Magic: the Gathering

Opinion

Modern: Ragavan está se tornando obsoleto para o formato?

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Considerado antes um dos cards mais quebrados de Modern Horizons II e uma staple obrigatória para o formato, teriam as mudanças no Metagame do Modern tornado de Ragavan, Nimble Pilferer obsoleto?

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revised by Tabata Marques

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Esse artigo começou enquanto jogava uma Liga no Magic Online de Domain Zoo. Conforme seguia para o Game 2, uma tendência começou a se repetir no meu plano de Sideboard: cópias de Ragavan, Nimble Pilferer eram constantemente cortadas para cards mais relevantes entrarem porque não parecia relevante o suficiente, ou era fácil de ser respondido com trocas favoráveis.

No dia seguinte, enquanto escrevia meu guia de Sideboard, relendo minhas anotações, percebi como esse padrão se repetia. Passei a analisar meus jogos com outros arquétipos dos quais tenho experiência e utilizam Ragavan, e o resultado foi muito parecido: cópias dele estavam saindo contra a maioria dos principais decks do Metagame atual.

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Ragavan, Nimble Pilferer começou a parecer muito importante no Game 1 pelo seu potencial de dominar jogos contra oponentes desconhecidos, mas nas atuais condições e estratégias predominantes no Modern atual, é possível que ele esteja perdendo espaço nas partidas pós-sideboard. Teria ele, antes considerado um dos cards mais quebrados de Modern Horizons II, se tornado obsoleto para o formato?

Ragavan e o Metagame do Modern

Ragavan, Nimble Pilferer era um pilar do Modern e um dos cards mais jogados do formato, com uma presença que passava dos 35% do Metagame e perdendo apenas para Chalice of the Void e Endurance, duas peças-chave para combater o principal arquétipo culpado pela sua popularidade: o Izzet Murktide.

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Desde o lançamento de Modern Horizons II e exceto quando existia algum desequilíbrio no formato, o Izzet Murktide era considerado o melhor deck competitivo do Metagame até quando ele não estava no topo dos resultados, já que apresentava longevidade em se manter entre os cinco principais arquétipos do cenário competitivo, tornando-o uma escolha sólida para qualquer jogador em busca de resultados consistentes de longo prazo.

Murktide não era a única estratégia responsável pela popularidade de Ragavan: Rakdos Midrange (e posteriormente o Rakdos Evoke), Death’s Shadow, Izzet Breach, Jund Saga, Grinding Breach e Jeskai Stoneblade eram outros decks onde ele estava presente, quase sempre com quatro cópias, e pelo menos um terço deles conseguia produzir resultados consistentes em Ligas e Challenges.

Mas, um dia, as Terras Médias trouxeram o seu nêmesis e, consequentemente, sua queda.

Orcish Bowmasters e o Valor Positivo

A queda de Ragavan e do Izzet Murktide começou com o lançamento de uma staple de múltiplos formatos em Lord of the Rings: Tales of Middle-earth.

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Orcish Bowmasters é considerado um dos melhores e piores cards já criados para formatos eternos na história do jogo.

Por um lado, ele é um limitador excelente que limitou até a predominância excessiva de arquétipos azuis no Legacy por um tempo por punir o principal método de esculpir mãos no formato: cantrips - e fez o mesmo no Modern ao se tornar a punição direta que o formato precisava para reduzir a consistência com qual o Izzet Murktide permanecia no topo.

Por outro, ele é um enorme limitador para inúmeras criaturas com um de resistência no Magic competitivo, e limita arquétipos inteiros meramente por existir em alguns formatos. Se jogar com ameaças pequenas já estava difícil em um ambiente onde nível de poder e valor andam lado a lado, agora estava muito pior porque seu oponente podia responder com dois bloqueadores na mesa e ainda matar uma de suas criaturas.

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Apesar de limitar bastante o espaço dos X/1, Orcish Bowmasters saiu como a resposta perfeita para Ragavan, do qual se tornou uma staple porque qualquer troca contra ele precisava ser imediata e gerava valor positivo ao seu controlador, já que trocá-lo por uma carta na mão do oponente enquanto permanecia com seu plano de jogo intacto era uma vantagem virtual, e não respondê-lo poderia significar perder a partida com o valor que ele acumulava a cada combate.

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Os Orcs deram um fim para essa lógica. Agora, além de lidar com o macaco albino, o oponente tinha dois corpos em jogo para pressionar ou bloquear e ainda punia suas cantrips e outros efeitos que possam filtrar o topo do seu deck enquanto se repõem na mão de seu dono - é um pouco demais para o seu custo, mas é exatamente do que os formatos eternos precisavam para criar um equilíbrio.

O equilíbrio, no entanto, durou pouco no Modern.

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Agora com a capacidade de responder à filtragem de topo e seleção de cartas do Izzet Murktide, antes uma de suas piores partidas, o Rakdos Evoke havia se tornado o melhor deck do formato por meio de uma combinação poderosa entre aos Elementais de Modern Horizons II com efeitos de reanimação por uma mana, com efeitos de ETB que exauriam com facilidade os recursos do oponente enquanto deixava uma ameaça respeitável no campo de batalha.

O Evoke também se tornou o melhor deck de Ragavan, pois conseguia usá-lo junto de Orcish Bowmasters para lidar com os Orcs do oponente em uma troca positiva, além de conseguir manter o caminho livre para ele com Fury e Feign Death.

O Metagame Mudou e Ragavan Não se Encaixa Tanto

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Em 4 de dezembro Fury foi banida do Modern, e além do claro na predominância do Rakdos Evoke, sua partida também alterou a estrutura do cenário competitivo ao favorecer arquétipos com criaturas pequenas, dando maior espaço ao Golgari Yawgmoth, uma das piores partidas para ter Ragavan, Nimble Pilferer em seu deck.

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Desde então, o Metagame tem se adaptado com cada nova adição que surge para o formato nos últimos meses, com a inclusão de Tishana’s Tidebinder no Temur Rhinos e a breve ascensão do Merfolks, Agatha’s Soul Cauldron alavancando o Golgari Yawgmoth e o Hardened Scales e, mais recentemente, Leyline of the Guildpact transformando Scion of Draco em uma condição de vitória viável fora das listas de Domain.

Essas mudanças em torno de estratégias mais lineares fizeram arquétipos como Amulet Titan, Living End e Tron crescerem em presença, e até os combos de Indomitable Creativity, dos quais sumiram do formato com o lançamento de The One Ring retornam ao cenário como uma resposta para a ascensão de Scion of Draco - e quem perde nesse cenário, apesar de apresentar bons resultados em midranges como Rakdos Evoke e Izzet Murktide, é o Ragavan, pois requer, pelo menos, uma condição favorável para justificar seu espaço durante a partida:

  • O oponente ter problemas em interagir com ele no início da partida ao ponto da sua vantagem em mana e cartas colocar seu controlador muito a frente.

  • As cartas “roubadas” por ele serem úteis para o seu controlador, servindo para interagir com seu plano de jogo e/ou atrapalhar a estratégia do seu oponente.

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  • O jogo se estender ao ponto de que um Ragavan do topo pode encontrar uma mesa vazia e desimpedida para usar sua habilidade de Dash, ganhando mais recursos a cada turno.

  • No pior cenário, ele pode trocar contra as criaturas do outro lado do campo de batalha caso o oponente decida bloqueá-lo.

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    Se compararmos estas condições com o cenário atual do Modern hoje, temos essas situações:

  • Ragavan é parado facilmente pelas fichas de Crashing Footfalls e requer um certo esforço para aproveitarmos de seus cards. Sua vantagem em mana é mitigada, pois é difícil de superar entre oito e dez de poder na mesa em um único turno.

  • Ele é historicamente péssimo contra Golgari Yawgmoth e ficou ainda pior agora que ele possui Orcish Bowmasters.

  • Enquanto ele estabelece alguma pressão nos primeiros turnos contra Amulet Titan, este deck consegue ignorar o que estamos fazendo para forçar seu próprio plano de jogo, além de bloqueá-lo para sempre com Arboreal Grazer e passar por cima dele com Primeval Titan. A mesma lógica pode ser aplicada ao Tron, onde o valor gerado por ele é negligenciável.

  • A mesma lógica é aplicável ao Living End: ele serve para pressionar, mas não o aproveitamos bem pelo potencial deste arquétipo de resetar o campo de batalha com seu card-chave. Sua mana extra, em muitos casos, serve para conjurar outras ameaças e manter os counterspells disponíveis.

  • Hammer Time e Hardened Scales conseguem ignorá-lo enquanto estabelecem seus planos de jogo, além de criarem corpos suficientes na mesa para segurar sua agressão se necessário. Domain Zoo se encaixa na mesma categoria, e os três decks ainda possuem o problema de não aproveitarmos a maioria dos seus cards.

  • Ragavan é uma escolha viável contra Burn porque podemos aproveitar de suas criaturas e mágicas, além dele bloquear Goblin Guide em momentos críticos. Ele também é decente contra estratégias com menor impacto no formato hoje, como Death’s Shadow, Izzet Breach e Gruul Assault Loam

  • Ragavan é excelente em mirrors de Midrange, ainda mais se for nas mesmas cores e/ou se seus cards compartilharem, pelo menos, uma cor. No entanto, ele gera valor negativo contra Orcish Bowmasters, então ele só brilha de verdade contra o Izzet Murktide e as pilhas de Goodstuff, principalmente se eles iniciarem o jogo com uma sequência ruim de terrenos.

    Com as mudanças recentes no formato e sua volta em torno de estratégias menos interativas, Ragavan se tornou uma criatura pior no formato, porque o valor extraído por ele em muitas partidas é fácil de negligenciar e/ou causa pouco impacto porque seus oponentes estão tentando fazer coisas mais absurdas nos turnos deles - o mesmo destino que muitas outras staples do Modern vivenciaram.

    Ragavan ainda é ótimo no Game 1

    Isso não significa que chegou a hora de tirá-lo do maindeck dos principais arquétipos que o usam hoje: Ragavan, Nimble Pilferer ainda é uma ameaça de custo baixo que demanda resposta imediata para não dominar a partida, principalmente em um Metagame desconhecido.

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    De eventos locais até os Regional Championships, o ambiente do Modern é muito diversificado e muito aberto e nem sempre os resultados que surgem nos Challenges e outros eventos serão um reflexo perfeito do que você vai enfrentar nas próximas semanas - e não importa o quão obsoleto Ragavan fique conforme o Metagame evolua, ele ainda será uma opção viável e quase mandatório no Game 1 para a maioria dos midranges com vermelho do formato.

    Sua atual posição pode ser apenas um desvio temporário até que novas respostas levem o Modern de volta a um ambiente onde estratégias baseadas em atrito precisam competir entre si pelo espaço de melhor deck, aumentando bastante o seu valor nas partidas.

    Por outro lado, quanto mais linear o formato fica, menos importante Ragavan vai se tornar, mas enquanto não existir uma ameaça tão boa quanto ele pelo mesmo custo ou chegar um ponto onde Orcish Bowmasters se torna ainda mais predominante, não imagino o Rakdos Evoke ou Izzet Murktide tirando-o de seu maindeck nos próximos meses.

    Novos Horizontes se aproximam

    Mas o futuro é incerto.

    Enquanto debatemos o espaço do macaco mais famoso de Magic no cenário competitivo, restam apenas alguns meses até iniciarem a temporada de prévias de Modern Horizons III. Com ela, existe a possibilidade de outra onda de power creep tomar o Modern e alterar significativamente a posição dos melhores decks.

    As possibilidades dessa expansão permanecem desconhecidas. Talvez, o one-drop que vá substituir Ragavan nos principais Midranges do formato apareça mais cedo do que imaginamos ou, talvez, as respostas necessárias para o seu retorno triunfal estejam a apenas um trimestre de distância.

    Até lá, gostaríamos de saber suas opiniões: teria o reinado de Ragavan, Nimble Pilferer chegado ao fim e feito ele se tornar obsoleto para os padrões do Modern? Ou seria apenas uma queda temporária devido a um Metagame onde ele não consegue se posicionar tão bem quanto costumava antes do banimento de Fury?

    Obrigado pela leitura!