Um novo anúncio de banidas e restritas foi ao ar na última segunda-feira, 11 de março, trazendo o banimento de Violent Outburst no Modern além de uma análise resumida de como a Wizards está enxergando a saúde no Metagame de cada formato competitivo.
Como toda atualização, esta foi inundada de especulações sobre quais são os problemas inerentes do Metagame hoje e quais cards poderiam ser banidos para resolvê-los, além de ideias em torno de cards cujo nível de poder seriam seguros para um desbanimento.
Ad
Neste artigo, apresento minha análise da Banlist de 11 de março e suas principais implicações para o Magic competitivo!
Standard: Nada fora do esperado
Especular de possíveis banimentos no Standard em uma atualização em março é como esperar uma nevasca no verão - não é a época do ano para isso.
Desde o início do projeto de revitalização do formato e da estrutura competitiva, a Wizards prometeu manter uma postura menos intervencionista no formato, com banimentos necessários apenas em casos extremos onde uma estratégia degenerada domina o Metagame com números expressivos.
Apesar da permanência do Esper Midrange como melhor deck do formato desde a temporada passada e o fato das staples do Metagame se manterem quase as mesmas, o Standard não está em um ambiente onde deveríamos aguardar banimentos, pois não existe discrepância em números, winrate, ou representatividade para afirmar que o formato não está diverso.
É claro, tal qual todo ambiente competitivo, o Standard tem sua dose de cards e decks cuja experiência pode ser desagradável - Sunfall, por exemplo, iniciou um debate sobre o Metagame estar abarrotado de sweepers eficientes sem proteções úteis - e nem sempre somos pareados nos torneios, Ligas e ranqueadas contra decks que gostamos de enfrentar. Faz parte do jogo.
Após diversos banimentos ao longo do ano buscando manter o formato “divertido”, é bom ver a Wizards voltar para a postura de entender que o Standard possui ciclos e nem sempre eles serão agradáveis, e nem por isso cards precisam ser banidos - No fim, jogadores preferem estabilidade no formato ao invés de constante inovação.
Pioneer: Sem mudanças foi inesperado
Enquanto estabilidade é um ponto-forte de um formato rotativo, formatos eternos tem mais espaço para mudanças e intervenções, pois seu Metagame pode estagnar em algum momento e puxar determinadas estratégias para fora dos torneios competitivos.
O Pioneer, hoje, enfrenta três arquétipos cujo jogadores consideram seus padrões de jogo problemáticos para o formato: Izzet Phoenix, Abzan Amalia e Lotus Combo, e a maioria das especulações em torno de banimentos envolvem peças-chave destes arquétipos, como Treasure Cruise, Amalia Benavides Aguirre e Lotus Field.
Após sua representatividade no Pro Tour Murders at Karlov Manor, onde manteve bons resultados mesmo sendo um dos arquétipos mais esperados do Metagame, o Izzet Phoenix se tornou foco do debate de ser eficiente demais para o Pioneer. Afinal, se o deck tinha um alvo nas costas durante o maior evento profissional do jogo na temporada e ainda sucedeu, espera-se que seu nível de poder esteja acima dos padrões.
Particularmente, discordo muito dessa afirmação. O Izzet Phoenix mantém seu espaço no Metagame porque ele é um Turbo Xerox, e tal qual todo arquétipo nesse espectro nos formatos eternos, ele é extremamente adaptável ao ambiente onde está situado e recompensa muito os jogadores que se especializam em sua estratégia e se dedicam em conhecer seus ins e outs.
Ad
Dito isso, tal qual os decks de Delver no Legacy, Izzet Phoenix tem potencial de dominar formatos com qualquer descuido. Uma adição mais forte que alavanque sua estratégia o faz subir para além dos 25% do Metagame com facilidade e muitos banimentos podem ocorrer para mantê-lo em cheque.
Considerando o impacto histórico de Treasure Cruise em formatos eternos, podemos supor que seu banimento seja uma questão de quando ao invés de se. E esse quando pode levar meses, ou anos, depende de quais novas adições podem torná-lo degenerado demais para os padrões do formato.
Por outro lado, Amalia Benavides Aguirre e Wildgrowth Walker viverem durante mais um ciclo da temporada foi o fator mais inesperado dessa atualização. O combo entre esses dois cards cria alguns dos problemas logísticos mais complexos e desagradáveis do Magic competitivo, seja em jogos presenciais ou nas plataformas on-line: a capacidade de estabelecer loopings infinitos e empatar jogos.
Magic não costuma ser brando com situações de anti-jogo e nem com partidas que levam tempo demais por conta de um padrão repetitivo de ações e o Abzan Amalia possui ambos. O fato desses loopings e situações de anti-jogo terem ocorrido nas semifinais do Pro Tour, onde a partida foi para o Game 7 porque Simon Nielsen conseguia forçar o empate ao dar indestrutível para Wildgrowth Walker foi outro agravante, e na teoria, teria sido o último prego no caixão deste arquétipo.
Os números de winrate e representatividade do Abzan Amalia estão longe de serem opressivos, apesar deste ser um dos decks de combo mais populares do formato, e talvez a Wizards tenha enxergado vantagens em mantê-lo no Metagame neste momento. No entanto, tal qual Treasure Cruise, o banimento de uma das peças do seu combo parece uma questão de quando, com quando sendo “até onde a Wizards considerar aceitável que jogos sejam forçados ao empate em eventos competitivos”.
A maioria das conversas sobre banimentos no Lotus Combo envolvem a maneira como este arquétipo força o Metagame a se adaptar com peças específicas: Damping Sphere foi um dos cards mais jogados do Pro Tour, e a principal razão para usá-lo envolve travar a mana e sequência de mágicas do jogador de Lotus.
Dada que esta é a pior partida do Izzet Phoenix hoje e não está numa posição onde predomina o formato, ele soa como um mal necessário atualmente, com fraquezas inerentes que ajudam a dar aos Aggros uma razão para serem utilizados mesmo quando possuem uma partida horrenda contra o Abzan Amalia, tornando-o um bom equilibrador para o Metagame.
Por outro lado, o Lotus Combo também está fazendo a equipe de design do jogo “quebrar regras” para estabelecer novos meios de lidar com o combo, como Krenko’s Buzzcrusher, um exemplo bem ruim de como as nuances do jogo estão ficando cada vez mais complexas para lidar com Hexproof e outras habilidades com proteção embutida.
Pode existir um momento onde Lotus Field mereça um banimento porque seu combo encontrou um jeito de lidar com suas partidas ruins e dominar o Pioneer, mas este momento certamente não é agora.
Ad
Modern: O ciclo continua
Um deck surge com uma configuração nova através adições recebidas ao decorrer dos últimos meses, ganha consistência e começa a se apresar do Metagame. O formato tenta se adaptar, não consegue porque essa estratégia ataca por múltiplos ângulos e um banimento é necessário para tentar corrigir as coisas.
Nós vimos este ciclo antes com o Rakdos Grief e estamos o vendo de novo com o Temur Rhinos.
Violent Outburst está banido. Esse era o resultado que esperávamos desde seu principal arquétipo subir para além dos 15% do Metagame, e parece o banimento mais lógico se considerarmos como este card quebra as regras de velocidade de mágicas e permite transformar Force of Negation em uma Force of Will para proteger Crashing Footfalls ou Living End.
O impacto é muito claro: os decks de Cascade perdem a capacidade de “trapacear” em conjurar seus cards-chave enquanto serão obrigados a adotar uma quarta cor para ter acesso a oito ou mais habilitadores - A própria Wizards reconhece Ardent Plea e Demonic Dread como substitutos válidos, enquanto Bloodbraid Elf também pode retornar caso jogadores optem por mais concessões.
Para ambos os payoffs, acredito que Ardent Plea se torne o card-chave para acompanhar Shardless Agent nos decks de Cascade: não só podemos dar Pitch para Subtlety com ela, como também possibilita usar Solitude como uma remoção barata sem tantos problemas.
Demonic Dread é uma opção para o Living End e pode dar pitch para Grief, mas necessitar de um alvo é uma proposta problemática para qualquer uma das variantes de Cascade.
A versão mais recente de Crashing Footfalls, o Domain Rhinos aparenta ser o grande vencedor das variantes de Cascade com esse banimento: além da facilidade de acesso às outras cores com Leyline of the Guildpact, esta variante já deseja acesso à mana branca para Leyline Binding, e até Bloodbraid Elf pode adentrar nesta versão já que Scion of Draco nos permite sermos mais agressivos com nossas criaturas.
Por outro lado, o ciclo deve se repetir: um combo degenerado foi embora, outro entrará em seu lugar.
O Golgari Yawgmoth e o Amulet Titan são as melhores estratégias injustas do Modern agora que ausência de Violent Outburst enfraquece os decks de Cascade. Ambos requerem interações mais específicas e podem se preocupar mais em jogar contra o hate do que contra o Metagame conforme outros arquétipos perdem espaço por conta de banimentos.
À menos que alguma coisa absurda aconteça no Modern nos próximos meses, eu não tenho expectativas de outra intervenção no formato até alguns meses após o lançamento de Modern Horizons 3, cujo cards podem, tal qual seus antecessores, reformularem o cenário competitivo inteiro.
Ad
Legacy: Bowmasters não deve ser banido
É um tanto engraçado como o Legacy foi predominado por uma mistura de cantrips durante décadas e elas mantêm sua representação alta, apesar de Lord of the Rings trazer o mais poderoso “fun police” que poderia existir de maneira justa contra cantrips - Orcish Bowmasters.
Os Orcs punem jogadores por conjurarem seus Brainstorms no tempo errado ou até pelos seus Ponders e Preordains quando buscam uma resposta e/ou uma peça do seu combo e até ajudam a manter Up the Beanstalk em cheque caso nosso oponente não se preocupe em lidar com ele.
Se colocarmos os prós e contras da sua presença no Legacy em uma balança, acredito ser melhor mantê-lo no formato por finalmente colocar um cheque no uso impensado de cantrips do que retornar ao ponto onde elas predominam, e seu banimento não resolveria a pior parte do problema que o formato está enfrentando: o Reanimator ter estabelecido um plano justo.
Orcish Bowmasters foi um dos motivadores para fazer o Reanimator sair da sua zona de conforto e partir para um “plano B” com Grief, do qual não só pavimenta o caminho para fechar seu combo como também é um plano de jogo eficiente por conta própria se o reanimarmos e o protegermos com Daze e Force of Will.
A combinação entre Grief e Orcish Bowmasters é certamente tão punitiva para os decks de Turbo Xerox no Legacy como elas são para o Modern, mas colocar a culpa dessas mudanças exclusivamente no card mais recente sem avaliar seus benefícios para o cenário competitivo é ignorar que a parte problemática no Reanimator pode estar em como Grief e o potencial de jogá-lo no primeiro turno com Reanimate ou Animate Dead amplifica o valor dos Orcs na partida enquanto vence jogos por conta própria.
Pauper: Algo precisa mudar em breve
A ausência de banimentos já era esperada para o Pauper, mas não podemos ignorar que o formato permanece o mesmo faz tempo demais.
Enquanto novas estratégias e deck emergiram no Pauper durante os últimos anos, o topo dele parece constantemente disputado entre dois arquétipos: Affinity e Kuldotha Red, e nem o último banimento do formato, Monastery Swiftspear, parece ter diminuído esse problema, pois jogadores apenas adotaram outro dos diversos one-drops vermelhos que interagem com o arquétipo.
Affinity, por outro lado, recebeu um botão clássico de free win com All That Glitters em Commander Masters, criando situações recorrentes onde o oponente precisa se forçar a jogar numa proposta reativa demais para evitar perder no turno seguinte - O mesmo problema enfrentado anteriormente com Atog.
O Metagame permanece girando em torno dessas duas estratégias, com múltiplos espaços dos Sideboards dedicados a lidar com os dois melhores decks do formato, enquanto dedicam cinco a seis cards para jogar contra o resto. É como se o Pauper tivesse estagnado e as adições recentes servem apenas para reforçar as mesmas estratégias.
Ad
E quanto ao Vintage?
Após 16 anos, Ponder se tornou irrestrito no Vintage, do qual é um excelente exemplo de power creep e consistência em um ambiente onde cantrips foram restritas para evitar o acesso fácil aos melhores cards de cada deck.
Infelizmente, meu conhecimento de Vintage é bem limitado e não tenho como opinar se esta foi uma escolha certeira da Wizards. Talvez, seja um bom momento para acompanharmos o desenvolvimento desse formato no Magic Online.
Conclusão
Isso é tudo por hoje.
Em caso de dúvidas, ou sugestões, fique a vontade para deixar um comentário!
Obrigado pela leitura!
— Comentários0
Seja o primeiro a comentar