Análise do Metagame Legacy - Março de 2024

Muito bem-vindos, meus companheiros do Legacy, a mais uma análise do metagame na Cards Realm! Na última vez, o mundo do Senhor dos Anéis havia sacudido os níveis de força deste formato, com Orcish Bowmasters, Troll of Khazad-dûm, Forth Eorlingas!, e The One Ring como as cartas que se destacaram mais.

Desde então, recebemos Wilds of Eldraine (Up the Beanstalk, Questing Druid, e Beseech the Mirror) e Lost Caverns of Ixalan (Broadside Bombardiers, Stalactite Stalker, e Molten Collapse), além das (finalmente!) cartas de Warhammer no Magic Online (MTGO), o que destacou algumas cartas como Triumph of Saint Katherine, Chaos Defiler, e Mawloc.

O que não tivemos nesse período foram banimentos, mas o Legacy mudou bastante desde aquela análise. Embora o arquétipo que estava no número 1 então ainda seja o mesmo, a estrutura do seu deck mudou bastante. Somado a isso, 2 decks que praticamente não apareciam no radar incorporaram ferramentas novas e subiram nos rankings: o deck de Goblins abriu mão de cartas como Aether Vial e Food Chain para incorporar os elementos Stompy e tomou de assalto este formato, e o Sultai Control adotou Up the Beanstalk e se tornou o Sultai Beans, com um viés mais agressivo graças à Murktide Regent.

No meio disso tudo, o kit Scam (Troll of Khazad-dûm, Grief, e Reanimate) foi incorporado em diversos arquétipos, a ponto de ser considerado um dos pilares do formato junto de Ancient Tomb, Dragon’s Rage Channeler, Dark Depths, Dark Ritual, e Aether Vial (esse último caindo de status cada vez mais).

Como sempre, lembre-se que essa análise é subjetiva, mas usa como base informações de sites de metagame, além, é claro, da extensa base de dados da própria Cards Realm. Assim, esses são os decks principais do início de 2024 no Legacy:

Reanimator

O arquétipo que liderava os tiers segue no topo, mas não é mais o mesmo deck. Embora alguns jogadores ainda usem listas que foquem muito no plano de Entomb uma criatura grande, ressuscitar criaturas grandes, com 4 Atraxas e Careful Study, a grande maioria adotou o kit Scam, o que tornou este deck bem menos vulnerável, ao custo de perder sua explosão. Sim, se o oponente bobear, a Atraxa, Grand Unifier vai entrar em jogo cedo, mas às vezes basta apenas Grief descartar duas cartas – um Evocado, um Reanimado – no turno 1 para carregar o jogo.

O metagame online, que acaba por ditar as tendências gerais, também recebeu uma grande leva de um deck particularmente vulnerável a essa estratégia – Goblins –, o que apenas incentivou o status deste deck como líder dos tiers.

Grixis Delver

Em World of Warcraft, há um ditado: “sempre deve existir um Lich Rei”. Delver é o Lich Rei do Legacy, e deve sempre encabeçar os tiers em diversas versões ao longo dos anos. Como veremos logo à frente, ele faz isso em duas frentes nesse formato, mas a que tem se mostrado a mais dominante é a que tem acesso a Orcish Bowmasters.

Não há nada de novo nestas versões: temos cantrips, Force of Will, Wasteland, e Lightning Bolt, e também as criaturas mais eficientes disponíveis no mercado.

Goblins Stompy

Goblins venceu o primeiro GP Legacy, na Filadélfia, em 2005. Por muito tempo, sua base era esta dupla dinâmica: Goblin Lackey e Aether Vial. Mas o tempo chegou, e ele se tornou obsoleto - esse mesmo tempo também veio e forçou esse deck a se reformular e adicionar cartas novas, além de abrir mão de suas pedras fundamentais.

A nova dupla dinâmica é _____ Goblin e Broadside Bombardiers, que carregam o estandarte de Muxus, Goblin Grandee. Este Goblin sem nome de Unfinity permite que o Muxus entre em jogo nos turnos 2 e 3 bem consistentemente, embora consiga entrar em jogo já no turno 1. Ademais, os Goblins do set Commander de Ixalan permitem que esse deck cause uma quantidade enorme de dano no oponente.

Essa combinação foi adicionada à base dos decks Stompy – Ancient Tomb, City of Traitors, Chrome Mox, e Simian Spirit Guide – e invadiu o Magic Online como há muito tempo não víamos. De um deck que sequer apareceu entre os 25 que analisamos no último artigo, os Goblins subiram para o topo do formato, e atropelaram decks que não estavam preparados para reagir à sua frente agressiva.

4-Color Control

Up the Beanstalk deu um gás novo aos decks de Uro, Titan of Nature’s Wrath, e transformaram Leyline Binding de um meme em uma resposta incrivelmente eficiente a praticamente tudo que este formato oferece. O fato dos Goblins, um adversário que o 4CC tem ferramentas para segurar, terem derrubado o status do Boros Initiative, uma verdadeira dor de cabeça para esse arquétipo, só melhorou a situação de Uro e amigos.

Temur Delver

O outro Delver deste formato, aquele que usa Questing Druid, vai muito bem, obrigado, e subiu consideravelmente em relação à nossa análise anterior.

Sultai Beans

Este é outro arquétipo que não citamos na nossa outra análise que pegou um elevador nervoso desde então. A lista de outrora, um Control que não era muito eficiente quanto tentava controlar o jogo, deu lugar a uma lista bem mais pró-ativa, já que a necessidade de ativar Up the Beanstalk forçou este deck a incluir Murktide Regent.

Boros Initiative

O Boros Initiative, meu queridinho pessoal, viu este formato se tornar bem mais hostil, muito porque a matchup contra Goblins é terrível. Ainda é um deck bastante forte, mas perdeu o posto de representante principal do pilar Ancient Tomb.

Dimir Scam

O deck que jogou os holofotes no kit Scam circulou um bom tempo no tier 1, mas a sua forma híbrida com o Reanimator eventualmente tomou o seu lugar e derrubou sua posição no metagame.

Red Prison

Esse velho conhecido subiu em valor curiosamente no momento em que deixou de ser a segunda opção de Ancient Tomb no formato e se tornou sua terceira opção. Isso tem a ver com o fato do metagame estar particularmente mais vulnerável a Blood Moon e que esse deck consegue usar Broadside Bombardiers muito bem.

Painter

Após vermos uma série de decks Control, Aggro, e Aggro-Control, finalmente veremos um deck puramente de Combo, e, mesmo que o primeiro desta lista também seja um deck de Combo, sua versão atual tem muitos mais elementos de Control. Isso indica que o formato atual não tem espaço para decks que não interagem com o oponente, e a posição do Painter é um sintoma disso.

Lands

E, se decks de Combo estão em baixa, tem um arquétipo que começa a subir nos tiers. O bom e velho deck de Terrenos costuma lidar bem com decks agressivos e, portanto, está em ascensão.

8-Cast

Antes um membro persistente dos tiers mais altos, o deck de Artefatos não teve uma queda brusca por um motivo específico; ao invés disso, foi murchando durante meses, perdendo um pouco de porcentagem em certos momentos, ou encontrando um adversário mais resiliente em outros. O aumento de Null Rod nos sideboards e mais decks com Chalice of the Void para 0 também não tornou a sua vida mais fácil.

Cascade Crash

Já o deck de Rhinos está ganhando espaço. A grande dúvida ainda não respondida é se devemos usar ou não a combinação de Leyline of the Guildpact + Scion of Draco. Já que o formato está um pouco mais Aggro, a tendência é incluir essa dupla, como a lista acima.

Dark Depths

O deck de Marit Lage (não que Lands não seja também, mas esse é especificamente voltado para isso) pode assumir muitas formas: Selesnya, Naya, Golgari. Mas a verdade é que nenhuma delas tem lidado com esse formato com facilidade.

Doomsday

Doomsday já não é fácil de pilotar, especialmente quando as mãos iniciais não tem combos óbvios de turno 1 ou 2. Some isso ao fato que decks como Goblins geralmente não te permitem jogar a carta chave do deck para preparar o Combo para o turno seguinte e você entenderá porque este arquétipo desceu nos tiers.

Death & Taxes

Esse deck, que já foi um dos mais populares deste formato, está passando por um momento muito complicado. Boa parte dos jogadores migrou para a versão Orzhov para tentar melhorar a posição dele no meta, mas, aparentemente, seus dias de glória acabaram. Porém, como o Goblins nos mostrou, talvez, com algumas adições novas, veremos o Death & Taxes brilhar novamente.

Mono Black Scam

Os Mono Black tiveram várias versões no Legacy – Curses, Prison, Helm of Obedience Combo – até finalmente incorporar o kit Scam. Um dos decks mais “budget” deste formato por não ter Dual Lands e praticamente nada da Reserved List, ele vem subindo nos tiers por ser bastante consistente e ter respostas já no maindeck contra decks de cemitério.

Sneak and Show

Não há nada de novo sobre esse deck: é o mesmo deck que quer colocar um monstro em jogo por 3 manas ao invés de 15. A quantidade elevada de descartes neste formato não o ajuda a jogar seu combo.

Storm

Por falar em decks de combo em um oceano de descartes, as listas de Storm se adaptaram a isso ao adicionar Galvanic Relay e Song of Creation, o que te permite parcelar o Combo em dois turnos.

Jeskai Control

Embora, no passado, o Jeskai e o Bant tenham duelado pelo título de melhor deck Control do Legacy, Up the Beanstalk finalmente declarou um vencedor.

Dimir Death’s Shadow

A ascensão do Death’s Shadow, tier 1 na nossa última análise, foi uma estrela-cadente. Este deck eventualmente perdeu espaço dentro das suas cores para decks que usam o kit Scam completo, e, como consequência, despencou no formato.

Cradle Control

Herdeiro da base do antigo Elfos, este deck ainda encontra problemas com tantos Orcish Bowmasters no formato. O fato deste deck ter poucas maneiras no main deck (além de Endurance) de interagir contra os decks injustos do formato também não ajuda.

Cephalid Breakfast

O Cephalid não está bem posicionado, pois, em um formato cheio de decks agressivos em volta de um deck de cemitério, o combo de Cephalid Illusionist se perde no fogo cruzado tanto de remoção de criaturas quanto de hate de cemitério.

12-Post

Este deck continua encontrando problemas para se situar num formato no qual Wasteland é um dos terrenos mais jogados, e, para piorar a situação, uma boa parte dos decks que não usam este terrível terreno incolor tem acesso a Blood Moon ou Magus of the Moon, que são outras dores de cabeça enormes.

Stiflenought

Embora seja um dos decks mais antigos do Legacy, o que trouxe Phyrexian Dreadnought (uma das minhas criaturas favoritas e minha arte preferida de Magic) de volta ao Legacy é o fato que metade do seu combo – Stifle, Dress Down ou Doorkeeper Thrull – pode ser usado de várias maneiras além do seu plano original. Seja ao evitar que Muxus, Goblin Grandee traga um exército para a mesa, ou ao barrar a entrada da masmorra de Undercity, ou até mesmo ao fazer a tradicional jogada de anular a ativação uma Fetch Land com Stifle.

Mississippi River

O deck de Creative Technique não se tornou o tirano que ameaçou ser, até porque teve que lidar com muitos tipos de resposta que não eram Force of Will, o que quebrou sua força. O excesso de Grief no Legacy também não é uma notícia boa.

Burn

Esta é a grande porta de entrada para a grande maioria de jogadores porque é o deck mais em conta e ainda consegue competir no formato. Não é forte, mas consegue jogar bem em um dia bom.

Maverick

Este deck ainda é um deck justo em um formato (um pouco menos, é verdade) injusto.

Estes são os 28 decks que, pelos números que compilei, representam cerca de 87% do formato. O Legacy ainda está bem variado, mas o kit Scam unificou, levemente, parte do metagame, e afastou decks de Combo, com exceção do Reanimator, dos tiers superiores.

Nos anúncios de banimentos futuros, sempre nos perguntamos se alguma coisa deste formato vai ser adicionada na lista de cartas não bem-vindas, e muita gente debate se a hora de Orcish Bowmasters está chegando. Pessoalmente, não espero mudanças neste formato tão cedo, e Reanimate é uma carta muito mais problemática do que os Arqueiros Orcs.

Obrigado pela leitura, e até a próxima!