Review das Mecânicas da próxima edição Strixhaven

Strixhaven está bem diante de nossos olhos. A Escola de Magia chega até nossas mãos e baralhos á partir do dia 15 de Abril, e nessa última Quinta-Feira tivemos a primeira introdução através do canal oficial da Wizards de um pouco do que teremos acesso na nova coleção, incluindo as novas mecânicas.

Neste artigo, aproveitando que já me sinto empolgado com a coleção e já fiz minha matricula em Silverquill, estarei fazendo um review das novas mecânicas e como elas poderão impactar o jogo como um todo.

O Magecraft é uma mecânica que beneficia o jogador por utilizar uma quantidade razoável ou significativa de mágicas no seu deck, e podemos resumi-la em:

Toda vez que você conjurar ou copiar uma mágica instantânea ou de feitiço, um efeito X acontece.

E os efeitos são os mais variados o possível:

Apesar de, dentro de muitos formatos, Magecraft possuir uma ligação direta entre a qualidade dos cards que estão para sair e a qualidade das mágicas disponíveis no formato, é importante ressaltar que em formatos eternos já possuímos uma gama significativa de mágicas de qualidade que podem fazer muita diferença na hora de construir sua decklist e fazer melhor uso dos cards com Magecraft. Nesses formatos, também possuímos efeitos que nos permitem reutilizar mágicas de maneira eficiente como Flashback , Replicate ou até mesmo Jump-Start, aos quais podem ser muito bem utilizados com a mecânica para criar efeitos devastadores á depender do que está por vir no novo set e o mesmo pode ser dito de cards mais recentes que estão disponíveis no Pioneer e no Historic como Finale of Promise ou Mission Briefing.

O que me surpreende nessa mecânica é a inclusão da palavra “copy” no seu texto, já que particularmente acredito que a mera possibilidade de um efeito de cast junto ao fato de que todos os efeitos de Magecraft são diferentes uns dos outro (ao oposto de, por exemplo, Prowess) já justificava a mecânica por si só, mas a inclusão de cópias de mágicas pode significar que a Wizards possui a pretensão de fazer mais uso deste tipo de mecânica de copiar mágicas (vale constar que a Wizards tem procurado ampliar seu espaço de design no jogo e utilizar determinados efeitos de maneira mais frequente e/ou mais ousada, falaremos mais sobre isso em breve).

E como já aconteceu anteriormente, uma nova mecânica não está isenta de novos meios de ser abusada:

Os cards de Chain, do bloco de Investida podem abusar significativamente dos cards de Magecraft pois permitem ser copiadas gratuitamente caso o alvo seja o próprio jogador ou uma permanente que ele controla, com a mais comum sendo Chain of Smog já que esta habilita ir potencialmente ao infinito com qualquer cards com Magecraft, como já analisado por meios de perda de vida infinita com Professor Onyx ou Witherbloom Apprentice.

Como essa sequência de cards é válida somente no Legacy, Vintage e Commander, onde há outros diversos tipos de jogadas e combos absurdos, acredito valer sim o risco de criar mecânicas que interagem com cópias de mágicas e ver como exatamente os efeitos de Chain interagem com eles, já que, caso elas se provem opressoras de alguma maneira (e no caso de Chain of Smog, o combo entra num módulo “All-In” quando você o ativa já que estará potencialmente descartando sua mão), é muito mais prático banir um card que até semana passada era centavos e ninguém se importava com ela do que limitar o espaço de criação e design.

No geral, dentre as mecânicas de Strixhaven, é a que mais parece fluir naturalmente com o jogo e a que tem maior potencial em formatos eternos.

Você já assistiu um anime onde o protagonista está sendo surrado até a alma pelo vilão da saga e do nada ele se lembra de um treinamento com o mestre dele ou uma memória de infância e usa uma nova técnica ou desenvolve um novo poder ? É mais ou menos o que Learn e Lesson fazem.

Brincadeiras á parte, a interação de Learn e Lessons é bem fascinante: Ao jogar uma carta que possua a habilidade de Learn, você pode optar por pegar uma mágica que possua um subtipo de Lesson de fora do jogo (no caso, do seu Sideboard) e coloca-lo na sua mão, ou você pode optar por descartar um card para comprar um card, ou você pode optar por não fazer nenhum dos dois (isso é relevante caso você não possua uma mágica de Lesson no seu sideboard e não queira descartar alguma carta da sua mão).

Já faz algum tempo, com cards como Companions ou Legion Angel que a Wizards tem procurado mexer e explorar opções antes pouco exploradas, criar mecânicas com maior ousadia e tornar do Sideboard uma parte integral do jogo, uma extensão do seu baralho e não apenas um “deck reserva”.

Este tipo de mecânica também representa para esta edição a forma da Wizards de tornar o jogo mais interativo e criar menos situações de “anti-jogo” onde um jogador simplesmente não consegue interagir com o oponente de maneira eficiente porque comprou as mágicas erradas ou porque não possui mais nenhuma interação. Ela é o equivalente das Adventures em Eldraine, do Escape em Theros: Beyond Death, dos Companions em Ikoria, das cartas de dupla-face (que inclusive retornam nesta edição também!) de Zendikar Rising e Kaldheim. São meios de você sempre ter algo a fazer, sempre manter a interação na mesa, tornar do jogo mais desafiador para ambos os jogadores e visualmente mais agradável e prazeroso.

E tal como toda mecânica de “trazer do Sideboard”, Learn e Lesson são a mecânica mais perigosa de Strixhaven, cujo valor mensurado para se considerar se vale a pena utilizar a mecânica depende exclusivamente do valor individual dos cards de ambos os lados (a que está no seu deck e a que pode ser buscada do Sideboard). Se tivermos cards muito eficientes de ambos os lados, é possível e até provável que o card possua tanto impacto quanto Adventures teve, já que o conceito de ter “duas mágicas em uma carta”, sendo que uma é qualquer mágica á sua escolha dentre as Lessons disponíveis, possui um enorme potencial para virar jogos.

Uma coisa que eu realmente tenho admirado muito e que esta mecânica também habilita é o aumento de criatividade necessária e possível na hora de construir um deck devido a inclusão de mecânicas que o fazem considerar quais cards realmente podem ser úteis e necessários em cada partida e como mesclar os mais diversos efeitos existentes hoje numa única lista. Learn e Lessons trazem mais um tipo de card que desafiará o conceito de deckbuilding para muitos jogadores enquanto eles procuram descobrir o valor exato que a mecânica pode ter em cada formato e em cada deck.

Falando em formato, é importante ressaltar que Lessons serão os primeiros cards do Pauper a interagir com o Sideboard, e as opções para tal podem ser muito interessantes mas, tal como nos demais formatos, fica á depender do quão eficiente os cards printados de ambos os tipos serão para o formato.

Por fim, é bom ressaltar que, para jogos de Commander, a Regra 11 do comitê oficial ainda é válida e, portanto, Cards e Habilidades que fazem com que você pegue cards de fora do jogo não se aplicam ao formato.

Ward é uma habilidade que já existe no Magic faz alguns anos (Por exemplo, Frost Titan) e agora possui sua própria Keyword e se torna uma habilidade genérica, ou seja, uma habilidade que veremos em outras edições futuras e não apenas em Strixhaven.

Diferente do que pode ser esperado, Ward não necessariamente deve ser lida como “Toda vez que essa criatura for alvo de uma mágica ou habilidade, anule-a á menos que seu controlador pague 2”, mas sim como Ward (X): Toda vez que essa criatura for alvo de uma mágica ou habilidade, anule-a á menos que seu controlador pague (X), sendo X literalmente qualquer número á ser definido pela equipe de design. É importante fazer esta observação pois acredito que veremos futuramente diversos tipos diferentes de Ward, podendo ser um custo menor para ameaças de grande impacto e um custo maior para ameaças menos significativas.

Tal como diversas outras mecânicas recentes do jogo, Ward passa á existir para procurar tornar o jogo mais interativo, enquanto ainda pode oferecer uma proteção significativa para cards que necessitam de tal para não serem apenas cards que entram na mesa sem efeito algum e, em seguida, são removidos facilmente por um removal qualquer.

A Wizards, em seu anúncio oficial sobre a mecânica que eles não estarão retirando Hexproof das keywords do jogo e que ainda veremos cards com essa habilidade, mas que eles compreendem o quão frustrante é, especialmente para jogos de Bo1 no Magic Arena, lidar com um deck cuja opções que você normalmente usaria para interagir com ele são cartas de sideboard.

Com Ward, a equipe de design acredita poder ampliar a proteção e o espaço de criação para ameaças de grande impacto sem que elas sejam necessariamente um botão de autowin em muitas ocasiões, como era o caso com Carnage Tyrant.

Por fim, apesar de não haver muito para dizer sobre a Mystical Archives além do fato de que suas artes e layout são incrivelmente fascinantes, foi revelado na live de apresentação da edição que os cards especiais dessa coleção existem pois Strixhaven possui acesso a todas as mágicas do Multiverso e é um dos motivos pelos quais a Escola de Magos é tão prestigiada.

Queria apenas deixar aqui minha absoluta aprovação quanto aos cards da Mystical Archives por se encaixarem plenamente na estética do jogo, ter algumas das artes mais maravilhosas que já presenciei em Magic: The Gathering, e por criarem uma temática dentro da lore do jogo para a existência delas.

Well done, Wizards.

Este foi meu review inicial das mecânicas de Strixhaven.

Acho válido ressaltar que toda e qualquer conclusão sobre mecânicas agora é totalmente especulativa e não possui um valor ou noção absoluta pois ainda não temos acesso ao spoiler completo para podermos analisar todo o impacto que a edição pode trazer para todos os formatos.

Teremos aqui na Cards Realm, ao final da Spoiler Season, reviews dedicados a determinados formatos da nova coleção, onde pretendemos dissertar sobre os principais cards e seu impacto dentro do contexto de cada formato onde se encaixam.

Agradeço a leitura, e lembrem-se: Não se deixem levar tão facilmente pelo hype.