Análise do Metagame do Campeonato Mundial 30

O Campeonato Mundial se aproxima. Hoje, o maior evento competitivo de Magic: The Gathering começa, e jogadores competirão pelo prêmio de $ 1.000.000 e a oportunidade de ser eternizado em um card de Magic. Os formatos serão Draft de Duskmourn e Standard, com rodadas de suíço nos primeiros dois dias do evento e o corte para Top 8 ocorrendo no domingo.

O Metagame do evento também está posto, com alguns arquétipos bem estabelecidos no topo, como o Gruul Prowess, como algumas surpresas e novidades, como as variantes de Temur Prowess com Valley Floodcaller e Enduring Vitality além do Dimir Demons, cujas versões parecem se dividir entre as Midrange e as que apostam em combos como o de Unstoppable Slasher com Bloodletter of Aclazotz.

Com os dados disponíveis hoje - as decklists só serão postadas a partir da quarta rodada do evento - vamos debater um pouco sobre as escolhas de decks, cards mais jogados e como as novidades do evento podem afetar o Standard nas próximas semanas!

Primeiro, vamos aos números, cortesia da Wizards of the Coast e do matemático Frank Karsten.

Exceto pelas surpresas fora do radar como o Temur Prowess, o cenário do Campeonato Mundial é bem próximo do esperado. Algumas surpresas incluem a ausência total do Four Color Overlords no torneio, que implica no Domain Ramp ser o melhor go big do formato hoje.

Das previsões que fiz no início da semana sobre quais estratégias deveríamos ficar de olho, algumas ausências notórias envolvem, além do Overlords, o Azorius Enchantments e as variantes de Caretaker’s Talent - uma coisa em comum que os três arquétipos possuem é a dependência deles em encantamentos para funcionar, o que pode torná-los mais vulneráveis quando muitas listas adotam respostas padrões contra esse tipo de permanente no maindeck como Pawpatch Formation, Destroy Evil ou Exorcise, sofrendo um “hate acidental” já que eles se provam essenciais para responder à ascensão de Unholy Annex // Ritual Chamber e Archfiend of the Dross.

Outro ponto importante nesse Metagame é como Dimir Midrange e suas variantes são mais populares do que Golgari, sinalizando uma necessidade maior de lidar com a pilha e uma seleção de cards mais flexíveis e abrangentes. Essa aposta pode se pagar especialmente pela ausência de arquétipos muito dependente de encantamentos que sofreriam mais contra Tranquil Frillback e Glissa Sunslayer.

Gruul Prowess - 17,7%

Como esperado, o Gruul Prowess foi a “escolha segura” e arquétipo mais jogado do formato. A maioria dos outros arquétipos vai suceder ou fracassar com base no quão bem eles respondem a um clock rápido e consistente, capaz de vencer jogos tão cedo quanto no quarto turno - e ser o “melhor deck” também significa ser o alvo da maior quantia de hates em um torneio de alto nível como um Pro Tour ou o Mundial, colocando o Prowess em uma situação onde precisará mostrar toda sua resiliência perante o Metagame.

Aparentemente, apenas três jogadores optaram por usar Leyline of Resonance, com a maioria priorizando Manifold Mouse. Este evento será o teste de fogo do encantamento de Duskmourn que sofreu um banimento recente no Melhor de Um - se essa minoria suceder e chegar ao Top 8, a quantidade de jogadores usando Leylines em suas listas certamente vai crescer.

Dimir Midrange - 14,2%

Dimir Midrange foi a escolha de “deck-resposta” do evento. Sua flexibilidade é mais abrangente no Game 1 do que a do Golgari Midrange enquanto ele perde alguns pontos nos jogos pós-sideboard contra algumas categorias distintas de permanentes - especialmente encantamentos, contra os quais ele só lida com counterspells.

A escolha, entretanto, tem potencial para compensar muito porque os arquétipos mais dependentes de encantamento não compõem a maioria dos arquétipos, e Enduring Curiosity consegue manter a paridade de card advantage contra Up the Beanstalk ou Unholy Annex // Ritual Chamber. O desafio do Dimir Midrange, entretanto, será de provar que é a melhor escolha de arquétipo de atrito , espaço que compete com o novo Dimir Demons.

Azorius Oculus - 11,5%

De estratégia que perdeu muito com a rotação para terceiro arquétipo mais jogado do Mundial, o Azorius Oculus é um bom exemplo de como basta uma adição para um arquétipo que estava nos confins do Tier 2 ou 3 chegar ao topo. Sua mistura de mágicas baratas com ameaças que demandam resposta imediata o colocaram numa posição muito favorável, principalmente pelo valor agregado que Abhorrent Oculus oferece a cada turno em que fica na mesa.

Muito do sucesso do Azorius Oculus dependerá da sua resiliência contra arquétipos com muitas remoções e do quanto de hate de cemitério foi dedicado neste torneio. Com 126 cópias de Ghost Vacuum, ouso dizer que a resposta é “o suficiente”. Ainda assim, ele pode surpreender e provar que não basta apenas ter um jeito de lidar com seu elemento recursivo para ter uma partida fácil.

Domain Ramp 11,5%

Domain Ramp está sempre no limiar entre ser um deck quase quebrado e ser uma opção sólida que perde contra Aggro e Tempo se não dedicar slots o suficiente contra ele. Com o Gruul Prowess como maior competidor e o Temur Prowess sendo uma surpresa, será interessante observar como o melhor late game do Standard se portará no Mundial.

A seleção desse arquétipo, no entanto, demonstra que Atraxa, Grand Unifier ainda é a melhor opção de payoff para big mana do Standard atual, e não há Overlord no formato que se compare a um anjo Phyrexiano que compra cinco cards quando entra em jogo e sobrevive a quase toda fase de combate.

Temur Prowess - 8%

O novo desafiante do formato, Temur Prowess (ou seria melhor chamá-lo de Temur Otters?) usa da habilidade de Valley Floodcaller e sua interação com Enduring Vitality para desencadear múltiplas instâncias de Prowess em um turno, já que se pode usar de Floodcaller e da ficha de Lontra de Stormchaser’s Talent para gerar mana e conjurar mágicas para desvirá-lo, criando sua versão de Jeskai Ascendancy - ou seria um Jeskai Ascendancy com esteroides?

De todos os arquétipos do Mundial, esse é o que jogadores de Pioneer deveriam prestar mais atenção: se ele funcionar no Standard, pode funcionar no formato vizinho sem dificuldades.

Dimir Demons - 8%

Dimir Demons é o deck que estou mais curioso a respeito. Primeiro porque a engine de Unholy Annex com Archfiend of the Dross tem crescido exponencialmente no Standard e no Pioneer ao ponto de algumas listas em ambos os formatos abdicarem de Sheoldred, the Apocalypse em prol de um 6/6 com Flying que recompensa suas remoções - e o risco de perder o jogo em poucos turnos parece valer a pena.

Outro ponto importante desse arquétipo é o fato dele, aparentemente, ser a escolha mais popular para o combo de Unstoppable Slasher e Bloodletter of Aclazotz, uma junção que está a uma build certa e um Metagame apropriado de ser um dos principais combos do Standard.

Há concessões importantes a serem feitas para incluir Bloodletter, pois pagar para ele e para Three Steps Ahead consistentemente é um desafio mesmo com a base de mana atual, mas caso alguma dessas listas faça Top 8, o Standard passará por outro teste: o de saber se é possível ter um combo de duas cartas saudável no Metagame, ou se ele viverá sua própria situação de Splinter Twin ou Inverter of Truth.

Vale mencionar que outras versões do combo também aparecem com uma cópia nas cores Golgari e Orzhov, mas acredito que Dimir é a combinação mais inesperada dentre elas e, consequentemente, a que tem mais chances de chegar ao Top 8.

Golgari Midrange - 8%

Golgari Midrange foi a escolha mais confiável do Standard durante meses, mas competiu por espaço com o Dimir Midrange no último mês. Um dos motivos é que a prioridade dos jogos tem mudado e os counterspells se tornaram mais relevantes. O outro é que Enduring Curiosity é um card absurdo em um cenário onde até os Midranges são muito baseados em criaturas.

A adição de verde garante um Sideboard extenso contra permanentes e algumas estratégias problemáticas com Tear Asunder e Nissa, Ascended Animist, além de incluir Glissa Sunslayer e Mosswood Dreadknight no maindeck, que pode garantir mais longevidade ao arquétipo nas mirrors. No entanto, há outras estratégias no Metagame hoje que requerem mais interação na pilha e, consequentemente, colocam o Dimir Midrange como a escolha mais confiável para a maioria.

Jeskai Convoke - 6%

O Jeskai Convoke nasceu da necessidade do Boros de lidar com sweepers - sua principal fraqueza no Metagame. O que antes começou como um splash para Protect the Negotiators, logo foi crescendo para se tornar uma adição completa de terceira cor com Spyglass Siren no maindeck e Negate e Tishana’s Tidebinder no Sideboard.

Seu sucesso dependerá do quanto os jogadores respeitaram essa partida: quanto mais sweepers baratos, mais difícil fica para um deck cuja fonte de card advantage são baseadas em criaturas se estabelecer. Ainda assim, ele é um bom predador contra arquétipos mais gananciosos.

Golgari Ramp - 4,4%

Outra surpresa do evento, o Golgari Ramp é uma incógnita porque ainda não conhecemos bem suas listas e nem suas condições de vitória. Aparentemente, ele é um deck de Up the Beanstalk visando acelerar Deadly Cover-Up com Overlord of the Hauntwoods, mas quais outros cards serão seus payoffs?

Do que sabemos até agora, ele parece com uma versão clássica de The Rock, que na época usava Pernicious Deed para controlar a mesa e Spiritmonger para ganhar o jogo. Essa tática já foi reproduzida em outras épocas do Standard, com a mais recente envolvendo Casualties of War na temporada de Guilds of Ravnica e Seasons Past na temporada de Shadows Over Innistrad.

Tokens - 2,7%

Tokens tem uma parcela menos relevante do Metagame e sua partida contra Ramp e pilhas de Goodstuff o afastaram do topo do Standard nas últimas semanas. Ele precisará provar-se bom o suficiente contra o restante do evento enquanto desvia do Domain Ramp.

Minha maior curiosidade sobre ele é como ele se adaptará aos novos arquétipos: não há amostragem suficiente para dizermos se sua partida contra Dimir Demons ou Temur Prowess/Otters é relevante ao ponto de colocá-lo de volta no radar.

Dado os números que temos acesso sobre os cards mais jogados de Duskmourn e Bloomburrow, além da amostragem que temos do Metagame até agora, estes são os cards que devemos ficar de olho no decorrer do torneio.

Archfiend of the Dross

Se você ainda não tem Archfiend of the Dross, deveria. De carta maluca de combo no Pioneer para uma staple do Rakdos Midrange e Vampires, o demônio de Phyrexia agora se transforma em uma das criaturas mais poderosas de ambos os formatos e até tirou Sheoldred, the Apocalypse do trono de melhor criatura preta de quatro manas do formato.

Sua interação com Unholy Annex // Ritual Chamber só tende a crescer, especialmente se as variantes com ele sucederem e chegarem ao Top 8 do Mundial.

Lontras

Se o Temur Otters estourar no Mundial e for direto para o Metagame competitivo, é natural imaginarmos que jogadores estarão com ele nas temporadas de RCQs do próximo ano. E mesmo sem suporte competitivo, o Pioneer também pode encontrar espaço para o novo Jeskai Ascendancy competitivo. Stormsplitter merece uma menção nesse sentido porque ele interage bem com esse plano de jogo e pode ganhar partidas rapidamente enquanto conjura mágicas com Valley Floodcaller e Enduring Vitality.

Enduring Vitality

Por falar nele, Enduring Vitality deve ser mais explorado nas próximas semanas dentro e fora do Standard. Seu sucesso, entretanto, vai depender do quão bem o Temur Otters estará no evento - e ele não parece uma aposta sem fundamentos, já que nove jogadores optaram por ele para o torneio mais importante de suas carreiras.

Silent Hallcreeper

Silent Hallcreeper começou a surgir no maindeck do Azorius Enchantments faz poucas semanas. No Mundial, a maioria dos seus slots pertencem ao Sideboard, e questiono em quais estratégias e partidas ele pode entrar. Cards como ele tendem a mostrar seu potencial na mão de jogadores experientes em torneios de alto nível, então é importante observarmos como ele será utilizado.

Doomsday Excruciator

Pelo menos quatro jogadores estão apostando em Doomsday Excruciator em sua lista, possivelmente ao lado do combo com Jace, the Perfected Mind para ganhar a partida. Seu valor de mana é preocupante e torna as opções ainda mais limitadas do que Bloodletter of Aclazotz, mas é possível que jogadores tenham encontrado meios de quebrar o Inverter of Truth que temos em casa.

Isso é tudo por hoje!

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