Magic: the Gathering

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Mas afinal, dá pra salvar os Companions?

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Talvez tenhamos mudanças referentes à mecânica de Companions na próxima segunda. Neste artigo, faço uma breve revisão histórica de quando algo parecido ocorreu e trago possíveis correções para a mecânica.

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revised by Tabata Marques

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Mais uma vez os Companions fazem história no Magic. Já tivemos o primeiro banimento de uma carta “normal” no Vintage em mais de 20 anos. Algo tão raros que a maioria dos jogadores nem sabia que isso era uma possibilidadelink outside website. Eu mesmo tinha escrito, no primeiro rascunho deste artigo, que somente houveram banimentos no momento em que o Vintage foi criado, e tive que voltar para 1996link outside website, em que Mind Twist foi banido, para ver que estava errado. Após essa data só tivemos o banimento de cartas que fogem do "normal", como Shahrazad em 2007 e as cartas do tipo Conspiracy em 2014.

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Agora possivelmente vamos ter mais um momento inédito: uma mudança no texto de uma mecânica que afeta diretamente como ela é executada durante o jogo.

Pela pesquisa que fiz, o único momento em que houve uma mudança desse tipo foi quando a mecânica de Madness foi revisitada em Shadows over Innistrad (SOI). Antigamente, ao descartar uma carta com Madness, o jogador escolhia se ela ia para o exílio (para que pudesse conjurá-la de lá) ou se ia direto pro cemitério. A partir de SOI, o texto da mecânica teve uma mudança, e agora é obrigatório descartá-la para o exílio e depois decidir se ela vai pro cemitério ou se será conjurada e irá para a pilha (referêncialink outside website).

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Podemos ver que foi uma mudança sutil e que foi feita em uma mecânica já existente que foi revisitada, por isso considerei como inédito o caso do Companion. Não achei nenhum outro momento no Magic em que algo do tipo tenha ocorrido e te convido a deixar nos comentários se souber de algum. Mas gostaria de salientar que nesta análise não estou levando em conta mecânicas que ficaram melhores ou piores por causa de mudança nas regras. Também não estou considerando textos que foram atualizados, mas que na prática o processo de execução da habilidade continua o mesmo (exemplo abaixo).

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Para melhor analisar as possíveis mudanças da mecânica de Companion, trago uma lista dos principais motivos dela estar causando tantos problemas nos formatos construídos:

A) Consistência: As cartas dentro do deck não são 100% acessíveis. O jogador tem que comprá-las ou tutorá-las através do efeito de outras mágicas para poder usá-las. Já no caso dos Companions, é 100% garantida que, com a mana necessária, o jogador poderá conjurá-los. Ter acesso o tempo todo a uma possível peça de combo ou de sinergias traz uma consistência exagerada pro jogo;

B) Card Advantage: Jogar com um Companion significa começar o jogo tendo acesso a 8 cartas. Um jogador sem Companion já começa o jogo na desvantagem de uma carta;

C) Evasão: O Companion não está na sua mão, nem no seu deck, nem no seu cemitério. Ele está "blindado" no seu sideboard. Isso limita muito as maneiras do seu oponente interagir com ele;

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D) Repetitividade: Ter sempre acesso a uma carta faz com que ela seja conjurada muito mais vezes que o normal e que certos padrões de jogadas (exemplo: Lurrus of the Dream-Den seguido de Mishra's Bauble) sejam executados com uma frequência maior.

Agora vamos às possíveis mudanças:

1) Banir todos os Companions

Embora essa não seja nem uma maneira de consertar a mecânica nem uma medida razoável de resolver o problema, vi pela internet muitos comentários pedindo isso. Então decidi começar por ela.

Nem as piores mecânicas da história do Magic fizeram com que todas as cartas que as usavam fossem banidas em todos os formatos construídos. Deixo aqui as listas feitas por Saffron Olive, da MTGGoldfish,link outside website e Brain DeMars, da ChannelFireball,link outside website para quem quiser conferir.

Além disso, banir 10 cartas raras de uma coleção que não foi lançada nem a 2 meses quebra a confiança dos compradores no produto. Isso iria afetar ainda mais as vendas de uma coleção que está sendo lançada no meio de uma crise econômica mundial. Eu sei que muitas pessoas não gostam de ouvir argumento que têm a ver mais com dinheiro do que com o gameplay em si, mas isso não faz com que eles deixem de ser verdade nem que afetem as decisões da Wizards.

2) Banir a mecânica de Companions

Eu diria que essa foi a sugestão que mais li nos grupos de Whatsapp e nos subreddits relacionados a Modern e Legacy. É compreensível, já que os Companions homogeneizaram ambos os formatos e já tivemos 2 banimentos de Companions no Legacylink outside website. Porém, ainda assim não considero uma medida razoável. Banir a mecânica deixaria a grande maioria dos Companions ruins para o jogo competitivo. Ia fazer com que as cartas perdessem o propósito delas e também quebraria a confiança entre os compradores e a Wizards de maneira similar à citada no tópico acima.

E esse artigo é sobre salvar os Companions. Eu não posso dizer que a única maneira de salvar os Companions é tirando “o Companion que há dentro deles”, porque a partir daí eles não seriam mais Companions. Isso seria um grande Resultado Paradoxal.

3) O jogador tem que escolher entre um sideboard de 15 cartas ou um de 1 carta sendo ela o Companion

Isso elimina um aspecto importante do jogo competitivo: estratégias de sideboard. Também agrava o problema da repetitividade no jogo, pois o deck será o mesmo nas 2 ou 3 partidas da rodada. Em suma, essa mudança só esconde o problema piorando os decks, mas não o soluciona de fato.

4) A partir do momento em que o Companion é revelado, o jogador não pode mais usar o resto do sideboard

Pelos mesmos motivos citados no tópico 3, não considero essa uma boa solução. Além disso, na minha opinião essa mudança traz complicações no funcionamento da mecânica que podem ocasionar problemas de logística em torneio com grande número de jogadores, como GPs por exemplo.

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5) O jogador que usar um Companion já começa o jogo como se estivesse em um mulligan pra 6

Ou seja, já na sua primeira mão o jogador é obrigado a pôr 1 carta no fundo do deck, e esse número vai aumentando para mulligans subsequentes.

Essa solução é interessante, pois resolve o problema de card advantage. Porém ainda há o problema de ter sempre acesso à mesma carta. E seu Companion continua blindado contra as interações pelo oponente.

6) Se o jogador revelar um Companion, tem que trocar uma carta da mão por ele

Ou seja, assim que o jogador terminar os muligans e puser as X cartas no fundo do deck, ele terá que escolher uma carta da mão para ir pro sideboard e pôr o Companion na mão.

Essa solução consegue resolver os problemas de card advantage e evasão, e também mitiga o problema de consistência, pois agora a carta não está mais “blindada” no sideboard. O problema da repetitividade continua presente, porém ele é levemente reduzido pois como a carta não está mais protegida de interações do oponente, o número de vezes em que ela vai ser conjurada diminui um pouco.

Conclusão

Os problemas de repetitividade e consistência são intrínsecos à mecânica de Companions. Nenhuma das mudanças propostas para a mecânica conseguiu resolver estes quesitos por completo. Porém a mudança proposta na opção 6 consegue deixar a mecânica mais justa, reduzindo estes dois problemas citados e também eliminando os de card advantage e evasão. Se eu fosse apostar em qual será a mudança da próxima segunda-feira, iria nessa.

Com isso, encerro este artigo. Gostaria de agradecer em especial à comunidade do Alpha Legacy do Rio de Janeiro, por me ajudar na pesquisa sobre habilidades que tiveram texto modificado.

Espero que vocês tenham gostado. Deixem abaixo seu feedback, pois quero saber aonde vocês corcondam ou discordam de mim e se teriam outras mudanças para propor. Sempre leio os comentários. Grande abraço!