O último anúncio de Banidas e Restritas para Magic: The Gathering em 2024 foi, certamente, um dos mais impactantes do ano, especialmente para o formato Modern, onde desbanimentos de staples clássicas, algumas que deixaram o formato tem mais de uma década, prometem causar mudanças no Metagame.
Com apenas algumas horas desde o anúncio, a comunidade já se movimenta em massa para se adaptar com as mudanças: Splinter Twin já desapareceu dos Marketplaces, jogadores já colocam buscas em grupos por quatro cópias de Green Sun’s Zenith foil, entre outras ações.
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Então vamos nos aprofundar no que ocorreu nesta segunda-feira e como isso afeta o cenário dos formatos competitivos de Magic: The Gathering.
Pioneer
O banimento de Jegantha, the Wellspring faz tanto sentido porque Companion é a mecânica mais quebrada da história do jogo, mas a explicação dada pela Wizards não faz sentido: Jegantha, em maioria, não é um card que faz jogadores deixarem de usar peça X ou Y para ter um Companion - ela é o Companion que usamos porque não existe concessão nenhuma em o adicionar no Sideboard.
Decks como Rakdos Prowess não ficam melhores porque podem usar cards com custos de ou em suas listas, eles apenas tem uma base tão sólida de cards com um único símbolo de mana que não existem justificativas para não incluir Jegantha. Claro, agora eles podem usar Glistening Deluge ou Brotherhood’s End, mas são cards que eles realmente querem?
O maior ganho em retirá-lo do formato foi remover o “se tudo der errado, tem o Companion” dos Aggro. Tal como acontecia com Lurrus, arquétipos como Boros Burn, Prowess, entre outros sempre contaram com Jegantha como aquela criatura que poderíamos puxar em jogos mais longos para garantir os últimos pontos de dano - e o fato dela desviar de Fatal Push e outras remoções comuns contra esses arquétipos era um tremendo bônus.
Escolha interessante, não especificamente necessária, mas que vai provocar algumas mudanças no Metagame (e me fazer reescrever o deck guide de Auras que já estava pronto). Havia outras opções que deveriam ser mencionadas e/ou levadas em conta, como Treasure Cruise e Fable of the Mirror-Breaker, mas o Pioneer hoje está em um cenário diverso em que não há um absoluto melhor deck contra o resto.
Modern - Os Banimentos
Tal qual o anúncio, vamos separar as mudanças para o Modern em duas categorias: o que deixa o formato e o que volta para ele.
The One Ring foi um dos designs mais interessantes que Magic já teve, mas foi um erro: outra cópia dele em sua mão não deveria ser um benefício já que ele permite jogar outro “turno extra” e comprar mais cards. A junção de pseudo-Time Walk com Ancestral Recall por quatro manas tornou todo e qualquer Planeswalker ou outro mecanismo de vantagem em cartas obsoleto no Modern - e quando o melhor Aggro estava usando o artefato para garantir um plano de atrito eficiente enquanto 60% do Metagame estava usando The One Ring, ficou claro que o artefato seria um problema.
Não esperava que o banimento de The One Ring viria nesse anúncio: Boros Energy era o problema vigente e a Wizards tem a tendência a ser muito conservadora com mudanças no Modern - não foi o caso dessa vez: além de banir dois cards problemáticos, três desbanimentos prometem mudar o Metagame.
Minha dúvida agora é como ficam os decks que dependiam muito de The One Ring. Os arquétipos de Eldrazi, independente de quais sejam, conseguem manter-se relevantes sem o card? Belcher e outros arquétipos que usavam micro-interações com ele ainda se mantém relevantes? Não tenho dúvidas de que Jeskai Control ou os Black-Based decks continuarão no Metagame mesmo sem sua principal fonte de card advantage, mas esse pode ser um nocaute gigantesco para os Big Mana.
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Amped Raptor parece a escolha segura para lidar com o Boros Energy. Free Spells são um problema no formato e Raptor oferece o equivalente a Cascade por duas manas com menos restrições de custos, já que se alimenta da base de Guide of Souls e Galvanic Discharge. Além disso, sendo uma incomum, ele era o card menos financeiramente agressivo de banir. É a escolha certa se querem manter o Boros Energy no formato sendo um dos principais decks, mas sem - em uma primeira instância - continuar tão quebrado.
Me parece um erro. Sim, Amped Raptor oferece um dois-por-um muito eficiente em um arquétipo inteiramente dedicado a esta mecânica, mas outro card é muito mais explosivo e alimenta tanto a mecânica de Energia quanto o plano de jogo alternativo, com Ocelot Pride um pouco bem demais: Guide of Souls.
As interações entre Guide of Souls com o resto da lista faz o Boros Energy ser um Aggro ultra eficiente com um plano de atrito mais eficiente do que o dos Midranges - e a interação entre Ajani, Nacatl Pariah que se assemelha ao de The One Ring também não ajuda em manter o deck justo.
Parece válido manter Guide of Souls no Modern e tirar dois cards-chave das versões atuais do Boros Energy para vermos qual direção o Metagame vai tomar, mas não será surpresa caso, no fim desses três meses, a gente conclua que o Boros/Mardu/Jeskai Energy ainda é o melhor deck do Modern e com uma taxa de vitória maior do que o restante do formato.
Apesar da justificativa para banir Jegantha do Modern ser quase a mesma do Pioneer, me parece um erro tirar ele do formato agora: diferente do formato mais novo, há concessões reais em usar essa Companion no Modern, especialmente com os Elementais de Evoke, ou com outras free spells que possuem múltiplos custos coloridos.
Até o Domain Zoo, arquétipo usado de exemplo para justificar essa mudança, é uma estratégia que requer concessões na hora de incluir essa Companion ou não a incluir nos Games 2 e 3, pois precisa de cards como Obsidian Charmaw ou Endurance enquanto nenhum card de duas cores que poderia entrar no deck aparenta merecer um slot agora que não temos Jegantha, exceto se for para um Meta Call muito específico.
Modern - Os Desbanimentos
Uma história breve: Há dois decks no Modern dos quais passei muitos anos jogando com eles. Um, meu deck favorito de todos os tempos, foi o Death’s Shadow. O outro foi Splinter Twin - e é possível que eu só tenha me interessado em Death’s Shadow na sua iteração de Grixis, pois ele se assemelhava bastante com algumas propostas do antigo Izzet Twin.
Dos quatro cards anunciados, Splinter Twin foi o mais empolgante, mas o provável menos impactante. Como mencionado pelo artigo da Wizards, o Modern mudou. Os sets de Modern Horizons aumentaram muito o power creep nos últimos anos e o ambiente em que Splinter Twin volta é inerentemente distinto daquele em que ele foi banido. Há respostas mais eficientes.
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Mas assim como tem cards mais eficientes para lidar com o combo, há também lares mais interessantes. Teferi, Time Raveler garante mais proteção, Force of Negation pode se juntar a ele para garantir uma free spell no turno em que usamos Deceiver Exarch, os planos de jogo alternativos - que anteriormente envolveram Tasigur, the Golden Fang ou Tarmogoyf - agora possuem criaturas bem mais eficientes e que demandam resposta imediata como Psychic Frog, e a base de cantrips e respostas incluem Preordain e outros cards.
Não creio que Splinter Twin será tão forte no Modern quanto foi em outros tempos, mas se o combo de Saheeli Rai com Felidar Guardian chegou a achar slots em pilhas de goodstuff no passado, é possível que um combo com menos janelas de respostas encontre algum lar no Metagame eventualmente.
Amulet Titan perdeu The One Ring e ganhou uma substituição quase automática com Green Sun’s Zenith, que aumenta a consistência em garantir seus combos. Mas precisamos olhar fora deste arquétipo também.
Há uma dúzia de cards que podem ficar um pouco melhores com Green Sun’s Zenith, mas que talvez não cheguem ao patamar de competitivo: Prime Speaker Vannifar, Aftermath Analyst, Endurance, Grist, the Hunger Tide, Samwise Gamgee, e Devoted Druid são algumas das primeiras peças que vem em mente, mas também não devemos desconsiderar a possibilidade de um arquétipo toolbox aos moldes de como vemos no Legacy, com Collector Ouphe, Gaddock Teeg, Endurance, entre outras criaturas-chave, possivelmente com um two-card combo menos utilizado hoje.
O potencial para Green Sun’s Zenith só vai crescer. Eventualmente, novas peças verdes que habilitem respostas eficientes ou até novos combos vão surgir, e a peça que vai unir esses diversos cards será um tutor verde de uma mana de Mirrodin Besieged.
Mox Opal dá espaço para diversas listas de artefatos voltarem ao Metagame: de listas como Affinity nas suas iterações clássicas até as atuais com Kappa Cannoneer, passando pelas listas de Grinding Station até encontrar Urza, Lord High Artificer.
O Modern tem um histórico com mana gratuita que levou embora cards como Simian Spirit Guide e, no passado, a Mox Opal. Mas a Wizards tem um ponto em dizer que as respostas contra artefato melhoraram bastante e são capazes de segurar qualquer arquétipo focado demais neles, e mesmo se não for, acredito que levará um tempo até percebermos o impacto que ela pode ter, pois Opal não é quebrada em planos de beatdown, mas em arquétipos que conseguem extrair valor dela após utilizada com outros tipos de iterações.
Em 2019, antes de ser banido, Faithless Looting era comumente comparado com Brainstorm no Modern: ele habilitava tantos arquétipos e gerava tanto valor para eles que suas interações eram comparáveis com a da cantrip mais famosa do Legacy com as Fetch Lands. Hoje, nos resta esperar para ver.
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Há muitos decks que podem querer esse card: de Ruby Storm até outras versões de Goryo’s Vengeance, o retorno do Hollow One alguns meses atrás, uma possível iteração nova de Arclight Phoenix com Faithless Looting e talvez até Psychic Frog, Dredge ganha um empurrão com esse unban, sem contar o que ele pode fazer ao lado de Nethergoyf, Dragon’s Rage Channeler e/ou Phlage, Titan of Fire’s Fury, entre outras opções.
Não parece certo tentar prever demais para onde Faithless Looting vai. Ele está na mesma categoria de Preordain sobre potenciais viáveis para ele, com o bônus de se beneficiar muito das interações com cemitérios já existentes no Modern.
Velha nova staple do formato, tenha um set pronto para quando necessário.
Legacy
Os banimentos do Legacy são os menos impressionantes e os mais previsíveis do anúncio. Ambos Psychic Frog e Vexing Bauble são eficientes demais para o formato, e não havia qualquer circunstância onde manter ambos seria saudável, enquanto retirar um deles faria com que o outro crescesse demais no Metagame e precisasse deixar o formato em três ou seis meses.
Agora, há algum debate sobre banir Nadu, Winged Wisdom pelos mesmos motivos do qual o card foi banido do Modern e do Commander: o estilo de jogo que ele propõe é miserável de jogar contra e de assistir - e como o Legacy tem uma taxa menor de jogos presenciais, é possível que os números não apresentem Nadu como um problema nos eventos on-line (afinal, o oponente se beneficia de deixar o jogador fazendo loopings enquanto o relógio corre) e ocultem o problema dele nos torneios de mesa. Se isso acontecer, serão longos meses até a Wizards intervir.
Combos não-determinísticos possuem um histórico no Legacy com o Four Horseman, onde o jogador usava Mesmeric Orb com Basalt Monolith para se millar indefinidamente até ter três cópias de Narcomoeba para jogar Dread Return, reanimar Sharuum, the Hegemon, que devolve Blasting Station para sacrificar Narcomoeba enquanto revela Emrakul, the Aeons’ Torn para embaralhar o deck inteiro de novo e repetir o processo.
Nadu segue um caminho parecido, e se seus resultados se tornarem suficientemente relevantes, será inevitável banir ele pelo problema que ele causará em Eternal Weekends e outros eventos grandes de Legacy no decorrer de 2025.
Conclusão
Isso é tudo por hoje!
Em caso de dúvidas, fique à vontade para deixar um comentário!
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