tratadas com respeito.

Feliz mês do orgulho!!